DUAS PALAVRAS
O número seis do BOLETIM MUNICIPAL DE AVEIRO é, de certo modo, um número
especial, face à matéria de fundo que nele se divulga: os inventários do
Arquivo Municipal e da Santa Casa da Misericórdia.
Trata-se, de facto, de dois importantíssimos trabalhos
assinados por uma equipa de docentes da Faculdade de Letras do Porto,
coordenada pelo Senhor Professor Doutor Fernando Alberto Pereira de
Sousa, que muito amavelmente acedeu ao convite que, em devido tempo, lhe
formulámos.
Com a sua publicação, a que corresponderá uma
reorganização interna dos respectivos arquivos, fica preenchida uma
lacuna que, de há muito, se fazia sentir e se traduzia numa barreira
intransponível para quantos tentavam perscrutar os escaninhos da época
dos nossos antepassados.
Para o signatário, o sexto Boletim Municipal de Aveiro
será particularmente especial por ser o último número editado sob a sua
directa responsabilidade, em virtude da cessação de funções em Janeiro
de 1986. Por isso, desejamos expressar, desde já, um voto muito sincero:
que o Boletim continue de boa saúde e cada vez melhor.
Foram quatro anos generosamente devotados à causa do
Poder Local, com particular incidência na área da Cultura. Em quatro
anos da vida de qualquer mortal, quantos projectos não passam de meros
sonhos! Quantos sonhos se não transformam em realidades desanimadoras!
Sabemos que alguns objectivos não foram plenamente
atingidos. Pensamos, no entanto, que, apesar de tudo, valeu a pena e que
o saldo não será negativo. Não tanto pelo que fizemos, mas sobretudo
pelo que proporcionámos se fizesse. Esta foi aliás a tónica da política
cultural prosseguida, pois a nossa concepção de acção cultural assenta
na participação, rejeitando o dirigismo. Só assim se promove a autêntica
Cultura.
Por isso, cabe aqui destacar o valioso trabalho
desenvolvido nos últimos anos por associações, agrupamentos, bandas de
música ou artistas de todo o concelho. Eles foram e serão sempre os
melhores agentes culturais. Eles merecem o maior apoio e carinho. Aqui
deixamos o nosso testemunho, a nossa gratidão.
Os homens passam mas a vida continua.
Ao concluir-se mais um ciclo de vida da comunidade
aveirense, poderemos dizer com humildade mas com satisfação interior:
missão cumprida. Connosco irá apenas a riqueza de uma experiência
extraordinária e a honra de termos servido a Cultura e as Gentes de
Aveiro.
Custódio Ramos
Vereador da Cultura
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