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N.º 12

Publicação Semestral da Junta Distrital de Aveiro

Dezembro de 1971 

Viseu – Aveiro de mãos dadas


Dois distritos amigos e vizinhos

De mãos dadas, muito firmes e juntinhos.

Fazem hoje, aqui, o juramento.

 

Que enquanto não puderem conviver.

Por via que se possa percorrer,

Não terão sossego um só momento.

 

 

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O abraço amigo dos Governadores Civis de Viseu e Aveiro.

No passado dia 10 de Outubro Aveiro foi a Viseu. Aveiro-Cidade, Aveiro-Ria, recebeu o abraço amigo, sincero, mesmo fraterno, de Viseu.

No limite dos distritos Aveiro e Viseu abraçaram-se. Nos Paços do Concelho teve lugar a sessão de amizade. O Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Dr. Juiz Nelson Bento do Couto, saudou as Autoridades Aveirenses em termos repassados da maior alegria, expressando o júbilo das gentes Viseenses ao receberem Aveiro, manifestando a mais viva esperança quanto aos frutos de tão auspicioso como promissor encontro. Para tanto, são fundamentais os interesses comuns que a todos necessário se torna concretizar.

Em resposta, o Presidente do Município Aveirense, Dr. Artur Alves Moreira, ao agradecer tão festiva recepção, rendeu as mais sentidas homenagens às Autoridades e ao Povo de Viseu, enaltecendo o alto significado da visita que motivará amplo estreitamento de / 20 / relações e profícuo entendimento e colaboração, em ordem a atingir-se, fundamentalmente, um intercâmbio social, cultural, económico e turístico, que, é evidente, resultará da concretização da comum e urgente aspiração: a grande rodovia Aveiro-Viseu.

Acerca de tão importante cometimento, falaram, também, e de que maneira, os Poetas Viseenses.

Seguiu-se a visita informal em que as leis do protocolo cederam radicalmente às que se fundam na mais sã e pura amizade.

Viseu recebeu Aveiro como só Aveiro receberá Viseu.

Viseu e Aveiro falaram, também, pela voz dos seus mais autorizados representantes.

Das palavras proferidas pelos dois Governadores Civis, destacamos as que se seguem, às quais juntamos o que a pena inconfundível de Eduardo Cerqueira escreveu há mais de uma década, e com elas concluímos:

 

VISEU-AVEIRO DE MÃOS DADAS

Governador Civil de Viseu: O Rio Vouga vai destas terras altas da Beira juntar-se, lá em baixo, às águas do Atlântico. Iniciou-se agora uma jornada grande de fraternidade entre povos ligados por esse elemento – irremovível, porque o que Deus une o homem não pode separar.

Governador Civil de Aveiro: Às quatrocentas e trinta mil almas de Viseu juntam-se quinhentas e cinquenta mil almas aveirenses – quase um milhão –, treze por cento, feitas as contas, no cômputo demográfico do País. E hoje sairemos daqui mais compenetrados de que, começando Aveiro na viseense Serra da Lapa e terminando Viseu na Ria, os nossos comuns interesses, se valorizados pelo empenho comum de verter em riqueza as nossas imensas potencialidades, serão enorme e desejável e permanente contributo para a riqueza nacional.

 

ONDE NASCE O VOUGA

«Aveiro é lá em baixo, na terra rasa e branda de ao pé do mar. Viseu fica cá pelo alto, cá pelos cimos maciços e majestosos, no centro geográfico e administrativo da região onde brota o Vouga. O rio corre infatigavelmente a levar-nos a vossa água, a linfa da vossa terra – dador eterno do sangue das veias dos vossos agros, que se empobrecem em nosso proveito. Algures desponta singelo como uma fonte; e depois é arroio, e adiante regato, e por múltiplos contributos engrossa e dilata-se; serpeia, saltita pressuroso, vence obstáculos com afã e alvoroço e, como se uma bússola tirânica lhe impusesse o caminho, busca, inalteravelmente a nossa Ria.

É uma prova de amor perpétuo e um consórcio indissolúvel cada dia renovado.

Aqui há uns quantos milhares de anos, estas boas terras de Viseu eram já velhas – e as que circundam Aveiro ainda não existiam.

O rio carregou materiais sem descanso, dia após dia, ano atrás de ano e por séculos sem conta. E, assim, esta terra generosa ajudou a formar a minha, numa oferenda altruísta e constante que data das idades geológicas e perdurará por incalculáveis tempos.

E o rio, que não cessa de correr e só à beira da nossa porta abranda a marcha para chegar, manso, numa carícia; o Vouga que, num ambiente de geórgica, se derrama amorosamente na laguna – e lhe adoça o marinho travo salgado – abriu um trilho, rasgou uma senda e imprimiu um sentido permanente no fluir para os nossos plainos, que dos elementos físicos se comunicou às predilecções humanas.

Atrás do rio seguiu a gente com o seu abraço fraterno e as reiteradas demonstrações de muito afectuosa solidariedade.»

 

páginas 19 e 20

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