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Boletim n.º 5 - Ano III - 1985


3.1.8 – Calcário

Actualmente paralisadas, as explorações de calcário situavam-se em Anadia, sendo utilizadas / 37 / essencialmente no abastecimento de fornos de cal, de carácter francamente artesanal.

 

3.2 – INDÚSTRIA TRANSFORMADORA

Inteiramente dependentes dos produtos obtidos na exploração das pedreiras, existem no distrito de Aveiro importantes indústrias transformadoras de que se destacam:

 

3.2.1 – Cerâmicas de telha e tijolo

Distribuem-se pelos concelhos de Águeda, AIbergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Mealhada, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Ovar, Vila da Feira e Vagos.

 

3.2.2 – Cerâmicas de porcelana, faiança e grés

Estão implantadas nos concelhos de Águeda e Anadia (faiança e grés), Aveiro (faiança), Ílhavo (porcelana), Oliveira de Azeméis (grés) e Vila da Feira (azulejos).

 

3.2.3 – Serrações e oficinas de transformação de rochas ornamentais

Utilizando matéria-prima proveniente de regiões exteriores ao distrito, existem nos concelhos de Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Espinho, Estarreja, Ílhavo, Mealhada, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, S. João da Madeira e Vila da Feira.

 

3.2.4 – Fornos de cal

Consumindo matéria-prima com origem fora do distrito, situam-se no concelho de Anadia.

Das indústrias referidas, a mais importante é, sem dúvida, a da cerâmica da qual existem mais de 60 unidades para produção de telha e tijolo, sendo o número dos produtores de porcelana, faiança e grés, superior a 35 unidades.

 

►  4 – ÁGUAS MINERAIS E DE MESA

No distrito de Aveiro, existem quatro nascentes de águas minerais e uma de água de mesa, que passamos a referir.

O movimento termal e a produção de engarrafamento de águas constam do quadro IV, em anexo.

 

4.1 – Curia

A estância termal da Curia situa-se na freguesia de Tamengos, no concelho de Anadia, datando a sua concessão de 16-1-1903.

A água é do tipo sulfatada cálcica, mesossalina, fria, sendo o caudal disponível da ordem dos 43 m3/hora.

São particularmente indicadas no tratamento de doenças dos aparelhos respiratório e urinário, reumatismo e sistema nervoso.

É sem dúvida a estância termal mais importante do distrito.

 

4.2 – Luso

A nascente do Luso situa-se na freguesia do mesmo nome, no concelho da Mealhada, tendo a sua exploração sido concedida em 19-5-1894.

A água mineral do Luso é hipossalina radioactiva, captada a uma temperatura de 27° C; o seu caudal atinge cerca de 60 m3/hora, no conjunto da nascente Luso e de uma captação por furo.

As qualidades terapêuticas visam problemas dos aparelhos circulatório, digestivo e urinário, além de eficiente acção em dermatoses, ginecologia, doenças de nutrição, reumatismo, sistema nervoso, aparelho respiratório, alergias e doenças das glândulas endócrinas.

Além das estruturas próprias de uma estância termal moderna, dispõe, também, de uma oficina de engarrafamento, cuja produção é a maior do País, sendo a segunda do distrito em movimento termal.

 

4.3 – Caldas de S. Jorge

As termas de S. Jorge situam-se na freguesia de S. Jorge, no concelho da Feira, estando autorizada a sua exploração desde 25-5-1885.

A sua água é do tipo sulfúrea sádica, brotando a temperaturas da ordem dos 20° C, a um caudal de cerca de 36 m3/hora.

As propriedades curativas dirigem-se ao tratamento de deficiências circulatórias, dermatoses, sistema nervoso e sistema respiratório.

É a terceira estância termal do distrito.

 

4.4 – Vale da Mó

Concedidas para exploração desde 13-11-1920, as termas do Vale da Mó, situam-se na freguesia da Moita, no concelho de Anadia.

A água é do tipo bicarbonatada sódica, apresentando um caudal muito modesto de 4 m3/24 horas à temperatura de 15,3º C.

As características terapêuticas são particularmente utilizadas no tratamento do aparelho digestivo, do linfatismo e de anemias.

Como instalações para tratamento, dispõe somente de uma «buvette» e de um consultório médico, que lhe conferem o lugar de a mais modesta estância do distrito. / 38 /

 

4.5 – Cruzeiro

Trata-se, neste caso, de uma água de mesa que vem sendo explorada desde 8-12-1938, no lugar do Cruzeiro, da freguesia da Vacariça, no concelho da Mealhada.

É uma água bicarbonatada cálcica e magnesiana, fria, explorada para engarrafamento.

As captações por furo são duas, correspondendo-lhes um caudal conjunto de cerca de 20 m3 /hora.

Na sua categoria correspondeu, respectivamente, em 1981 e 1982, a 6 e 4% do total do país, quer em volume de água engarrafada, quer no valor da mesma.

 

►  5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do expendido verifica-se que o distrito de Aveiro tem, em consonância com a sua categoria de terceiro distrito do País, uma indústria extractiva que o honra, contribuindo de forma acentuada para o seu desenvolvimento sócio-económico, sempre crescente.

Os quadros anexos permitem uma análise mais detalhada dos volumes extraídos e dos valores correspondentes em 1981 e 1982, anos estes que constituem os elementos mais recentes. De igual modo permitem avaliar o contributo do distrito no contexto da indústria extractiva nacional.

Com efeito, produz a totalidade do antracito de que o país dispõe e de 16 a 18% em tonelagem e 23 a 26% em valor (1981-82) e do caulino total nacional.

No que se refere ao conjunto das substâncias minerais não-metálicas, contribuiu com cerca de 33% da tonelagem e 25% do valor em 1981, crescendo estes valores em 1982, respectivamente, para 37 e 29%.

As águas minerais e de mesa, respectivamente em 1981 e 1982, contribuíram com 14% das inscrições, a que correspondem 16 a 17% em valor, com 14 % no valor dos tratamentos realizados nos dois anos considerados, e 44 % e 47% do volume de litros de águas minerais engarrafadas, cujos valores representam, respectivamente, 25 e 29%. É apenas menos significativo o peso das águas de mesa, com 6 e 4%, em litros produzidos, sendo equivalente a percentagem de valores.

 

►   AGRADECIMENTO

O autor expressa o seu mais sincero agradecimento à Dr.ª Maria Luísa Romão pela preciosa colaboração prestada no fornecimento de todos os elementos estatísticos que acompanham e muito valorizam esta nota; e aos Drs. António Martins Nunes e Carlos Calado pela pertinente ajuda prestada no respeitante ao sector de águas minerais e de mesa.

Aveiro, 15 de Dezembro de 1984

José Carlos Balacó Moreira

(*) (Geólogo da Direcção Geral de Geologia e Minas)


 

 

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