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A localidade de Aradas, na zona suburbana de Aveiro,
foi em tempos, juntamente com Ovar, um dos centros oleiros mais
importantes da nossa região; aí se fabricava louça utilitária, em
barro vermelho vidrado e em barro preto.
Tendo-se interessado pelo seu conhecimento e pelo seu
estudo, Manuel Francisco Duram Cartacho e Maria Helena Lemos, da
Escola Superior de Belas Artes, do Porto, resolveram fazer a
pesquisa deste género de olaria popular, que outrora prosperou na
referida povoação mas que hoje apenas se reduz a dois oleiros. Para
isso, tiveram o incentivo e o apoio da Câmara Municipal de Aveiro
que, em 2 de Maio de 1984, deliberou aceitar a sua proposta de
trabalho e conceder-lhes um subsídio para despesas de deslocação,
hospedagem e material.
Do programa constaram diversas visitas aos oleiros,
não apenas para os entrevistar e com eles conversar, mas também para
os acompanhar de perto na sua actividade. Simultaneamente foram
tiradas fotografias a preto e branco e diapositivos em cor, que
documentam as várias fases do fabrico das peças de olaria; fez-se
ainda um filme em «vídeo». Um duplicado do material recolhido e um
relatório circunstanciado do levantamento etnográfico-artístico
foram entregues à Câmara Municipal, durante o mês de Outubro, pelos
referidos Manuel Francisco Duram Cartacho e Maria Helena Lemos,
conforme o que fora acordado numa das cláusulas do contrato.
Actualmente, o panorama da olaria em Aradas é
comparável ao que se verifica noutros centros congéneres do País,
onde se tem perdido grande parte das formas tradicionais pelo
advento de outros materiais mais acessíveis e mais resistentes ou
pela industrialização crescente dos meios de laboração. Por tal
motivo, iniciativas como esta são sempre de acarinhar e estimular,
em ordem ao conhecimento das nossas tradições – e entre elas
encontra-se a olaria, cujo início e fixação na zona de Aveiro se
perdem em séculos recuados. |