A. G. da Rocha Madahil, Tráfego marítimo da barra de Aveiro em 1815, Vol. XV, pp. 192-208

TRÁFEGO MARÍTIMO DA

BARRA DE AVEIRO

NO ANO DE 1815

Do primitivo jornal de Coimbra (pois nada menos de cinco se publicaram já com este título), verdadeira revista literária e científica com a sede em Coimbra mas impressa em Lisboa de 1812 a 1820, e repositório de utilíssimas notícias não apenas para a cidade de que tomou o título, extraímos para os leitores do Arquivo as páginas que se seguem, com o registo do movimento marítimo da barra de Aveiro durante o ano de 1815.

Não é esta a primeira vez que ao prestimoso "Jornal de Coimbra" o Arquivo solicita elementos de interesse histórico para o distrito, que em mais parte alguma encontra. Ainda não há muito de lá se extraiu a Memória descritiva dos trabalhos empregados na abertura da barra, de LUÍS GOMES DE CARVALHO (vol. XIII da nossa revista); e várias outras referências, lá registadas igualmente, de vida local, temos apontadas para oportuna publicação.

Sob qualquer dos aspectos que encaremos a estatística hoje transcrita, ela é interessante e fornece valiosos elementos: − nomes e categorias de embarcações, quem as comandava, a carga que traziam e a que levavam, proveniência e destino, sondagens feitas à barra registando a sua profundidade na época (o que para a história das vicissitudes por que ela tem passado apresenta enorme importância), tudo, enfim, se apontou com verdadeiro senso prático e perfeito conhecimento do real valor de semelhante registo.

Com elementos desta natureza, se possível se tornasse obtê-los para toda a multissecular existência da barra ao serviço do tráfego marítimo, outra, certamente, seria a sua história bem como a da região a que está naturalmente adstrita; mas estatísticas deste género com dificuldade aparecem, e forçoso se torna ir arquivando apenas, pacientemente, uma ou outra que se nos depare. / 193 / [Vol. XV - N.º 59 - 1949]

Na própria actualidade estas dificuldades se verificam; logo de inicio pretendeu o Arquivo registar, para futuro, o movimento anual da barra e solicitou a respectiva documentação; por muito estranho que pareça, e apesar de todos os prometimentos feitos, nunca lhe foi possível obtê-la.

A vida de hoje cada vez compreende menos a atitude do historiador, e de todo vai banindo dedicações por qualquer ideal desinteressado, sem contrapartida em resultado material imediato. É por isso que em variados sectores da vida nacional se conhecem melhor períodos mais afastados, mas de documentação abundante, fonte insubstituível de toda a história e base de qualquer organização que se pretenda.

*

Percorrendo, pois, o raríssimo "Jornal de Coimbra", núm. XXXVIII, parte II, até ao num. XLI, parte I, dele recolhemos quanto segue, subordinado ao título de

«DlARIOS DAS EMBARCAÇOÊS, QUE ENTRARAM E SAIRAM ,
NA BARRA DE AVEIRO DESDE JANEIRO ATÉ O FIM DE JULHO
[E DEPOIS ATÉ O FIM DE DEZEMBRO] DE 1815, PELO
DESEMBARGADOR FERNANDO AFONSO GIRALDES»

ART. I

«O Desembargador Superintendente da Barra de Aveiro, Fernando Affonso Giraldes, que de todos os meios, que se achão ao seu alcance, nenhum omitte que possa concorrer para a melhorar e acreditar, remetteo-nos o seguinte

Diario das Embarcações que entrárão, e sairão pela Barra de Aveiro, desde Janeiro até último de Maio do corrente anno de 1815 : suas cargqs, e destinos, e sondas tomadas em cada mez.

JANEIRO

A 4.

Sahio o Cahico Sr. Jesus e S. Antonio, para o Algarve, em lastro, Mestre Antonio Gonçalves.
 

D.º

Entrou o Hiate Divina Providencia, vindo de Vigo, em lastro, Mest. Lauriano Serrão.

A 8.

Sabio o Hiate Maria Diligente, para Lisboa, com madeira e ferragem, M. Manoel Rodrigues Seda.
 

D.º

Sahio o Hiate Primavera e Maria Diligente, para o AIgarve, com carga de madeira, M. Lourenço José.
 

A 17.

Sahio o Hiate Senhora da Victoria, para o Porto, com sal, M. Lourenço Domingues.

D.º

Sahio o Hiate Divina Providencia, para Caminha, com sal, M. Lauriano Serrão.

A 19

Entrou o Hiate Santa Cruz, vindo do Porto, em Iastro, M. ManoeI Fernandes.

 

Entrárão 2, sahirão 5, Total 7.

No dia 19 sondou o Pilôto Mór com os Pilotos do N.º a Barra, e achou 16 palmos na baixamar, e 28 na preamar.

FEVEREIRO

Neste mez não entrou, ou sahio embarcação alguma: he porém notaveI a extraordinaria sonda, que o Piloto Mór com os mais Pilotos do N.º achárão no banco do mar em o dia 16, sendo de 18 palmos em baixamar, e na preamar de 40; a qual próva o bom resultado das Obras d'esta Barra, indisputavelmente uma das melhores do Reino, e cuja frequencia e crédito de dia em dia cresce, apelar da emulação de outros Portos contra este.

MARÇO

No 1.º

Entrou o Hiate Paquete, vindo do Porto, com carga de milho para a Praça, M. José Carneiro.
 

D.º

Entrou o Hiate Flor de Setubal, vindo de Setubal, com sardinha, M. Joaquim José Cardeal.
 

D.º

Entrou o Hiate S. Gonçalo, vindo de Vianna, com carga de milho, M. Christovão Castel.
 

A 6.

Entrou a Rasca Senhora da Conceição, vinda de Peniche, com sardinha, M. Henrique Ferreira.
 

D.º

Entrou o Hiate Senhora da Nazareth, vindo de Vianna, com milho, M. João José Vianna.
 

A 16.

Sahio o Hiate Santa Cruz, para o Porto, com sal, M. Manoel Fernandes.

D.º

Sahio o Hiate Paquete, para o Porto, com sal, M. José Carneiro.

D.º

Sahio o Hiate S. Gonçalo, para Vianna, com sal, M. Christovào Castel.

D.º

Entrou o Hiate Foz do Douro, vindo do Porto, com milho, M. João Gomes de Andrade.
 

A 17.

Entrou o Hiate Harmonia, vindo de Cardiffe, com carga de feno, para a Praça, M. José Antonio Vianna.
 

D.º

Entrou o Hiate Bom Jesus de Fão, vindo de Vianna, com milho, M. Roque Gonçalves.
 

A 20.

Entrou o Hiate Maria diligente e Primavera, vindo de Lisboa, com vários generos para a Praça, M. Manoel Rodrigues Secio.
 

D.º Sahio a Galiota Senhora Izabel, para Riga, com sal, Cap. Dark Debocr.
 

Entrárão 9, sabirão 4. Total 13.

No dia 20 sondando a Barra o Piloto Mór com os mais Pilotos do N.º achárão 18 palmos em baixamar, e 30 na preamar.

ABRIL

A 11. Entrou a Rasca Senhora do Carmo, de Lisboa, com milho, M, Joaquim Gomes.
A 18. Sahio a Rasca Senhora do Carmo, para Lisboa, em lastro, M. Joaquim Gomes.
A 19. Sahio o Hiate Bom Jesus de Fão, para Vianna, com sal. M. Roque Gonçalves.
D.º Sahio o Hiate Senhora da Nazareth, para Vianna, com sal. M. João José Vianna.
D.º Sahio o Hiate Foz do Douro, para a Russia, com vinho, M. João de Andrade.
D.º Sahio o Hiate Flor de Setubal para a Figueira, em lastro de sardinha, M. Joaqujm José Cardeal.
 
D.º Sahio o Bergantim Senhora Dorothea, para a Russia, com sal, Cap. Carlos Goth. Feicher,
 
A 21. Sahio a Rasca Senhora dá Conceição, para a Ericeira, em lastro, M. Henrique Ferreira.
 
A 22. Entrou o Hiate Espirito Santo, vindo de Espózende, com pedra e cal. . M. Manoel Milhares.
 
A 28. Sahio o Hiate Espirito Santo, com a mesma carga supra, por entrar de arribada, M. o sobredito.
 
D.º Sahio o Hiate Harmonia, para o Porto, com sal, M, João Antonio Vianna.
A. 30 Entrou a Rasca Senhora do Carmo, vindo de Lisboa, com milho. M. João Gomes.
D.º Entrou o Hiate Santissimo Sacramento, vindo de Lisboa. coro bacalháo para a Praça, M. Francisco Garcia.
 

Entr. 4, sah. 9., Total 13.

No dia 28 sondando o Piloto Mór, e os do N.º a Barra, achárão em baixamar 18 p. e na preamar 30.  / 196 /

MAIO

A 8.

Entrou a Rasca Senhora da Conceição vinda de Laraxe, com cavalla, M. Hipolito Ferreira.
 

A 9.

Entrou o Hiate S. Bento, vindo do Porto, com ferro e arroz para a Praça, M. Francisco da costa.
 

A 10.

Sahio o Hiate Maria Diligente, para Lisboa, com ferragem e madeira, M. Manoel Rodrigues Secio.
 

A 14.

Entrou o Hiate Valor de Portugal, vindo do Porto, em lastro, M. Francisco de Carvalho.
 

D.º

Entrou o Hiate Senhora da Agonia, vindo do Porto, em lastro, M. Antonio Baptista.

D.º

Entrou o Hiate Nova Restauração, vindo do Porto, com milho, M. João Gomes Caldeira.
 

A 15.

Entrou o Hiate Santa Cruz, vindo do Porto, em lastro, M. Manoel Rodrigues.

A 16.

Entrou a Rasca Senhora das Necessidades, vindo de Lisboa, com milho e arroz, e rapé para a Fábrica, M. Antonio de Barros.
 

D.º

Entrou o Hiate Bom Jesus, vindo do Porto, em lastro, M. José Pereira dos Reis.

A 17.

Entrou o Hiate Boa Fortuna, vindo do Porto, em lastro, M. Rodrigo Gonçalves.

A 18.

Sahio o Hiate Santissimo Sacramento, para S. Martinho, em lastro, M. Francisco Garcia.
 

A 19.

Sahio o Hiate S. Bento, para o Porto, com sal, M. Francisco da Costa.

D.º

Sahio o Hiate Senhora da Agonia, para o Porto, com sal, M. Antonio Baptista.

A 25.

Sahio a Rasca Senhora das Necessidades, para o Porto, com sal, M. Antonio de Barros.
 

A 24.

Sahio a Rasca Senhora do Carmo, para Lisboa, com madeira, M. Joaquim Gomes.

D.º

Entrou a Galiota Sueca Frederik-Lycha. vindo de Stockolmo, com carga de ferro para a Praça, Cap. Fal. Hause.
 

A 25.

Sahio o Hiate Santa Cruz, para o Porto, com sal, M. Manoel Rodrigues.

D.º

Sahio o Hiate Valor de Portugal, para o Porto, com sal, M. Francisco Carvalho.

D.º

Sahio o Hiate Bom Jesus, para o Porto, com sal. M. José Pereira dos Reis.

A 26.

Sahio o Hiate Nova Restauração, para o Porto, com sal e madeira, M. João Gomes Caldeira.
 

D.º

Entrou o Bergantim lnglez Emilia of Burbue, de Bristol, com ferro para a Praça, Cap. Gilmon.
 

A 27.

Entrou o Hiate Boa Hora, do Porto, em lastro, M. Manoel Ignacio.

A 28.

Entrou o Hiate Paquete, de Vianna, em lastro, M. José Joaquim.

A 30.

Entrou a Rasca Senhora das Necessidades, de Lisboa, com milho, M. Jeronimo da Silva.
 

A 31.

Entrou o Hiate S. Bento, do Porto, em lastro, Francisco da Costa.

D.º

Entrou a Rasca Senhora das Necessidades, do Porto, em lastro, M. Antonio de Barros.
 

 

Entr. 16, sah. 10. Total 26.

Sondou a Barra o Piloto Mór com os Pilotos do N.º, e achárão no dia 26 em baixamar 18 p. e na preamar 30.

Entrárão desde Janeiro até Maio inclusive  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . . . .  . .

31

E sahirão . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  .

28

 

Total . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .  . .    

59

A maior sonda nestes cinco mezes foi no preamar . . . . . . . . . . . . . . . . .    40 p.
E embaixamar   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  18p.
A menor em preamar   . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  28 p.
E embaixamar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  16p.

JUNHO

4.

Entrou o Hiate Valor de Portugal, vindo do Porto, em lastro, Mestre Francisco de Carvalho.
 

5.

E a Rasca Victoria Jesus Nazareth, de Lisboa, com milho, M. Jorge da Costa.

9.

Saío a Rasca Senhora das Necessidades, para a Figueira, em lastro, M. Jeronimo da Silva.
S. o Hiate Boa-hora, para o Porto com sal, M. Manoel Ignacio.
S. o Hiate Valor de Portugal, para o Porto, com sal, M. Francisco de Carvalho.
E. a Rasca Senhora do Carmo, de Lisboa, com milho, M. Joaquim Gomes.
 

10.

S. o Hiate Paquete de Vianna, para o Porto, com sal, M. José Joaquim.
S. o Hiate S. Bento, para o Porto, com sal, M. Francisco da Costa.
E o Bergantim Sueco teres, de Stockolmo, com ferro, Cap. D. G. Wagner.
 

15.

E. o Hiate Maria Diligente, de Lisboa, com milho e arrôz, M. Manoel Rodrigues de Seia.
 

22.

E. o Hiate S. Bento, do Porto, em lastro, M. Francisco da Costa.

23.

E. O Hiate Boa-hora, do Porto, em lastro, M. Manoel Ignacio.

24.

S. o Bergantim Inglez Emilia of Bust, para o Porto, em lastro de ferro. Cap. J. Gilmon.

S. a Galiota Sueca Freder of Lyck, para Malage, em lastro, Cap. F. F. Hauje.
 

25.

S. o Hiate Boa fortuna, para o Porto, com sal, M. Rodrigo Gonçalves.

28.

S. a Rasca Victoria Jesus Nazareth, para Lisboa, com ferragem e madeira, M. Jorge da Costa.

E. a Rasca Conceição e Almas, de Lisboa, com milho e centeio, M. João Luiz.
 

29.

E. a Escuna Ingleza Shooner Amit; de Londres, com linho, Cap. L. Privett.

E. o Bergantim Sueco Ol. Lisort, de Stockolmo, com ferro, Cap. M. Linde.
 

30.

E. a Rasca Senhora da Boa Viagem, com centeio, M. Anastacio Nunes.

 

Entr. 12. saír. 10.         Total 22.

Sonda da Barra neste mez B. m. 17 palmo P. m. 29 p.

JULHO

1.

S. o Hiate Maria Diligente, para Caminha, com sal, M. Manoel Rodrigues Seis.

S. o Hiate Boa-hora, para o Porto, com sal, M. Manoel Ignacio.

E. a Rasca Conceição e Almas, de Larache, com cavall. M. José Francisco Moloeiro.
 

2.

S. a Rasca Senhora do Carmo, para Lisboa, com madeira, M. Joaquim Gomes.

3.

E. a Rasca Senhora das Necessidades, de Villa do Conde, em lastro, M. Jeronimo da Silva.
 

5.

S. o Hiate S. Bento, para o Porto, com sal, M. Francisco da Costa.

E. o Hiate Valor de Portugal, do Porto, em lastro, M. Francisco de Carvalho.
 

6.

S. a Rasca Senhora da Boa Viagem, para a Figueira, em lastro, M. Anastacio Nunes.
 

7.

S. a Rasca Senhora das Necessidades, para Villa do Conde, com sal, M. Jeronimo da Silva.
 

8.

E. a Escuna Flor de Aveiro, do Porto, em lastro, Cap. Manoel Marques de Seia.

9.

S. a Rasca Senhora das Necessidades, para Lisboa, com madeira, M. Agostinho da Silva.
 

10.

E. a Galiota Sueca Neptunus, de Stockolmo, com ferro, Cap. John Mollestren.

13.

E. o Hiate Maria Diligente, de Caminha, em lastro, M. Manoel Rodrigues de Seja.

15.

S. o Hiate Valor de Portugal, para o Porto, com sal, M. Francisco Carvalho.

S. a Rasca Conceição e Almas, para a Ericeira, com sal, M. José Francisco Moloeiro.
 

17.

E. a Rasca Conceição e Almas, de Lisboa, com milho, M. Hilario da Costa.

20.

E. o Hiate S. Bento, do Porto, com milho, M. Francisco da Costa.

E. a Rasca Senhora das Necessidades, de Lisboa, com milho, M. José da Costa Gaspar.
 

21.

E. o Caixa marim Hespanhol, N. S. do Carmo, de Vigo, em lastro, Cap. Bernardo Rey.
 

22.

S. o Bergantim Sueco Ceres, para Setubal, em lastro, Cap. D. G. Wagner.

S. a Rasca Conceição e Almas, para o Porto, com sal, M. João Luiz.
 

23.

S. a Escuna Ingleza Shooner Amit, para o Porto, com sal, Cap. L. Privett.

E. a Galiota Sueca Hohlfalt, de Stockolmo, com ferro, Cap. T. P. Nahlgren.
 

24.

E. o Hiate Boa-hora, do Porto, com milho, M. Manoel Ignacio.

E. a Rasca Senhora do Rozario e Almas, arribada do Porto, com carvão, M. Joaquim de Sena.
 

25.

E. o Bergantim Hesp. N. S. das Dores, de Vigo, em lastro, Cap. Pedro Relobr.

E. o Bergantim Hesp. S. Romão, de Vigo, em lastro, Cap. José Suanel.

E. o Hiate Feliz Aurora, da Povoa de Valezino, em lastro, M. Ignacio da Nova.
 

26.

S. o Bergantim Sueco Ol. Licort, para Setubal, em lastro. Cap. M. Linde.

S. a Rasca Senhora do Rozario e Almas, para a Ericeira, com carvão, M. Joaquim de Sena.
 

27.

S. a Rasca Senhora das Necessidades, para Peniche, em lastro, M. José da Costa Gaspar.
 

29.

E. o Hiate Senhor da Pauta, do Porto, em lastro, M. Francisco Luiz de Oliveira.

30.

E. o Hiate Valor de Portugal, do Porto, em lastro, M. Francico Carvalho.

E. o Hiate Diligente, do Porto, em lastro, M. Antonio Francisco Nunes.

 

Entr. 19, saÍr. 15.     Total 34.

Sonda da Barra n'este mez: B. m. 17 p. P. m. 29 p.  / 200 /

AGOSTO

A. 1

Entrou a Chalupa Prudente José do Egypto, da Povoa do Valezim, em lastro, Mestre Manuel Francisco Maravilhas.
 

A. 3

Saio o Caixa Marim N. S. das Dores, para as Asturias, com sal, Mest. Bernardo Rei.

D.º

S. o Hiate Maria Diligente, para Lisboa, com madeira, e varios generos, M. Manoel Rodrigues de Seia.
 

A 5

E. o Hiate Espirito Santo, da Povoa de Valezim, em lastro, M. Manoel Milhares.

A. 6

E. o Hiate Boa Nova Flôr do Mar, de Galliza, em lastro, M. José Moreira Alexandre.

A 10

E. o Hiate Bom Jesus e Boa Ventura, do Porto, em lastro de varios generos, M. Manoel Pereira dos Reis.
 

A. 11

E. o Hiate Senhora do Rozario, do Porto, em lastro, M. José Bernardo.

D.º

E. a Rasca Conceição e Almas, de Caminha, em lastro, M. Domingos da Costa Ferreira.
 

A 12

E. o Hiate Ramalhete, do Porto, em lastro, M. Manuel José Fernandes.

A 17

E. o Hiate Ascensão, do Porto, em lastro, M. José Nunes.

D.º

S. o Hiate Valor de Portugal, para a Figueira, com vinhos, M. Francisco Carvalho.

D.º

S. a Rasca Conceição e Almas, para Peniche, com sal, M. Hilario da Costa.

A 18

S. a Chalupa Prudente José do Egypto, para Villa do Conde, com sal, M. Manoel Francisco Maravilhas.
 

D.º

S. o Hiate Espirito Santo, para Villa do Conde, com sal, M. Manoel Milhares.

D.º

S. o Bergantim Hespanhol S. Romão, para Bilbão, com sal, M. D. Pedro Reloba.

D.º

S. o Bergantim Hespanhol Senhora das Dores, para Bilbão, com sal, M. D. José Soares de Loia.
 

A 20

E. o Hiate Valor de Portugal, da Figueira, sem lastro, M. Francisco Carvalho.

A 24

E. o Hiate Tres Reis, do Porto, em lastro de varios generos, M. José da Costa Martins.
 

A 25

E. o Bergantim Trocador do Porto, em lastro de varios generos, Cap. José Luiz do Rego.
 

D.º

S. a Rasca Conceição e Almas, para o Porto, com sal, M. Domingos da Costa Ferreira.

D.º

S. o Hiate Boa Nova Flôr do Mar, para o Porto, com sal, M. José Moreira Alexandre.

D.º

S. o Hiate Bom Jesus e Boa Ventura, para o Porto, com sal, M. Manoel Pereira dos Reis.
 

A 27

E. o Hiate Espirito Santo, de Villa do Conde, em lastro, M.. Manoel Mílhares.

D.º

E. a Chalupa Prudente José do Egypto, de Villa do Conde, em lastro, M. Manoel Francisco Maravilhas.
 

 

Entrárão 13, sairão 11: Total 24.

No dia 25 sondou o Piloto Mór com os mais Pilotos a Barra, e acharão em B. m. 15 palmo e P. m. 24 palm.

SETEMBRO

A 1

S. a Escuna Flôr de Aveiro, para o Porto, com sal, Cap. Manoel Marques de Seia.

D.º

S. o Hiate Feliz Aurora, para o Porto, com sal, M. Ignacio da Nova.

D.º

S. a Galiota Sueca Neptunus, para Malage, em lastro, Cap. John Mollestren.

A 4

E. o Hiate Bom Jesus e Boa Ventura, de Villa do Conde, em lastro, M. Manoel Pereira dos Reis.
 

D.º

E. a Rasca Conceição e Almas, de Villa do Conde, em lastro, M. Domingos da Costa Ferreira.
 

A 6

E. o Caixa Marim Hespanhol Santa Clara e Almas, da Galliza, em lastro, M. Manoel Bravo.
 

A 7

S. o Hiate Senhora do Rozario, para o Porto, com sal, M. José Bernardo.

D.º

S. a Chalupa Prudente José do Egypto, para Villa do Conde, com sal, M. Manoel Francisco Maravilhas.
 

D.º

S. o Hiate Boa Hora, para o Porto, com sal, M. Manoel Ignacio.

A 8

E. a Rasca Conceição e Almas, da Ericeira, em lastro, M. Hilario da Costa.

D.º

E. o Hiate Maria Diligente, de Lisboa, com carga de varios generos, para a Praça, M. Manoel Rodrigues de Seia.
 

D.º

S. o Hiate Ramalhete, para o Porto, com sal, M. Manoel José Fernandes.

D.º

S. o Hiate Espirito Santo, para Villa do Conde, com sal, M. Manoel Milhares.

D.º

S. o Hiate Senhor da Pauta, para o Porto, com sal, M. Francisco Luiz de Oliveira.

D.º

S. o Hiate Ascensão, para o Porto, com sal, M. José Nunes.

D.º

S. o Hiate Diligente, para o Porto, com sal, M. Antonio Francisco Nunes.

D.º

S. o Hiate S. Bento, para Vianna, com sal, M. Francisco da Costa.

A 9

E. o Bergantim Americano Governor Hophbus, do Porto, em lastro, Cap. Charl. Stewart.

A 14

E. o Hiate Bom Jesus de Fão, de Vianna, em lastro. M. João José de Oliveira.

D.º

E. o Hiate Boa Nova Flôr do Mar, do Porto, em lastro, M. José Moreira Alexandre.

D.º

E. o Hiate Valor de Portugal, para o Porto, com sal, M. Francisco Carvalho.

D.º

S. o Hiate Tres Reis, para o Porto, com sal, M. José da Costa Martins.

A 24

E. o Hiate Senhpr do Bom Fim, de Vigo, em lastro. M. José Antonio Gonçalves.

 

Entrárão 9 saírão 14: Total 23.

OUTUBRO

A 1

S. a Rasca Conceição e Almas, para o Porto, com sal, M. Domingos da Costa Ferreira.
 

A 2 S. o Hiate Maria Diligente, para o Algarve, em lastro, M. Manoel Rodrigues de Seia.
A 3 S. o Bergantim Trocador, para o Rio de Janeiro, com vinhos e outros generos, Cap. José Luiz do Rego.
 
A 4 E. o Hiate Mercurio de Vianna, em lastro, M. Francisco da Silva.
A 5 S. a Galiota Sueca Dcifw-Selfart, para Stockolmo, com sal, Cap. J. D. P. Selgren.
A 6 S. o Hiate Tres Reis, para o Porto, com sal, M. José da Costa, Marf.
A 7 S. o Hiate Valor de Portugal, para o Porto, com sal, M. Francisco de Carvalho.
A 8 S. o Hiate Senhora do Amparo, para o Porto, com sal, M. Bernardo José Martins.
A 9 S. o Hiate Senhor do Bom Fim, para Vianna, com sal, M. José Antonio Gonçalves.
A 10 S. o Hiate Bom Jesus de Fão, para o Porto, com sal, M. João José de Oliveira.
A 11 E. o Hiate S. Bento, de Vianna, em lastro, M. Francisco da Costa.
A 12 E. o Hiate Victoria, do Porto, com generos para a Praça, M. Lourenço Domingues.
A 12 E. o Hiate Amizade, de Lisboa, com generos e fazenda para a Praça. M. Basylio José de Sousa.
 
A 14 S. o Hiate Mercurio, para o Porto, com sal, M. Francisco da Silva.
A 15 S. o Hiate S. Bento, para o Porto, com sal, M. Francisco da Costa.
A 16 S. o Hiate Victoria, para o Porto, com sal, M. Lourenço Domingues.
 

Entrárão 4, sairão 12: Total 16

Nos dias 25 e 26 sondando o Piloto Mór e mais Pilotos a Barra, achárão em B. m, 18 p. na P. m. 25 a 26 p.

NOVEMBRO

A 1

E. o Hiate Tres Reis, do Porto, com fazenda para a Praça, M. José da Costa Martins.
 

A 4

S. a Rasca Conceição, para o Porto, com sal, M. Hilario da Costa.

A 10

S. o Hiate Bom Jesus, para o Porto, com sal, M. Manuel Pereira dos Reis.

A 11

S. o Bergantim Americano Governor Hophlus, com sal, para Rhod. Hand, Cap. CharIes Stewart.
 

A 16

E. o Hiate Valor de Portugal, do Porto, em lastro, M. Francisco de Carvalho.

A 17

E. o Bergantim Sueco Freeden, de Gothemburgo, com carga de ferro, Cap. Thals Olisson.
 

A 19

E. o Hiate Senhora do Amparo, do Porto, em lastro, M. Bernardo José Martins.

A 20

E. a ChaIupa Americana Wllms. da Terra Nova, com carga de Bacalháo, Cap. Wlms Blak Halle.
 

 

Entrárão 5, saírão 3: Total 8.

Sondando o Piloto Mór e mais Pilotos a Barra no dia 11, e achárão na B. m. 20 p. na P. m. 27. e no dia 30 em B. m. 18 p., na P. m. 25.

DEZEMBRO

A 7

S. o Bergantim Sueco Freeden, para Malage, em lastro, Cap. Thals Olisson.

D.º

S. o Hiate Amizade, para Lisboa, com carga da Praça, M. Basylio José de Sousa.

D.º

S. a Chalupa Wiliams, para o Porto, com sal, Cap. Wiliams Blak Halle.

A 14

E. a Galiota Hollandeza Vigilancia, vinda do Porto, em lastro, Cap. G.. T. Roskamp.

A 19

E. o Brigue Prussiano Neptune, por arribada, vindo do Porto, Cap. John Araut Blenk.

 

Entrárão 2, sairão 3: Total: 5

Sondando o piloto Mór e mais Pilotos a Barra no dia 17 achárão na B. m. sobre o Banco 14 p. na P. m. 22 p.

A totalidade de entradas e saídas no decurso de todo o ano de 1815 foram 191 Embarcações, e d'estas com sal de Aveiro sairão 66; as restantes com vinho, madeira e outros generos do Paiz.

Desde Janeiro até Maio inclusive entrárão . .

31

sairão

28

De Junho até Julho incl.   . . . . . . . . . . . . . . . 

31 . . . . . . . 25

De Agosto até Desembro incl.  . . . . . . . . . . . .

33 . . . . . . . 43

          Total  . . . . . . . . . . . .

95

. . . . . . .

96

 

     

Maior Sonda no dito anno, em Baixa mar

. . . . . . . . . . . . . . 28 palmos

Em Preamar  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . 40 ditos.

Menor Sonda no mesmo em Baixa mar . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . 14 ditos.

Em Preamar  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . 22 ditos.


*

O desembargador Fernando Afonso Giraldes não limitou as suas informações locais ao relato do movimento marítimo da barra em 1815.

Como superintendente que era «na parte económica e civil» das obras da barra, acompanhava com verdadeiro interesse todas as diligências levadas a efeito para o melhoramento das condições de navegação, que se estenderam não só à Ria como ao próprio Vouga, de todas essas importantes operações revelando particular conhecimento.

E assim, quando remeteu ao Jornal de Coimbra a nota do movimento da barra de Agosto a Dezembro de 1815, para complemento da anteriormente publicada, fê-la acompanhar da carta que se segue e do relato da rectificação então operada na parte do álveo do Vouga que ficou sendo conhecida velo nome de Rio Novo do Príncipe.

Tudo isso hoje nos interessa muito recordar. É do conhecimento de todos estes dispersos elementos que a história local um dia será possível, sem fantasias deformantes nem afirmações insubsistentes.

 

«ART. XII
Senhores Redactores do Jornal de Coimbra.

Como se tenhão dignado até o presente de publicar no seu interessante Jornal várias notas e opusculos relativos a Aveiro, e sua nova Barra (a): he dever, que me-incumbe,  / 205 / rogar-lhes a continuação de iguaes publicações, e por isso lhes-envio agora, primeiramente uma abreviada exposição sobre a abertura do Rio Novo do Principe, effectuada em Dezembro passado; em segundo e último lugar o mappa restante das Embarcações, que entrárão e sairão por ésta Barra, desde Agosto até o fim do anno, conforme me foi dado pelo Segundo Tenente Pilote Mór da Barra José Dias Ferreira, a fim de que ao Público sejão mais geralmente notorios os desvellos do Governo d'estes Reinos em beneficio desta Comarca, e que os Encarregados da Comissão das Obras da Barra, e suas dependencias, com efficacia
desempenhão os seus patrioticos desejos. He com todo o apprêço e reconhecimento que me assino

seu Venerador muito obrigado

Aveiro 16 de Fevereiro de 1816.

Fernando Affonso Giraldes

(a) Entre os Escritos relativos a Aveiro ha a Memória descriptiva, ou Noticia circunstanciada do Plano e processo dos effectivos Trabalhos Hydraulicos empregados na Abertura da Barra de Aveiro; por Luiz Gomes de Carvalho, Director e Inspector das Obras da mesma Barra. Esta interessante Memoria he composta de uma Dedicatoria ao Principe Regente N. S., uma Introducção, e cinco Partes. Em o Num. XXVIII dêste Jornal publicámos a Dedicatoria e Introducção. Em o Num. XXXII, publicámos a I. Parte. E não tem ainda sido, nem he por ora possível, publicar as outras quatro Partes que restão. O. A. tem sido n'estes ultimos tempos nimiamente sobrecarregado de trabalhos importantissimos e mui distantes uns dos outros; elle está encarregado da conservação, reparação, e melhoramento (se ainda he possivel) da Barra de Aveiro dos trabalhos do Plano sôbre o melhoramento e navegação dos Rios Vouga, Águeda e Cértima; de attender aos Rios Douro e Lima; está em vesperas de marchar para S. Martinho a executar o Plano que deo para aquelle Porto, pensando ainda em outros objectos sôbre o mesmo assumpto que deixou para Memoria Supplementar do Plano dado que abrangia os principaes trabalhos por onde se-devia começar, etc. etc.. Eis-aqui os ponderosissimos e mui justos motivos porque falta ainda a última lima áquella Memória, que o Público sei que deseja concluída e acabada de publicar. / 206 /

 

AVEIRO

RIO NOVO DO PRINCIPE

Em o Num. XVI. do Jornal de Coimbra a pag. 386 art. 6.º, fallando-se da prosperidade que para Aveiro resulta da Nova Barra actual, se-disse: «Que acresceria muito mais, melhorando-se a navegação do Rio Vouga, e estendendo-se até visinhanças de São Pedro do Sul, assim como as do Certima e Levira, até ao Couto de Mogofores, nas visinhanças de Anadia; projectos que o Govêrno não ignorava, e a bem dos quais já tinha ordenado algumas providencias».

Tanto pois promove o Govêrno destes Reinos a felicidade pública, e especialmente contempla as Obras da Comarca de Aveiro, que ouvindo, na parte Económica e Civil, ao Desembargador Fernando Affonso Giraldes, Superintendente da Barra e na Executiva e Directiva ao Tenente Coronel de Engenheiros, Director das Obras, Luiz Gomes de Carvalho,
approvados os Planos, e determinando a sua execução, tendo-se dado principio à primeira parte do Plano de melhoramento da Navegação do Vouga, em o dia 26 de Outubro de 1813, ultimou-se felizmente no dia 22 de Dezembro de 1815, no curto periodo de 26 mezes, resultando consideraveis vantagens, reconhecidas já pelo maior número dos habitantes d'este Paiz.

O novo alveo que o Vouga occupou no sobredito dia 22 de Dezembro, a que S. A. R. permittio a honrosa denominação (de que os Povos visinhos se-lembraráõ) de Rio Novo do Principe marcado no Mappa da Ria de Aveiro (inserto em o Num. XXXII. do J. de C. entre pag. 82 e 83) por duas series de pontos seguindo as letras H, S, G. F, Q, W, T. reduzio a duas leguas as tres que antes se-conta vão pelo alveo antigo, formando a sinuosa curva F, E, A, W. desde Sarrazolla até à Barra, tal que em partes do novo alveo dista do antigo e abandonado uma crescida legua.

A sua navegação he desembaraçada e pronta, e foi logo seguida de uma rapida escoante nos Campos de Sarrazolla, Cacia, Salreu, Canellas, Formelam, Angeja, etc. nos quaes he de esperar, que d'aqui por diante não sejão, na Primavera as Sementeiras, e as colheitas no Outono perturbadas, detidas, e em parte deterioradas, como acontecia; e bastantes terrenos, nos campos do Vouga Rto-acima, incultos por alagados, agora poderão agricultar-se, e produzir copiosas e abundantes colheitas, melhorando muito a salubridade de algumas Povoações confinantes. / 207 /

O Rio Novo do Principe tem no seu alveo junto de Sarrazola 280 palmos de largura, e d'ahi vai gradualmente alargando até á bôcca da Cale do Espinheiro, á qual se-une, e aonde tem 550 palmos, e segue depois a dita Cale, por onde se-mette na Cale grande, perto do sitio da Senhora das Areias, reunido com a Cale da Villa, mettendo-se no mar pela Barra Nova de Aveiro, como se-vê no Mappa sobredito.

Os marachões do dito Rio tem de grossura, termo medio, 40 palmos, e differentes alturas, que forão necessarias para accomodar a consideravel excavação de mais de oito mil braças cúbicas, que se-extrahirão para formar o novo alveo. Esta Obra importante foi concluida com grande economia de despeza, pelas bem reguladas empreitadas, e methodo de trabalhos que se-estabeleceo, não sendo constrangidos os Operarios; e exactamente pagos à custa do Cofre da Barra, por justas e legaes avaliações, todos os terrenos dos Particulares, tanto fructiferos como infructiferos, que o novo alveo occupou: motivos que grangeárão aos dois Empregados Superintendente e Director honrosos louvores de S. A, R. transmittidos pela Secretaria de Estado dos Negocios Estrangeiros e da Guerra.

He de esperar, que os subsequentes trabalhos, relativos ao Plano do melhoramento e Navegação dos ditos Rios, prosperem, e consigão iguaes resultados, merecendo os elogios do Govêrno, e o applauso dos Povos da Comarca de Aveiro, a quem particularmente interessão, tornando-se mais florente e copiosa a sua Agricultura, mais animado e rico o seu Commércio.»

 

Não encerraremos, já agora, a transcrição das notícias da Barra referidas ao ano de 1815, sem arquivar também o que podemos considerar um eco da opinião pública da época, recolhido igualmente pelo prestimoso Jornal de Coimbra (N.º XLIV − II parte, pág. 148, de 23 de Setembro de 1816) e que muito depõe a favor do interesse sempre dispensado por tão notável publicação à Ria de Aveiro e aos seus problemas vitais:


«ART. XIV. − NOTICIAS DA BARRA D'AVEIRO

Em Carta de 18 de Dezembro de 1815 um Amigo meu me diz de Aveiro o seguinte:

«Agora no meio de uma horrorosa tempestade chega um Bergantim grande a ésta Cósta, e em baixamar: entrou felizmente, e tudo se-salvou. − Que tal lhe-parece uma Barra, que tem água em baixamar para grandes Bergantins;e que / 208 / nenhuma cheia do Vouga embaraça de haver enchente e corrente para dentro do Porto, e, que póde salvar de tantos naufragios os que o-buscão, quando o mesmo Douro regeita pelas suas pesadas águas, de Inverno, os Navios ás vezes 15, 20, e 30 dias sucessivos?»

 

Os delicadíssimos problemas da Ria de hoje têm como origem e ponto de partida os problemas e as vicissitudes que nas passadas eras ocorreram; vêm de muito longe, não surgiram abruptamente em nossos dias.

A luta do Homem com as forças da Natureza tem aqui remota origem; soluções apresentadas e postas em prática hoje, acham-se esboçadas há séculos; só nas proporções e nos meios mecânicos de realização podem diferir.

Tudo aconselha, pois, a uma cuidada revisão histórica desses mesmos problemas e à meditação ponderada do trabalho das gerações que nos precederam.

Inteiramente o merece o lugar inconfundível que na Economia e na vida do baixo Distrito a Ria de Aveiro ocupa.

ANTÓNIO GOMES DA ROCHA MADAHIL

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