NO
alvorecer de 1942, o
Arquivo do Distrito de Aveiro, que de princípio parecia destinado a
soçobrar perante as dificuldades inerentes à época em que surgiu a
público, completou sete anos de existência, e vai agora entrar no seu
oitavo ano.
Estamos profundamente satisfeitos com os resultados obtidos. Temos a
consciência de que o Arquivo é uma afirmação que honra o Distrito.
Moralmente, sentimo-nos, pois, bem compensados dos sacrifícios de toda a
ordem que temos feito para manter a sua publicação. Quanto à parte
material, nenhuns interesses jamais tivemos em vista, nem o Arquivo de
outros recursos vive que não sejam os próprios, pois nenhuma entidade o
subsidia, ao contrario do que sucede com outras revistas do mesmo
género.
Reconhecemos, porém, que todos os nossos esforços teriam sido vãos, se
não fora a dedicação dos nossos assinantes e o precioso e generoso
auxílio dos nossos colaboradores. Por esse motivo, aqui lhes
testemunhamos, uma vez mais, toda a nossa imensa gratidão pela firmeza
da solidariedade com que nos têm acompanhado.
Se a época do aparecimento desta revista, de paz e equilíbrio, já não
era favorável a tal empreendimento, que dizer da actualidade e do
futuro? Mudaram totalmente as circunstâncias. À tranquilidade sobreveio
o desassossego, à paz fecunda sucedeu a guerra, que está destruindo a
humanidade e os seus melhores bens. A vida
/ 4 /
do Arquivo já se ressentiu das consequências desta ingente e terrível
luta, e continua ameaçada por dificuldades materiais cada vez maiores.
Faremos, porém, todos os esforços e sacrifícios para que a publicação
não soçobre na tormenta que tão profundamente está afligindo e
embaraçando os povos, dirigindo-se já às suas próprias fontes
espirituais. Continuaremos a trabalhar pelo Arquivo com a mesma fé e
entusiasmo que nos têm animado até hoje, e confiados em que melhores
dias surgirão em breve.
Aveiro,
Fevereiro de 1942.
ANTÓNIO GOMES DA ROCHA MADAHIL
FRANCISCO FERREIRA NEVES
JOSÉ PEREIRA TAVARES
|