Revista em três actos, interpretada no Teatro Aveirense por alunas e
alunos do Liceu, na festa de despedida dos alunos do 7.º ano de
1955-1956 (dia 14-IV-1956). Escrita por José Tavares, Reitor do
Liceu. Música de José Queirós, professor de Canto Coral.
PROLOGO
(Aparece em frente da cortina um
estudante e, depois de vénia, canta, sem orquestra, a entrada do
prólogo dos «Palhaços»)
Si puó?
Signore, signori!
Scusate-mi,
Si da sol mi presento:
lo sono il prologo.
(Suspendendo-se) Perdão! Isto
é dos «Palhaços!» (Dá o sinal à orquestra, esta preludia, e
segue-se prólogo cantado)
Caros Senhores e Senhoras,
da festa dos estudantes
eis espectáculo novo,
diferente do que era dantes.
É revista escolaresca,
leve e muito variada;
poderá valer bem pouco,
mas não quer ser pateada.
Desculpai-nos as fraquezas
e este simples monólogo.
É a que de entrada vos peço,
aqui, à laia de prólogo.
(Inclina-se e sai)
ACTO I
NOS DOMÍNIOS DE PANGLOSS
Aberta a cortina, mostra-se um
pano simples, no qual se lê, em grandes caracteres, este dístico –
Escola de Filosofia do Dr. Pangloss.
Feito silêncio, a orquestra
executa os primeiros compassos da sinfonia dos «Mestres Cantores»,
de Wagner, depois dos quais o pano imediatamente sobe, para mostrar
aos espectadores um vetusto salão. À esquerda, uma secretária.
Cadeiras dos lados, junto das paredes. Ninguém em cena.
(Entram Ernesto, Sabe-Tudo e
Sabe-Pouco)
ERNESTO – Quem devo anunciar?
SABE-TUDO – Diga-lhe que são dois
estudantes – portugueses, é claro –, que desejam conhecer, embora
sucintamente, a filosofia «metafísico-teológico-cosmólogico-nigológica»,
aqui professada na Vestefália pelo sábio dos sábios que se chama
Pangloss, conhecido em todo o orbe terráqueo, e daqui a pouco,
graças à energia atómica, em todos os planetas!
SABE-POUCO – Isso mesmo! Isso mesmo!
ERNESTO – Muito bem. Esperem aqui,
que eu vou chamar o Sr. Doutor. Estejam a gosto. Podem sentar-se, e
admirar a «Valsa do Imperador», de Strauss, que costumamos oferecer,
de entrada, aos consulentes. (Vai a sair).
SABE-POUCO – Ouça lá, ó amigo! Como
se explica que você fale correctamente o Português? Este fenómeno,
em plena Alemanha, deixa-nos banzados!
ERNESTO – Pois não tem que se
banzar. Eu sou português de gema. Nasci em Celorico de Basto há
cerca de cinquenta anos. Vim para a Alemanha em 1930, quando o Dr.
Pangloss regressou da sua longa visita à cidade de Aveiro. Trouxe-me
ele para seu intérprete de língua portuguesa.
SABE-TUDO – Aveiro?! Que é que você
fazia lá?
ERNESTO – Era criado do Hotel
Arcada, onde o sábio esteve hospedado.
SABE-POUCO – Oh ! Então toque!
(Aperta-lhe a mão e o mesmo faz Sabe-Tudo) E viva Portugal!
ERNESTO (comovido) – Viva,
viva Portugal! (Pausa) Pois o Dr. Pangloss tem uns tanto e
tal intérpretes. Vêm
/ 68 / aqui, na roda do ano,
consulentes de todo o mundo. Só nos tempos da guerra é que não
apareceu ninguém.
SABE-TUDO e SABE-POUCO – Pudera!
1.º acto – Pangloss, Sabe-tudo e
Sabe-pouco.
ERNESTO – Gastam-se aqui, só em
intérpretes, muitas dezenas de contos por mês!... Uma data de
milhares de marcos! (Pausa) Eu agora, já não sou propriamente
intérprete, mas auxiliar. O Doutor já se exprime lindamente em
Português. Os Senhores verão.
SABE-TUDO – Quanto ganha você?
ERNESTO – Três contos e quinhentos,
cama e mesa. Mas há ordenados maiores.
SABE-POUCO – Bem bom! (Outro tom)
Ouça lá! Você podia contar-nos coisas de Aveiro, anteriores à sua
vinda para a Alemanha...
ERNESTO – Posso, sem dúvida; mas não
agora. Com licença. Vou prevenir o Sr. Doutor. Sentem-se! Sentem-se!
(Sai).
*
SABE-TUDO – Que dizes tu a isto?
Vai-nos sair cara a brincadeira. Bem nos dizia a Nicole, ao
despedir-se de nós com destino à Bélgica! (Pausa) Bem,
paciência! Alea jacta est! (Pausa) E agora, atenção! Quem
fala sou eu. Tu... só às vezes é que poderás arriscar um ou outro
monossílabo.
SABE-POUCO – Fixe! (Pausa) A
aventura vai-nos saber ao alho. Pois se os intérpretes – trinta e
tal, ó pá –, como diz o ex-criado do hotel do Aristides, ganham
tanto dinheiro, quanto não hão-de pagar os que pretendam ouvir o
famigerado e incomensurável sábio?
SABE-TUDO – Não te aflijas e deixa o
assunto por minha conta. Eu nunca me atrapalho! (Ouve-se o som
metálico de gongue. Logo a seguir entram na sala, a dançar a «Valsa
do Imperador», de Strauss, ao som da orquestra, quatro pares,
vestidos a rigor. Os estudantes, embasbacados, sentam-se. De vez em
quando, comentam, em voz baixa. Terminada a valsa, batem palmas. –
Entram Pangloss e Ernesto).
*
ERNESTO (Curvando-se) –
Mestre, eis os estrangeiros!
PANGLOSS (Olhando-os rapidamente)
- Guten Tag!
ERNESTO (Baixo, para os dois)
– Bons dias!
SABE-TUDO e SABE-POUCO – Bons dias,
Sr. Dr. Pangloss!
PANGLOSS (Depois de se sentar à
secretária) – Eu tenho pouco tempo, muito pouco, para os ouvir.
Eu gosto dos Portugueses. Donde são os Senhores?
SABE-TUDO – De Aveiro!
PANGLOSS – De Aveiro?!
SABE-TUDO – Sim, Sr. Doutor: de
Aveiro, terra de José Estêvão e terra dos ovos moles.
PANGLOSS – Sehr Gut! Gosto muito
dessa cidade. (Pausa) A minha filosofia explica-se em poucas
parolas, quero dizer, em poucas palavras. Tudo o que existe no mundo
é feito pelo melhor. As coisas são todas feitas para um fim. Ergo,
sehr gut: tudo é feito para um fim melhor. Percebem?
OS DOIS – Muito bem.
PANGLOSS – Por exemplo: os narizes
são feitos para aguentar óculos, e por isso mesmo usamos óculos; as
pernas foram sem dúvida inventadas para calças, e por isso usamos
calças – antigamente só os homens, e agora as mulheres também,
porque também têm pernas; as pedras aparecem no Mundo para se
construírem casas e castelos e outros coisas, e por isso fazem-se
casas, eclésias... igrejas!..., etc., etc. (Pausa) A outro
respeito, os porcos nascem para ser comidos, e por isso os homens e
as mulheres comem carne de porco todo o ano. Quer dizer: tudo o que
existe é o melhor possível. Eis o resúmen de minha filosófia.
ERNESTO (emendando, em voz baixa)
– Resumo... Filosofia...
PANGLOSS – Exacto. Isto é o resumo
da minha filosofia. (Pausa) Agora, o meu mestre de Português
vai-lhes apresentar exemplos vivos. (Para Ernesto) Ernesto,
chame as figuras. (Ernesto sai).
*
SABE-TUDO – V. Ex.ª dá-me licença? A
filosofia panglóssica baseia-se, afinal, no optimismo.
PANGLOSS – Exactamente. Vejo que
você é inteligente. Sehr Gut! (Pausa) Pois eu fui a Portugal
em 1924 e regressei em 1930. Estive seis anos em Aveiro. Aveiro!
Aveiro é terra bela, terra pulcra, terra linda! Gostei muito.
Lindas, bonitas mulheres – lindas tricanas. Em 1951, de passagem
para a América, estive lá. Foi por ocasião do 1.º centenário do
Liceu.
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SABE-TUDO – Então o Sr. Doutor...
PANGLOSS – Caluda! Aí temos Ernesto.
ERNESTO (Anunciando) - O
Preguiçoso! (Entra um sujeito indolente, caminhando e falando
muito devagar e bocejando e espreguiçando-se a miúdo).
PREGUIÇOSO – Ora vivam, meus
senhores. Eu sou o Preguiçoso. Tenho por norma não me ralar com
coisa alguma. Ralar... para quê? Não se adianta nada com isso!...
São bem certos aqueles ditados – Devagar se vai ao longe e – Nem por
muito madrugar é que amanhece mais cedo –. Sigo-os sempre, com todo
o rigor, em tudo e por tudo, e dou-me muito bem com a sua prática.
Outro ditado, aquele que diz – Não guardes para amanhã o que podes
fazer hoje – é para parvos. E eu... de parvo não tenho nada...
(Pausa) E assim... cá vou andando. Passem vosselências muito
bem. Até à primeira (Sai)
PANGLOSS – A preguiça também tem
suas vantagens. Se não houvesse preguiçosos, não poderia haver
trabalhadores.
ERNESTO (Anunciando) – O
Diligente (Entra um tipo de lavrador, em mangas de camisa)
DILIGENTE – (Dando ordens)
«Olha lá esse carro, que não está bem seguro, ó Manuel. Vê lá se me
arranjas ainda hoje por aí alguma desgraça... Ó meu maluco, não
reparas que me vais semeando as espigas pelo chão? Salta; apanha-me
tudo isso, que eu não quero nada desperdiçado... – Está quieto,
João; vai para casa; agora não se brinca no quinteiro. – Sai-me de
ao pé dos bois, menino! Ai que tu !... – Ó Luísa, olha se mandas dar
uma pinga àqueles homens! – Que quer você, tio? Cubra-se; ponha o
seu chapéu. Ai, vem por causa do moinho que caiu? Olhe, tenha
paciência. Venha cá amanhã. Hoje, não posso olhar por isso... – Ó
Chico Enjeitado, que diabo estás tu fazendo, pateta? Deixa-me estar
essas pipas. Vai-me recolher aquele milho que eu te disse. Corre! –
O moleiro já veio? Pois as azenhas já moem, e o homem não tem
desculpas que dê pela demora... – Ó mulher, chama para lá esses
pequenos, que podem aleijar-se por aqui. – Vai, Joãozinho; vai para
casa e leva o mano. Olha, queres uma espiga assado? Ó Chico, escolhe
aí duas espigas para os pequenos. – Que demónio anda aquele cão a
fazer atrás das galinhas? Aqui já, atrevido – Vá, vá, rapazes Vocês,
nesse andar, não acabam hoje!» (Sai)
SABE-TUDO (Palra Pangloss) –
É o Tomé da Póvoa, de Júlio Dinis.
SABE-POUCO – De «Os Fidalgos da Casa
Mourisca».
PANGLOSS – Exacto.
ERNESTO – Reparem. É figura de uma
comédia do escritor latino Plauto. Serviu de modelo a Molière.
AVARENTO (Congestionado, fora de
si) – Morri! Desapareci! Estou liquidado! (Pausa) Para
onde hei-de ir? (Para a plateia) Agarra! Agarra! (Pausa)
A quem? Não sei; já não vejo; caminho nas trevas. Não posso
distinguir aonde vou, onde estou, quem sou, Peço-vos, por favor, me
socorrais. Mostrai-me, peço-vos, quem me roubou a panela em que eu
tinha o meu dinheiro. Diz-mo, tu lá, que tens cara de boa pessoa
(Pausa) Que é? De que vos estais a rir? Conheço-vos a todos, mas
é possível que se esconda por aí algum ladrão!... Não é nenhum
desses? Mataste-me! Então quem a tem? Onde está a panela do meu
dinheiro? Não sabes! Ah, desgraçado de mim, que estou desprovido de
tudo Dia deplorável! Dia funesto, que me traz a miséria e a fome!
Não há na terra nenhum homem atingido por semelhante desgraça! De
que me serve a vida sem o tesouro que roubaram? Para o possuir, de
tudo me privei; e agora é outro que o goza e me mata! Não: a isto
não poderei sobreviver. Ai de mim! Ai de mim! (Sai).
PANGLOSS – A avareza tem a sua
utilidade.
SABE-TUDO (Intencionalmente)
– Sem a avareza, não haveria liberdade, nem caridade.
PANGLOSS – Exacto. Você compreendeu.
ERNESTO (Anunciando) - A
Liberdade! (Entra uma mulher, vestida de branco)
LIBERDADE – «Antes de baptizado e
convertido ao Cristianismo, antes de tonsurado por Santo Hilário,
antes de coroado com a mitra de Tours, antes de biografado pela
delicada pena de Suplício Severo, e de pintado pelo mágico pincel de
Rubens, São Martinho foi na mocidade soldado das legiões do
imperador Juliano. Em certo dia de borrasca, em pleno Inverno, sob o
vendaval e a neve, equipado e armado, montado a cavalo, rebuçado
até aos olhos na capa militar, São Martinho viu, às portas de Amiens,
um mendigo andrajoso e seminu, tiritando de frio, estendendo
suplicantemente para ele a sua pobre mão ossuda, ganchana e
congelada. O Santo sofreou o cavalo, acalentou com enternecida
caridade a mão desse abandonado e, em seguida, desembaraçando-se,
tomou da espada, cortou pelo meio a sua capa de agasalho, deu metade
dela a esse miserável peregrino, e envolto na outra metade, sacudiu
a rédea e prosseguiu através da tormenta, de peito ao vento e à
neve». (Pausa) Liberdade sublime! Sublime Caridade! (Sai)
PANGLOSS – Magistral, este trecho do
vosso Ramalho Ortigão! (Para Ernesto) Agora, os derradeiros
exemplos da minha filosófia.
ERNESTO (Emendando) –
Filosofia, Sr. Doutor.
PANGLOSS – Obrigado. Filosofia.
ERNESTO (Anunciando) – A
tristeza e a Alegria!
(Entram uma menina romântica,
triste, e uma rapariga do Minho, cheia de vida)
TRISTEZA (Avança vagarosamente e
canta)
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Vai alta a Lua. Na mansão da morte
já meia-noite com vagar soou.
Que paz tranquila! Nos vaivéns da
sorte,
só tem descanso quem ali baixou!
Que paz tranquila!... Mas eis longe,
ao longe,
funérea campa com fragor rangeu!
Branco fantasma, semelhante a um
monge,
dentre os sepulcros a cabeça ergueu!
Ergueu-se, ergueu-se! Na amplidão
celeste,
campeia a Lua com sinistra luz;
o vento geme no feraI cipreste,
o mocho pia na marmórea cruz!»
(Sai)
SABE-TUDO (Para Sabe-Pouco) –
Ó pá, isto é do Soares de Passos.
ALEGRIA (Avançando) – Viva a
Alegria! (Canta)
I
Dissestes que eu sou triste;
Triste não quero eu ser;
ser-se triste lembra a morte,
e eu por mim quero viver.
Ora vai ouvindo...
Eu por mim quero viver.
Dissestes que eu sou triste;
Triste não quero eu ser.
II
Eu conheci a Alegria,
quando ao Mundo cheguei;
desde então, podes-me crer,
nunca de lá me apartei.
Ora vai ouvindo...
Nunca de lá me apartei.
Eu conheci a Alegria,
quando ao Mundo cheguei.
(Sai. Sabe-Tudo e Sabe-Pouco dão
palmas. PangIoss fala ao ouvido de Ernesto)
ERNESTO – Senhores estudantes! O Sr.
Doutor oferece-lhes, por serem de Aveiro, mais um número da dança
alemã – o minueto. (Sai. Entram dois pares dançando. Terminado o minueto, saem)
*
ERNESTO – Senhor Doutor, chegou
agora, vinda da Bélgica para se juntar a estes seus camaradas do
Liceu de Aveiro, com quem seguirá para Portugal, Mademoiselle Nicole.
Acompanham-na três conterrâneas e quatro conterrâneos, que pedem
licença para apresentar a V. Ex.ª uma dança do seu país – a Rédowa.
PANGLOSS (Consultando o relógio)
– Pode dizer a esses jovens que é com muito prazer que os recebo.
ERNESTO (Indo à porta) –
Podem entrar.
NICOLE (Seguida dos seus
companheiros, entra. A meio do salão, pára e levanta o braço
direito, no que é imitada por todos.
Curvando-se diante de
Pangloss) --
Bonjour, Monsieur le Docteur!
PANGLOSS
–
Bonjour! Soyez les bienvenus!
(Sabe-Tudo e Sabe-Pouco apertam a mão a Nicole. Esta bate as
palmas, todos se dispõem convenientemente, e segue-se a dança. No
fim, muitas palmas)
SABE-TUDO – Bravo! Bravo!
SABE-POUCO – Bravíssimo!
PANGLOSS – Très bien,
bonnes mademoiselles! Très bien, braves garçons!
Merci!
SABE-TUDO – Estamos muito gratos a
V. Ex.ª, Sr. Doutor.
PANGLOSS – E eu muito satisfeito.
ERNESTO – Agora, meus Senhores, se
têm alguma coisa a dizer, queiram falar. Sejam breves, porque S.
Ex.ª está cheio de trabalho.
SABE-TUDO – Eminente Sr. Dr.
Pangloss! Nós – eu e este meu colega – viemos de Portugal, lá dessa
longínqua e ridente Aveiro, de propósito a esta região da Vestefália,
para termos a honra e o supremo prazer de vos contemplar em pessoa e
de conhecer, nos seus traços gerais, a vossa admirável filosofia.
Confortados com o encanto da vossa presença e da vossa palavra e
suficientemente esclarecidos acerca da vossa profunda concepção
filosófica, ousamos, ó sábio dos sábios, convidar-vos a visitar de
novo a progressiva Aveiro, seguindo connosco no mesmo avião que nos
trouxe. Sereis na nossa cidade hóspede de honra da Academia e tereis
como cicerone a própria cidade. É em nome desta e em nome da
Academia que eu tenho o prazer e a honra de vos dirigir estas
palavras.
PANGLOSS (Após breve meditação)
– Sehr Gut! Aceito o vosso convite! (Para Ernesto) Ernesto,
partiremos todos dentro de dois dias. Você também!
ERNESTO (Delirante) – Oh!
Muito obrigado, Sr. Doutos! Bem-haja! Até que enfim vou abraçar os
amigos que lá deixei e ver as novidades da minha terra adoptiva: a ponte-praça, o Liceu e seu bairro, o Teatro Avenida, o Teatro
Aveirense, os cafés... Sei lá! (Pausa) Viva o Dr. Pangloss!
SABE-TUDO e SABE-POUCO – Viva o Dr.
Pangloss! Viva a filosofia panglóssica! (Aparecem todas as
figuras anteriores, avançam e cantam)
/
71 /
SABE-TUDO – Partir vamos para
Aveiro, nós e o nosso Doutor.
TODOS –
Nosso Doutor.
SABE-TUDO – Para ele ver de perto
toda a cidade em redor.
TODOS –
Em redor.
SABE-TUDO – Não há em todo o
universo doutrina que mais convenha.
TODOS –
Mais convenha.
SABE-TUDO – Que a do grande Pangloss,
sábio de graça tamanha.
TODOS –
Graça tamanha.
Sua sã filosofia
nervos dá e alegria!
Viva, viva Pangloss,
para que Aveiro remoce.
Seja ele o nosso guia
e nos salve a Academia.
Seja ele o nosso guia
e nos salve a Academia.
(Vivas, palmas, alegria)
Cai o pano
Fim do 1º acto |