Vaz Ferreira, Condes da Feira, Vol. XIX, pp. 81-106.

CONDES DA FEIRA

ANTECESSORES

ANTES de enumerar os titulares do condado da Feira, necessárias são algumas palavras sobre os seus antepassados.

Um fidalgo leonês chamado Rodrigo Forjaz esteve no condado portugalense no tempo do conde D. Henrique, deixando a sua confirmação na carta de privilégios da Cornelhã aos 9 de Dezembro de 1097.

O seu filho, D. Gonçalo Rodrigues da Palmeira, veio para Portugal fugido, por ter dado, junto ao paço do rei de Leão, num D. Fernando Gutierrez, que o desmentira, tal espadeirada «per cima do ombro que o talhou ataa cinta». Casou com D. Urraca Viegas, filha do aio D. Egas Monis e foram pais do primeiro fidalgo que usou o apelido Pereira: D. Rodrigo Gonçalves de Pereira.

Proveio-lhe este apelido de uma quinta que comprou ou fez na Riba do Ave.

É possível ter sido este o D. Rodrigo Forjaz, o Moço, que, tendo estado na batalha das Navas de Tolosa aos 6 de Julho de 1212, adoptou por armas a cruz floreada e aberta no campo, em memória da aparecida no céu a guiar os combatentes.

Este D. Rodrigo Gonçalves de Pereira, sabendo que sua mulher D. Enês Sanches cometia adultério com um frade do Boiro no seu castelo de Lanhoso, chegou aí, cercou as portas da fortaleza e queimou a esposa infiel, o frade, os homens e as mulheres, as bestas, os cães, os gatos e as galinhas, a câmara e os panos de vestir e camas e não deixou coisa móvel. E perguntando-lhe alguns porque queimara os homens e as mulheres, respondeu que aquela maldade havia dezassete dias que se fazia e que não podia ser que tanto durasse sem eles entenderem alguma coisa suspeita que deveriam descobrir. Assim conta o caso o Livro de Linhagens do CONDE D. PEDRO. [Vol. XIX - N.º 74 - 1953] / 82 /

Não ficou o D. Rodrigo de Pereira escarmentado e tornou a casar com D. Sancha Henriques de Portocarrero e deles foi filho D. Pedro Rodrigues de Pereira, campeão do bispo do Porto D. Martinho Rodrigues e vencedor da batalha de Trasconho ou Crastonho, entre Paço de Sousa e Valongo, na qual assassinou barbaramente D. Pedro de Poiares, seu primo co-irmão. Casou o D. Pedro Rodrigues de Pereira com D. Estefânia Ermiges de Teixeira e tiveram um filho que veio a ser D. Gonçalo Pereira, o Liberal, conde de Trastâmara e viveu no tempo de D. Dinis, no último quartel do século XIII e no primeiro do seguinte. Casou em primeiras núpcias com D. Urraca Vasques Pimentel e o filho de ambos, também chamado D. Gonçalo Pereira, foi criado no paço de D. Dinis, estudante da universidade de Salamanca, prior da freguesia de S. Nicolau da vila da Feira, deão da Sé do Porto, bispo eleito de Évora, encarregado de negócios em Roma, bispo de Lisboa a 21 de Agosto de 1322 e arcebispo de Braga em 1326. Além de sacerdote era guerreiro, desbaratara o exército castelhano de D. Fernando Rui de Castro em 1336, quando entraram por Douro e Minho muitas gentes de armas, chegando até ao Porto, no tempo das desinteligências de D. Afonso IV com o genro Afonso XI de Castela, e tomou parte na batalha do Salado aos 30 de Outubro de 1340. Morreu em Dezembro de 1348, como diz o seu epitáfio. Teve muitos bastardos, entre os quais um de D. Teresa Pires Vilarinho, senhora fidalga, dizem uns, mulher reles de Salamanca, na opinião de JÚLIO DANTAS.

Este filho da D. Teresa veio a ser D. frei Álvaro Gonçalves Pereira. Levou o Santo Lenho na batalha do Salado, esteve em Rodes e tal valor militar demonstrou que o grão mestre dos Hospitalários o fez balio de Leça e prior da Ordem em Portugal. Dizem-no alguns prior do Crato; mas é erro anacrónico, porque no tempo dele é que o Crato começaria a tornar-se sede de uma casa da Ordem. Foi este D. frei Álvaro quem avisou D. Pedro do trama contra D. Inês de Castro. Tão contrário à barbaridade do pai como à rebelião do filho, defendeu o Porto contra D. Pedro até conseguir, com o auxílio da rainha D. Beatriz, apaziguar a contenda. Em complemento da composição de Canavezes, em Agosto de 1355, na qual o bom frade não interveio, fez-se outro acordo jurado a 14 de Janeiro de 1356 pelo Infante e a 16 pelo Rei nas mãos de D. frei Álvaro. Deixou trinta e dois bastardos, entre os quais um filho de D. Iria Gonçalves do Carvalhal, filha de Álvaro Gil do Carvalhal, senhor de Évora-Monte e alcaide de Almada, que veio a ser o santo condestável D. Nuno Alvares Pereira.

O conde de Trastâmara, D. Gonçalo Pereira, o Liberal, também deixou um bastardo filho de D. Marinha Vasques / 83 / «senhora galega, mulher solteira nobre e formosa» segundo AMADO DE AZAMBUJA. Deu-lhe D. Dinis carta de legitimação e chamou-se D. Rui Gonçalves de Pereira, sendo senhor de Covelas de Riba de Ave. Distinguiu-se na batalha do Salado e recebeu uma intimação por diploma oficial de 7 de Abril de 1347. Casou com D. Berenguela Nunes Barreto que lhe deu três filhos: Rui, Álvaro e Gonçalo.

O mais velho, D. Rui Pereira, o Bravo, alcaide-mor de Santarém e senhor de Montargil, foi quem matou o conde João Fernandes Andeiro aos 6 de Dezembro de 1383, atravessando-o com a espada, depois do Mestre de Avis o ter ferido no pescoço. Comandou D. Rui Pereira cinco naus das dezassete que, com outras tantas galés, foram do Porto ao Tejo bater a esquadra castelhana na gloriosa manhã de 18 de Julho de 1384. Quando a bordo da nau «Milheira» quis respirar melhor ou limpar o suor, ergueu a viseira e um virotão castelhano matou-o cravando-se-lhe entre os olhos.

Os dois irmãos de D. Rui Pereira, o Bravo, Álvaro Pereira, senhor do castelo de Elvas por carta de 27 de Fevereiro de 1361, e Gonçalo Pereira, foram as testemunhas da declaração feita por el-rei D. Pedro, em Cantanhede, aos 12 de Junho de 1361, de ter casado com D. Inês de Castro.

O filho do D. Rui Pereira, o Bravo, D. Álvaro Pereira, era marechal da hoste do Mestre de Avis e este, dois dias depois de aclamado rei, deu-lhe, aos 8 de Abril de 1385, a Terra de Santa Maria. O D. Álvaro logo em Julho de 1386 «morreu de uma lançada que lhe deram estando com o dito rei sobre Córria», segundo diz BELCHIOR DE ANDRADE LEITÃO no tomo XV das Famílias nobres de Portugal, manuscrito da Biblioteca da Ajuda.

Ao marechal sucedeu no senhorio da Terra de Santa Maria o filho João Álvares Pereira, por confirmação de 19 de Agosto de 1386, registada de folhas 106 verso a 108 de livro 13.º da Estremadura. Deve ter nascido na segunda metade do século XIV, porque foi ao cerco de Tânger acompanhado pelo filho, Fernão Pereira, e teria então mais de quarenta anos. RUI DE PINA no tomo I da Crónica de D. Duarte a páginas 150 dá o João Álvares e o Fernão como guardas do arraial na quinta-feira 3 de Outubro de 1437. Encarregado o João Álvares Pereira por D. Afonso V de capitanear e dirigir os do Porto contra o desventurado infante D. Pedro, estava a 15 de Maio de 1449 em Vila Nova de Gaia pactuando com os da beetria a fórmula das suas ordens, sem que o deixassem permanecer na cidade mais dos três dias marcados nos seus privilégios.

Fernão Pereira nasceu por 1403, mas já era maior quando a carta de 28 de Fevereiro de 1428, registada na Chancelaria de D. João I, livro 4.º, folhas 109 verso, lhe permitiu empenhar / 84 / terras da coroa ao dote e arras da sua esposa D. Isabel de Albuquerque. Foi escudeiro de D. Duarte ainda infante. Esteve, como disse, no palanque de Tânger e em 19 de Novembro de 1448 foi-lhe concedido o castelo da Feira com obrigação de o corrigir, reparar e refazer. Nele ficou bem apercebido e seguro, quando em Maio de 1449 o pai foi capitanear a defesa do Porto contra presumidos ataques do regente D. Pedro. Restaurou o Castelo da Feira, dando à torre de menagem o aspecto que ainda hoje conserva e, por morte do seu pai, foi-lhe confirmada a doação da Terra de Santa Maria, Cabanões de Ovar, Cambra e Refoios, aos 5 de Abril de 1453, por carta registada de folhas 106 verso a 108 do livro 13.º da Estremadura. Duas vezes casou Fernão Pereira. A primeira com D. Isabel de Albuquerque, filha de Pedro Vasques da Cunha, segundo senhor de Angeja, Pinheiro, Pereira, Assequins, Bemposta, Figueiredo e do couto da Castanheira, e de D. Helena ou Teresa de Ataíde. Foi a D. Isabel a mãe do Rui Pereira, futuro primeiro conde da Feira, e era irmã de João de Albuquerque. A segunda esposa do Fernão Pereira foi D. Maria de Berredo donzela da primeira mulher de D. Afonso V, a rainha D. Isabel, sendo o contrato deste segundo casamento aprovado por carta de 8 de Outubro de 1451, registada na Chancelaria de D. Afonso V, livro 35.º, folhas 92. Contra o Fernão Pereira intentou o João de Albuquerque, seu cunhado, um pleito pedindo a posse dos termos de Cabanões e de Ovar, sendo a decisão final de 23 de Julho de 1453 favorável ao Fernão Pereira.

Esse João de Albuquerque, senhor de Angeja, desbaratara, aos dezasseis anos, o rei da Grã Canária e esteve depois no cerco de Tânger. Em Fevereiro de 1428 estava noivo de D. Catarina, filha do João Álvares Pereira. Mas o belo túmulo dele transferido a 20 de Setembro de 1945 da capela da Senhora da Misericórdia na igreja de S. Domingos de Aveiro para o Museu Regional da mesma cidade diz que ali jaz com D. Helena (irmã da D. Catarina) «huã soo sua molher». Ainda não está bem averiguado este caso de estar noivo de uma e ser a outra uma só sua mulher.


1.º CONDE
RUI PEREIRA − D. RODRIGO PEREIRA
1428-31 † 1486

O primeiro conde da Feira foi o filho de Fernão Pereira e de D. Isabel de Albuquerque que tinham ajustado casamento quando a carta de 28 de Fevereiro de 1428, registada na Chancelaria de D. João I, livro 4.º, folhas 109 verso, permitiu empenhar terras da coroa à garantia do dote e arras / 85 / prometidos à esposada. Já estavam casados a 4 de Junho de 1432, ao mandar outra carta, registada na Chancelaria de D. Afonso V, livro 18.º, folhas 69 verso, pagar-lhes um conto e cem mil libras de tença anual.

O seu primogénito, portanto, o mais cedo que pode ter vindo ao mundo é nos últimos dias de 1428.

Em Julho de 1456 cedeu Rui Pereira direitos no contrato de casamento da sua irmã D. Mécia com Martim Mendes de Berredo, mostrando assim ter mais de vinte e cinco anos e portanto ter nascido antes de Julho de 1431.

Logo em rapaz este Rui Pereira mostrou o que viria a ser, nuns amores com uma menina de Aveiro, dos quais nasceu um bastardo. O impetuoso fidalgo resolveu raptar a mãe e a criança. Fê-lo; mas o pai da rapariga, João Vaz, capitão de besteiros, acorrendo com os seus apaniguados, apanhou o raptor em Bertufe, perto de Válega. Levou a filha para o convento de Santa Clara em Coimbra e deixou o neto bastardo em poder do Rui Pereira. Foi o pequeno criado no Castelo da Feira, vindo a chamar-se D. João, o Mulato, não por ser tisnado da pele ou de raça atravessada, «mas porque» (como diz BELCHIOR DE ANDRADE LEITÃO) «sendo moço dava aos fidalgos muitos couces no paço, e no português antigo chamavam aos machos mulatos». Era mulato por saber escoicinhar como os machos irmãos das mulas.

Depois de, em 20 de Junho de 1456, uma carta régia dar a autorização, como consta da Chancelaria de D. Afonso V, livro 13.º, folhas 7 verso, casou o Rui Pereira com a donzela da rainha D. Isabel D. Leonor de Berredo, filha de Gonçalo Pereira, o das Armas, de Riba de Vizela, segundo senhor de Cabeceiras de Basto, e de D. Maria de Miranda, bastarda do arcebispo de Braga, D. Martim Afonso da Charneca, do conselho de D. João I, com quem esteve «em a grã batalha real» de Aljubarrota.

Esta D. Leonor de Berredo era irmã de D. Maria de Berredo, casada desde 1451 com Fernão Pereira e por isso madrasta do Rui Pereira, agora seu cunhado, além de seu enteado.

Foi o Rui Pereira, ainda em vida do pai, senhor do julgado de Refoios de Riba de Ave, de que estava de posse como se vê da carta régia de 6 de Julho de 1459; mas só herdou o senhorio da Terra de Santa Maria e outros por carta de 21 de Dezembro de 1467, registada na Chancelaria de D. João II, a folhas 126 verso do livro 8.º

Não esteve o Rui Pereira no palanque de Tânger, em 1437, como alguns dizem, porque só teria uns seis a oito anos.

Foi guerreiro destemido, assistindo à tomada de Arzila aos 24 de Agosto de 1471 e praticando esforçados feitos na guerra da sucessão de Castela, no comando durante a batalha / 86 / de Tara, a 1 de Março de 1476, da vanguarda ligada ao centro da divisão do conde de Faro, D. Afonso, terceiro filho de D. Fernando segundo duque de Bragança.

Dizem alguns linhagistas que, a certa altura da vida, impando de nobre prepotência e rico pelas traficâncias do seu negócio, se deu ao luxo de intitular-se conde «sem licença de el rei» ou «sem vontade de el-rei» como escrevem XISTO TAVARES e DAMIÃO DE GÓIS. Poderia ter sido isto antes de governar D. João II, porque este não era de estofo de consentir títulos sem seu aprazimento. Outros inventaram que obteve o título de conde de Monsanto e o trocara pelo de conde das suas terras ou conde da vila e do castelo da Feira.

Aparece-nos, no alvará de 16 de Maio de 1481, registado na Chancelaria de D. João lI, livro 3.º, folhas 43 verso, uma referência ao conde D. Rodrigo Pereira, ainda em vida de D. Afonso V, que só deu a alma a quem tinha de dá-la aos 28 de Agosto desse ano de 1481. Daqui nos vem a certeza de ter sido D. Afonso V quem criou o condado da Feira.

Foi atribuída à criação deste condado a data de 14 de Janeiro de 1452; mas não pode acreditar-se. Rui Pereira teria então entre vinte e um e vinte e quatro anos, sendo menor e estando vivo o pai, Fernão Pereira, senhor da Terra de Santa Maria.

O padre mestre PEDRO DA CONCEIÇÃO, nos princípios do século XVIII, fantasiou a morte prematura de D. João, o Mulato, bastardo do primeiro conde da Feira, a orfandade do seu filho D. Álvaro (que morreu antes do pai) e toda uma demanda posta pela viúva do Mulato (com o marido vivo), em representação do órfão (com os pais vivos), contra o segundo conde da Feira D. Diogo (que nunca foi chamado a juízo).

O certo é que D. Diogo foi apossado pacífica e serenamente da sucessão incontestada do pai pela carta de 7 de Dezembro de 1486, duplamente registada na Chancelaria de D. João II a folhas 115 do livro 8.º e no livro 13.º da Estremadura de folhas 106 verso a folhas 108.

Por mero acaso, durante um carnaval, aos 9 de Fevereiro de 1945, quando procurava dados genealógicos dos ascendentes feirenses do grande marquês de Pombal, deparou-se-me, em nota de um velho cartapácio, no desbotado castanho de um cursivo de bom talhe e muito legível, dos começos do século passado, nos espaços brancos das árvores do Teatro Genealógico de D. TIVISCO DE NASAO ZARCO Y COLONA, página 173, a seguinte apostila:

«1.º Conde da Feira Rui Per.ª e s. desta Villa por m.ce d'El Rey D. Aff.º 5.º que o fez conde por Carta de 12 de Jan.º de 1472.»

/ 87 / O exemplar do Teatro Genealógico está na Biblioteca Municipal da Feira e proveio do Porto, tendo pertencido ao dr. José Henriques Pinheiro. Impossível é averiguar quem fosse o meticuloso anotador, cujos apontamentos são rigorosos e verídicos.

No começo de 1472, tomada Arzila aos 24 de Agosto do ano anterior, com a cooperação do Rui Pereira, pode bem caber a mercê do condado da Feira ao companheiro de armas do rei, por se ter distinguido no assalto à praça africana, tanto mais que é corrente a afirmação de ter esse rei vindo ao Castelo da Feira quando, dez anos antes, esteve em Aveiro e aos 15 de Janeiro de 1462 lançou, com o bispo de Coimbra, D. João Galvão, a primeira pedra do convento de Jesus, onde viveu e morreu em cheiro de santidade a sua filha primogénita, irmã de D. João II, Santa Joana, canonizada a 4 de Abril de 1693, posta no seu lindo túmulo de jaspe aos 25 de Outubro de 1711 e agora popularizada em estampilhas postais menos azambradas do que é costume.

Possuía o Rui Pereira navios seus que faziam o transporte e o comércio de mercadorias por ele próprio alealdadas na alfândega do Porto. De uma dessas vezes veio das suas terras de Refóios e entrou na cidade aos 26 de Maio de 1474. A despachar mercancias vindas nos seus navios demorou-se na alfândega portuense mais dos três dias permitidos pelos foros da beetria a titulares, fidalgos, cavaleiros, abades bentos, priores, comendadores e outras pessoas poderosas de qualquer estado ou profissão que fossem, como era seu direito e repetiu ainda a carta régia de 24 de Setembro de 1476 transcrita no Corpus Codicum, volume I, fascículo lII, 546. O populacho, cioso dos foros da beetria portuense, lançou fogo à casa da colaça do conde da Feira, Leonor Vaz, de onde teve de sair lançando-se de uma janela, por entre chamas, para, protegido por Fernão de Álvares Baldaia e outros vereadores, atravessar o Douro, a caminho para a sua Terra de Santa Maria, no dia 1 de Junho de 1474.

Tudo isto narra, com o possível rigor histórico, ARNALDO GAMA no seu romance A última Dona de S. Nicolau.

Não acabaram aí as turbulências do primeiro conde da Feira, que nas cortes de Évora em 1481 teve uma grave pendência terminada em luta entre os dois contendores e os seus homens de armas. O antagonista foi o quarto conde de Marialva, D. Francisco Coutinho, meirinho mor de D. Afonso V, D. João lI, D. Manuel e D. João III. Era filho do segundo conde de Marialva, D. Gonçalo Coutinho, e irmão e sucessor de D. João Coutinho, terceiro conde de Marialva, desde 8 ou 13 de Abril de 1465 a 24 de Agosto de 1471, e noivo de D. Catarina, filha do segundo duque de Bragança D. Fernando.  / 88 /

Do conde D. João Coutinho era o cadáver perante o qual D. Afonso V, ao armar cavaleiro D. João lI, depois da tomada de Arzila, disse, como refere HENRIQUE LOPES DE MENDONÇA no drama O Duque de Viseu:

«Meu filho, Deus te faça
Tão leal cavaleiro e tão rija couraça
Como esse que além jaz.»

Mas LOPES DE MENDONÇA acrescenta o erro histórico da praxe nos nossos escritores descuidados:

«Esse cadáver sobre
O qual se ergueu, radiante, o meu sonhar de glória,
Que é para mim sagrada e fúlgida memória,
Conde de Marialva, era de vosso pai.»


Não era pai, era irmão. Esta emenda, por causa da rima, obrigava a outra:

... era de vosso irmão.

         MARIALVA
Meu rei e meu senhor, obrigado!

           EL REI
(Substituir «Falai!» por:) E então?
Que requereis?


Toda esta interrupção vem a propósito porque a D. Leonor Coutinho casada com D. João, o Mulato, bastardo do primeiro conde da Feira, era filha de Lourenço Pires de Távora, senhor de Ranhados e morgado de Caparica, e da sua mulher, D. Maria Teles de Meneses, irmã desses terceiro e quarto condes de Marialva e filha do segundo conde D. Gonçalo Coutinho.

Como se não sabe a data certa do nascimento do primeiro conde da Feira, também se ignora a da sua morte ocorrida, em 1486, visto ser do fim deste ano a confirmação da casa ao seu filho.

A viúva do primeiro conde da Feira, D. Leonor de Berredo, retirou-se para o convento de Jesus de Aveiro, onde professou em 1489 e morreu em 1497.

Deixou o primeiro conde da Feira, além do seu sucessor, uma filha, D. Isabel de Albuquerque, casada com Cristóvão Falcão de Sousa, senhor de Pereira.   / 89 /

 

2.º CONDE
D. DIOGO PEREIRA 1457-61 † 17 Agosto 1509

D. Diogo Pereira, primogénito e sucessor do conde Rui Pereira, deve ter nascido entre Março de 1457 e Dezembro de 1461, porque os pais casaram depois de Junho de 1456 e era maior em fins de 1486, ao tempo do seu casamento e da morte do pai. Em Outubro de 1464, quando morreu a mais velha das filhas do Fernão Pereira, sua tia D. Mécia, no convento de Aveiro, era «ainda menino» tendo o máximo sete anos e meio.

Foram-lhe confirmadas as terras e graças de seu pai pela carta de 7 de Dezembro de 1486 e do Castelo da Feira teve confirmação por carta da mesma data, registadas a folhas 81 do 'livro 1.º e a folhas 105 e 106 do livro 13.º da Estremadura. Estas confirmações provam que não houve dúvidas nem questões sobre a sucessão do primeiro conde da Feira.

Quando em fins do ano de 1493 se realizou pomposamente o casamento do malfadado príncipe D. Afonso, filho de D. João II com a infanta de Castela D. Joana, houve em Évora magnífico torneio começado na quinta-feira, 23 de Dezembro, e durando até domingo 26. D. João lI foi o principal mantenedor com mais outros oito dos mais ilustres fidalgos. O duque de Beja, mais tarde D. Manuel I, com mais seis outros nobres, foram os aventureiros que primeiro pisaram a liça, seguindo-se depois outros com seus pajens e moços de estribeira em número superior a cinquenta. Cada um desses aventureiros levava seu mote e a imagem de um santo patrono. Entre eles estava o senhor da Terra da Feira, D. Diogo Pereira, futuro conde, que trazia a imagem do arcanjo S. Miguel com as balanças na mão e esta divisa:

Si a mi gran querer y fez
galardon tiene defesa
tu lo pesa.

Não consta que o futuro segundo conde da Feira alcançasse nenhum dos principais prémios do torneio. Os dois primeiros foram conferidos ao rei príncipe perfeito e consumado cavaleiro. Apesar de ter assim tomado parte nos festejos do casamento do príncipe, não conseguiu o D. Diogo a pronta confirmação do título de conde. Ainda as cartas régias de D. Manuel de 9 e 10 de Março de 1496, registadas / 90 / no livro 13.º da Estremadura de folhas 79 verso a 81 verso, confirmando-lhe as doações do Castelo e da Terra da Feira, não lhe dão outro título além do do conselho.

Só em 1501 aparece conde da Feira o D. Diogo num auto do corregedor da Estremadura datado de 15 de Janeiro e em duas sentenças de 1 de Setembro, resolvendo contra ele a questão levantada pelos povos da vila da Feira, queixosos de excessos nos foros, rendas e portagens. Vieram para intimar-lhe a sentença aos 11 de Outubro de 1501, mas... ele conversou com os meirinhos e tal et coetera e a intimação gorou-se.

Estando el rei D. Manuel I no Castelo da Feira, aos 5 de Outubro de 1502, é que, de propósito, por simples coincidência, ou ainda por aproveitado ensejo, a tal sentença foi publicada ao conde D. Diogo. Esteve presente à publicação outro D. Diogo de Noronha, filho do primeiro marquês de Vila Real, D. Pedro de Meneses, falecido em 1499. No fim chegaram o então segundo marquês D. Fernando de Meneses e D. Henrique, irmãos desse D. Diogo, e o conde da Castanheira D. Pedro de Meneses, todos da comitiva deI rei, como consta do processo existente na gaveta X, maço 12, número 16, da Torre do Tombo. O D. Fernando de Meneses, segundo marquês de Vila Real, fora aventureiro no torneio de Évora, como o D. Diogo conde da Feira, sendo depois conde de Alcoutim, de Vila Real e de Valença e capitão de Ceuta; tinha nascido em 1463 e morreu em 1523. Neste processo e na intimação feita durante a visita régia ao Castelo da Feira é dado o título de conde ao D. Rodrigo Pereira, o que bem prova tê-lo já obtido, mas a mais antiga carta régia conhecida onde seja tratado por conde é de 26 de Dezembro de 1503, como se vê na Chancelaria de D. Manuel, livro 21.º, folha 24. Existem outras cartas régias posteriores, chamando conde ao D. Diogo Pereira, datadas de 3 de Dezembro de 1503, de 15 e 23 de Janeiro de 1504, registadas com a de 26 de Setembro, e ainda a de 15 de Abril de 1510 registada a folhas 104 do livro 13.º da Estremadura.

Era este D. Diogo, segundo conde da Feira, da raça do pai e do bisavô que ambos tiveram testilhas com os burgueses do Porto, e teimou em exigir aos povos das suas terras mais que o conteúdo nas inquirições de 1251 chamadas impropriamente foral velho. Os feirenses precisaram de pedir nova cópia desse documento para fundamentar as suas reclamações, em 4 de Fevereiro de 1509. Felizmente foi passada e é o único exemplar que se tem encontrado dessa parte das tão importantes inquirições de 1251.

Morreu o segundo conde da Feira a 17 de Agosto de 1509, impenitente, relapso e teimoso em vexar os povos das suas terras.  / 91 /

Casara em Dezembro de 1486 com D. Brites ou Beatris de Meneses e Castro Noronha, filha de D. João de Noronha, o Dentes, governador e capitão de Ceuta, combatente em Alcácer Ceguer, prisioneiro em Toro e governador da casa de D. Joana, a Excelente Senhora, irmão do marquês de Vila Real e terceiro conde de Monsanto por cabeça da sua mulher D. Joana de Castro, senhora da casa de Monsanto por carta de 19 de Abril de 1496 e de Cascais por carta de 18 do mesmo mês e ano e falecida em 1497. Para este consórcio do segundo conde da Feira concedeu a carta de 5 de Dezembro de 1486, registada a folhas 122 do livro 8.º da Chancelaria de D. João lI, licença de poder obrigar as rendas das terras de Cambra e Refóios ao dote, sendo o contrato matrimonial aprovado como consta do mesmo livro a folhas 115. Este casamento ligou a casa da Feira às famílias reais de Portugal, Castela, Aragão, etc.

Destes segundos condes da Feira foi filha D. Joana de Castro «uma das mais honradas e valorosas senhoras do seu tempo», como se lê no seu túmulo. Casou com João da Silva, sexto senhor de Vagos por carta de 6 de Julho de 1540, regedor das justiças por alvará de 4 de Fevereiro de 1518 e carta de 17 de Fevereiro de 1522, alcaide-mor de Lagos por carta de 14 de Fevereiro de 1532 e falecido a 11 de Agosto de 1557. D. Joana de Castro e João da Silva foram os pais de D. Ana de Meneses que veio a casar com o primo, D. Diogo Forjaz Pereira, quarto conde da Feira.


3.º CONDE
D. MANUEL PEREIRA
1488 † 4 Outubro 1552

Calculo que D. Manuel Pereira tenha nascido em 1488. Os pais, segundos condes da Feira, casaram no fim de 1486 e houve um primogénito, também D. Manuel, que deve ter vivido pouco, visto terem dado o mesmo nome ao irmão seguinte. Consta a existência desse primogénito da pedra tumular do terceiro conde da Feira existente do lado do evangelho na elevação da capela-mor da igreja do Espírito Santo, junta ao convento de S. João Evangelista e sede da freguesia de S. Nicolau da vila da Feira. Começa esse epitáfio por:

S.ª de don M.el Peª 3º conde da
Feira e do nome o 2º fº do cõde

Sucedeu o D. Manuel ao seu pai o segundo conde da Feira D. Diogo, em 1509, quando teria, o máximo, vinte e um  / 92 /  anos; mas só teve confirmação das doações do Castelo e da casa da Feira depois de perfazer a maioridade, por cartas de 10 e 16 de Abril de 1511, registadas na Chancelaria de D. Manuel, livro 5.º, folhas 133 e 134 e no livro 13.º da Estremadura, folhas 106 verso.

Em 1513 casou com D. Isabel de Castro filha de D. João de Meneses, primeiro conde de Tarouca desde 24 de Abril de 1499, capitão de Arzila desde 27 de Abril de 1481 e de Tânger desde 6 de Outubro de 1486, governador da casa do príncipe desde 9 de Junho de 1489, seu mordomo-mor e de D. João II, prior do Crato em 15 de Junho de 1508, alferes-mor em 31 de Abril de 1521 e falecido em 1522. Morreu esta condessa da Feira em Junho de 1522, mal tendo tempo de deixar cinco filhos e três filhas.

Em 10 de Fevereiro de 1514 deu D. Manuel I foral à Feira e à Terra de Santa Maria.

Teve o D. Manuel Pereira o título de conde da Feira por carta de 2 de Janeiro de 1515, registada a folhas 8 do livro 24.º da Chancelaria de D. Manuel I e a folhas 150 do livro 5.º dos Místicos. Mas, em compensação, D. João III logo no primeiro ano do seu reinado concedeu-lhe, pela carta de 11 de Fevereiro de 1522, muitas graças e prerrogativas nas suas terras para ele gozar e os seus ouvidores sem nenhuma contradição. Foi esta carta confirmada pela de 10 de Maio de 1535 e em 2 de Janeiro de 1540 apôs-se-lhe a declaração de ter sido vendida a Manuel Cirne a Terra de Refóios pelo conde da Feira, D. Manuel e pela condessa D. Francisca Henriques, consentindo o primogénito do conde, D. Diogo.

Este terceiro conde da Feira frequentou a corte e nela viveu com certa pompa. O VISCONDE JÚLIO DE CASTILHO, no 1.º volume da Lisboa Antiga, informa que uma das vivendas dignas de menção do Bairro Alto era a dos condes da Feira. Não lhe designa rua nem local, nem dá mais informações.

Pretendeu este terceiro conde da Feira documentar a sua ligação de parentesco com as cortes da península e mostrar-se primo em grau pouco afastado dos monarcas de Portugal, Castela, Aragão e Alemanha, para o que requereu e lhe foi passado em Évora, a 22 de Fevereiro de 1534, um precioso e interessantíssimo pergaminho, cujas fotografias existem na Biblioteca Municipal da Feira, e ao qual se refere no volume 1 do Elucidário Nobiliárquico o meu saudoso amigo, conhecido heraldista e devotado secretário da Cruz Vermelha, AFONSO DE DORNELAS. As sete folhas deste precioso documento foram escritas e iluminadas pelos oficiais da nobreza, António de Holanda e João Menelau, contendo cinco duplas árvores genealógicas com quarenta e duas efígies. Algumas são repetidas e por isso só representam trinta pessoas. Há duas / 93 / imagens do terceiro conde da Feira, de perfil e a três quartos, uma de D. João III e outra de Carlos Quinto, que devem ser retratos fiéis, porque o António de Holanda os conhecia e naturalmente retratou. Outras pessoas das famílias reais de Portugal, Castela e Aragão reproduziria o pintor iluminista de retratos autênticos. Era um documento oficial aprovado pelo principal rei de armas e assegurada ficou a força probatória das descendências incluídas nesse esplêndido trabalho de António de Holanda, artista apreciado e pai do célebre Francisco de Holanda (1517+ 1584) arquitecto civil e militar, desenhador, iluminista, pintor e escritor.

GIL VICENTE, no seu romance à aclamação de D. João III, incluído no volume III das suas Obras a páginas 359, presume que:

Diria o conde da Feira:
Senhor, sam certificado
Que só Deus dá o reinado;
E, pois vo-lo deu, eIle queira
Que o logreis prosperado.
Porém sereis avisado
Que a todo o julgador
Deis gran tença de temor,
Porque o povo coitado
Não coma pão de dolor.


Assim o pai do teatro português inclui D. Manuel Pereira nos dez condes da corte, a falar simpaticamente a bem do povo coitado, deixando-nos a impressão de ser de feitio bem diverso, do dos pai e avô.

Tendo viuvado em Junho de 1522, tornou o terceiro conde da Feira a casar, nos fins de 1524 ou começo de 1525, com D. Francisca Henriques, filha do morgado de Landeira António de Miranda e já viúva de Artur de Brito, copeiro-mor de D. João III. Veio a falecer esta condessa da Feira a 24 de Dezembro de 1585. Parece que depois de viuvar em 1552 veio viver para o Castelo da Feira, porque aí recebeu em 1553 o enteado Rodrigo da Madre de Deus, antigo reitor de S. Tiago de Trouxemil do concelho de Coimbra, confirmado a 10 de Outubro de 1541, abade de Fiães do concelho da Feira, renunciando a 6 de Maio de 1547 por tomar o hábito dos lóios em Vilar de Frades. Foi inquisidor em Coimbra, tomou posse na mesa grande do Santo Ofício a 19 de Agosto de 1542, eleito bispo de Angra por D. João III, e inquisidor geral num dos amuos do cardeal D. Henrique, depois rei. O padre FRANCISCO DE SANTA MARIA, no seu Ceo Aberto na Terra, como digno percursor do leviano PINHO LEAL, encarece o muito amor «maternal» com que a condessa viúva fora buscar e trazer para o Castelo da Feira nos últimos dias da vida, o padre Rodrigo assistindo-lhe à morte, fechando-lhe os olhos / 94 / e compondo e amortalhando o corpo «com patentes sinais que não só o amava como a filho, mas que também o venerava como a santo.» Escapou, porém, ao apologista que a condessa D. Francisca era só madrasta e não mãe do padre Rodrigo.

Do conde da Feira D. Manuel Pereira e da condessa D. Francisca Henriques foi filha D. Inês de Castro casada com o vice-rei da Índia D. Antão de Noronha, capitão de Ormuz de 1553 a 56 e de 1558 a 61, vice-rei desde 24 de Fevereiro de 1564. Para lá voltou a 19 de Março e, findo o seu vice-reinado a 10 de Setembro de 1568, embarcou a 2 de Fevereiro seguinte, morrendo na viagem. Esta D. Inês de Castro foi recolhendo legados dos irmãos D. Leonis e D. João para sepultura dos pais e deles e, quando morreu em Abril de 1618, deixou ordenada no seu testamento a construção da capela-mor da igreja do convento da Feira. Foram os seus testamenteiros − D. António Pereira de Meneses, comendador de S. João do Rio Frio, membro do conselho de Portugal em Madrid, presidente do paço e inquisidor, neto do quarto conde e irmão do quinto conde da Feira e D. Manuel Pereira, o Cabrinha, inquisidor, bastardo do D. João Pereira − que, em cumprimento desse legado de D. Inês de Castro, dirigiram a reconstrução da capela-mor da igreja da Feira de 1618 a 1628.

Deixou também este terceiro conde da Feira, D. Manuel, cinco bastardos e entre eles um que se tornou célebre a ponto de ser referido num soneto de CAMÕES:

Mais do que Leónidas fez em Grécia
O nobre Leonis fez em Malaca.

Deixo a CARLOS MALHEIRO DIAS o dizer-nos esse feito:

«É D. Leonis Pereira, governador de Malaca, ao ver surgir no horizonte as 347 velas das esquadras de Achem, mandando que se não interrompam os festejos do aniversário do rei e só depois preparando-se para a luta em que desbaratou os 15.000 soldados do inimigo, protegidos pelos 200 canhões que despejavam metralha entre borbotões de fumo contra os baluartes invencíveis de Santiago e S. Domingos.»

D. Leonis veio a Portugal e sete anos depois, em 1574, regressou à Índia, de novo nomeado governador de Malaca; mas, como o governador geral António Monis Barreto lhe recusasse navios e reforços, voltou para Portugal a queixar-se. Governava Ceuta em 1578, quando se deu o desastre de Alcácer Quibir. Enviou a Lisboa a noticia da catástrofe / 95 / por intermédio de António Manso, feitor português em Gibraltar. Recebeu a 4 de Dezembro de 1578, com frei Roque do Espírito Santo e D. Rodrigo de Meneses, o corpo de D. Sebastião das mãos de André Gaspar Corso, ficando depositado na capela de Santiago de Ceuta. Dizem uns que
morreu em Ceuta a 6 de Abril de 1581. Outros afirmam ter tornado a Goa, onde veio a falecer a 3 de Abril de 1579. O certo é que, no primeiro quartel do século XVII, o padre JORGE DE SÃO PAULO escreveu: «D. Leonis, cujos ossos se não sabe onde estão». Alguns escritores dão-no erradamente como filho legítimo do conde da Feira D. Manuel.

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