«...Veio a Carta, e a Carta foi baptizada num rio de sangue. A Carta
esteve exilada, e durante o seu exílio correu sangue por ela. Voltou
às nossas praias; e de lá um jorro de sangue a trouxe à capital e a
firmou no poder. Esta grande obra foi nacional; nenhuma das facções
de homens que por diferentes modos sofreram pela liberdade pode
arrogar-se a glória exclusiva de a ter executado. Para ela
concorreram, em grande parte, os que gemeram nas prisões, e que
protestaram ali a todo o instante contra os horrores da tirania.
Sim, foram esses corajosos mártires que conservaram, no meio dos
furores da tirania, aquele fogo sagrado da liberdade que nunca se
apagou no país, e que nunca se há-de apagar, a despeito desta névoa
de cinza ordeira com que o pretendem cobrir. Foram aqueles que
promoveram as comunicações, conservaram as esperanças, animaram os
tíbios, protegeram as emigrações, armaram os soldados e abriram as
portas das povoações ao exército libertador que, sem este socorro,
teria de ver acabar o curso de suas vitórias diante dos frágeis
muros de algumas cidades. Foram, finalmente, os sessenta mil
soldados...»
JOSÉ ESTÊVÃO |