O Gabão de Aveiro é também
Cultura
Pelo Dr. M. Ed. dos
Santos Oliveiros
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(Continuação da página 19)
"PARA A IMAGEM ANTIGA DE AVEIRO
O POSTAL ILUSTRADO"
Catálogo da Exposição de Março de 1984. Ed. da ADERAV
CAPA: A reprodução de um postal ilustrado, com a legenda:
"Aveiro – Chafariz do Espírito Santo", que actualmente é conhecido por
"Fonte das Cinco Bicas".
Observa-se no bilhete postal em questão, que no rebordo
do chafariz se encontra sentado um homem de barrete, cuja ponta está
ligeiramente descaída para a frente e para o lado direito de harmonia
com os hábitos e costumes da época (o postal tem a data de
[ter circulado em]
31-1-1909), e
usando uma vestimenta que não será difícil considerar como o gabão, dado
o comprimento.
Na pág. 12 do documentário "O POSTAL ILUSTRADO", vem
publicada a reprodução de um postal representando "Aveiro – Rocio e
ponte da Dobadoura" com a indicação de se tratar do Canal Central, cerca
do ano de 1928.
A fotografia foi tirada da Ponte dos Arcos alcançando a
Ponte da Dobadoura, com a imagem
/ 21 /
do Canal Central, dos Cais da Ribeira e do Alboi à esquerda, da Rua de
João Mendonça à direita, avistando-se ao fundo o largo do Rossio.
No primeiro plano caminhando de frente dois homens, dos
quais o que toma a direita vem vestido com o gabão de Aveiro, no qual se
reconhecem perfeitamente as mangas e se adivinha a romeira.
No quarto plano, caminham de costas três homens, dos
quais o do meio enverga também um gabão, no qual se notam as mangas e se
vislumbra a romeira.
"O USO DO GABÃO DE AVEIRO, NA ACTUALIDADE"
"A CONFRARIA DOS ENÓFILOS DA BAIRRADA"
Foi no cartório de Anadia que em 11 de Junho de 1979, se
lavrou a escritura notarial que oficializou os Estatutos dos Enófilos,
tendo sido constituída a "Confraria dos Enófilos da Bairrada".
É da autoria de um dos seus Fundadores um trabalho
publicado em Dezembro de 1981: "O GABÃO" – Algumas notas, em edição da
própria Confraria de onde transcrevemos as seguintes palavras:
– "O gabão, ou varino como também era conhecido, trajo
tradicional na Bairrada até ao final da década de vinte, desapareceu
completamente.
Nos anos trinta, já não era vulgar encontrá-lo, embora à
noite, ainda aparecesse um ou outro "encapotado".
Cerimónia de Investidura – Sua Excelência o Senhor
Presidente da República, Dr. Mário Soares, trajando o protocolar "Gabão
de Aveiro" foi solenemente investido na Confraria dos Enófilos da
Bairrada, no Salão Nobre do Palace do Buçaco. 26 de Novembro de 1988.
Confraria dos Enófilos da
Bairrada – Reunião do Capítulo
no *Palace do Bussaco
Entendeu a Confraria dos Enófilos da Bairrada recuperar o
Gabão e ADOPTÁ-LO PARA SEU TRAJO OFICIAL. De cerimónia, lhe poderíamos
até chamar, pois, se o gabão de encorpado surrobeco castanho era usado
dia a dia, mesmo em certos trabalhos de inverno se chovia ou se a
temperatura /
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era de gelo, como por vezes acontecia durante as podas da vinha, o gabão
preto, de boa fazenda de lã, era usado apenas nos dias domingueiros, nas
festas ou para ir à missa".
Luís Costa, viticultor bairradino e Membro Fundador da
Confraria dos Enófilos da Bairrada, apresenta no Boletim n.º 16, de Maio
de 1986 da ADERAV um artigo com o título "A Confraria dos Enófilos da
Bairrada – um pouco da sua história" – em que se publica uma fotografia
da cerimónia de "Investidura" de novos Enófilos, onde todos os Confrades
se apresentam envergando o seu trajo oficial, o tradicional gabão de
Aveiro muito usado na Bairrada.
TESTEMUNHOS, VIVOS
Foi visto por mim, quase diariamente a ser exibido no
Rossio de Lisboa, no então passeio dos Cafés, por um elegante senhor que
diziam ser Pintor e Professor da Escola Superior de Belas Artes: –gabão
preto, de boa fazenda de lã acetinada, de corte impecável (dir-se-ia
feito pelo alfaiate-artístico aveirense Aurélio) cingido à cintura por
uma corda de esparto, cânhamo ou sisal.
Isto num dos anos de 1930 a 1936.
Durante a década de trinta, era vulgar ser usado nas
escarpeladas da Bairrada pelos "encapotados" conforme o atesta o
bairradino Luís Ferreira da Costa, de S. João d'Azenha.
Também na mesma época era usado pelo Dr. Alberto Vidal,
de Salreu, quando ia leccionar as suas aulas ao Colégio de Estarreja.
Assim o declara o estarrejense Fausto de Matos Melo Ferreira, que
frequentou o Colégio.
É visto anualmente no Palace Hotel do Buçaco, onde se
realiza o "Capítulo" da Confraria dos Enófilos da Bairrada envergado e
usado como traje de cerimónia pelos Confrades.
Saiu à rua no dia 2 de Janeiro de 1987, pelas 21,30
horas, quando da "Arruada" comemorativa dos 450 anos da Confraria do S.
S. Sacramento da freguesia da Glória, de Aveiro.
Foi apresentado no mesmo ano, em pintura alusiva à festa
da "Entrega dos Ramos": num prato de porcelana comemorativo da mesma
data.
Tendo por fundo as marinhas de sal e a silhueta de um
barco moliceiro, e também a actual Sé Catedral (antiga Igreja de S.
Domingos, Matriz da freguesia) bem como o Cruzeiro Gótico-Manuelino do
séc. XV, a pintura, além do Mordomo dos Ramos, apresenta o Parceiro com
o seu gabão de surrobeco, cor castanha, cingido à cinta por uma faixa
vermelha e com barrete verde debruado a vermelho.
Desde 1983 que na época das colheitas o Director da
Secção Cultura e da LAAC – Liga dos Amigos de Aguada de Cima – Dr.
Serafim Alexandre, organiza nas Eiras de Miragaia a reconstituição de
uma noite de "escarpelada" onde aparecem muitos "encapotados" nos
tradicionais gabões de Aveiro.
A última "escarpelada" realizou-se na noite de sábado,
dia 1 de Outubro de 1988, tendo aparecido "encapotados" muitos e
qualificados "senhores" do concelho de Águeda.
Foi para nós muito grato termos assistido durante o ano
corrente, primeiro no Palace Hotel do Buçaco (em Janeiro) e depois no
Palace Hotel da Curia (em Abril) à exibição da "Cantata e Tocata do
Grupo Etnográfico e de Defesa do Património e Ambiente da Região da
Pampilhosa – GEDEPA – Cantares da Zona Serrana do Buçaco" em que o
Arqueólogo Machado Lopes, que dirigia e integrava o conjunto, se
apresentava envergando o gabão de Aveiro que foi de uso vulgar na região
da Pampilhosa do Botão e na Serra do Buçaco, como de resto em toda a
região Bairradina, conforme nos afirmou.
Na Praia de Mira:
Luís Lila, 76 anos. Velho e experimentado pescador da
arte da xávega
……………………..?
«Sim, os gabões!... Aqui foram muito usados por todos nós até 1930.
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Noite de "escarpelada" nas Eiras de Miragaia. Director da
Secção Cultural da lAAC – Liga dos Amigos de Aguada de Cima. Fotografia
de J. Castro Madeira.
Cantata e Tocata do Grupo Etnográfico da Pampilhosa
(Bairrada). Fotografia do Eng.º António Raposo
Uns castanhos de surrobeco ou estamenha; outros pretos. Serviam sobretudo nos dias de frio ou chuva. Iam connosco para o mar. À noite... sempre...
Ainda me lembro que no ano em que casei – 1936 – alguns
de nós ainda os vestíamos já velhinhos e rotos.
…………………….…………………….……………….……………….
Ainda tenho saudades!...»
/
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Testemunha e conta João Evangelista de Campos, um
"Aveiro" nascido na Rua do Espírito Santo, que: «Certa vez o
Zé Fiúza saiu do estabelecimento do seu Pai, na Praça 14 de Julho, de
gabão; levava debaixo deste um objecto que ao guarda de serviço nos
Arcos lhe pareceu serem foguetes…»
e também que:
«Os chincheiros
tinham uma vida penosa, pelo que poucos homens a desejavam, visto que,
muitas vezes, estando a descansar nas suas camas, ao chamamento do
arrais tinham de se levantar e, de gabão amarrado com uma corda, ir para
a água, acontecendo, muitas vezes, terem de por lá ficar toda a noite.»
em "ACHEGAS PARA A HISTORIOGRAFIA AVEIRENSE", ed. da
C.M.A. 1988
O PESCADOR E O GABÃO. A ARTE DA XÁVEGA E O MAR
–
Rancho Regional da Casa do Povo de Ílhavo.
"O GABÃO DE AVEIRO"
Museu Marítimo e Regional de Ílhavo, fundado em 1937 pelo
erudito ilhavense António Gomes da Rocha Madahil
Secção de Etnografia Piscatória e Náutica
Além das fotografias de Quadros e Porcelanas da
Vista-Alegre que apresentamos, foi-nos mostrado um antigo "gabão de
Aveiro" negro, de fazenda de lã com as mangas, romeiras, capuz e orla
debruada com fita preta.
"OS GABÕES DE AVEIRO" NOS QUADROS EXPOSTOS NO MUSEU
MARÍTIMO DE ÍLHAVO.
"AVEIROS"
Séc. XVIII
VARINO: – trajando o gabão castanho de surrobeco,
debruado a vermelho na orla, nas mangas, cabeção e capuz; está cintado
com uma corda. Fotografia de Luís Costa
PEIXEIRA: – traja uma capa de cor azul do mar, com gola
cor de camarão; lenço da cabeça amarelo com um gracioso chapeirão por
vezes preso com travincas e muito característico das mulheres da costa
marítima.
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"OS GABÕES DE AVEIRO" NAS PORCELANAS DA VISTA ALEGRE
EXPOSTAS NO MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO.
"ILHOS ou ÍLHAVOS"
Cena característica das gentes da vizinha Vila Maruja,
que uns dizem ter sido colónia grega e outros afirmam ter tido origem
numa feitoria fenícia.
Lembremos que Almeida Garrett se refere aos ílhavos
dizendo que vestiam "o amplo saiote grego dos varinos"...
Pensemos na singular beleza das mulheres de Ílhavo, na
sua tez morena, na forma e brilho dos seus olhos fenícios.
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A POESIA E O GABÃO DE AVEIRO
O frio, a chuva, as neblinas matinais, as nortadas à
beira-mar, a "Entrega dos Ramos", as Arruadas, fazem lembrar o gabão!
Depois... nas almas nasce a poesia.
VIAGENS NA MINHA TERRA
–
("... jornadas que eu fazia ao velho Douro")
E o carro ia aos solavancos.
Os passageiros, todos brancos,
Ressonavam nos seus GABÕES:
E eu ia alerta, olhando a estrada,
Que em certo sítio, na Trovoada,
Costumavam sair ladrões.
Paris, 1892
Do livro "SÓ" de António Nobre – Edição da Livraria
Tavares Martins, 1950 Comemorativa do Cinquentenário da morte do Poeta.
Ah! A divina ilusão!
O antecipado deleite!
Embuçado no gabão,
Ir-me à nossa reunião
De noite – em casa do Leite!
1896
Cons. Luís de Magalhães
(1859-1935) – A.D.A. 1942 – vol.
VIII, pág. 297
O GABÃO DE AVEIRO
Eu fui o gabão de Aveiro,
que há muito larguei a palma
Agora, já não existo:
rezem-me todos por alma.
Fui alguém, prestei serviços;
a todos agasalhei;
tive aqui o meu reinado,
'té que em nada me tornei.
Só estou no pensamento
dos saudosos do passado;
fui esquecido de todos;
raras vezes sou lembrado.
José Pereira Tavares (Reitor do Liceu de Aveiro)
–
Récita de despedida dos alunos do 7.º ano do Liceu
Nacional de Aveiro em Abril de 1956, "A última visita de Pangloss".
Separata do Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. XXXVIII,
e “Aveiro e o seu Distrito”, n.º 19 - 1975, pág. 74.
O MEU VARINO
Gabão, varino de Aveiro,
quase sexagenário,
tem sido meu companheiro,
com vigor extraordinário;
Estaria como novo,
se não surgisse a desgraça,
o descuido, que reprovo,
de defendê-lo da traça;
O alfaiate Gafanha,
autor do risco e do corte,
deu-lhe rijeza tamanha
que tarde verá a morte;
Acalenta tronco e pernas,
é completo agasalho;
tem o ar das coisas eternas,
no Inverno de ele me valho;
Protege cabeça e rosto,
a ser cantado tem jus,
a ser em relevo posto,
seu altaneiro capuz.
Que boa fazenda aquela,
já se não vê no mercado!
Não entrava a chuva nela,
nem o vento mais danado!
Ficou por onze mil réis,
nos tempos que já lá vão,
em que eram outras as leis,
o meu valente gabão.
"Precisa o senhor Roberto",
disse o Director, com tino,
para meu Pai, e deu certo,
"de abrigar-se num varino".
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Ele deu esta sentença
justa e mui sensatamente,
porque de séria doença
me achava convalescente.
Agora está interdito
vir à rua em tal farpela,
pois o automóvel maldito
quer pressa, tudo atropela.
Mas em casa, no sossego,
que não tem tal desatino,
me agasalho, me aconchego,
me envolvo no meu varino.
Gabão, varino de Aveiro,
é trajo tradicional
e português verdadeiro,
mas do antigo Portugal.
Meu gabão dos tempos idos,
dos tempos de colegial,
estamos envelhecidos,
fora da moda, afinal!
Porto, Maio de 1963
ROBERTO MACEDO
Nota da Redacção – A presente poesia foi publicada no n.º
3320, de 29 de Setembro de 1963, do semanário “Semana Tirsense”, que se
publica na linda vila de Santo Tirso. Com a devida vénia dele
transcrevemos esta poesia que se refere a um antigo e típico trajo de
Aveiro, hoje quase completamente desaparecido, chamado gabão ou varino.
O autor desta poesia é o Dr. ROBERTO EDUARDO DA COSTA
MACEDO, juiz de Direito aposentado, natural de Santo Tirso, que foi
aluno do Liceu de Aveiro nos anos escolares de 1900 a 1905, durante os
quais fez todo o curso geral dos Liceus.
Estava internado no Colégio Aveirense, de que era
director o Padre João Ferreira Leitão, mas frequentava as aulas do
Liceu.
Seu pai, advogado em Santo Tirso, matriculou-o no Liceu
de Aveiro em 1900. porque a peste bubónica tinha grassado no Porto no
ano anterior, e ainda havia receios desta grave doença.
Refere-se o Dr. ROBERTO MACEDO ao gabão que adquiriu em
Aveiro, porque adoeceu durante o seu quinto ano do Liceu, e para se
agasalhar na convalescença, o cuidadoso Director do Colégio Aveirense
mandou dizer ao pai do estudante:
"Precisa o sr. Roberto de abrigar-se num varino"
Feito o gabão, este produziu os efeitos desejados, e
ficou companheiro do Dr. ROBERTO MACEDO até hoje, lembrando-lhe a todo o
momento os tempos que passou na cidade de Aveiro e que talvez evoque
ainda com saudade.
(Arquivo do Dist. de Aveiro - 1963 - Voi. XXIX - Pág.
270)
ENTREGA DE RAMOS
Alturas de Natal. Véspera de Entrega.
Céu escuro, pintalgado de luzes.
Frio de inverno, chegado há dias.
São oito horas precisas. Na porta,
Soam as pancadas esperadas.
Alvoroço, o PARCEIRO sobe a escada.
A mesa posta. Ceia da praxe.
PARCEIROS, AMIGOS e CONHECIDOS,
de GABÃO, com cinta vermelha e
barrete verde, lançam dúzias
de foguetes, atiçados pelo rapazio.
Amadeu de Sousa, in:
“Boletim Municipal de Aveiro”, Ano IV,
1986, n.º 8
GABÃO DE AVEIRO
Ao Dr. Santos Oliveiros
Talvez pela nortada agreste
gerada no ventre da corola boreal,
rasgando a cerviz
das ondas árcticas e atlânticas,
que aqui, como mensagem,
alegremente se alardeia;
talvez pelo sopro errante e gélido
dos lapões encapuchados
ao sol da meia-noite,
em busca curvilínea
de outra terra e outro mar,
de velas sem força de asa;
talvez pela frescura sentida
no rosto das gentes escaldantes
do Sara,
que galgando o estreito,
se aquietaram
aos ares purificados de salgado,
– O gabão nasceu,
agasalhou e ornou o homem.
Capote, cabeção e capuz.
Negro e castanho.
Faixa escarlate.
Rico e pobre.
Festivo e profano,
dos trajes de Aveiro,
o Gabão é decano.
Amadeu de Sousa
(Dezembro de 1988)
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A IMAGEM E
O GABÃO DE AVEIRO
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NOTAS SOLTAS:
Figuração do Gabão de Aveiro
– Os Ramos, col. da C.M.A.
– Caldeirada - 1934 - Museu Regional de Aveiro
Da autoria de Lauro Corado, nascido em Aveiro em 1908.
Pintor de figuras populares da região aveirense.
– O Homem de Gabão (estatueta). Col. Dr. Moreira Lopes
(Aveiro). Da autoria de Zé Augusto, nascido em Aveiro em 1930. Barrista
de nível da boa tradição aveirense.
– Aguarela com o Gabão de Aveiro, col. de D. Fernanda
Lapa (Aveiro). Da autoria de Alberto Sousa, aguarelista sensível.
– O Homem do Gabão, Edição da Comissão Municipal de
Turismo. Da autoria de Zé Penicheiro, aguarelista, caricaturista e
ilustrador.
– Azulejo com Mordomo e Parceiro dos Ramos, col. de
António Graça (Aveiro). Autor desconhecido.
APONTAMENTO ETIMOLÓGICO:
GABÃO, s. Do It. GABBANO, este do ar. GABÃ (do pers. QÄBÃ)
túnica de mangas longas (XVI-XV séc.), cfr. o lat. medioev. CABANUS,
GABANUS, o fr. CABAN, GABAN, o spagn. GABÉN. A palavra é hoje antiga,
mas usada como arcaísmo (D'Annunzio) e no dialecto, cfr. trent. VOLTA
GABBANA, D.E.I. substantivo verbal séc. XVI: «... se sabe bem cortar e
fazer hu pelote... e gizar bem hu GABÃO sangrado de toda fralda…»,
Livro dos Regimentos dos Oficiais Mecânicos (2 572), p. 242, ed. de
1926. – D.E.I., Dicionário Etimológico Italiano.
Em Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de José
Pedro Machado, Livros Horizonte, 3.ª Edição 1977 – 3.º Volume
ANOTAÇÃO
– Se o gabão é uma túnica de mangas longas do séc. XV e XVI, o
tradicional GABÃO DE AVEIRO é essa mesma túnica de mangas longas e tendo
como complemento um cabeção recortado ou uma romeira e um capuz em bico.
É muitas vezes debruado na orla, no rebordo do capuz e no
cabeção ou na romeira a preto, a azul ou a encarnado. – O Autor
AGRADECIMENTOS
Assinalo aqui a minha gratidão a todos quantos me
prestaram a sua colaboração na feitura deste trabalho, nomeadamente a
minha mulher Albertina Valentim Oliveiros e aos meus Amigos Luís
Ferreira da Costa e Fausto de Matos Melo Ferreira.
BIBLIOGRAFIA:
AVEIRO, Notas Históricas – João Gonçalves Gaspar, Ed. da
C.M.A. 1933
OS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES, Jaime Cortesão. Editora
Arcádia. N.º 1066, autografado
HISTÓRIA DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES, Damião Peres,
Portucalense Editora - Porto 1943
ALGUNS ASPECTOS DO TRAJO POPULAR DA BEIRA LITORAL, Rocha
Madahil. 1941
VIAGENS NA MINHA TERRA, Almeida Garrett, Ed. Verbo 1983
TRAJOS E COSTUMES POPULARES PORTUGUESES NO SÉCULO XIX,
Rocha Madahil, coordenados por D. José de Castro
ESTUDOS ETNOGRÁFICOS, Edição do Instituto de Alta
Cultura, (1943-1945)
SEPARATA de "O FURADOURO":
"O TRAJE" por Dr. Eduardo Lamy Laranjeiro
O GABÃO. Algumas notas. 1981 por Luís Ferreira da Costa,
Ed. da Confraria dos Enófilos da Bairrada
ADERAV. Boletim n.º 16 - Maio 1987:
A CONFRARIA DOS ENÓFILOS DA BAIRRADA, Um pouco da sua
história, por Luís Costa
ADERAV. PARA A IMAGEM ANTIGA DE AVEIRO. – O POSTAL
ILUSTRADO – Catálogo de Exposição 10-24 de Março de 1984
AVEIRO ANTIGO. Fotografias de António Graça, Ed. da C.M.A.
1985
CORREIO DO VOUGA n.º 2597 de 16 de Junho de 1982:
"O desaparecido gabão de Aveiro" de Eduardo Cerqueira
FOLHETO COMEMORATIVO DOS 450 ANOS DA CONFRARIA DO S. S.
SACRAMENTO DA FREGUESIA DA GLÓRIA: 1437-1987
AVEIRO E O SEU DISTRITO: n.º 15, 21,30,31 e 33,
N.º 15 - 1973
DUAS PÁGINAS DE HISTÓRIA DE OVAR, por Dr. Eduardo Lamy
Laranjeiro
N.º 21 - 1976
CONCELHO DE AVEIRO - NOTAS DE ETNOGRAFIA E FOLCLORE, por
J. Víeira
N.º 30 - 1982
A MÃO DO HOMEM NA PAISAGEM, por Frederico de Moura
N.º 31-1983
CEM ANOS DE ARTES PLÁSTICAS - por Amaro Neves
N.º 33 - 1984
A VILA MARUJA, por Dr. Amadeu Eurípedes Cachim
POSTAIS ILUSTRADOS:
Edição da Comissão Municipal de Turismo de Aveiro:
"O HOMEM DO GABÃO" zé penicheiro
"REGATA DE MOLlCEIROS" (Festa da Ria)
Edição do Museu de Ovar:
"HOMEM E MULHER DE OVAR"
"PESCADOR COM VARINO"
"OVAR - HOMEM DE GABÃO"
Reprodução da aguarela de Alfredo Moraes
Boletim Municipal de Aveiro, n.º 1 e n.º 8
N.º 1 - 1983
Os gabões de Aveiro, por Eduardo Cerqueira
Salão Cultural - Catálogo
N.º 8 - Ano IV - 1986
Entrega de Ramos, Amadeu de Sousa
Entrega do Ramo. Ilustração de Jeremias Bandarra
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