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ACTO II
A cena representa o Largo
Municipal. Na frente o edifício da Câmara. Bancos.
Tricanas e estudantes, que entram
ao som de música, cantam. Depois, Zé e Pangloss escutam extasiados.
TRICANAS –
Tricanas belas,
lindas e formosas,
santas de capelas,
perfume de rosas;
de corpo gentil,
andar tão airoso
e de ar senhoril,
olhar gracioso.
TODOS –
Tricana
como a de Aveiro não há igual;
Tricana
mais linda é de Portugal.
Tricana
é linda flor que embriaga;
Tricana
aroma é que não se apaga.
Tricana,
como a de Aveiro não há igual;
Tricana
mais linda é de Portugal;
Tricana
é linda flor que embriaga;
Tricana
como a de Aveiro
aroma é que não se apaga.
ESTUDANTE –
Se Aveiro tem
o bom estudante,
é rico também
do leve e tonante.
Em outra cidade,
não há, julgo eu,
dos da qualidade
do nosso Liceu.
TODOS –
‘Studantes
de terno olhar ardendo em fé,
‘studantes
coa tricaninha, olé, olé!
Dos livros
eles se esquecem muitas vezes;
por elas
suportarão dez mil reveses.
‘Studantes
de terno olhar ardendo em fé,
‘studantes
coa tricaninha, olé, olé!
Dos livros
eles se esquecem muitas vezes;
por elas,
lindas e belas,
suportarão dez mil reveses. (Saem)
*
ZÉ – (Entrando com Pangloss)
– É a mocidade que goza; é o amanhã que dá largas às suas alegrias.
Tricanas e estudantes; Que lindos ramalhetes! É divertir! É
divertir! Tricaninhas! Anda por aí tanto doutorzinho atrás delas!
PANGLOSS – Yes! Mim partir saudosa
desta mocidade. Nela ainda ter alguma esperança.
ZÉ – Tem razão, Sr. Doutor; Os
velhos, os homens de hoje estão gastos. Viveu-se muito em pouco
tempo. A máquina humana tem experimentado, desde a Grande Guerra, um
esforço superior à sua resistência. Estamos velhos, sendo novos;
estamos gastos e cansados.
PANGLOSS – Zé parecer um folósofa!
ZÉ – São favores, Excelência! (Ouve-se
barulho de vozes. A orquestra começa a preludiar o número de música
seguinte).
PANGLOSS – Ser manifestação à Junta?
ZÉ – Vou ver. (Dirige-se para um
dos lados. Entram populares e depois o Má-língua)
POPULARES (Cantando)
Vimos todos a suar,
só pra nos manifestar!
Toda ,a gente anda alarmada:
diz que a Barra está fechada!
O que havemos de fazer
só o Zé há-de dizer.
ZÉ – Que querem vocês?
UM POPULAR – Um porto!
ZÉ – De honra?...
POPULARES – Não é desses!
ZÉ (Coçando a cabeça) – Nem
sei o que diga! Só se for por música! (Canta)
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Que querem que eu diga,
se a voz se me embaraça?
Não sei se prossiga;
Não sei se tal faça.
Um porto de abrigo,
que coisa medonha!
Se há tanto inimigo
que a tal se oponha!...
TODOS – Ui!
Sejamos unidos
e todos por um;
senão, somos vencidos,
e porto... nenhum!
Há um engenheiro
em cada aveirense;
com este viveiro,
não sei o que pense!
ZÉ – Ui!
Não é pois comigo
que aqui nada sou;
mas porto de abrigo
é que não falhou...
Não é pois comigo
que aqui nada sou;
mas porto de abrigo
é que não falhou...
(Declamando) – Ora aqui têm
os manifestantes o que lhes posso dizer. Vão à Junta; juntem os da
Junta; ponham lá outra vez a Junta, e juntem-se à Junta!
POPULARES (Saindo) – Viva a
Junta!
*
(Má-língua, que tem acompanhado a
cena com atenção, aproxima-se de Pangloss)
PANGLOSS – Que people divertida!
MÁ-LÍNGUA – Divertidíssimo! Só se
lembram de Santa Bárbara quando troveja!
PANGLOSS – Quem ser o senhorre?
MÁ-LÍNGUA (Cantando)
Eu sou o curioso
que de tudo maldigo;
de ninguém sou amigo;
sou um ser invejoso.
Tudo enredo, tudo torço,
tudo viro e desfaço;
do alheio, do esforço,
muito rio, nada faço.
(Desenrolando o projecto do porto)
Carpinteiro, engenheiro,
Mestre-de-obras, construtor,
arquitecto, empreiteiro,
tudo sou, ó meu Senhor!
ZÉ (Cantando)
Curioso,
Invejoso,
a ninguém
queres bem!
És serpente
que na gente
mansamente
metes dente!
que na gente
mansamente
metes dente!
Curioso,
Invejoso,
a ninguém
queres bem!
És serpente
que na gente
mansamente
metes dente!
que na gente
mansamente
metes dente!
PANGLOSS – Você, com essa sua
teoria, não me parecer cá da terra!
MÁ-LÍNGUA – Pois está o cavalheiro
muito enganado. Eu sou daqui, nado e criado em Aveiro. Mas também
sou filósofo e engenheiro, como ouviu, nas horas vagas. Sou colega
do Von Haffe e do Dr. Pagode, que pelo nome não percam!
PANGLOSS – An? An?
ZÉ – Dobre a língua, seu bruto! Dr.
Pangloss! Dr. Pangloss, que aqui está presente!
MÁ-LÍNGUA (Estendendo a mão a
Pangloss) – Muito gosto em nom conhecê-lo! Yes!
MÁ-LÍNGUA (Cínico) – Como
queira! Estou habituado a essas delicadezas.
ZÉ – Pois, meu caro amigo, para cá
vem você de carrinho! (Volta-lhe as costas).
MÁ-LÍNGUA – Espere! Espere! Ainda
não acabei. (Zé volta-se) O meu maior título de glória são as
minhas engenharias. Tenho um projecto para as obras do porto de
Aveiro, que é um primor! (Desenrola novamente o papel) Olhe
para esta beleza! Segundo ele, estudado com todo o escrúpulo...
PANGLOSS – Dites-moi une
chose, Senhorre...
MÁ-LÍNGUA – ...Má-Língua.
PANGLOSS – Dites-moi, Senhorre
Má-Língua! Que curso tem usted para confeccionar projectes?
MÁ-LÍNGUA – Curso?! Curso?! Os
autênticos engenheiros não têm curso nenhum! Aí é que está a
ciência: tirar do engenho (aponta a cabeça) a engenharia.
(Sentem-se acordes de música.
Voltam-se todos) Pois, como ia dizendo, no meu projecto
começa-se por tapar a Barra (Espanto de Pangloss e Zé) Não se
espantem! A comunicação com o mar só prejudica o nosso
desideratum – O Von Haff caiu no gravíssimo erro de não tapar a
Barra. Como queria ele que a ria se enchesse de água,
mantendo-se-Ihe a saída para o mar? É de cabo de esquadra! É de
primeiríssima
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projecto, segundo os meus estudos, a ria fica com água para dar e
vender!
ZÉ (Piscando o olho a Pangloss)
– Ouça lá! E por onde entram e saem as mercadorias?
MÁ-LÍNGUA – Essa pergunta foi feita
para me embarrilar? Pois declaro-lhe que me não embarrila com
facilidade. Para trazer e levar mercadorias, temos os aviões, os
zepelins e outras que tais bisarmas da aviação aérea.
ZÉ – Aéreo está você, seu Má-Língua.
MÁ-LÍNGUA (Enrolando o projecto)
– Ciência bebida nos livros e adquirida nas escolas profissionais –
é falsa. A verdadeira ciência é a ciência inata; é a ciência
espontânea. Eu sou o Engenheiro Espontâneo.
ZÉ – Como você há muitos por aí. São
todos engenheiros, mestres de obras, electricistas, construtores
navais... Pois, seu Espontâneo, seu Curioso, seu Má-Língua,
ponha-se-me espontaneamente a andar! Senão... talvez a biqueira do
sapato lhe mostre que em espontaneidade não pode você medir-se com
ela! Abandone esta terra e vá prás profundas...
MÁ-LÍNGUA (Saindo) – Bem,
bem! Não se zangue! Adeus!
PANGLOSS – Adeus! Rais ta parta! (Má-Língua
sai)
*
PANGLOSS (Rindo-se) – Muita
curiose esta Curiose.
ZÉ – Ele há cada um! (Pausa)
Pois, Sr. Doutor, este é o antigo Largo dos Pacatos, hoje conhecido
por outra designação. A nossa Câmara sempre genial nas mudanças dos
nomes de largos e ruas, decretou, para valer como lei, que este
recinto seja denominado, de hoje para o futuro – Largo das
Garçonas.
PANGLOSS – Porquê?
ZÉ – Porque as árvores que o
circundam usam agora uma cabeleira à moda. Quando vier o cabelo à
escovinha, levarão nova tosadela... e o Largo passará a ser o Largo
dos Carecas. Espere! Quem serão aqueles tipos? (Entram S.
Gonçalinho, Senhora das Febres e S. Sebastião, que logo cantam)
*
S. GONÇALlNHO – Sou o Gonçalinho!
S. SEBASTIÃO – Sebastião!
SENHORA DAS FEBRES – Sou a das
Febres!
OS TRÊS –
Taralão, tão, tão!
Taralão, tão, tão!
Nós somos os três santinhos
papos-secos, trics, trics!
Cá na cidade não há
uns santinhos assim chiques!
Temos festas anuais,
mas não festas de pataco:
Todos juntos somos mais
que o próprio S. Torcato!
Alegria somos
da Beira-Mar!
Festas nós temos
Que não têm par!
TODOS – Alegria somos..., etc., com
bis.
ZÉ – Aqui tem o Doutor os três
milagreiros mais cotados cá da cidade: o casamenteiro dos velhos; o
da fome, peste e guerra, e a das Febres!
S. GONÇALlNHO – Mais o mais
importante sou eu!
S. SEBASTIÃO – Olha que modéstia!
SENHORA DAS FEBRES – Benza-te Deus,
Inês!
S. GONÇALlNHO – O quê? O quê? Não
tive já três festas num ano? Não gastei dez contos? (Entram dois
fiscais do selo)
*
FISCAIS (Cantando) –
Nós fomos chamados
aqui, à porfia,
pra serem pilhados
os santos do dia.
pra serem pilhados
os santos do dia.
Denúncia foi certa;
a tal gente é esta:
ficarão filados
e catrafilados
ficarão filados
e catrafilados
PANGLOSS – Que pretendem vocês? Quem
serem?
FISCAIS (Cantando) –
Fiéis empregados
nós somos do selo;
de rijo trabalho
nós somos modelo.
Selamos isqueiros,
selamos recibos,
selamos padeiros,
selamos os chibos;
selamos quem casa,
selamos quem morre,
selamos quem pára,
selamos quem corre.
/ 46 /
PANGLOSS (Cantando)
–
Ser capazes, ser
de selar a night;
que couse tão feia
Yes, all rigth!
Ser capazes, ser
de selar a night;
que couse tão feia
Yes, all rigth!
FISCAIS –
Fiéis empregados
Nós somos do selo;
de rijo trabalho
nós somos modelo,
Selamos o vinho,
selamos a isca,
selamos as cartas,
pró jogo da bisca,
Selamos contratos,
selamos bilhetes,
selamos as bombas,
selamos foguetes!
PANGLOSS – Ser capazes, ser... etc,
1.º FISCAL – Procuramos três
santinhos, que sem ordem e sem selo saíram das respectivas moradas.
ZÉ – São estes, mas nenhum mal
fazem.
2.º FISCAL – Não fazem mal, mas têm
de ir ao posto, para lhes ser, por isso, aplicada a respectiva
multa. Façam favor de nos acompanhar!
PANGLOSS -- Ich bin
Pangloss! Verstehen Sie?
1.º FISCAL – (Que tem travado o
braço de um dos santos) – O quê?!
PANGLOSS – Versthen Sie Deutsch?
1.º FISCAL – Ó meu amigo, não me
fale em Latim, se não quer pagar cinco mil palhaços para a caixa! (Para
os santos) Vamos lá par diente!
FISCAIS (Cantando) –
A galope é já partir;
É já, é já, é já!
Sem a menor detenção,
Olé, olé, olá!
Fica sem ter que vestir,
é já, é já, é já,
quem cair na nossa mão
Olé, olá, olá!
TODOS –
A galope é já partir,
sem a menor detenção.
Fica sem ter que vestir
| nossa |
quem cair na | | mão
| vossa
|
(Saem. Entra Sabe-Tudinho)
*
ZÉ (Para Sabe-Tudinho, que,
vestido de estudante, vai a atravessar a cena) – Olá! Donde
surgiria este grão de areia? Ouve lá, ó catraio! Quem és tu?
SABE-TUDINHO (Com voz grave,
imitando o «Romeiro» do «Frei Luís de Sousa») – Ninguém! (Pausa)
Ninguém – é graça, porque eu sou o Sabe-Tudinho, aluno do 1,º ano
aqui do Liceu de José Estêvão! Quem não conhece o Sabe-Tudinho,
irmão do Sabe-Tudo de 1924? Só você, cuja ignorância é mais do que
supina!
PANGLOSS – Ser divertida, yes!
ZÉ – Esperto que nem um alho! (Para
Pangloss) Mas vou apertá-lo com umas perguntazinhas. (Para
Sabe-Tudinho) Ora diz-me. Quem é o maior tanoeiro desta cidade?
SABE-TUDINHO – Há seis anos, era o
Anselmo das Carmelitas; mas como ele agora já deita automóvel...
ZÉ – Outro assunto... Ora ouve.
Baixinho, vagaroso no andar, capa à alentejana...
SABE-TUDINHO – O Dr. Jaime, o
Mormente!
ZÉ – Todo se rebolando, peta aqui,
peta acolá...
SABE-TUDINHO – Basta! Não diga mais!
É o Silvério de Magalhães!
ZÉ – Bravo! (Pausa) Há aí um
mocinho que tem sempre tanto calor na cabeça, que nunca traz chapéu.
Quem é?
SABE-TUDINHO – Ora! É o Dias, o
aspirante!
ZÉ – Quem está sempre a dormir nas
sessões solenes?
SABE-TUDINHO – O Dr. Peixinho!
ZÉ – Um Dr. pequenino, direitinho,
pautadinho, sempre a pestanejar?
SABE-TUDINHO – O do Registo Civil;
ZÉ – Homem forte, de muitas carnes,
que, se um dia quiser ser bispo, há-de sê-lo, e ultimamente tem a
mania de emagrecer... para engordar?
SABE-TUDINHO – Sim, Senhor, muito
difícil! (De repente) o Dr. Zé Soares!
ZÉ (Para Pangloss) – Não há
maneira de o apanhar em falso! (Pausa, pensando) Ora diz lá.
Há quantos anos anda a Avenida em construção?
SABE-TUDINHO – Há que tempos! Ainda
eu não era nascido!
ZÉ – E quando estará concluída?
SABE-TUDINHO – Quando as galinhas
tiverem dentes, e cabelo o Dr. Luís do Vale.
ZÉ – És um perfeito alho!
PANGLOSS – Yes! Exacte! Uma perfeita
alha!
ZÉ – Quem é o president:e da
Sociedade Protectora dos Animais, cá na terra dos ovos-moles?
SABE-TUDINHO – O Luís da Clarinha!
ZÉ – Porquê?
/ 47 /
SABE-TUDINHO – Porque tem carro de
cavalos e está sempre a turrar com sono.
ZÉ – Que estudas tu?
SABE-TUDINHO – Tudo: todas as
línguas e todas as ciências!
ZÉ – E para que serve isso?
SABE-TUDINHO – Para se avaliar a
distância que vai de mim a você.
ZÉ – Fechaste com chave de oiro,
rapaz! Venha de lá um abraço! Mas põe-te em pé!
SABE-TUDINHO – Uma pessoa da minha
categoria não dá abraços a pelintras. (Pangloss ri-se de vontade)
SABE-TUDINHO (Imitando-o) –
Sabe-Tudinho não ter aulas e vir espairecer ao Largo das Garçonas.
ZÉ – E para onde vais?
SABE-TUDINHO (Cantando) –,
Toca a raspar...
toca a brincar!
Viva a folia,
viva a magia!
Que reinação,
que empalmação
em livros dar!
Só sei cabular.
À aula não vou;
madraço eu sou.
Verdade, não minto;
só digo o que sinto:
melhor é brincar
que o estudar.
Viva a folia!
Viva a magia!
Se à aula vou
e se me chamou
o mestre mau,
fico de pau!
Boca fechada,
língua parada;
não sei falar:
só sei cabular!
E no fim, que entalação!
Chegados ao São João,
zás! Zero na caderneta!
E em casa... cacholeta!
(Declamando) Até sempre, seu
Zé! Até sempre, seu Pangloss! (Vai a sair)
PANGLOSS – Conheces-me?
SABE-TUDINHO – Não conheço eu outra
coisa! Não que eu tenho um mano também sôbolo baixo, que sabe
Alemão! (Puxa pelo casaco de Pangloss e sai fazendo fosquinhas)
*
ZÉ – Levadinho da breca, o tal
Sabe-Tudinho! (Vem de dentro uma bola, direita ao Zé) Oh! cos
diabos! Viva o bolismo nacional! Hoje como ontem, amanhã como hoje,
o que reina é a bola! Irra, que é demais! (Entram dois bolistas
devidamente equipados)
*
1.º BOLlSTA – Qual Beira-Mar, qual
carapuça! O Beira-Mar, no desafio de ontem, no Stadium de S.
Domingos, não deu uma prá caixa!
2.º BOLlSTA – Ora mete a violinha no
saco, anda! Os Galitos, coitados, nem têm centros, nem guarda-redes,
nem pontas, nem coisíssima nenhuma! Uma miséria!
PANGLOSS – Dá licence? Senores
acreditar ainda na eficácia do bolisme no apuramento da raça?
BOLlSTAS (Cantando) –
Sem dúvida nenhuma,
é esta a salvação
dum país moribundo,
dum país sem acção!
Com bola ou sem ela,
a correr, a remar,
a rasgar a farpela
– tudo é avançar.
a rasgar a farpela
– tudo é avançar.
Se cá neste país
houvesse uma bola,
não estávamos hoje
a pedir esmola!
Já vêem, pois Senhores,
sem que eu seja carola,
que todo o progresso
dimana da bola!
que todo o progresso
dimana da bola!
ZÉ – Então donde é a vinda?
1.º BOLlSTA – Vimos do Porto, de
assistir ao desafio do V Portugal-França. Foi lá meio Aveiro!
ZÉ – Sob a presidência e direcção de
quem?
2.º BOLlSTA – Dos dois mais
entusiásticos aficionados... que nunca deram um pontapé: o Capitão
Gamelas e o Augusto Decrook.
1.º BOLlSTA – Obrigado (Aplica um
pontapé no Zé)
2.º BOLlSTA – Obrigadinho! (Idem.
Saem, correndo)
*
/ 48 /
ZÉ – Apre que são brutos! (Pausa)
E aqui está com o que se preocupa Portugal inteiro! Triste sintoma!
Fervem telegramas nos placards, trabalha a T. S. F., os
jornais trazem parangonas de légua e meia e acabou-se. Não saímos
disto! (Entram Populares e a Junta Autónoma)
POPULARES – Viva a Junta!
PANGLOSS (Para Zé) – Que ser?
ZÉ – Outra manifestação.
JUNTA (Cantando) –
Quer vocês queiram, quer não,
havemos de ter um porto!
POPULARES E JUNTA (Idem)
Olaré, sou tua (teu);
não o digas a ninguém!
Olaré sou tua (eu),
Ó meu rico bem!
Olaré, sou tua (teu);
não o digas a ninguém!
Olaré sou tua (eu),
Ó meu rico bem!
POPULAR –
Engenharias baratas
não passam de mero aborto!
TODOS – Olaré, etc.
POPULAR –
Nesta terrinha de Aveiro,
muita para pouca uva!
TODOS – Olaré, etc.
POPULAR –
Às vezes fazem-se coisas...
‘Stão a pedir muita chuva!
TODOS – Olaré, etc.
ZÉ –
Se a nossa Junta trabalha
Trabalhemos igualmente!
TODOS – Olaré, etc.
ZÉ –
E a cidade de Aveiro
será cidade excelente!
TODOS – Olaré, etc.
(Dançam todos)
Cai o pano
Fim do 2º acto
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