Considerações sobre
o Saneamento de Aveiro
pelo Eng.º José Arménio Sequeira
Pereira
1 - Esgotos
O primeiro projecto de saneamento da
cidade de Aveiro, mandado executar pela Câmara ao Eng.º Henrique Pinto
de França, foi entregue na Direcção de Urbanização de Aveiro em 1947.
Este projecto englobava a rede de colectores da cidade e povoação
limítrofe de Esgueira, as estações elevatórias, a estação depuradora e
ainda uma estação de tratamento de lixos. A Junta Sanitária de Águas
aprovou o projecto com alguns reparos, pelo que era preciso fazer uma
revisão ao estudo.
Por impossibilidade do autor do projecto,
foi encomendada em 1950 a revisão ao Eng.º Burnay de Mendonça e, em 2 de
Junho de 1959, deu entrada na Direcção dos Serviços de Urbanização de
Aveiro o projecto de revisão do Saneamento da Cidade de Aveiro. Desse
trabalho fazem parte os seguintes pontos:
– Redes de colectores e seus acessórios;
– Elevação de esgotos (centrais
compressoras, estação elevatória, condutas elevatórias, condutas de ar
comprimido, desintegrador e estação elevatória final);
– Estação de tratamento de esgotos
(câmara de grades, sedimentadores, digestores, tanques de secagem,
tanque de doseamento,
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leitos percoladores, armazém de lamas e casa do guarda.
Em 18 de Novembro de 1960, o parecer do
douto Conselho Superior de Obras Públicas foi favorável à aprovação do
projecto, que Sua Ex.ª o Ministro homologou em 22 de Dezembro de 1960.
Curiosamente a Junta Sanitária de Águas dizia no seu parecer: «a escolha
de um tratamento biológico completo do efluente (cuja necessidade é
discutível segundo opinião da Engenharia Sanitária) não pode constituir
motivo de reprovação sanitária, pois o único inconveniente que dele
poderá advir é de natureza económica.»
Rede de esgotos
– Foi sendo executada por várias empreitadas e pelos próprios serviços
da Câmara. Depois de uma paragem prolongada, entregou-se há dois anos a
empreitada final, referente à zona da Beira-Mar, que está nesta data
praticamente concluída.
Elevação dos esgotos
– Para fornecimento do equipamento electromecânico foi aberto concurso
em 7 de Outubro de 1961 e adjudicado em Março de 1962, tendo sido
entregue todo o equipamento de acordo com o caderno de encargos.
A estação elevatória final foi empreitada
em 1969 e feita a sua recepção em 1971.
A parte de construção civil (casetas
enterradas) foi primeiro adjudicada em 13 de Outubro de 1967 por 346
contos; contudo, estas obras, não foram concluídas e mesmo abandonadas
pelo empreiteiro, por deficiências apontadas ao projecto, propondo-se
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executar a construção por 3137 contos (contra os 346 da empreitada). Em
18 de Fevereiro de 1969, foi feita nova adjudicação da obra, agora por
1397 contos, tendo esta sido concluída em 5 de Novembro de 1970.
Divergências de opiniões técnicas fizeram
com que o equipamento electromecânico, já adquirido em 1962, não fosse
então montado; só recentemente, em 1981, se tomou a decisão de o
instalar.
Actualmente está em funcionamento uma
estação elevatória (Alboi); quanto às restantes, temos esperança de que
possam entrar definitivamente em actividade no final deste ano.
Estação de tratamento de esgotos
– Em 12 de Dezembro de 1962, foi adjudicada esta obra que, por abandono
do empreiteiro, se viu interrompida no ano imediato. Posteriormente, em
1970, foi a obra melhorada e concluída a primeira fase, tendo entrado em
funcionamento em 1979.
Está também em vias de conclusão um
estudo de remodelação e ampliação, que será executado depois de testada
a instalação actual com todas as elevatórias em funcionamento, a fim de
avaliar o seu comportamento. Com esta obra completada e a funcionar,
todos os esgotos da cidade serão retirados do canal principal, à
excepção dos esgotos do Caio e da Fábrica Aleluia. Deficiências haverá
ainda a remediar por os colectores antigos não serem estanques e por
haver ligações piratas que só com o tempo poderão ser solucionadas.
2 – Eclusas e Comportas
Executado na sua totalidade o projecto de
saneamento da cidade, não sê evita que o aspecto desolador, inestético e
de maus cheiros se mantenha devido à influência das marés, a qual só
durante parte do dia, mantém uma toalha líquida nos canais, tapando
completamente as lamas existentes. Por tal motivo, pensou a Câmara
encomendar um estudo que solucionasse o problema.
Um Gabinete técnico especializado
apresentou o projecto da eclusa e comportas, a implantar no termo do
canal das pirâmides – projecto esse que, uma vez executado, criará uma
toalha líquida permanente e permitirá:
1.º – Tornar navegáveis o canal principal
e o de S. Roque, a todas as horas do dia;
2.º – Desactivar as lamas dos fundos dos
canais, eliminando os seus maus cheiros;
3.º – Alimentar as salinas ligadas aos
canais e eliminar os inconvenientes de prováveis
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assoreamento, por meio de descargas nocturnas com correntes de varrer.
Para evitar que a obra a executar ferisse
o aspecto estético do ambiente em que é implantada, a sua concepção é
tal que os elementos salientes não são notados.
A eclusa em si é dimensionada para a
passagem de uma embarcação do maior calado com um canal lateral,
controlado por um sistema de comportas e por uma descarga de fundo. As
comportas são de eixo vertical a fim de evitar a sua saliência em
relação ao ambiente, não ferindo o seu aspecto estético. Igualmente as
comportas dos descarregadores laterais à eclusa serão de eixo vertical,
pelo mesmo motivo.
Esta obra completa o plano de saneamento
da cidade e permite que, no futuro, se passe a ter uma toalha líquida
transparente navegável, de atraente aspecto, no canal principal e no de
S. Roque, podendo mormente ser palco de provas e manifestações de
atracção das gentes de Aveiro.
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