Desde a fundação da Casa da
Feira, 1452 foi dada pelos seus titulares grande protecção à
Irmandade dos Passos e aos mesmos se deve a organização e
aprovação da Instituição.
Temos presentes os Estatutos da
Confraria reformados em 11 de Setembro de 1727. Abrem com esta
cláusula: «E porque esta Irmandade foi erigida com a protecção
dos Condes da Feira, que de presente se acham extintos, no caso
que pelo decurso do tempo tornem a haver na Casa da Feira, os
Irmãos da Mesa serão obrigados a oferecer à sua ilustre
protecção esta Irmandade que era costume eleger para protectores
dela aos sobreditos Condes; e isto no caso que haja Conde no
Castelo e Casa da Feira, ficando sempre em seu vigor a forma da
eleição e o mais disposto nos Estatutos». |
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Relicário do Santo Lenho
(articulado, em ouro e pedras preciosas) |
De todo o bem que fizeram à
Confraria oferecendo-lhe valiosas jóias do culto, destaca-se o
precioso relicário do Santo Lenho (ver foto anexa) com trinta e
quatro pedras preciosas, topázios, rubis e esmeraldas a resguardarem
as relíquias, oferta do último Conde D. Fernando Forjaz Pereira
Pimentel de Menezes.
As sete Capelas dos Passos,
dispersas pelas ruas do velho burgo vareiro, foram iniciadas em
1747, ano em que foi concedido pelo Rei o imposto de um real em cada
quartilho de vinho que se vendesse em Ovar e seus termos, cujo
produto foi aplicado na referida construção, concluída em 1755.
As figuras, em puro castanho, foram
pintadas por mestre António José Pintor, artista de nomeada, natural
da freguesia de Válega, a quem o Provedor de Esgueira recomendou se
esmerasse na pintura.
Das capelas, únicas no género em
Portugal, destaca-se a do Pretório da Matriz, um mimo de arte em
talha rocócó, onde predomina, em destaque, os quatro retábulos
representando a Oração no Horto, o Beijo de Judas, o Lava-pés e a
Última Ceia.
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Igualmente merece menção
especial a Capela do Calvário, majestosa e imponente na sua
arquitectura, a bem lançada escadaria granítica de largos
patamares
/ 56 / no topo dos seus
cinco lanços, o frontispício quase todo de cantaria, onde se
abrem em artístico relevo os emblemas da Paixão, o interior,
onde impera a cantaria e a talha já referida e, por fim, o monte
calvário de numerosas figuras escultóricas, onde domina a imagem
de Cristo, uma obra prima considerada por Teixeira Lopes uma das
boas maravilhas peninsulares.
Através da sua vida secular tem
sido contemplada com muitos legados. Destacamos da sua curiosa
história o legado feito em 1780 da quantia de 600$000 reis,
feito pelo Piloto-mor da Foz do Douro, Francisco da Silva. |
Senhor dos Passos. |
Da sua vida de piedade constava o
Auto do Descimento da Cruz feito por artistas em Sexta-feira Santa.
A procissão de Passos, que ainda se efectua na quarta dominga
quaresmal. Esta Procissão, que alcançou justificada fama, outrora
era precedida de uma feira onde se vendiam peças de artesanato,
ourivesaria e muitos outros artigos. Promove-se ainda a Procissão do
Enterro em Sexta-feira Santa.
O Papa Inocêncio X concedeu-lhe
graças e privilégios em 23 de Novembro de 1840. Mais tarde,
igualmente o fez, 8 de Abril de 1892, o Papa Gregório XVI.
Em 1940, o Governo da Nação decretou
que as capelas dos Passos de Ovar eram consideradas monumentos de
interesse Nacional.
Ovar, Fevereiro de 1976. |