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Boletim n.º 10 - Ano V - 1987

Aires Barbosa – O «Mestre Grego»

(Continuação da página anterior)

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Lourenço Crasso, por sua vez, na Historia dei Poeti Greci, disse que Aires Barbosa era «homem de muito saber e perito de muitas línguas, e poeta insigne; foi ele quem primeiro levou para Espanha a Língua Grega; em companhia de António de Nebrissa, viveu da Língua Grega e da Poesia». (31)

O próprio António de Nebrissa, no prefácio da sua obra Introductionum Grammaticarum..., mostrou quanto estimava o amigo ao confidenciar: – «Eu, porém, como nas minhas Introduções, deixasse mal começados muitos temas de Grego, pondo em comum antes o assunto com Aires Lusitano, do qual unicamente se alguma coisa se sabe de Grego entre nós a ele se deve, ousei eu fazer o que ele, mais perito nestas coisas, deveria ter feito». E noutra ocasião, nas suas Quinquanar, ad Franciscum Ximenes, não deixou de atestar: – «A Língua Grega foi ilustrada e já antes divulgada pela Espanha por Aires Lusitano, homem muitíssimo erudito no Grego e no Latim».(32)

Mais tarde, em 1741, Diogo Barbosa Machado havia de escrever: – «Jazia neste tempo em Espanha muda a eloquência; estavam separadas do comércio dos Sábios as Musas, e se tinha introduzido uma tal ignorância das línguas e letras humanas que somente dominava a barbaridade, contra a qual se armou Aires Barbosa como outro Hércules degolando a Hidra mais perniciosa que a de Lerna, com as doutas instruções do seu magistério exercitado pelo largo espaço de vinte anos com singular crédito do seu talento e não pequena glória e fruto dos seus discípulos».(33)

Perante tais afirmações, vemos como estes autores são unânimes em elogiar o saber e em enaltecer o ensino do pedagogo português, mestre de Latim e de Grego, que também regeu as cadeiras de Retórica e de Gramática. Mas convém não esquecer que os humanistas europeus formavam entre si uma espécie de arquiconfraria internacional, onde os seus nomes eram repetidos com respeito e admiração; o carteamento e o mútuo louvor eram constantes.

Enquanto permaneceu em Espanha, Aires Barbosa deu à estampa diversas publicações, em latim, todas editadas em Salamanca. Em 1511, apareceu a Arii Barbosae Lusitani in verba M. Fabii. Quid? Quod et Reliqua. Relectio de verbis obliquiis, que consiste numa lição que proferiu aos alunos sobre temas gramaticais respeitantes a certas expressões usadas por Marco Fábio Quintiliano e aos casos indirectos; o insuspeito António Honcala, numa poesia preliminar inserta no livro e dirigida ao leitor, tece os maiores encómios a Aires Barbosa, «que, com igual brilho e fulgor, cultivou as duas Línguas (Latim e Grego) e ensinou em Espanha pela primeira vez o Grego, pelo que mereceu o cognome de Grego, como também merecera o de Romano». Em 1515, surgiu a Epometria, seu de metiendi carmina ratione – obra que se ocupa da geração dos sons e que coloca o autor entre os musicólogos; uma segunda edição deste livro foi feita em Sevilha, no ano de 1520. Sucederam-se depois as seguintes publicações: – em 1516, Epigrammatum seu Operum ejus Poeticarum; ainda no mesmo ano, In Aratoris Presbyteri Poema de Apostolorum rebus gestis commentarium, em que – como diz André Scoto citado por Nicolau António – o seu autor se mostrou ser não apenas filólogo, mas ainda filósofo e teólogo; (34) em 1517, De Prosodia, scilicet, Relectio, seu, de Re Poetica, ac recta scribendi ratione; também na mesma data, De Orthographia; em 1520, Epigramma in laudem Petri Margalli, então catedrático de Prima de Teologia na Universidade de Salamanca, e Epistola Latina, em resposta a outra do mesmo Margalho, que termina com a elegia Ad juvenes studiosos bonarum artium Carmen. Estes três últimos opúsculos foram publicados no Phisices Compendium, do Doutor Pedro Margalho.

Anotam-se ainda outros trabalhos: – Quaestiones quodl ibeticae de qualibet re; e Epistola Lucio Marineo Siculo. Também há referências a / 23 / uma carta escrita a EI-Rei D. João III, a uma obra chamada Rhetorica – a qual ele próprio menciona num epigrama dedicado a Jorge de Miranda no fim da Antimoria – e a um diálogo em italiano Delle Imprese di Guerra e di Amore.

 

PRECEPTOR DE PRÍNCIPES

Completados os vinte anos de exercício de professor proprietário de cátedra, depois do juramento «de bene legendo» e da incorporação no Colégio dos Doutores e Mestres Artistas, Aires Barbosa foi jubilado, em virtude da praxe regulamentar. Isto aconteceu em 1523; em 8 de Setembro deixaria definitivamente a Escola Salmanticense.

Ensinara em Espanha o que em cultura clássica de melhor aprendera no Studio Florentino e na experiência da vida; pedagogo e humanista notável, tinha como dever de consciência a formação intelectual dos discípulos, preparando-os para, no futuro, virem a ser úteis na sociedade.

Ele próprio definiu o objectivo do seu ensino, quando escreveu no começo do livro Arii Barbosae Lusitani in verba Fabii. Quid? Quod et Reliqua. Relectio de verbis obliquiis: – «Desde que fui incumbido do encargo literário de ensinar na Universidade de Salamanca ambas as Línguas aos jovens de Espanha, sempre tive no ânimo uma preocupação que ainda mantenho: procurar e investigar aquilo que julgo ser-vos útil no futuro».

Ao saber da sua aposentação, o Rei de Portugal, D. João III – aliás sempre a par das notabilidades do ensino e tendo em grande apreço os méritos indiscutíveis do ilustre aveirense – enviou a Salamanca um mensageiro para ir à procura de Aires Barbosa e para lhe entregar uma carta sumamente gratificante. Por ela, o Mestre era convidado a regressar a Portugal para que, na Corte, desse formação ao irmão do Soberano o Infante D. Afonso, já cardeal desde os sete anos e que tinha então catorze anos de idade; era a altura propícia para o estudo das Humanidades. «Imediatamente se juntou e acrescentou àquele trabalho concluso um novo, de não menor responsabilidade, mas que por mim devia ser realizado em menos tempo» – escreveu Aires Barbosa, no prefácio da Antimória, continuando: – «Não pude recusar-me ao pai da minha Pátria». (35) Entendia ele que não poderia oferecer dádiva alguma mais grata a Deus do que ter instruído o Príncipe; atendeu ao Rei como se fora preceito obrigatório, mas exerceu o cargo como atitude de fé religiosa. (36) Seu tio, Martim de Figueiredo, na dedicatória a D. João III do seu Comentário ao prólogo das Histórias Naturais de Plínio, o Moço, escreveria a este respeito: – «Da Universidade de Salamanca, celebérrima em toda a Espanha, fizeste vir o doutíssimo e notabilíssimo Aires Barbosa, com grandes recompensas e ofertas, depois de ele ter alcançado o repouso dos estudos». (37)

Na Corte, Aires Barbosa passou, portanto, a desempenhar, com gosto e zelo, o novo ofício de ensinar «a arte da eloquência, da oratória e da dialéctica, além de outras louçanias das humanidades». (38) Foram sete anos; contudo, «teria realizado, sem dúvida, esta tarefa em três anos, se durante as mudanças da instável Cúria me houvesse sido permitido demorar mais tempo em algum lugar» – confessou ele em jeito de recordação. (39) Dizem alguns – como Cristóvão Alão de Morais – que também foi professor do Infante D. Henrique, nascido em 1512, igualmente irmão de D. João III e, mais tarde, cardeal-rei. (40)

Foi esta uma brilhante coroa do longo magistério de um grande humanista; ele entrara mesmo na intimidade do Rei Piedoso, como já havia sido das relações do Arcebispo de Compostela, D. João da Fonseca.

Pouco se conhece da vida familiar, da mulher e dos filhos de Aires Barbosa; mas sabe-se que casou com D. Isabel de Figueiredo, «de generosa estirpe», de quem houve cinco filhos. A morte, porém, arrebatou-lhe a esposa «em idade muito florescente», quando talvez ainda vivesse em Salamanca; no epigrama que lhe dedicou, como epitáfio, publicado em 1536, escreveu: – «Morrendo, foi feliz na morte, pois, tendo vivido bem, entregou, na hora suavemente fatal, a pura alma do Céu, os ossos à terra; é, portanto, feliz!» (41)

O filho mais velho, Fernão ou Fernando Barbosa, com «pouco mais que da idade do Infante D. Duarte», (42) acompanhou o pai na Corte, crescendo e formando-se juntamente com o Cardeal D. Afonso e os outros Infantes. Mais tarde, seria moço fidalgo de D. João III, em atenção aos serviços prestados pelo pai. É deste Fernão Barbosa que André de Resende conta o seguinte episódio, passado em 1527, na cidade de Coimbra, quando a Corte aí se encontrava, fugida a uma epidemia que atormentava Lisboa. Certa vez, estando Fernão Barbosa com uma vergasta na mão – uma «vara louçã» – o Infante D. Duarte, um pouco mais novo do que ele, pediu-lha; apesar das insistências, Fernão Barbosa não lha deu e, vendo que teria de a dar pela força, quebrou-a. Ante a descortesia, o Infante encolerizou-se e, / 24 / lançando-lhe a mão a uma escófia de seda que usava na cabeça, «porque estava rapado de fresco à navalha por causa de bostelas e sarna», o moço ficou descoberto, no meio de uma grande risada, e, apupado de todos, fugiu a correr. O Infante reconsiderou e, receoso, – escondeu-se numa câmara, por Fernão Barbosa ser filho do mestre do Cardeal. Tudo acabaria em graça, por diligência de André de Resende e porque Aires Barbosa, «como era homem prudente e de condição branda», se pôs do lado do Infante contra seu filho e ajudou a dar alegria à graça. O próprio Cardeal D. Afonso, então de dezoito anos de idade, fez do episódio tema de um epigrama, que dirigiu a Fernão Barbosa, já regular latinista embora apenas contasse quinze anos. Depois de narrar pormenorizadamente a «briga ridícula» em verso clássico, o autor conclui: – «Tudo isto foi mal feito, porque um e outro ficaram afinal sem a vergasta, quando ambos eram merecedores de duas vergastas». (43)

 

EM ESGUEIRA...  A «ANTIMÓRIA»

Em 1530, já liberto dos dois cargos, visto que tanto o exercício do magistério como a vida palaciana lhe granjearam um tranquilo e merecido repouso, Aires Barbosa regressaria ao torrão natal. Conseguindo uma remansosa velhice, iria preparar-se proximamente para bem morrer. Arrastaria, decerto, os últimos anos de vida penosamente, atormentado pelos achaques da idade e até por imerecidos agravos da justiça ou da injustiça dos homens; mas, de consciência moldada e fortalecida pela fé cristã, ele não se deixaria vencer pelo desânimo. Também não estava nos seus propósitos cruzar os braços ou afastar-se das legítimas preocupações terrenas ou das exigências morais do seu querer. «Julgo, na verdade – escreveu ele nessa ocasião – que não me era lícito nada produzir, mas antes desviar para alguma ocupação útil o apetecido ócio; nem de novo tive o direito de me entregar aos divertimentos, à caça e aos outros prazeres indignos do homem douto, mas,– muito preferentemente, de seguir a primeira e mesmo verdadeira ocupação do homem». (44)

Efectivamente, residindo em Esgueira, no sítio do Outeiro, nas suas pousadas da Rua da Corredoura, Aires Barbosa aproveitou os dias de lazer para compor em verso hexâmetro um poemazinho, de carácter religioso, a que deu o nome de Antimória, saído principalmente da continuada reflexão de alguém que, alheando-se já de certas perspectivas, conservava a verdadeira fé, com a esperança e o amor no coração. «Deves ter verdadeira fé, esperança e amor de coração» – aconselhava ele; (45) ou ainda: – «Homem, visto que és, como hóspede, fugaz habitante deste mundo, conhece o teu exílio»; (46) ou mesmo: «Qualquer excessivo prazer do corpo, inimigo de todas as virtudes, surge para embaraçar o bom-senso; ofuscando os olhos do espírito, arrebata o próprio espírito». (47)

Com tal trabalho, Aires Barbosa ansiava refutar o Encomium Moriae, da autoria do sempre admirado Desidério Erasmo, de Roterdão, livro que o nosso aveirense verificava andar em todas as mãos. (48) Além disso, entendia como seu dever consagrar o que lhe restasse de vida «ou em louvor de Jesus Cristo, ou em benefício do seu outro eu, isto é, o próximo». (49) A exaltar a sabedoria cristã se destinava, pois, a obra do nosso patrício que, fiel à promessa proclamada em belo epigrama, se não esquecera do Nome de Jesus: – «Ó Nome adorado na terra, no inferno e no céu, sempre me hei-de lembrar deste Nome!» (50) / 25 /

O caso de Erasmo, visto à distância dos séculos, leva-nos hoje a concluir que os abusos dos homens da sociedade civil e da Igreja requeriam pronta e necessária reforma; muitas pessoas de boa vontade e de fé esclarecida tiveram palavras de reprovação de costumes não condicentes. Em cima do acontecimento, nem sempre essas vozes foram escutadas e muito menos entendidas.

Às vezes, representa-se Erasmo como um livre-pensador; mas, apesar de todas as suas irreverências, o grande humanista conservou a fé em Cristo, sem nunca romper com a Igreja, chegando mesmo a exaltar uma espiritualidade preocupada com a formação interior do homem e revelada no amor a Deus e ao próximo, em contraste com as práticas meramente exteriores de religiosidade vulgar. Todavia, pela mordacidade irreverente do seu espírito e dos seus escritos ante as práticas supersticiosas, o monaquismo degradado e a corrupção do clero, Erasmo deu azo a que os seus contraditores, partindo-lhe o nome latino, pudessem dizer: «eras mus»; e o nosso Francisco Leitão Ferreira, melhor historiador que poeta, teve o descaramento de parafrasear em epigrama: – «Se decifrar talvez trato / Teu nome, Erasmo, em latim, / Feito em partes, acho enfim / Na divisão que eras rato... ». (51)

Aires Barbosa, por seu turno, lamentava a brilhante mas perigosa sátira erasmiana; «com efeito – escreveu ele – ainda que o Elogio da Loucura seja lido com sumo deleite pelos eruditos, que muito bem percebem lhes é inofensivo o dulcíssimo encanto daquela obra, contudo não pode ser lido sem dano por outros, que são a maioria». (52) A admiração pelo humanista de Roterdão não o cega; preferiria que Erasmo procurasse ganhar o título de cristão e de teólogo, em vez de foros de orador engenhoso, douto e eloquente. (53)

O Encomium Moriae, preparado na Inglaterra em casa do notável Chanceler do Reino e valoroso cristão de antes quebrar que torcer, S. Tomás More, apareceu em público pela primeira vez em 1509. Nessa altura e nos anos seguintes, não fora possível a Aires Barbosa realizar o seu intento; «contudo – diz ele no prefácio da Antimória, dirigido ao Cardeal D. Afonso – ardentemente desejámos agradar ao Santíssimo Cristo com alguma espécie de obséquio e cultivar neste retiro, com humildade avena, a musa rústica, isto é, pequenos versos desordenados, que lançássemos, como mesquinhas moedas, à semelhança da viúva pobre, no gazofilácio do Senhor». (54) O cuidado público de ensinar e a preocupação particular de dirigir os negócios da sua casa não lhe haviam permitido comentar qualquer coisa, a não ser, casualmente, aquilo que ia interpretando. (55)

A redacção da Antimória, por isso, teve de ser protelada forçadamente; apenas escrita em Esgueira, foi impressa em Coimbra, na tipografia do Mosteiro de Santa Cruz, em 1536. É de crer que, para a escolha desta oficina – a primeira que se estabeleceu naquela cidade – tenham concorrido não só as possíveis relações de amizade entre o velho professor de Salamanca e o luzido grupo de humanistas do Mosteiro, mas também a própria Corte através do Cardeal D. Afonso, além da esmerada apresentação gráfica das composições latinas saídas dos seus prelos desde 1530.

Em Prudêncio encontrou o autor a sugestão para a métrica que adoptou, em oposição à prosa de Erasmo; este, porém, já não apreciou / 26 / as objurgatórias e o rigor dos versos do humanista aveirense, pois faleceu naquele preciso ano de 1536.

Contrariando Erasmo, Aires Barbosa apegou-se conservadoramente às ideias oficiais do tempo, que sofriam as primeiras fendas, e procurou opor o antídoto da sapiência cristã à «loucura» progressista de Roterdão; para defender o pensamento radicado, não se calou, saiu à liça e quebrou lanças. Mostrou-se do seu tempo e não vislumbrou o futuro que já despontava, para o encarar de frente com a luz da fé na mão; seria anacrónico se ele, homem do princípio do século XVI, tivesse feito a separação convergente entre a fé e a ciência, a simbiose doutrinal entre a sabedoria divina e a sabedoria simplesmente humana, a destrinça entre os valores eternos e os valores temporais, a teologia do mistério insondável da santidade da Igreja de Cristo, apesar dos defeitos de muitos daqueles que a servem e amam. Só mais tarde, a reflexão aturada levaria a extremar campos sem os contrapor, mas procurando a harmonia. A Antimória, sendo a mais representativa de quantas obras Aires Barbosa nos legou, vale sobretudo como produto de uma mentalidade e como retrato de uma época.

O livro teve a apresentação do insuspeito humanista Jorge Coelho, correspondente do próprio Erasmo e secretário do Cardeal-Infante D. Henrique, que, na carta que dirigiu a Aires Barbosa, o classificava de «elegantíssimo poema, de bem ordenada feição lucreciana». (56) Jorge Coelho, que se reconhece como um dos estultos por também ter sofrido do «contágio comum», proveniente de Erasmo, confessa que Aires Barbosa lhe ministrou o remédio capaz de o reanimar. «Quanta erudição, quanta probidade se não patenteia nessa obra! Rivaliza a gravidade com o conhecimento das matérias; a pureza com a elocução; a elegância do verso com a agudeza das sentenças; enfim, com tudo isto, notável amor da piedade e da religião. Assim, na verdade, convinha contra o hediondíssimo monstro que as armas dos seus tão fortemente protegiam» escreve Jorge Coelho. (57)

Aires Barbosa dedicou o seu trabalho ao Cardeal-Infante D. Afonso. Na sua portada e quase a ocupar toda a página, uma gravura ostenta o brasão do Príncipe, que fora seu ilustre discípulo, por baixo da qual se imprimiu o título: – «ARII BARVOSAE / Lusitani Antimoria / Eiusdem nonnulla Epigrammata». Efectivamente, em apêndice, completa o pequeno volume uma boa colecção de quarenta e quatro epigramas, alguns deles datados de muitos anos antes e referentes a casos ocorridos em Espanha ou durante a vida do autor. O prefácio-dedicatória, da pena de Aires Barbosa, é peça fundamental para a compreensão do seu pensamento e ainda para a sua biografia. Aí se pode ler, em tom de desabafo incontido, a manifestação do sentimento de alguém que sabe como as multidões correm atrás da novidade e aplaudem a sátira social: «Àquele, embora tome o pior assunto, aliás agradabilíssimo, aplaude-o todo o teatro; a mim, que mal principio a escolher a melhor expressão, abandonar-me-ão os espectadores. (...) Que não digo isto com inveja ou malevolência, mas com uma espécie de simplicidade cristã – é Deus testemunha, é testemunha a minha consciência». (58)

Ao lançar-se na redacção do poema, como flor que desabrochou do seu coração, o velho helenista, coroado de glória, teve como principal finalidade «prestar por alguma maneira homenagem ao nosso Deus», resolvendo acordar a sua lira latina em favor da sabedoria cristã. E é ainda levado por este espírito que ele acaba por terminar a sua obra: – «(ou) A Ti, Sumo Deus, são devidos santos silêncios e a respeito da Tua Majestade é preferível estar calado a dizer coisas indignas. (...) Entoemos a Cristo um cântico de alegria e de gratidão: Glória ao Alto Deus nas alturas! Louvor e honra a Ti, Virgem Mãe! A ti, mansão celeste! (59)

EI-Rei D. Manuel II, no comentário que dedicou à edição de Antimória, de 1536, de que possuía um exemplar em Vila Viçosa, escreveu: – «A Antimória tem para nós um profundo interesse, não só para fazer reviver a época mais brilhante do estudo das Humanidades em Portugal, mas porque o seu autor foi um dos iniciadores desses estudos no nosso País e um dos seus mais insignes mestres». (60)

 

TESTAMENTO E MORTE

Aires Barbosa, já viúvo, passou os últimos anos na vila de Esgueira, na companhia dos seus filhos Fernão (ou Fernando) e Margarida e ao pé de alguns sobrinhos e de outros parentes; a sua filha Catarina era freira no pequeno convento do Santo Espírito. Entretanto, junto das suas pousadas, no Outeiro, mandara edificar uma capela, sob a invocação de Nossa Senhora do Desterro, no adro da velha igreja matriz de Santo André, contíguo ao passal, ambos sobranceiros à ribeira e ao vale. Esta capela tinha como finalidade principal ser a jazida dos seus restos mortais e perpetuar o seu nome.

Ao começar o ano de 1540, Aires Barbosa, de idade avançada, adoeceu gravemente e previu que se avizinhava a passos largos o dia do / 27 / falecimento e do julgamento divino. Por isso, mandou chamar João Cerveira, tabelião público judicial de Esgueira, e ditou-lhe o último testamento; era o dia 5 de Janeiro. Primeiro, determinou que aos seus restos mortais se desse sepultura dentro da referida capela de Nossa Senhora do Desterro, «que ele mandara fazer em a igreja de Santo André desta vila de Esgueira» e que aí se colocasse uma lápide com a inscrição «Aqui jaz o corpo do Mestre Aires Barbosa»; prescreveu que, no dia do seu funeral, levassem, acompanhando o corpo, vinte alqueires de trigo, dez almudes de vinho, duzentos réis de peixe, quatro tachas e dez velas acesas; ordenou que, no mesmo dia, lhe dissessem dez missas – nove rezadas e uma cantada, com suas horas, ladainhas e ofícios costumados – e que, durante o primeiro ano, em cada um dos dias mensais da morte, lhe levassem dez alqueires de trigo, cinco almudes de vinho e seis réis de peixe, e lhe dissessem cinco missas – uma cantada e quatro rezadas, com suas horas e ladainhas – e que aos ditos ofícios estivessem quatro tochas e dez velas acesas; dispôs que na sua capela, em todos os anos e em cada uma das sextas-feiras, se rezasse uma missa, não de «Requiem», com uma oração que ele, testador, compusera; além disso, estabeleceu que se cantasse uma missa no dia de Santa Cruz de Maio e outra no dia de Santa Cruz de Setembro, «com seus responsos sobre a sua cova»; mandou que a dita capela estivesse sempre «bem corrigida e concertada e ornamentada» de paramentos, cálix, frontal, toalhas, livro, galhetas, castiçais e velas para a celebração das missas e que o visitador, quando viesse à igreja de Santo André, fosse também examinar a capela, por cujo encargo se lhe desse dois cambos de linguados ou duas galinhas; preceituou que, após a sua morte, administraria a capela a sua filha Margarida e «todos os seus filhos lídimos e seus sucessores», e não o filho primogénito do testador, Fernão, «por ser muito mancebo em seu viver»; indicou que, na partilha da sua herança, não entraria a sua filha Catarma, «freira em o Mosteiro de Santo Espírito, porque o dito Mosteiro é pago e satisfeito, do que aí há escrituras»; dispondo dos bens, entrou em diversas particularidades e, sobretudo, vinculou a terça parte deles à mencionada capela de Nossa Senhora do Desterro; finalmente, preceituou que os administradores futuros da capela usassem sempre o apelido Barbosa, «e isto por memória do dito fundador da dita capela».

No dia seguinte, 6 de Janeiro, o testamento, «cerrado com uma linha preta e selado com sete selos de cera», foi entregue por Aires Barbosa, «mestre do Senhor Cardeal», ao mencionado tabelião, na presença das testemunhas António de Pinho, António Roiz, ferrador, João Anes, alfaiate, André Pires, João Pires, carpinteiro, Bastião Pires e Pedro Anes Maia – todos moradores na vila de Esgueira.

No dia 19 do mês de Janeiro, Aires Barbosa ainda mandou fazer um «instrumento de declaração» ao seu testamento, no qual, além de regular pormenorizadamente a sucessão na administração da capela, indicou os bens que lhe vinculava: – A marinha que se chamava da Riba da Veia; outra marinha que se denominava Refugiada, com todas as suas pertenças; os seus casais do Carregal e os moinhos do Pano, junto ao Carregal. Foi tabelião o mesmo João Cerveira e serviram de testemunhas Simão Tavares, fidalgo da Casa de EI-Rei, e Tomás Ferreira, cavaleiro, moradores na vila de Aveiro, e Gonçalo Coelho, Tristão Pinto, Cristóvão Pacheco, Afonso de Oliveira, Simão Varela e Fernão de Figueiredo, escudeiros fidalgos, todos moradores na vila de Esgueira. (61)

Aires Barbosa – distinto aluno de Angelo Policiano, «mestre grego» de Salamanca, insigne humanista da Renascença, sábio perceptor de Príncipes, autor erudito de diversas publicações, português e aveirense de fama europeia... – acabou por falecer nas suas pousadas de Esgueira, em 20 de Janeiro de 1540, dia litúrgico do Mártir S. Sebastião; assim consta expressamente não só do termo de abertura do testamento, como também dos livros de contas da Universidade Salmanticense, segundo o testemunho de Enrique Esperabé Arteaga. (62)

Verificada a morte, logo no mesmo dia foi entregue o testamento ao dito tabelião João Cerveira, na presença de Gonçalo Coelho, Juiz de Crime na vila de Esgueira, «o qual logo aí perante ele dito Juiz foi aberto e lido»; testemunharam o acto Simão Varela, Fernão de Figueiredo, Cristóvão Pacheco e Vicente Anes Alcaide, todos moradores em Esgueira.

Conforme o defunto havia determinado, o seu corpo foi sepultado na capela privativa de Nossa Senhora do Desterro; na campa foi lavrada a inscrição por ele próprio redigida.

Diogo Barbosa Machado, na Biblioteca Lusitana, corrobora isso mesmo. (63)

... Precisamente neste ano de 1540, chegariam a Lisboa, a pedido de EI-Rei D. João III, os primeiros Padres Jesuítas – Simão Rodrigues, Paulo Cameste e Francisco Xavier – e, breves meses decorridos, teria início o maravilhoso apostolado cristão e a admirável acção civilizadora da Companhia de Jesus na Índia... / 28 /

 

DEPOIS DA MORTE

A capela, instituída por Aires Barbosa e que serviu para a sua sepultura, há muito que desapareceu; nem sequer ficou na recordação o lugar exacto onde se erguia. A própria igreja matriz de Santo André, contemporânea do humanista, foi substituída pelo edifício actual, edificado noutro sítio, que na fachada ostenta, em capitais árabes, a data de 1650; daquele templo nada resta, a não ser as designações de passal, de adro e de viela do adro, e ainda alguns vestígios de ossadas humanas no local que, como era costume, também servia para o enterramento dos cadáveres. Todavia, diversos documentos, datados de anos dos séculos XVII a XIX, ainda testificam a existência não só da capela de Nossa Senhora do Desterro – por vezes chamada de «Nossa Senhora do Adro» – mas também da continuação do respectivo vínculo.

De facto, em 9 de Março de 1697, António Queimado de Brito, escrivão do Público Judicial e de Notas da vila de Alverca, com base no próprio tombo da capela que lhe apresentou o requerente Figueiredo Barbosa, administrador da mesma, morador nessa vila, passou uma certidão das propriedades vinculadas: – a) Na vila de Esgueira, «um assento de casas com uma torre de dois sobrados e um quintal por detrás e tem a serventia pela rua que chamam a Corredoura»; logo pegadas a esta torre, indo da Corredoura para a Praça, umas casas sobradadas; e adiante mais outras casas; três marinhas, «uma que se chama de Riba da Veia, e outra que se chama a Refugiada, e outra que se chama a Oliveirinha»; b) No termo de Eixo, um casal e terras; mais dois casais; duas vinhas, além de outras courelas, e ainda os moinhos do Pano. (64)

Em 20 de Maio de 1721, o Vigário Padre Augusto Ribeiro de Almeida deu por terminada a Informação paroquial de Santo André de Esgueira, que superiormente lhe fora ordenada, onde se lê: – «(..,) E fora da igreja há uma ermida do Divino Espírito Santo, que é do povo; mais outra da Senhora do Desterro, capela de que é instituidor Aires Barbosa, Mestre Grego, e de presente é administrador Manuel de Almeida Leitão, do Tojal». E, um pouco à frente, na mesma Informação, mais se pormenoriza: – «Na capela de Nossa Senhora do Desterro, fora da igreja, está uma sepultura cujo letreiro diz AQUY IAS O CORPO DE AYRES BARBOZA MESTRE GREGO – ERA DE MIL E QUINHENTOS E QUARENTA; e outro que diz AQUY IAS DOMNA MARGARIDA; e outro junto a mesma capela que se não dividem as letras por serem já gastas». (65)

Em 1749, tendo falecido D. Isabel Teresa Barbosa de Melo, mulher que fora do Morgado do Tojal Manuel de Almeida Leitão, sucedeu-lhe, na administração da capela e dos seus bens a sua sobrinha D. Josefa Caetana Barbosa de Meio Figueiredo. Esta senhora, moradora em Alverca, tomou posse dos citados bens, mediante procuração em Esgueira, nos dias 13 e 14 de Junho daquele ano. As propriedades reduziam-se então apenas às seguintes: – duas marinhas (uma a Oliveirinha e outra o IIhote da Capela) e um casal no Carregal, termo de Eixo. (66)

Após o terramoto de Lisboa, de Novembro de 1755, foi pedido aos párocos uma descrição ou relatório circunstanciado sobre as freguesias e os seus edifícios religiosos. O Padre Paulo Teixeira de Queirós redigiu a Memória Paroquial de Esgueira, que datou de 10 de Abril de 1758. Entre as capelas ou ermidas que relacionou, conta-se a da «Senhora do Adro, que pertence ao Morgado do Tojal, e a paramenta seu procurador que tem na vila de Aveiro». (67)

Finalmente, em 10 de Abril de 1821, o tabelião Joaquim José Ferreira Patoilo tirou uma pública-forma dos dois documentos de 1697 e de 1749, a qual poderá ter servido para efeitos de herança da capela e do seu vínculo, ou de outro qualquer acto contratual, notarial ou judicial. (68) É de presumir, portanto, que neste ano ainda existisse a ermida contendo as inscrições tumulares e guardando os restos mortais de Aires Barbosa, da sua filha Margarida e de outros parentes. Algum tempo decorrido, dentro da política seguida pelo Regime Liberal, decretar-se-ia a abolição dos antigos vínculos patrimoniais; a instituição de Aires Barbosa, já decadente, viria a terminar como as demais.

No meio deste progressivo esquecimento, que terá permanecido em Esgueira que possa lembrar-nos o «Mestre Grego»? Certamente a recordação da Família Barbosa; que ela gozou de algum destaque social, prova-o o facto de, na actual igreja matriz, ela ter possuído a capela ou o altar dedicado a S. João Baptista. Tudo o mais – pousadas, capela de Nossa Senhora do Desterro, sepultura e epitáfio... – tudo o mais que existiu na Rua da Corredoura, no sítio do Outeiro, nas traseiras da capela do Espírito Santo, desapareceu na voragem dos séculos. Nada ficou.

Urge terminar estas notas sobre o emérito professor salmanticense que foi Aires Barbosa, lídima glória da erudição aveirense, cuja vida foi uma plena entrega ao estudo e ao ensino e cuja fama pertence a toda a Península Ibérica – e mais ainda a Espanha do que a Portugal – como patriarca dos helenistas. Contemporâneo dos / 29 / aveirenses Frei Pedro Dias, dominicano insigne e hábil diplomata, João Afonso de Aveiro, mareante experimentado de D. João II, Frei Pedro de Aveiro, virtuoso irmão porteiro dos conventos dominicanos de Aveiro e de Évora, D. Frei Duarte Nunes, o primeiro bispo português na Índia, D. Frei Jorge de Santa Luzia, bispo piedoso e destemido defensor da longínqua Malaca, Frei Pantaleão de Aveiro, franciscano peregrino e cronista da Terra Santa, Fernão de Oliveira, autor da primeira gramática da Língua Portuguesa, e sobretudo coevo de Santa Joana, a «excelente Infanta e singular Princesa» que se tornara aveirense por adopção e domicílio... – Aires Barbosa tem jus a figurar com eles, por mérito próprio, na magnificente galeria dos nossos vultos ilustres dos séculos XV e XVI.

Nas comemorações do 60.º aniversário da nossa Biblioteca Municipal, ao relembrar a vida e a obra do seu patrono Aires Barbosa, fica-nos decerto gravado o exemplo de alguém que contribuiu, como poucos, para o progresso das Letras Clássicas; por isso, é incentivo para nós no trabalho de investigação cultural, humanística, artística e científica. Não perdemos o tempo, recordando os nossos maiores, porque a História, aqui, tem de ser mestra da vida. E julgamos não ser ousadia da nossa parte finalizar, tendo-a como dirigida a nós a advertência que Aires Barbosa repetia a ele próprio:

– «Assim como o hábil piloto governa a nau em mar encapelado, para evitar estes escolhos e se dirigir a lugares seguros, a acalma e a entrega a esta água com o governo do leme, e transporta o escalavrado madeiro através de longos estreitos, assim tu também, ó Aires, umas vezes hás-de reprimir os movimentos e as vagas entumecidas do espírito, outras vezes hás-de abrandá-los segundo a razão e, dirigindo com denodo as indómitas vagas da vida, hás-de vencer, do mesmo modo, os cuidados como aquele as ameaças do mar». (69)

Aveiro, 23 de Maio de 1987.

João Gonçalves Gaspar

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NOTAS:

(31) – Id., pg. 78.

(32) – Id., pg. 77.

(33) – Bibliotheca Lusitana, Tomo I, Lisboa, 1741, pg. 76.

(34) – Bibliotheca Hispana Nova, Tomo I, Madrid, 1783, pg. 171.

(35) – Antimória, Prefácio, IV, e; Arquivo do Distrito de Aveiro, XXVI, Ano de 1960, pgs. 24 e 25.

(36) – Id.

(37) – Cit. por Francisco Ferreira Neves, em Arquivo do Distrito de Aveiro, XIV, Ano de 1948, pg. 53.

(38) – Antimória, Prefácio, IV, e; Arquivo do Distrito de Aveiro, XXVI, Ano de 1960, pgs. 24 e 25.

(39) – Id.

(40) – Cristóvão Alão de Morais, Pedatura Lusitana, .Tomo I, Vol. II, Porto, 1943, pgs. 351 e 352.

(41) – Antimória, Epigramas, XXVIII d; Arquivo do Distrito de Aveiro, XXVI, Ano de 1960, pgs. 68 e 69.

(42) – Cit. pelo Prof. Alberto da Rocha Brito, em Arquivo cit., XII, Ano de 1946, pg. 287. O Infante D. Duarte nasceu em 1515; o Cardeal D. Afonso em 1509.

(43) – Vd. Prof. Alberto da Rocha Brito, em Arquivo do Distrito de Aveiro, XII, Ano de 1946, pgs. 287-288. Na pg. 288 transcreve -se o epigrama referido.

(44) – Antimória, Prefácio, IV, d; Arquivo cit., Ano de 1960, pgs. 26 e 27.

(45) – Antimória, XI, d; Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960, pgs. 40 e 41.

(46) – Antimória, XIII, e; Arquivocit., XXVI, Ano de 1960, pgs. 42 e 43.

(47) – Antimória, XIV, e; Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960, pgs. 44 e 45.

(48) – Antimória, Prefácio; Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960, pgs. 26 e 27.

(49) – Id.

(50) – Epigrama De Nomine lesu; cit. por Manuel Gonçalves Cerejeira na obra, tomo e edição cit., pg. 82.

(51) – Cit. por Manuel Gonçalves Cerejeira na obra, tomo e edição cit., pg. 141.

(52) – Antimória, Prefácio; Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960, pgs. 28 e 29. / 31 /

(53) – Id.

(54) – Id.

(55) – Id.; Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960, pgs. 25 e 26.

(56) – Antimória, Carta de Jorge Coelho; Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960, pgs. 23 e 24.

(57) – Id.

(58) – Antimória, Prefácio; Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960, pgs. 28 e 29.

(59) – Antimória, XXIII, d; XXIV, d; Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960, pgs. 58 e 59, 60 e 61.

(60) – Cit. por Rocha Madaíl em Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960, pg. 17.

(61) – O testamento encontrava-se num dos Tombos da Provedoria de Esgueira, que, segundo opina Francisco Ferreira Neves (Arquivo cit., XIV, Ano de 1948, pg. 45), terá desaparecido no incêndio do Palácio dos Tavares ou Paço Episcopal, em 20 de Julho de 1864; era aí que se encontravam as Repartições do Governo Civil do Distrito. Contudo, existem traslados do testamento, do instrumento de aprovação, do instrumento de declaração, do termo de abertura e de outros documentos referentes à capela e ao seu vínculo na Biblioteca Pública de Évora («Instituição da capella de Ayres Barboza, mestre de Grego, na igreja de Esgueira e noticia da sua vida» – Cod. Cx/1-6). Os documentos foram transcritos por Francisco Ferreira Neves no Arquivo do Distrito de Aveiro, XIV, Ano de 1948, pgs. 57-64.

(62) – História Pragmática é Interna de Ia Universidad de Salamanca, cit., Tomo lI,  pgs. 328-329.

(63) – Tomo I, Lisboa, 1741, pg. 76.

(64) – Biblioteca Pública de Évora, Arquivo cit. na nota 61, documento n.º 2 da pública-forma de 10 de Abril de 1821; Arquivo cit., XIV, Ano de 1948, pgs. 63-64.

(65) – Arquivo cit., VIII, Ano de 1942, pgs. 192 e 195.

(66) – Arquivo cit., XIV, Ano de 1948, pgs. 62-63.

(67) – Transc. por Bartolomeu Conde em Cacia e o Baixo-Vouga, Aveiro, 1984, pg. 40.

(68) – Arquivo cit., XIV, Ano de 1948, especialmente pg. 64.

(69) – Antimória, Epigramas, XL, d; Arquivo cit., XXVI, Ano de 1960, pgs. 76 e 77.

 

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J. Gaspar
 

 

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