Aires Barbosa – O «Mestre
Grego»
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Lourenço Crasso, por sua vez, na Historia dei Poeti
Greci, disse que Aires Barbosa era «homem de muito saber e perito de
muitas línguas, e poeta insigne; foi ele quem primeiro levou para
Espanha a Língua Grega; em companhia de António de Nebrissa, viveu da
Língua Grega e da Poesia».
(31)
O próprio António de Nebrissa, no prefácio da sua obra
Introductionum Grammaticarum..., mostrou quanto estimava o amigo ao
confidenciar: – «Eu, porém, como nas minhas Introduções, deixasse mal
começados muitos temas de Grego, pondo em comum antes o assunto com
Aires Lusitano, do qual unicamente se alguma coisa se sabe de Grego
entre nós a ele se deve, ousei eu fazer o que ele, mais perito nestas
coisas, deveria ter feito». E noutra ocasião, nas suas Quinquanar, ad
Franciscum Ximenes, não deixou de atestar: – «A Língua Grega foi
ilustrada e já antes divulgada pela Espanha por Aires Lusitano, homem
muitíssimo erudito no Grego e no Latim».(32)
Mais tarde, em 1741, Diogo Barbosa Machado havia de
escrever: – «Jazia neste tempo em Espanha muda a eloquência; estavam
separadas do comércio dos Sábios as Musas, e se tinha introduzido uma
tal ignorância das línguas e letras humanas que somente dominava a
barbaridade, contra a qual se armou Aires Barbosa como outro Hércules
degolando a Hidra mais perniciosa que a de Lerna, com as doutas
instruções do seu magistério exercitado pelo largo espaço de vinte anos
com singular crédito do seu talento e não pequena glória e fruto dos
seus discípulos».(33)
Perante tais afirmações, vemos como estes autores são
unânimes em elogiar o saber e em enaltecer o ensino do pedagogo
português, mestre de Latim e de Grego, que também regeu as cadeiras de
Retórica e de Gramática. Mas convém não esquecer que os humanistas
europeus formavam entre si uma espécie de arquiconfraria internacional,
onde os seus nomes eram repetidos com respeito e admiração; o
carteamento e o mútuo louvor eram constantes.
Enquanto permaneceu em Espanha, Aires Barbosa deu à
estampa diversas publicações, em latim, todas editadas em Salamanca. Em
1511, apareceu a Arii Barbosae Lusitani in verba M. Fabii. Quid? Quod
et Reliqua. Relectio de verbis obliquiis, que consiste numa
lição que proferiu aos alunos sobre temas gramaticais respeitantes a
certas expressões usadas por Marco Fábio Quintiliano e aos casos
indirectos; o insuspeito António Honcala, numa poesia preliminar inserta
no livro e dirigida ao leitor, tece os maiores encómios a Aires Barbosa,
«que, com igual brilho e fulgor, cultivou as duas Línguas (Latim e
Grego) e ensinou em Espanha pela primeira vez o Grego, pelo que mereceu
o cognome de Grego, como também merecera o de Romano». Em 1515, surgiu a
Epometria, seu de metiendi carmina ratione – obra que se ocupa da
geração dos sons e que coloca o autor entre os musicólogos; uma segunda
edição deste livro foi feita em Sevilha, no ano de 1520. Sucederam-se
depois as seguintes publicações: – em 1516, Epigrammatum seu Operum
ejus Poeticarum; ainda no mesmo ano, In Aratoris Presbyteri Poema
de Apostolorum rebus gestis commentarium, em que – como diz André
Scoto citado por Nicolau António – o seu autor se mostrou ser não apenas
filólogo, mas ainda filósofo e teólogo;
(34) em 1517, De Prosodia,
scilicet, Relectio, seu, de Re Poetica, ac recta scribendi ratione;
também na mesma data, De Orthographia; em 1520, Epigramma in
laudem Petri Margalli, então catedrático de Prima de Teologia na
Universidade de Salamanca, e Epistola Latina, em resposta a outra do
mesmo Margalho, que termina com a elegia Ad juvenes studiosos bonarum
artium Carmen. Estes três últimos opúsculos foram publicados no
Phisices Compendium, do Doutor Pedro Margalho.
Anotam-se ainda outros trabalhos: – Quaestiones quodl
ibeticae de qualibet re; e Epistola Lucio Marineo Siculo.
Também há referências a
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uma carta escrita a EI-Rei D. João III, a
uma obra chamada Rhetorica – a qual ele próprio menciona num
epigrama dedicado a Jorge de Miranda no fim da Antimoria – e a um
diálogo em italiano
Delle Imprese di Guerra e
di Amore.
PRECEPTOR DE PRÍNCIPES
Completados os vinte anos de exercício de professor
proprietário de cátedra, depois do juramento «de bene legendo» e
da incorporação no Colégio dos Doutores e Mestres Artistas, Aires
Barbosa foi jubilado, em virtude da praxe regulamentar. Isto aconteceu
em 1523; em 8 de Setembro deixaria definitivamente a Escola
Salmanticense.
Ensinara em Espanha o que em cultura clássica de melhor
aprendera no Studio Florentino e na experiência da vida; pedagogo
e humanista notável, tinha como dever de consciência a formação
intelectual dos discípulos, preparando-os para, no futuro, virem a ser
úteis na sociedade.
Ele próprio definiu o objectivo do seu ensino, quando
escreveu no começo do livro Arii Barbosae Lusitani in verba Fabii.
Quid? Quod et Reliqua. Relectio de verbis obliquiis: – «Desde que
fui incumbido do encargo literário de ensinar na Universidade de
Salamanca ambas as Línguas aos jovens de Espanha, sempre tive no ânimo
uma preocupação que ainda mantenho: procurar e investigar aquilo que
julgo ser-vos útil no futuro».
Ao saber da sua aposentação, o Rei de Portugal, D. João
III – aliás sempre a par das notabilidades do ensino e tendo em grande
apreço os méritos indiscutíveis do ilustre aveirense – enviou a
Salamanca um mensageiro para ir à procura de Aires Barbosa e para lhe
entregar uma carta sumamente gratificante. Por ela, o Mestre era
convidado a regressar a Portugal para que, na Corte, desse formação ao
irmão do Soberano o Infante D. Afonso, já cardeal desde os sete anos e
que tinha então catorze anos de idade; era a altura propícia para o
estudo das Humanidades. «Imediatamente se juntou e acrescentou àquele
trabalho concluso um novo, de não menor responsabilidade, mas que por
mim devia ser realizado em menos tempo» – escreveu Aires Barbosa, no
prefácio da Antimória, continuando: – «Não pude recusar-me ao pai
da minha Pátria». (35) Entendia ele que não poderia oferecer dádiva
alguma mais grata a Deus do que ter instruído o Príncipe; atendeu ao
Rei
como se fora preceito obrigatório, mas exerceu o cargo como atitude de
fé religiosa. (36) Seu tio, Martim de Figueiredo, na dedicatória a D.
João III do seu Comentário ao prólogo das Histórias Naturais de
Plínio, o Moço, escreveria a este respeito: – «Da Universidade de
Salamanca, celebérrima em toda a Espanha, fizeste vir o doutíssimo e
notabilíssimo Aires Barbosa, com grandes recompensas e ofertas, depois
de ele ter alcançado o repouso dos estudos».
(37)
Na Corte, Aires Barbosa passou, portanto, a desempenhar,
com gosto e zelo, o novo ofício de ensinar «a arte da eloquência,
da
oratória e da dialéctica, além de outras louçanias das humanidades».
(38) Foram sete anos; contudo, «teria realizado, sem dúvida, esta tarefa
em três anos, se durante as mudanças da instável Cúria me houvesse sido
permitido demorar mais tempo em algum lugar» – confessou ele em jeito de
recordação. (39) Dizem alguns – como Cristóvão Alão de Morais – que
também foi professor do Infante D. Henrique, nascido em 1512, igualmente
irmão de D. João III e, mais tarde, cardeal-rei.
(40)
Foi esta uma brilhante coroa do longo magistério de um
grande humanista; ele entrara mesmo na intimidade do Rei Piedoso, como
já havia sido das relações do Arcebispo de Compostela, D. João da
Fonseca.
Pouco se conhece da vida familiar, da mulher e dos filhos
de Aires Barbosa; mas sabe-se que casou com D. Isabel de Figueiredo, «de
generosa estirpe», de quem houve cinco filhos. A morte, porém,
arrebatou-lhe a esposa «em idade muito florescente», quando talvez ainda
vivesse em Salamanca; no epigrama que lhe dedicou, como epitáfio,
publicado em 1536, escreveu: – «Morrendo, foi feliz na morte, pois,
tendo vivido bem, entregou, na hora suavemente fatal, a pura alma do
Céu, os ossos à terra; é, portanto, feliz!»
(41)
O filho mais velho, Fernão ou Fernando Barbosa,
com
«pouco mais que da idade do Infante D. Duarte»,
(42) acompanhou o pai na
Corte, crescendo e formando-se juntamente com o Cardeal D. Afonso e os
outros Infantes. Mais tarde, seria moço fidalgo de D. João III, em
atenção aos serviços prestados pelo pai. É deste Fernão Barbosa que
André de Resende conta o seguinte episódio, passado em 1527, na cidade
de Coimbra, quando a Corte aí se encontrava, fugida a uma epidemia que
atormentava Lisboa. Certa vez, estando Fernão Barbosa com uma vergasta
na mão – uma «vara louçã» – o Infante D. Duarte, um pouco mais novo do
que ele, pediu-lha; apesar das insistências, Fernão Barbosa não lha deu
e, vendo que teria de a dar pela força, quebrou-a. Ante a descortesia, o
Infante encolerizou-se e,
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lançando-lhe a mão a uma escófia de seda que usava na cabeça, «porque
estava rapado de fresco à navalha por causa de bostelas e sarna», o moço
ficou descoberto, no meio de uma grande risada, e, apupado de todos,
fugiu a correr. O Infante reconsiderou e, receoso, – escondeu-se numa
câmara, por Fernão Barbosa ser filho do mestre do Cardeal. Tudo acabaria
em graça, por diligência de André de Resende e porque Aires Barbosa,
«como era homem prudente e de condição branda», se pôs do lado do
Infante contra seu filho e ajudou a dar alegria à graça. O próprio
Cardeal D. Afonso, então de dezoito anos de idade, fez do episódio tema
de um epigrama, que dirigiu a Fernão Barbosa, já regular latinista
embora apenas contasse quinze anos. Depois de narrar pormenorizadamente
a «briga ridícula» em verso clássico, o autor conclui: – «Tudo isto foi
mal feito, porque um e outro ficaram afinal sem a vergasta,
quando ambos
eram merecedores de duas vergastas».
(43)
EM ESGUEIRA... A «ANTIMÓRIA»
Em 1530, já liberto dos dois cargos, visto que tanto o
exercício do magistério como a vida palaciana lhe granjearam um
tranquilo e merecido repouso, Aires Barbosa regressaria ao torrão natal.
Conseguindo uma remansosa velhice, iria preparar-se proximamente para
bem morrer. Arrastaria, decerto, os últimos anos de vida penosamente,
atormentado pelos achaques da idade e até por imerecidos agravos da
justiça ou da injustiça dos homens; mas, de consciência moldada e
fortalecida pela fé cristã, ele não se deixaria vencer pelo desânimo.
Também não estava nos seus propósitos cruzar os braços ou afastar-se das
legítimas preocupações terrenas ou das exigências morais do seu querer.
«Julgo, na verdade – escreveu ele nessa ocasião – que não me era lícito
nada produzir, mas antes desviar para alguma ocupação útil o apetecido
ócio; nem de novo tive o direito de me entregar aos divertimentos, à
caça e aos outros prazeres indignos do homem douto, mas,– muito
preferentemente, de seguir a primeira e mesmo verdadeira ocupação do
homem». (44)
Efectivamente, residindo em Esgueira, no sítio do
Outeiro, nas suas pousadas da Rua da Corredoura, Aires Barbosa
aproveitou os dias de lazer para compor em verso hexâmetro um
poemazinho, de carácter religioso, a que deu o nome de Antimória,
saído principalmente da continuada reflexão de alguém que, alheando-se
já de certas perspectivas, conservava a verdadeira fé, com a esperança e
o amor no coração. «Deves ter verdadeira fé, esperança e amor de
coração» – aconselhava ele;
(45) ou ainda: – «Homem, visto que és,
como
hóspede, fugaz habitante deste mundo, conhece o teu exílio»; (46) ou
mesmo: «Qualquer excessivo prazer do corpo, inimigo de todas as
virtudes, surge para embaraçar o bom-senso; ofuscando os olhos do
espírito, arrebata o próprio espírito».
(47)
Com tal trabalho, Aires Barbosa ansiava refutar o Encomium Moriae,
da autoria do sempre admirado Desidério Erasmo, de Roterdão,
livro que o
nosso aveirense verificava andar em todas as mãos.
(48) Além disso,
entendia como seu dever consagrar o que lhe restasse de vida «ou em
louvor de Jesus Cristo, ou em benefício do seu outro eu, isto é, o
próximo». (49) A exaltar a sabedoria cristã se destinava, pois, a obra
do nosso patrício que, fiel à promessa proclamada em belo epigrama, se
não esquecera do Nome de Jesus: – «Ó Nome adorado na terra,
no inferno e
no céu, sempre me hei-de lembrar deste Nome!»
(50)
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O caso de Erasmo, visto à distância dos séculos, leva-nos
hoje a concluir que os abusos dos homens da sociedade civil e da Igreja
requeriam pronta e necessária reforma; muitas pessoas de boa vontade e
de fé esclarecida tiveram palavras de reprovação de costumes não
condicentes. Em cima do acontecimento, nem sempre essas vozes foram
escutadas e muito menos entendidas.
Às vezes, representa-se Erasmo como um livre-pensador;
mas, apesar de todas as suas irreverências, o grande humanista conservou
a fé em Cristo, sem nunca romper com a Igreja, chegando mesmo a exaltar
uma espiritualidade preocupada com a formação interior do homem e
revelada no amor a Deus e ao próximo, em contraste com as práticas
meramente exteriores de religiosidade vulgar. Todavia, pela mordacidade
irreverente do seu espírito e dos seus escritos ante as práticas
supersticiosas, o monaquismo degradado e a corrupção do clero, Erasmo
deu azo a que os seus contraditores, partindo-lhe o nome latino,
pudessem dizer: «eras mus»; e o nosso Francisco Leitão Ferreira, melhor
historiador que poeta, teve o descaramento de parafrasear em epigrama: –
«Se decifrar talvez trato / Teu nome, Erasmo, em latim, / Feito em
partes, acho enfim / Na divisão que eras rato... ».
(51)
Aires Barbosa, por seu turno, lamentava a brilhante mas
perigosa sátira erasmiana; «com efeito – escreveu ele – ainda que o
Elogio da Loucura seja lido com sumo deleite pelos eruditos, que
muito bem percebem lhes é inofensivo o dulcíssimo encanto daquela obra,
contudo não pode ser lido sem dano por outros, que são a maioria».
(52)
A admiração pelo humanista de Roterdão não o cega; preferiria que Erasmo
procurasse ganhar o título de cristão e de teólogo, em vez de foros de
orador engenhoso, douto e eloquente.
(53)
O Encomium Moriae, preparado na Inglaterra em casa
do notável Chanceler do Reino e valoroso cristão de antes quebrar que
torcer, S. Tomás More, apareceu em público pela primeira vez em 1509.
Nessa altura e nos anos seguintes, não fora possível a Aires Barbosa
realizar o seu intento; «contudo – diz ele no prefácio da Antimória,
dirigido ao Cardeal D. Afonso – ardentemente desejámos agradar ao
Santíssimo Cristo com alguma espécie de obséquio e cultivar neste
retiro, com humildade avena, a musa rústica, isto é, pequenos versos
desordenados, que lançássemos, como mesquinhas moedas, à semelhança da
viúva pobre, no gazofilácio do Senhor».
(54) O cuidado público de
ensinar e a preocupação particular de dirigir os negócios da sua casa
não lhe haviam permitido comentar qualquer coisa, a não ser,
casualmente, aquilo que ia interpretando.
(55)
A redacção da Antimória, por isso, teve de ser
protelada forçadamente; apenas escrita em Esgueira, foi impressa em
Coimbra, na tipografia do Mosteiro de Santa Cruz, em 1536. É de crer
que, para a escolha desta oficina – a primeira que se estabeleceu
naquela cidade – tenham concorrido não só as possíveis relações de
amizade entre o velho professor de Salamanca e o luzido grupo de
humanistas do Mosteiro, mas também a própria Corte através do Cardeal D.
Afonso, além da esmerada apresentação gráfica das composições latinas
saídas dos seus prelos desde 1530.
Em Prudêncio encontrou o autor a sugestão para a métrica
que adoptou, em oposição à prosa de Erasmo; este, porém, já não apreciou
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as objurgatórias e o rigor dos versos do humanista aveirense, pois
faleceu naquele preciso ano de 1536.
Contrariando Erasmo, Aires Barbosa apegou-se
conservadoramente às ideias oficiais do tempo, que sofriam as primeiras
fendas, e procurou opor o antídoto da sapiência cristã à «loucura»
progressista de Roterdão; para defender o pensamento radicado, não se
calou, saiu à liça e quebrou lanças. Mostrou-se do seu tempo e não
vislumbrou o futuro que já despontava, para o encarar de frente com a
luz da fé na mão; seria anacrónico se ele, homem do princípio do século
XVI, tivesse feito a separação convergente entre a fé e a ciência, a
simbiose doutrinal entre a sabedoria divina e a sabedoria simplesmente
humana, a destrinça entre os valores eternos e os valores temporais, a
teologia do mistério insondável da santidade da Igreja de Cristo, apesar
dos defeitos de muitos daqueles que a servem e amam. Só mais tarde, a
reflexão aturada levaria a extremar campos sem os contrapor, mas
procurando a harmonia. A Antimória, sendo a mais representativa
de quantas obras Aires Barbosa nos legou, vale sobretudo como produto de
uma mentalidade e como retrato de uma época.
O livro teve a apresentação do insuspeito humanista Jorge
Coelho, correspondente do próprio Erasmo e secretário do Cardeal-Infante
D. Henrique, que, na carta que dirigiu a Aires Barbosa, o classificava
de «elegantíssimo poema, de bem ordenada feição lucreciana». (56) Jorge
Coelho, que se reconhece como um dos estultos por também ter sofrido do
«contágio comum», proveniente de Erasmo, confessa que Aires Barbosa lhe
ministrou o remédio capaz de o reanimar. «Quanta erudição, quanta
probidade se não patenteia nessa obra! Rivaliza a gravidade com o
conhecimento das matérias; a pureza com a elocução; a elegância do verso
com a agudeza das sentenças; enfim, com tudo isto, notável amor da
piedade e da religião. Assim, na verdade, convinha contra o
hediondíssimo monstro que as armas dos seus tão fortemente protegiam»
escreve Jorge Coelho. (57)
Aires Barbosa dedicou o seu trabalho ao Cardeal-Infante
D. Afonso. Na sua portada e quase a ocupar toda a página, uma gravura
ostenta o brasão do Príncipe, que fora seu ilustre discípulo, por baixo
da qual se imprimiu o título: – «ARII BARVOSAE / Lusitani Antimoria /
Eiusdem nonnulla Epigrammata». Efectivamente, em apêndice, completa o
pequeno volume uma boa colecção de quarenta e quatro epigramas, alguns
deles datados de muitos anos antes e referentes a casos ocorridos em
Espanha ou durante a vida do autor. O prefácio-dedicatória, da pena de
Aires Barbosa, é peça fundamental para a compreensão do seu pensamento e
ainda para a sua biografia. Aí se pode ler, em tom de desabafo
incontido, a manifestação do sentimento de alguém que sabe como as
multidões correm atrás da novidade e aplaudem a sátira social: «Àquele,
embora tome o pior assunto, aliás agradabilíssimo, aplaude-o todo o
teatro; a mim, que mal principio a escolher a melhor expressão,
abandonar-me-ão os espectadores. (...) Que não digo isto com inveja ou
malevolência, mas com uma espécie de simplicidade cristã – é Deus
testemunha, é testemunha a minha consciência». (58)
Ao lançar-se na redacção do poema, como flor que
desabrochou do seu coração, o velho helenista, coroado de glória, teve
como principal finalidade «prestar por alguma maneira homenagem ao nosso
Deus», resolvendo acordar a sua lira latina em favor da sabedoria
cristã. E é ainda levado por este espírito que ele acaba por terminar a
sua obra: – «(ou) A Ti, Sumo Deus, são devidos santos silêncios e a
respeito da Tua Majestade é preferível estar calado a dizer coisas
indignas. (...) Entoemos a Cristo um cântico de alegria e de gratidão:
Glória ao Alto Deus nas alturas! Louvor e honra a Ti, Virgem Mãe! A ti,
mansão celeste! (59)
EI-Rei D. Manuel II, no comentário que dedicou à edição
de Antimória, de 1536, de que possuía um exemplar em Vila Viçosa,
escreveu: – «A Antimória tem para nós um profundo interesse, não
só para fazer reviver a época mais brilhante do estudo das Humanidades
em Portugal, mas porque o seu autor foi um dos iniciadores desses
estudos no nosso País e um dos seus mais insignes mestres».
(60)
TESTAMENTO E MORTE
Aires Barbosa, já viúvo, passou os últimos anos na vila
de Esgueira, na companhia dos seus filhos Fernão (ou Fernando) e
Margarida e ao pé de alguns sobrinhos e de outros parentes; a sua filha
Catarina era freira no pequeno convento do Santo Espírito. Entretanto,
junto das suas pousadas, no Outeiro, mandara edificar uma capela, sob a
invocação de Nossa Senhora do Desterro, no adro da velha igreja matriz
de Santo André, contíguo ao passal, ambos sobranceiros à ribeira e ao
vale. Esta capela tinha como finalidade principal ser a jazida dos seus
restos mortais e perpetuar o seu nome.
Ao começar o ano de 1540, Aires Barbosa, de idade
avançada, adoeceu gravemente e previu que se avizinhava a passos largos
o dia do
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falecimento e do julgamento divino. Por isso, mandou chamar João
Cerveira, tabelião público judicial de Esgueira, e ditou-lhe o último
testamento; era o dia 5 de Janeiro. Primeiro, determinou que aos seus
restos mortais se desse sepultura dentro da referida capela de Nossa
Senhora do Desterro, «que ele mandara fazer em a igreja de Santo André
desta vila de Esgueira» e que aí se colocasse uma lápide com a inscrição
«Aqui jaz o corpo do Mestre Aires Barbosa»; prescreveu que, no dia do
seu funeral, levassem, acompanhando o corpo, vinte alqueires de trigo,
dez almudes de vinho, duzentos réis de peixe, quatro tachas e dez velas
acesas; ordenou que, no mesmo dia, lhe dissessem dez missas – nove
rezadas e uma cantada, com suas horas, ladainhas e ofícios costumados –
e que, durante o primeiro ano, em cada um dos dias mensais da morte, lhe
levassem dez alqueires de trigo, cinco almudes de vinho e seis réis de
peixe, e lhe dissessem cinco missas – uma cantada e quatro rezadas, com
suas horas e ladainhas – e que aos ditos ofícios estivessem quatro
tochas e dez velas acesas; dispôs que na sua capela, em todos os anos e
em cada uma das sextas-feiras, se rezasse uma missa, não de «Requiem»,
com uma oração que ele, testador, compusera; além disso, estabeleceu que
se cantasse uma missa no dia de Santa Cruz de Maio e outra no dia de
Santa Cruz de Setembro, «com seus responsos sobre a sua cova»; mandou
que a dita capela estivesse sempre «bem corrigida e concertada e
ornamentada» de paramentos, cálix, frontal, toalhas, livro, galhetas,
castiçais e velas para a celebração das missas e que o visitador, quando
viesse à igreja de Santo André, fosse também examinar a capela, por cujo
encargo se lhe desse dois cambos de linguados ou duas galinhas;
preceituou que, após a sua morte, administraria a capela a sua filha
Margarida e «todos os seus filhos lídimos e seus sucessores», e não o
filho primogénito do testador, Fernão, «por ser muito mancebo em seu
viver»; indicou que, na partilha da sua herança, não entraria a sua
filha Catarma, «freira em o Mosteiro de Santo Espírito, porque o dito
Mosteiro é pago e satisfeito, do que aí há escrituras»; dispondo dos
bens, entrou em diversas particularidades e, sobretudo, vinculou a terça
parte deles à mencionada capela de Nossa Senhora do Desterro;
finalmente, preceituou que os administradores futuros da capela usassem
sempre o apelido Barbosa, «e isto por memória do dito fundador da dita
capela».
No dia seguinte, 6 de Janeiro, o testamento, «cerrado com
uma linha preta e selado com sete selos de cera», foi entregue por Aires
Barbosa, «mestre do Senhor Cardeal», ao mencionado tabelião, na presença
das testemunhas António de Pinho, António Roiz, ferrador, João Anes,
alfaiate, André Pires, João Pires, carpinteiro, Bastião Pires e Pedro
Anes Maia – todos moradores na vila de Esgueira.
No dia 19 do mês de Janeiro, Aires Barbosa ainda mandou
fazer um «instrumento de declaração» ao seu testamento, no qual, além de
regular pormenorizadamente a sucessão na administração da capela,
indicou os bens que lhe vinculava: – A marinha que se chamava da Riba da
Veia; outra marinha que se denominava Refugiada, com todas as suas
pertenças; os seus casais do Carregal e os moinhos do Pano, junto ao
Carregal. Foi tabelião o mesmo João Cerveira e serviram de testemunhas
Simão Tavares, fidalgo da Casa de EI-Rei, e Tomás Ferreira, cavaleiro,
moradores na vila de Aveiro, e Gonçalo Coelho, Tristão Pinto, Cristóvão
Pacheco, Afonso de Oliveira, Simão Varela e Fernão de Figueiredo,
escudeiros fidalgos, todos moradores na vila de Esgueira. (61)
Aires Barbosa – distinto aluno de Angelo Policiano,
«mestre grego» de Salamanca, insigne humanista da Renascença, sábio
perceptor de Príncipes, autor erudito de diversas publicações, português
e aveirense de fama europeia... – acabou por falecer nas suas pousadas
de Esgueira, em 20 de Janeiro de 1540, dia litúrgico do Mártir S.
Sebastião; assim consta expressamente não só do termo de abertura do
testamento, como também dos livros de contas da Universidade Salmanticense, segundo o testemunho de Enrique Esperabé Arteaga.
(62)
Verificada a morte, logo no mesmo dia foi entregue o
testamento ao dito tabelião João Cerveira, na presença de Gonçalo
Coelho, Juiz de Crime na vila de Esgueira, «o qual logo aí perante ele
dito Juiz foi aberto e lido»; testemunharam o acto Simão Varela, Fernão
de Figueiredo, Cristóvão Pacheco e Vicente Anes Alcaide, todos moradores
em Esgueira.
Conforme o defunto havia determinado, o seu corpo foi
sepultado na capela privativa de Nossa Senhora do Desterro; na campa foi
lavrada a inscrição por ele próprio redigida.
Diogo Barbosa Machado, na Biblioteca Lusitana, corrobora
isso mesmo. (63)
... Precisamente neste ano de 1540, chegariam a Lisboa, a pedido de
EI-Rei D. João III, os primeiros Padres Jesuítas – Simão Rodrigues,
Paulo Cameste e Francisco Xavier – e, breves meses decorridos, teria
início o maravilhoso apostolado cristão e a admirável acção civilizadora
da Companhia de Jesus na Índia...
/ 28 /
DEPOIS DA MORTE
A capela, instituída por Aires Barbosa e que serviu para
a sua sepultura, há muito que desapareceu; nem sequer ficou na
recordação o lugar exacto onde se erguia. A própria igreja matriz de
Santo André, contemporânea do humanista, foi substituída pelo edifício
actual, edificado noutro sítio, que na fachada ostenta, em capitais
árabes, a data de 1650; daquele templo nada resta, a não ser as
designações de passal, de adro e de viela do adro, e ainda alguns
vestígios de ossadas humanas no local que, como era costume, também
servia para o enterramento dos cadáveres. Todavia, diversos documentos,
datados de anos dos séculos XVII a XIX, ainda testificam a existência
não só da capela de Nossa Senhora do Desterro – por vezes chamada de
«Nossa Senhora do Adro» – mas também da continuação do respectivo
vínculo.
De facto, em 9 de Março de 1697, António Queimado de
Brito, escrivão do Público Judicial e de Notas da vila de Alverca, com
base no próprio tombo da capela que lhe apresentou o requerente
Figueiredo Barbosa, administrador da mesma, morador nessa vila, passou
uma certidão das propriedades vinculadas: – a) Na vila de Esgueira, «um
assento de casas com uma torre de dois sobrados e um quintal por detrás
e tem a serventia pela rua que chamam a Corredoura»; logo pegadas a esta
torre, indo da Corredoura para a Praça, umas casas sobradadas; e adiante
mais outras casas; três marinhas, «uma que se chama de Riba da Veia, e
outra que se chama a Refugiada, e outra que se chama a Oliveirinha»; b)
No termo de Eixo, um casal e terras; mais dois casais; duas vinhas, além
de outras courelas, e ainda os moinhos do Pano.
(64)
Em 20 de Maio de 1721, o Vigário Padre Augusto Ribeiro de
Almeida deu por terminada a Informação paroquial de Santo André de
Esgueira, que superiormente lhe fora ordenada, onde se lê: – «(..,) E
fora da igreja há uma ermida do Divino Espírito Santo, que é do povo;
mais outra da Senhora do Desterro, capela de que é instituidor Aires
Barbosa, Mestre Grego, e de presente é administrador Manuel de Almeida
Leitão, do Tojal». E, um pouco à frente, na mesma Informação, mais se
pormenoriza: – «Na capela de Nossa Senhora do Desterro, fora da igreja,
está uma sepultura cujo letreiro diz AQUY IAS O CORPO DE AYRES BARBOZA
MESTRE GREGO – ERA DE MIL E QUINHENTOS E QUARENTA; e outro que diz AQUY
IAS DOMNA MARGARIDA; e outro junto a mesma capela que se não dividem as
letras por serem já gastas». (65)
Em 1749, tendo falecido D. Isabel Teresa Barbosa de Melo,
mulher que fora do Morgado do Tojal Manuel de Almeida Leitão,
sucedeu-lhe, na administração da capela e dos seus bens a sua sobrinha
D. Josefa Caetana Barbosa de Meio Figueiredo. Esta senhora, moradora em
Alverca, tomou posse dos citados bens, mediante procuração em Esgueira,
nos dias 13 e 14 de Junho daquele ano. As propriedades reduziam-se então
apenas às seguintes: – duas marinhas (uma a Oliveirinha e outra o IIhote
da Capela) e um casal no Carregal, termo de Eixo.
(66)
Após o terramoto de Lisboa, de Novembro de 1755, foi
pedido aos párocos uma descrição ou relatório circunstanciado sobre as
freguesias e os seus edifícios religiosos. O Padre Paulo Teixeira de
Queirós redigiu a Memória Paroquial de Esgueira, que datou de 10 de
Abril de 1758. Entre as capelas ou ermidas que relacionou, conta-se a da
«Senhora do Adro, que pertence ao Morgado do Tojal, e a paramenta seu
procurador que tem na vila de Aveiro».
(67)
Finalmente, em 10 de Abril de 1821, o tabelião Joaquim
José Ferreira Patoilo tirou uma pública-forma dos dois documentos de
1697 e de 1749, a qual poderá ter servido para efeitos de herança da
capela e do seu vínculo, ou de outro qualquer acto contratual, notarial
ou judicial. (68) É de presumir, portanto, que neste ano ainda existisse
a ermida contendo as inscrições tumulares e guardando os restos mortais
de Aires Barbosa, da sua filha Margarida e de outros parentes. Algum
tempo decorrido, dentro da política seguida pelo Regime Liberal,
decretar-se-ia a abolição dos antigos vínculos patrimoniais; a
instituição de Aires Barbosa, já decadente, viria a terminar como as
demais.
No meio deste progressivo esquecimento, que terá
permanecido em Esgueira que possa lembrar-nos o «Mestre Grego»?
Certamente a recordação da Família Barbosa; que ela gozou de algum
destaque social, prova-o o facto de, na actual igreja matriz, ela ter
possuído a capela ou o altar dedicado a S. João Baptista. Tudo o mais –
pousadas, capela de Nossa Senhora do Desterro, sepultura e epitáfio... –
tudo o mais que existiu na Rua da Corredoura, no sítio do Outeiro, nas
traseiras da capela do Espírito Santo, desapareceu na voragem dos
séculos. Nada ficou.
Urge terminar estas notas sobre o emérito professor
salmanticense que foi Aires Barbosa, lídima glória da erudição
aveirense, cuja vida foi uma plena entrega ao estudo e ao ensino e cuja
fama pertence a toda a Península Ibérica – e mais ainda a Espanha do que
a Portugal – como patriarca dos helenistas. Contemporâneo dos
/ 29 /
aveirenses Frei Pedro Dias, dominicano insigne e hábil diplomata, João
Afonso de Aveiro, mareante experimentado de D. João II, Frei Pedro de
Aveiro, virtuoso irmão porteiro dos conventos dominicanos de Aveiro e de
Évora, D. Frei Duarte Nunes, o primeiro bispo português na Índia, D.
Frei Jorge de Santa Luzia, bispo piedoso e destemido defensor da
longínqua Malaca, Frei Pantaleão de Aveiro, franciscano peregrino e
cronista da Terra Santa, Fernão de Oliveira, autor da primeira gramática
da Língua Portuguesa, e sobretudo coevo de Santa Joana, a «excelente
Infanta e singular Princesa» que se tornara aveirense por adopção e
domicílio... – Aires Barbosa tem jus a figurar com eles, por mérito
próprio, na magnificente galeria dos nossos vultos ilustres dos séculos
XV e XVI.
Nas comemorações do 60.º aniversário da nossa Biblioteca
Municipal, ao relembrar a vida e a obra do seu patrono Aires Barbosa,
fica-nos decerto gravado o exemplo de alguém que contribuiu, como
poucos, para o progresso das Letras Clássicas; por isso, é incentivo
para nós no trabalho de investigação cultural, humanística, artística e
científica. Não perdemos o tempo, recordando os nossos maiores, porque a
História, aqui, tem de ser mestra da vida. E julgamos não ser ousadia da
nossa parte finalizar, tendo-a como dirigida a nós a advertência que
Aires Barbosa repetia a ele próprio:
– «Assim como o hábil piloto governa a nau em mar
encapelado, para evitar estes escolhos e se dirigir a lugares seguros, a
acalma e a entrega a esta água com o governo do leme, e transporta o
escalavrado madeiro através de longos estreitos, assim tu também, ó
Aires, umas vezes hás-de reprimir os movimentos e as vagas entumecidas
do espírito, outras vezes hás-de abrandá-los segundo a razão e,
dirigindo com denodo as indómitas vagas da vida, hás-de vencer, do mesmo
modo, os cuidados como aquele as ameaças do mar». (69)
Aveiro, 23 de Maio de 1987.
João Gonçalves Gaspar
(Clicar na imagem para ver o mapa em alta resolução.)
_____________________________
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NOTAS:
(31) – Id., pg. 78.
(32)
– Id., pg. 77.
(33) – Bibliotheca Lusitana, Tomo I, Lisboa, 1741, pg.
76.
(34)
– Bibliotheca Hispana Nova, Tomo I, Madrid, 1783, pg.
171.
(35) – Antimória, Prefácio, IV, e; Arquivo do Distrito de
Aveiro, XXVI, Ano de 1960, pgs. 24 e 25.
(36) – Id.
(37) – Cit. por Francisco Ferreira Neves, em Arquivo do
Distrito de Aveiro, XIV, Ano de 1948, pg. 53.
(38) – Antimória, Prefácio, IV, e; Arquivo do Distrito de
Aveiro, XXVI, Ano de 1960, pgs. 24 e 25.
(39)
– Id.
(40) – Cristóvão Alão de Morais, Pedatura Lusitana, .Tomo
I, Vol. II, Porto, 1943, pgs. 351 e 352.
(41) – Antimória, Epigramas, XXVIII d; Arquivo do
Distrito de Aveiro, XXVI, Ano de 1960, pgs. 68 e 69.
(42) – Cit. pelo Prof. Alberto da Rocha Brito, em Arquivo
cit., XII, Ano de 1946, pg. 287. O Infante D. Duarte nasceu em 1515;
o Cardeal D. Afonso em 1509.
(43) – Vd. Prof. Alberto da Rocha Brito, em Arquivo do
Distrito de Aveiro, XII, Ano de 1946, pgs. 287-288. Na pg. 288
transcreve -se o epigrama referido.
(44) – Antimória, Prefácio, IV, d; Arquivo cit., Ano de
1960, pgs. 26 e 27.
(45) – Antimória, XI, d; Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960,
pgs. 40 e 41.
(46)
– Antimória, XIII, e; Arquivocit., XXVI, Ano de
1960, pgs. 42 e 43.
(47) – Antimória, XIV, e; Arquivo cit., XXVI, Ano de
1960, pgs. 44 e 45.
(48) – Antimória, Prefácio; Arquivo cit., XXVI, Ano de
1960, pgs. 26 e 27.
(49)
– Id.
(50) – Epigrama De Nomine lesu; cit. por Manuel Gonçalves
Cerejeira na obra, tomo e edição cit., pg. 82.
(51)
– Cit. por Manuel Gonçalves Cerejeira na obra, tomo
e edição cit., pg. 141.
(52) – Antimória, Prefácio; Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960, pgs. 28 e
29.
/ 31 /
(53)
– Id.
(54)
– Id.
(55) – Id.; Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960, pgs. 25 e
26.
(56) – Antimória, Carta de Jorge Coelho; Arquivo cit.,
XXVI, Ano de 1960, pgs. 23 e 24.
(57) – Id.
(58) – Antimória, Prefácio; Arquivo cit., XXVI, Ano de
1960, pgs. 28 e 29.
(59) – Antimória, XXIII, d; XXIV, d; Arquivo cit., XXVI,
Ano de 1960, pgs. 58 e 59, 60 e 61.
(60) – Cit. por Rocha Madaíl em Arquivo cit., XXVI, Ano
de 1960, pg. 17.
(61) – O testamento encontrava-se num dos Tombos da
Provedoria de Esgueira, que, segundo opina Francisco Ferreira Neves
(Arquivo cit., XIV, Ano de 1948, pg. 45), terá desaparecido no incêndio
do Palácio dos Tavares ou Paço Episcopal, em 20 de Julho de 1864; era aí
que se encontravam as Repartições do Governo Civil do Distrito. Contudo,
existem traslados do testamento, do instrumento de aprovação, do
instrumento de declaração, do termo de abertura e de outros documentos
referentes à capela e ao seu vínculo na Biblioteca Pública de Évora
(«Instituição da capella de Ayres Barboza, mestre de Grego, na igreja de
Esgueira e noticia da sua vida» – Cod. Cx/1-6). Os documentos foram
transcritos por Francisco Ferreira Neves no Arquivo do Distrito de
Aveiro, XIV, Ano de 1948, pgs. 57-64.
(62) – História Pragmática é Interna de Ia Universidad de
Salamanca, cit., Tomo lI, pgs. 328-329.
(63) – Tomo I, Lisboa, 1741, pg. 76.
(64) – Biblioteca Pública de Évora, Arquivo cit. na nota
61, documento n.º 2 da pública-forma de 10 de Abril de 1821; Arquivo
cit., XIV, Ano de 1948, pgs. 63-64.
(65) – Arquivo cit., VIII, Ano de 1942, pgs. 192 e 195.
(66) – Arquivo cit., XIV, Ano de 1948, pgs. 62-63.
(67) – Transc. por Bartolomeu Conde em Cacia e o
Baixo-Vouga, Aveiro, 1984, pg. 40.
(68) – Arquivo cit., XIV, Ano de 1948, especialmente pg.
64.
(69) – Antimória, Epigramas, XL, d; Arquivo cit., XXVI,
Ano de 1960, pgs. 76 e 77.
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