3.1.8 – Calcário
Actualmente paralisadas, as explorações de calcário
situavam-se em Anadia, sendo utilizadas
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essencialmente no abastecimento de fornos de cal, de carácter
francamente artesanal.
3.2 – INDÚSTRIA TRANSFORMADORA
Inteiramente dependentes dos produtos obtidos na
exploração das pedreiras, existem no distrito de Aveiro importantes
indústrias transformadoras de que se destacam:
3.2.1 – Cerâmicas de telha e tijolo
Distribuem-se pelos concelhos de Águeda,
AIbergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Mealhada, Oliveira de
Azeméis, Oliveira do Bairro, Ovar, Vila da Feira e Vagos.
3.2.2 – Cerâmicas de porcelana, faiança e grés
Estão implantadas nos concelhos de Águeda e Anadia
(faiança e grés), Aveiro (faiança), Ílhavo (porcelana), Oliveira de
Azeméis (grés) e Vila da Feira (azulejos).
3.2.3 – Serrações e oficinas de transformação de rochas
ornamentais
Utilizando matéria-prima proveniente de regiões
exteriores ao distrito, existem nos concelhos de Albergaria-a-Velha,
Anadia, Aveiro, Espinho, Estarreja, Ílhavo, Mealhada, Oliveira de
Azeméis, Oliveira do Bairro, S. João da Madeira e Vila da Feira.
3.2.4 – Fornos de cal
Consumindo matéria-prima com origem fora do distrito,
situam-se no concelho de Anadia.
Das indústrias referidas, a mais importante é, sem
dúvida, a da cerâmica da qual existem mais de 60 unidades para produção
de telha e tijolo, sendo o número dos produtores de porcelana, faiança e
grés, superior a 35 unidades.
► 4 – ÁGUAS MINERAIS E DE MESA
No distrito de Aveiro, existem quatro nascentes de águas
minerais e uma de água de mesa, que passamos a referir.
O movimento termal e a produção de engarrafamento de
águas constam do quadro IV, em anexo.
4.1 – Curia
A estância termal da Curia situa-se na freguesia de
Tamengos, no concelho de Anadia, datando a sua concessão de 16-1-1903.
A água é do tipo sulfatada cálcica, mesossalina, fria,
sendo o caudal disponível da ordem dos 43 m3/hora.
São particularmente indicadas no tratamento de doenças
dos aparelhos respiratório e urinário, reumatismo e sistema nervoso.
É sem dúvida a estância termal mais importante do
distrito.
4.2 – Luso
A nascente do Luso situa-se na freguesia do mesmo nome,
no concelho da Mealhada, tendo a sua exploração sido concedida em
19-5-1894.
A água mineral do Luso é hipossalina radioactiva, captada
a uma temperatura de 27° C; o seu caudal atinge cerca de 60 m3/hora, no
conjunto da nascente Luso e de uma captação por furo.
As qualidades terapêuticas visam problemas dos aparelhos
circulatório, digestivo e urinário, além de eficiente acção em
dermatoses, ginecologia, doenças de nutrição, reumatismo, sistema
nervoso, aparelho respiratório, alergias e doenças das glândulas
endócrinas.
Além das estruturas próprias de uma estância termal
moderna, dispõe, também, de uma oficina de engarrafamento, cuja produção
é a maior do País, sendo a segunda do distrito em movimento termal.
4.3 – Caldas de S. Jorge
As termas de S. Jorge situam-se na freguesia de S. Jorge,
no concelho da Feira, estando autorizada a sua exploração desde
25-5-1885.
A sua água é do tipo sulfúrea sádica, brotando a
temperaturas da ordem dos 20° C, a um caudal de cerca de 36 m3/hora.
As propriedades curativas dirigem-se ao tratamento de
deficiências circulatórias, dermatoses, sistema nervoso e sistema
respiratório.
É a terceira estância termal do distrito.
4.4 – Vale da Mó
Concedidas para exploração desde 13-11-1920, as termas do
Vale da Mó, situam-se na freguesia da Moita, no concelho de Anadia.
A água é do tipo bicarbonatada sódica, apresentando um
caudal muito modesto de 4 m3/24 horas à temperatura de 15,3º C.
As características terapêuticas são particularmente
utilizadas no tratamento do aparelho digestivo, do linfatismo e de
anemias.
Como instalações para tratamento, dispõe somente de uma «buvette»
e de um consultório médico, que lhe conferem o lugar de a mais modesta
estância do distrito.
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4.5 – Cruzeiro
Trata-se, neste caso, de uma água de mesa que vem sendo
explorada desde 8-12-1938, no lugar do Cruzeiro, da freguesia da
Vacariça, no concelho da Mealhada.
É uma água bicarbonatada cálcica e magnesiana, fria,
explorada para engarrafamento.
As captações por furo são duas, correspondendo-lhes um
caudal conjunto de cerca de 20 m3 /hora.
Na sua categoria correspondeu, respectivamente, em 1981 e
1982, a 6 e 4% do total do país, quer em volume de água engarrafada,
quer no valor da mesma.
► 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do expendido verifica-se que o distrito de Aveiro tem, em
consonância com a sua categoria de terceiro distrito do País, uma
indústria extractiva que o honra, contribuindo de forma acentuada para o
seu desenvolvimento sócio-económico, sempre crescente.
Os quadros anexos permitem uma análise mais detalhada dos
volumes extraídos e dos valores correspondentes em 1981 e 1982, anos
estes que constituem os elementos mais recentes. De igual modo permitem
avaliar o contributo do distrito no contexto da indústria extractiva
nacional.
Com efeito, produz a totalidade do antracito de que o
país dispõe e de 16 a 18% em tonelagem e 23 a 26% em valor (1981-82) e
do caulino total nacional.
No que se refere ao conjunto das substâncias minerais
não-metálicas, contribuiu com cerca de 33% da tonelagem e 25% do valor
em 1981, crescendo estes valores em 1982, respectivamente, para 37 e
29%.
As águas minerais e de mesa, respectivamente em 1981 e
1982, contribuíram com 14% das inscrições, a que correspondem 16 a 17%
em valor, com 14 % no valor dos tratamentos realizados nos dois anos
considerados, e 44 % e 47% do volume de litros de águas minerais
engarrafadas, cujos valores representam, respectivamente, 25 e 29%. É
apenas menos significativo o peso das águas de mesa, com 6 e 4%, em
litros produzidos, sendo equivalente a percentagem de valores.
► AGRADECIMENTO
O autor expressa o seu mais sincero agradecimento à Dr.ª
Maria Luísa Romão pela preciosa colaboração prestada no fornecimento de
todos os elementos estatísticos que acompanham e muito valorizam esta
nota; e aos Drs. António Martins Nunes e Carlos Calado pela pertinente
ajuda prestada no respeitante ao sector de águas minerais e de mesa.
Aveiro, 15 de Dezembro de 1984
José Carlos Balacó Moreira
(*)
(Geólogo da Direcção Geral de Geologia e Minas)
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