DR. JAIME DE MAGALHÃES LIMA
– NO CINQUENTENÁRIO DA SUA
MORTE
O Dr. Jaime de Magalhães lima, que nasceu em Aveiro em 15
de Setembro de 1859, faleceu em Eixo no dia 25 de Fevereiro de 1936: o
quinquagésimo aniversário da sua morte foi condignamente comemorado no
dia 26 de Fevereiro, com uma homenagem realizada em Eixo, na Quinta de
S. Francisco, cuja iniciativa pertenceu à «Portucel».
A cerimónia contou com a presença do Governador Civil do
Distrito, do Presidente da Assembleia Municipal, de um representante da
Câmara Municipal, do Presidente da Junta de Freguesia, do Reitor da
Universidade de Aveiro, de um representante do Bispo da Diocese, de
outras individualidades locais, de familiares do homenageado e de muitos
amigos e admiradores.
Pensador, romancista, ensaísta, contista, crítico,
conferencista, jornalista, sociólogo, etnógrafo, paisagista, as
publicações do Dr. Jaime de Magalhães lima são marcadas pelo rigor do
estilo e pela eloquência da expressão; ao lê-lo, parece que contemplamos
um profeta de uma fraternidade e de uma democracia com base no
Evangelho, senão por vezes, durante uma primeira fase da sua vida, num
universalismo com laivos panteístas. Individualizado por uma
inconfundível estatura moral, dotado de uma inteligência brilhante e
culta e de um temperamento calmo e bondoso, emoldurado no rosto de uma
longa e farta barba, enriquecido por uns olhos penetrantes e límpidos,
quem alguma vez contactou com ele tinha a impressão de estar na presença
de um homem superior, entregue a altos pensamentos, sem ambicionar
qualquer recompensa, no desejo de tudo dar sem nada pedir. E ouvia-se
dele ditos tão espirituosos, de elegância tão original, de graça tão
própria, que eram um dos traços mais subtis da sua inconfundível e
irradiante fisionomia.
A abrir a sessão pública de homenagem o Eng.º Manuel
Queirós, da Direcção Técnica da «Portucel», actual proprietária da
Quinta de S. Francisco, diria: – «A nossa modesta homenagem de hoje à
memória de Jaime de Magalhães Lima fica justificada por três ordens de
razões: a de sermos portugueses e aveirenses minimamente atentos aos
valores da cultura do meio em que vivemos; a de partilharmos no nosso
dia-a-dia o ambiente onde Jaime de Magalhães lima viveu, pensou,
experimentou, observou e escreveu; e a de sermos técnicos de pastas e de
papéis e, como tal, nos sentirmos herdeiros e discípulos dos
conhecimentos e da divulgação para as quais Jaime de Magalhães lima tão
acertadamente contribuiu».
O mesmo orador, nas suas palavras, ainda viria a frisar:
–«Queremos que a Quinta de S. Francisco continue a ser um monumento à
memória do seu ilustre edificador», pois – diria também – «a Empresa
tem, nas suas intenções, conservar e melhorar o já famoso arboreto de
eucaliptos, enriquecendo-o em número de espécies e variedades para o
transformar num dos mais completos ou até o mais completo da Europa em
diversidade. Desejamos que os trabalhos de estudo e de investigação,
aqui empreendidos, sejam dignos das tradições deste local. Se o
conseguirmos, será essa a maior homenagem, que poderemos prestar à
memória de Jaime de Magalhães Lima».
Durante a sessão, Soares de Oliveira, do Conselho de
Gerência da
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"Portucel», salientou que na Quinta de S. Francisco se concentra todo o
trabalho da pesquisa científica, de engenharia e de gestão técnica da
Empresa, enquanto o Dr. Carlos Vidal Coelho de Magalhães evocou aspectos
interessantes da vida do Dr. Jaime de Magalhães Lima.
Na ocasião, a «Portucel» editou um livro ainda inédito,
do referido escritor – «Entre Pastores e nas Serras»; esta
publicação constituiu um dos números salientes da homenagem.
Transcrevemos o prefácio, da autoria de Monsenhor Aníbal
Ramos; desta forma, também o Boletim Municipal de Aveiro quer relembrar
a figura do Dr. Jaime de Magalhães Lima.
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