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Boletim n.º 6 - Ano III - 1985

DUAS PALAVRAS

O número seis do BOLETIM MUNICIPAL DE AVEIRO é, de certo modo, um número especial, face à matéria de fundo que nele se divulga: os inventários do Arquivo Municipal e da Santa Casa da Misericórdia.

Trata-se, de facto, de dois importantíssimos trabalhos assinados por uma equipa de docentes da Faculdade de Letras do Porto, coordenada pelo Senhor Professor Doutor Fernando Alberto Pereira de Sousa, que muito amavelmente acedeu ao convite que, em devido tempo, lhe formulámos.

Com a sua publicação, a que corresponderá uma reorganização interna dos respectivos arquivos, fica preenchida uma lacuna que, de há muito, se fazia sentir e se traduzia numa barreira intransponível para quantos tentavam perscrutar os escaninhos da época dos nossos antepassados.

Para o signatário, o sexto Boletim Municipal de Aveiro será particularmente especial por ser o último número editado sob a sua directa responsabilidade, em virtude da cessação de funções em Janeiro de 1986. Por isso, desejamos expressar, desde já, um voto muito sincero: que o Boletim continue de boa saúde e cada vez melhor.

Foram quatro anos generosamente devotados à causa do Poder Local, com particular incidência na área da Cultura. Em quatro anos da vida de qualquer mortal, quantos projectos não passam de meros sonhos! Quantos sonhos se não transformam em realidades desanimadoras!

Sabemos que alguns objectivos não foram plenamente atingidos. Pensamos, no entanto, que, apesar de tudo, valeu a pena e que o saldo não será negativo. Não tanto pelo que fizemos, mas sobretudo pelo que proporcionámos se fizesse. Esta foi aliás a tónica da política cultural prosseguida, pois a nossa concepção de acção cultural assenta na participação, rejeitando o dirigismo. Só assim se promove a autêntica Cultura.

Por isso, cabe aqui destacar o valioso trabalho desenvolvido nos últimos anos por associações, agrupamentos, bandas de música ou artistas de todo o concelho. Eles foram e serão sempre os melhores agentes culturais. Eles merecem o maior apoio e carinho. Aqui deixamos o nosso testemunho, a nossa gratidão.

Os homens passam mas a vida continua.

Ao concluir-se mais um ciclo de vida da comunidade aveirense, poderemos dizer com humildade mas com satisfação interior: missão cumprida. Connosco irá apenas a riqueza de uma experiência extraordinária e a honra de termos servido a Cultura e as Gentes de Aveiro.

 

Custódio Ramos

Vereador da Cultura

 

 

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