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Boletim n.º 13-14 - Ano VII - 1989


LUÍS DE MAGALHÃES
Aveirense de sangue e de coração
Aníbal Ramos

 

O recente falecimento de D. Maria José de Lemos Coelho de Magalhães da Mota, última neta de José Estêvão e, como suas irmãs, senhora distinta, culta, bem formada e profundamente fiel às tradições familiares – faz-nos evocar naturalmente a memória de seu pai, o Conselheiro Luís de Magalhães.

Apesar de ser filho do grande tribuno aveirense e de ter o seu nome numa das ruas da nossa cidade – justamente, a que principia na Avenida do Dr. Lourenço Peixinho e termina no Largo de Maia Magalhães – Luís de Magalhães é uma figura muito pouco presente na memória do nosso povo, mesmo do mais ilustrado e sabedor.

Luís de Magalhães – de seu nome completo, Luís Cipriano Coelho de Magalhães – nasceu em Lisboa no dia 13 de Setembro de 1859 e faleceu no Porto a 14 de Dezembro de 1935.

Estas duas cidades aparentemente nada têm a ver com Aveiro, mas Luís de Magalhães está intimamente ligado à nossa cidade e à sua região lagunar pela mais constante, profunda e estranhada paixão, como se poderá concluir das múltiplas e eloquentes provas que se irão apresentar, embora muito sucinta e despretensiosamente.

Comemorou-se este ano, no dia 12 de Agosto, o centenário da inauguração da bela e imponente estátua de José Estêvão que preside ao largo municipal no coração da cidade.

Quando foi da sua inauguração, fizeram-se ouvir em sessão soleníssima os melhores e mais empolgantes oradores do nosso País. A Luís de Magalhães coube a vez de falar depois de António Cândido, o príncipe da oratória no seu tempo. Pois nesse discurso, que o saudoso Eduardo Cerqueira (1), – então a memória viva do passado aveirense – comentou e deu à estampa juntamente com um outro proferido no centenário do nascimento de seu pai, Luís de Magalhães referiu-se a Aveiro nestes termos apaixonados:

«Esta festa é minha e vossa. É a festa da grande família aveirense – de que tenho a honra de fazer parte». (...)

«É sempre com o peito transbordando das mais vivas emoções e repassado da mais profunda saudade que eu entro nesta adorada terra de Aveiro. Estão aqui as raízes da minha vida; vivem aqui as minhas tradições; encerram-se aqui as mais santas, as mais veneradas relíquias da minha íntima religião doméstica. Sinto bem que esta é a minha pátria; sinto bem que este é o meu berço civil; sinto bem que este é o meu lar».

E, não satisfeito em chamar a Aveiro a sua pátria, o seu berço e o seu lar, acrescenta, emocionado:

«Tudo aqui me fala ao coração. Em cada nome de família há para mim como que um legado de antigas amizades fraternas. Não há um canto, não há uma pedra da velha cidade, que me não segrede uma lembrança daqueles de quem venho. / 16 /

Parece-me vê-los errar como sombras, como imagens luminosas de um sonho, por estes sítios familiares que tantas vezes os contemplaram na plenitude da vida, cercados por essa auréola incomparável do amor e do respeito de uma população inteira».

Luís de Magalhães tinha apenas três anos quando perdeu o pai. O pouco que dele sabia foi-se completando com as conversas íntimas e saudosas da mãe, viúva dedicadíssima que guardou junto de si até à morte, em preciosa urna de mármores, o coração do marido, e também com as constantes e vivas evocações que ouvia aos familiares e amigos de Aveiro, como reconheceu logo adiante no referido discurso:

«É com verdadeira piedade que aqui recolho da boca dos contemporâneos as lendas, as pequenas histórias, os breves traços que nos fornecem à imaginação os elementos por meio dos quais logro reconstituir essas figuras amadas umas desconhecidas, outras apenas entrevistas no vago e indeciso crepúsculo das tradições da primeira infância».

E, entre estas «figuras amadas», evoca, «com o mais íntimo encanto, a sacratíssima memória paterna», para concluir com chave de ouro:

«É por todas estas santíssimas memórias, que eu voto a Aveiro uma afeição profunda, resistente a todas as ausências e a todos os acasos da vida que me afastam do seu seio. Mas esta afeição duplica-a, centuplica-a hoje o grande e generoso acto que acabais de consumar».

Não admira que a assistência aplaudisse longamente, com entusiasmo e emoção, este discurso, a todos os títulos brilhante, já que o próprio Manuel de Arriaga, também ele grande tribuno, não se conteve sem comentar, arrebatado, em voz alta: «Mais um milagre de José Estêvão. Produziu um orador!»

Por ocasião do centenário do nascimento de José Estêvão realizou-se em Aveiro, a 26 de Dezembro de 1909, uma significativa homenagem, durante a qual Luís de Magalhães discursou eloquentemente e evocou aqueles que participaram na inauguração da estátua e dormiam agora, «a seu lado, o bom e sereno sono do túmulo, nesta modesta jazida fúnebre, onde amanhã iremos em devota romagem, e que, se é para vós como que o Panteão, onde repousa o vosso Santo e o vosso Herói, é para mim um relicário de amor, urna cinerária, que guarda o pó sagrado de tantos corações que eu adorei, adoro, e hei-de adorar até que o meu nela seja por sua vez encerrado, tão piedosamente como eles o foram!» (2)

Segundo a mais sólida e fidedigna tradição familiar, Luís de Magalhães alimentou sempre o sonho de viver em Aveiro, um sonho «resistente a todas as ausências», como reconheceu publicamente no discurso acima citado. Exceptuando o tempo em que aqui foi governador civil, as visitas frequentes que fazia aos seus familiares e amigos, entre os quais é justo salientar o seu cunhado Jaime de Magalhães Lima, e o veraneio anual no Palheiro da Costa Nova, com paragem em Aveiro e embarque no Canal Central, Luís de Magalhães só veio para esta cidade em Dezembro de 1935, passando então a repousar definitiva e serenamente na paz dos justos, ao lado de seus pais e filhos.

A correspondência, sempre amiudada, familiar e amistosa, que manteve com Jaime de Magalhães Lima – cunhados por se terem casado com duas irmãs, D. Maria da Conceição e D. Maria do Cardal de Lemos Pereira da Lacerda, filhas de Francisco de Lemos Ramalho de Azeredo Coutinho, morgado da Casa de Condeixa – é testemunho de uma afeição rara e modelo de um estilo epistolar que honra tanto o remetente como o destinatário e faz a cobertura de meio século de história política, social e literária do nosso País, merecendo, por isso, um estudo objectivo e até uma publicação própria. Jaime de Magalhães Lima e Luís de Magalhães eram um para o outro o amigo fiel, o confidente seguro, o colaborador generoso, o correligionário constante, o conselheiro escutado com atenção e, por vezes, o confessor a quem se confiam os segredos mais íntimos da alma e os mais dedicados problemas familiares.

Outra família de Aveiro, a quem Luís de Magalhães dedicava profunda afeição, era a dos Couceiro da Costa. As filhas de ambos os casais visitavam-se com relativa frequência e conservaram-se amigas fiéis até à morte. Maria Clementina e Maria José Couceiro da Costa passavam temporadas em Moreira da Maia, na Quinta do Mosteiro, que a viúva de José Estêvão, filha do Dr. Custódio Luís de Miranda, amigo e condiscípulo do Dr. Luís Cipriano, pai de José Estêvão, adquirira à família Vieira de Castro. Estas duas irmãs (3), cuja beleza física e perfil moral se impunham à admiração de todos, vieram a consagrar-se à vida religiosa: uma, Maria Clementina, unir-se-ia à Ir. Carolina Sousa Gomes, em Coimbra, e fundaria com ela a Congregação das Criaditas dos Pobres, onde receberia o nome de Ir. Emanuel, embora fosse popularmente conhecida por Irmãzinha Emanuel; a outra, Maria José, entraria na Congregação Portuguesa das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena com o nome de Irmã de Santo Agostinho, vivendo presentemente no lar de Santa Joana Princesa em Aveiro. A Irmãzinha Emanuel, depois de uma longa doença, foi chamada à presença de Deus no passado dia 3 de Janeiro e teve em Coimbra um funeral que mais parecia a apoteose de uma Santa do que o préstito fúnebre de uma pessoa mortal.

A estas então jovens irmãs Luís de Magalhães, / 17 / que na opinião de Miranda de Andrade, o crítico literário que melhor conhece a sua obra, foi "um dos melhores poetas parnasianos portugueses» (4), dedicou um admirável soneto, que foi composto na Costa Nova, no dia 19 de Outubro de 1924, e cujas primeiras quadras definem, a traços largos, os dois perfis(5):

Duas jovens irmãs, ambas formosas,

Manhãs cerúleas, dois Abris em flor!

Mas, na alma duma, abrem purpúreas rosas,

Na da outra, lírios de esvaecido alvor.

 

A uma as faces lhe anima e as faz radiosas

Constante riso de jovial fulgor;

A outra, envolve-a em graças penumbrosas

Seu ar um pouco triste e sonhador.

Quem conheceu as duas irmãs, sabe, sem qualquer sombra de dúvida, que a Irmã de Santo Agostinho é a que tem na alma as "purpúreas rosas», "as faces radiosas» e um «constante riso de jovial fulgor»; e que a Irmãzinha Emanuel é a dos «lírios de esvaecido alvor» e de «ar um pouco triste e sonhador».

Costumando passar o verão na Costa Nova e vendo aumentar a sua família, Luís de Magalhães não pôde conservar as proporções e o mesmo espaço do Palheiro herdado e teve, por isso, de o tornar mais amplo e acolhedor. Segundo a informação que recolhi da tradição familiar, o Palheiro original fora oferecido a D. Rita por José Estêvão, como prenda de noivado. O actual Palheiro é de parede de adobo, por dentro, e de madeira, por fora. No primeiro andar, fica o gabinete de trabalho ao lado da sala de jantar e com uma janela voltada para a Ria. Numa das suas paredes, encontra-se, reproduzido à mão, o soneto «Evocação»(6) que Luís de Magalhães dedicou a seu pai e que não resisto à tentação de transcrever na íntegra:

Destes ocasos d'oiro e este cerúleo mar,

Desta mesma risonha e plácida paisagem,

Quantas vezes, meu Pai, a luminosa imagem

Se reflectiu no teu embevecido olhar!

 

Era aqui, nesta paz, que vinhas descansar,

Refazer, para a luta, as forças e a coragem,

Vendo a planície verde ao fundo e, sob a aragem,

Brancas, no azul da Ria, as velas deslizar...

 

Por isso o coração aqui me prende assim!

E, da saudade, quando ao remorder acerbo,

Tua figura evoco e ressuscito em mim,

 

Vejo-te errar na praia – emocionante engano! –

Buscando a inspiração do teu ardente verbo

No esplendor do Infinito e o tumultuar do Oceano!

 

No ambiente de sonho em que se via envolvido quando admirava, extasiado, esta original e belíssima paisagem lagunar, Luís de Magalhães não podia deixar de se sentir fascinado, ele que a si mesmo se definiu como «poeta virgiliano, cuidando as terras e meus versos com amor». (7)

Não se limitando a cantar a Ria com versos de grande inspiração, publicou um magnífico estudo, intitulado «Os barcos na Ria de Aveiro», (8) na revista «Portugália» no qual descreve com os respectivos desenhos os vários tipos de barco que se destinam à exploração das salinas, à apanha das algas ou moliços, ao transporte de pesca marítima e à pesca fluvial.

No fim deste estudo, presta uma calorosa homenagem aos varinos e aos murtoseiros, cuja «inalterabilidade de tipo, continuidade de costumes e fixidez de hábitos tornam esta raça um raro exemplar de pureza étnica entre as outras que compõem esta família política e histórica, que é a nação portuguesa».

Tanto ou mais que Eça de Queirós, também aveirense pela ascendência paterna e pelo contacto prolongado com a nossa região, Luís de Magalhães poderia dizer de si mesmo que era "filho de Aveiro, educado na Costa Nova, quase peixe na Ria».

Num trabalho seu sobre «A Arte e a Natureza em Portugal» que o Guia de Portugal, reeditado pela Fundação Gulbenkian (9), cita parcialmente, Luís de Magalhães descreve assim a cidade tal qual a conheceu no seu tempo: / 18 /

«A cidade actual nada tem de arcaico: os restos das suas antigas muralhas desapareceram totalmente; as pesadas moles dos seus seis conventos ou foram demolidas ou transformadas em quartéis e repartições; das velhas arcarias dos seus pitorescos aquedutos já não resta o mínimo vestígio. Afora a casa da Câmara com a sua torre central, o pórtico da renascença da Misericórdia, o cruzeiro de S. Domingos, o convento de Santa Joana, a interessante arcada dos Balcões, a capela do Senhor das Barrocas, uma ou outra das suas lindas casas do fim do século XVIII, de escada exterior com patim alpendrado, como a da Granja, a do Carril, a do Carmo, a do Seixal, a do Morgado de Vilarinho – todos os seus outros edifícios, públicos ou particulares, fundem-se na incaracterística banalidade das construções modernas».

Mas Aveiro não é só a pedra, a história e a arte dos seus conventos, das suas igrejas ou capelas, das suas casas solarengas e dos seus edifícios públicos. «Duas coisas há que imprimem à cidade de Aveiro um cunho inconfundível e a tornam uma das mais bonitas e interessantes povoações de Portugal: são a vasta Ria que a envolve e a penetra com os seus canais de parapeitos de cantaria, sobre que se lançam elegantemente as curtas pontes em arco, dando-lhe uma vaga fisionomia veneziana, e a larga, desafogada, verdejante, luminosa e variadíssima paisagem em que ela, na sua alvura de povoação marítima, muito caiada e limpa, nos aparece engastada, como uma pérola num esmalte policromo e brilhante».

Falta espaço para podermos transcrever toda a bela descrição da cidade vista da Ria, e da «longa rua aquática» que é «a principal artéria da vida da cidade» – «coração económico e administrativo duma vastíssima região fluvial e rural, região densamente povoada e intensamente laboriosa».

Nesta moldura de talha dourada, o centro da tela é «a multidão rumorejante e alegre», são «os barqueiros esbeltos e ágeis», são «os mercantéis, os negociantes de pescado e as peixeiras da praça», são «os almocreves», são «os embarcadiços de Ílhavo, os pescadores da Murtosa, as salineiras e os marnotos das marinhas», e são, por fim, «as graciosas tricanas, duma elegância magra e nervosa, marchando num ritmo curto e ligeiro sobre as pontas das minúsculas e agudas chinelas, e todas esguias em seus longos xailes caídos e nas suas leves e compridas saias de chita clara, que, flutuando, se lhes evolam à linha fina das pernas, como as roupagens das estatuetas de Tanagra».

Dos lenços e vestuários femininos, o seu pincel de artista, enamorado da paisagem e das suas gentes, passa para o «sombrio burel dos varinos, as alvas camisas e manaias dos pescadores e barqueiros», e ainda para o rodar dos carros rústicos puxados por juntas de tostados marinhões ou de louros arouqueses, entre o circular das canastras faiscantes de sal de neve ou com lampejos de aço da escama azulada das sardinhas, nessa faina do negócio e do trabalho». E não conclui este quadro sem gravar «o ruído das vozes (que ondula, subindo, descendo, aumentando, smorzando-se nas notas constantes e arrastadas duma das mais doces e mais características falas do povo português». / 19 /

Havemos de convir que os cultos realizadores do Guia de Portugal, seleccionando este texto, aqui só parcialmente transcrito, optaram pela tela mais luminosa, mais viva, mais realista e mais evocadora que podiam descobrir para pintar plasticamente a cidade que se manteve inalterável até meados do século XX e que alguns de nós ainda conseguem vislumbrar na aguarela maravilhosa de Luís de Magalhães.

Aníbal Ramos

 

 

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NOTAS

(1) – In "José Estêvão apreciado pelo Filho - Dois Discursos», Aveiro, 1962.

(2) – Ibid., p. 9

(3) – Cfr. "Maria Carolina Sousa Gomes e as Criaditas dos Pobres», de D. Manuel de Almeida Trindade, Coimbra, 1987.

(4) – «Luís de Magalhães e a evolução do seu lirismo», de Miranda de Andrade, Separata de "Boletim da Biblioteca Pública Municipal de Matosinhos», n.º 15, 1968.

(5) – Anoitecer (Últimos Sonetos), de Luís de Magalhães, ibid. n.º 18, 1971.

(6) – Frota de Sonhos, de Luís de Magalhães, Porto, 1924, p. 40.

(7) – Ibid., p. 41.

(8) – O Museu de Ovar reproduziu este estudo no Caderno n.º 3 da Colecção Usos e Costumes Antigos, 1980.

(9) – Guia de Portugal, III, Beira-I. Beira Litoral, 1984, pp. 472-473.

 

OBRAS DE LUÍS DE MAGALHÃES

Em verso:

Primeiros Versos (1878-1880)

As Navegações (1881)

Odes e Canções (1880-1883)

D. Sebastião (1898)

Cantos do Estio e do Outono (1908) Frota de Sonhos (1924)

Anoitecer, Últimos Sonetos (1971)

 

Em prosa:

O Casamento (1880)

As Últimas Proezas Judiciárias do Conselho de Decanos e da Faculdade de Direito (1883)

O Brasileiro Soares (romance - 1886)

A Corista (uma «história triste» publicada na «Revista de Portugal» dirigida por Eça de Queirós - t. I, 668-693 - 1889)

Notas e Impressões (1884-1889)

A vida de Antero (publicada In Memoriam de Antero de Quental - 1896)

Revista de Política Interna «Revista de Portugal», t. III, 479-500, 620-632, 739-762 - 1981)

A Dívida e o Deficit (1900)

O Problema da Vida (Manuscrito com 320 folhas de um romance incompleto, escrito de 1899 a 1909, e de que Miranda de Andrade publicou algumas «Páginas Inéditas» no «Boletim Cultural da Câmara Municipal do Porto», vol. XXX-Fascs. 3-4 – 1973).

Os Barcos na Ria de Aveiro (Revista «Portugália», t. II, fasc. I – 1905)

Eduardo VII (1910)

Portugal e a Guerra (1915)

Perante o Tribunal e a Nação (1925)

Tradicionalismo e Constitucionalismo (1927)

Oliveira Martins (Prefácio do livro «Perfis» – 1930)

A Crise Monárquica (1934)

Antero em Vila do Conde (Conferência - 1942)

Campo Santo (Ensaios e artigos críticos - 1971)
 

 

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