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Boletim n.º 8 - Ano IV - 1986


CONGRESSO NACIONAL DA APAVT


Ninguém duvida já que o Turismo constitui, na verdade, uma grande fonte de riqueza para o nosso País. Basta apontar alguns números.

Nos primeiros nove meses do ano corrente entraram em Portugal 9 milhões e 941 mil estrangeiros (mais 5,6 por cento do que em igual período de / 70 / 1985); estes dados permitem concluir que até ao final do ano atravessem as fronteiras portuguesas mais de 12 milhões de estrangeiros. E o turismo não é só movimento de estrangeiros.


Ria de Aveiro – Descarga do sal

No primeiro semestre de 1986, as receitas do Turismo atingiram 586 milhões de dólares (mais 55 por cento em relação a 1985) – valor nunca antes alcançado no Turismo Português.

Este breve apontamento sobre o valor económico do Turismo poderá ajudar-nos a compreender melhor a importância do XII Congresso Nacional da APAVT (Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo), realizado na cidade de Aveiro de 5 a 9 de Novembro com a presença de 700 participantes, sob o tema «Turismo, Cultura, e Progresso».

A sessão de abertura, no Teatro Aveirense, teve a presença do Presidente da República, Dr. Mário Soares. Foi orador principal o Vice-Presidente do Parlamento Europeu, Dr. Francisco Lucas  Pires. «A expressão turística aumentou mais de seis vezes na Comunidade nos últimos catorze anos, representando hoje, em média, cerca de 5% dos créditos e 4% dos débitos de toda a  Europa dos Doze» – afirmou Lucas Pires.

O Turismo é um fenómeno de cultura, traduz sempre uma recusa da rotina e a livre procura do mais pleno desenvolvimento da personalidade, de um projecto, de melhor qualidade de vida – salientou o Vice-Presidente do Parlamento Europeu, acrescentando: «A tendência europeia é cada vez mais para que as férias sejam uma ocupação cultural, social, e desportiva, e não a mera  desocupação e alheamento».

Falando de uma cultura ecológica que está a surgir na Comunidade Económica Europeia, que ainda não atingiu grandemente o nosso País, afirmou que «esta cultura ecológica, além da exigência da qualidade do ambiente, pode ser, também um estímulo à própria valorização do nosso turismo ambiental, termal, e rural». E terminou: «O grande desafio do futuro, na Europa, é o da qualidade de vida».

Foram diversos os temas abordados ao longo do Congresso. Porém, o que mereceu mais atenção foi o dos transportes turísticos rodoviários. Nas conclusões apontou-se para a necessidade de que a definição de eixos turístícos passasse a pertencer à Secretaria de Estado do Turismo como órgão que superintende em todas as actividades turísticas; referiu-se o «incumprimento / 71 / da lei nas carreiras «Expresso» e nas carreiras de alta qualidade»; e defendeu-se a publicação imediata do regulamento dos transportes turísticos rodoviários como única maneira de «assegurar um normal e regular funcionamento deste tipo de transporte em sintonia com as reais exigências do Turismo nacional». Os transportes ferroviários também foram analisados, tendo sido recebida com alegria a informação de que a CP decidiu «alinhar com as restantes redes europeias no que respeita à margem de comercialização dos passageiros em ferrovias internacionais vendidas em Portugal».

No que respeita à nossa região, as conclusões defenderam que «devem ser aproveitados os recursos de intercâmbio abertos já à Região de Turismo da «Rota da Luz» para a criação de um centro europeu de estudos de turismo e cooperação com o turismo francês e espanhol».

 

 

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