UMA
grande dúvida pairava no espírito dos fundadores do «Arquivo do
Distrito de Aveiro», ao lançá-lo à publicidade no começo do ano de 1935.
Como seria apreciado? Triunfaria? Teria a clássica duração das rosas de Malherbe? Seria a empresa demasiado arrojada para um meio em geral
desinteressado pelas coisas do espírito? Por fim,
alea jacta est: sucedesse o que sucedesse, a revista viria à luz da
publicidade! Assim se resolveu, e em boa hora. A prova está patente com
a publicação do presente fascículo, que inicia o quinto ano de vida do
«Arquivo».
Eis por que nos sentimos orgulhosos e satisfeitos, como orgulhosos e
satisfeitos devem estar todos aqueles que connosco têm colaborado na
realização desta obra. É certo que esta nos tem custado muitos
sacrifícios e canseiras, e alguns desgostos; mas tudo isso passa, e a
obra fica e ficará, cada vez mais engrandecida, valiosa e porventura
apreciada. Isto nos basta, para prémio do nosso trabalho.
Procuramos tornar conhecida a nossa região, desvendar-lhe os segredos,
mostrar as suas maravilhas, divulgar as suas tradições, indicar as suas
riquezas naturais e artísticas, publicar documentos, arquivar estudos
regionais. Tudo isto se tem feito, mais ou menos, não com a perfeição e
método que desejávamos, porque nos falta o tempo e os recursos
necessários, mas é nossa vontade firme fazer mais e melhor.
Consegui-lo-emos, se continuarmos a ter a boa vontade e auxílio dos que
entendem, que o «Arquivo» é obra necessária
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e honrosa para a nossa região. É certo que alguns que nos podiam e
deviam auxiliar o não fazem, uns por egoísmo, outros por incompreensão;
mas não importa: caminharemos sempre, enquanto tivermos forças. Os
estímulos que até nós chegam animam-nos a prosseguir, confiantes, na
obra em que vimos gastando boa parte das nossas energias,
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que visa a engrandecer a nossa região e a dar-lhe unidade moral e
intelectual, de que resultem os correspondentes proveitos.
Diz-se que o «Arquivo do Distrito de Aveiro» é uma obra que marca.
Tomamos como boa a afirmação, para nos esquecermos das dúvidas e receios
que tivemos ao lançá-lo a público, e nos compensarmos dos esforços que
vimos fazendo para sustentar a revista e corresponder dignamente à
confiança que em nós depositaram os que nos honram com a sua colaboração
e assinatura.
Aveiro, Março de 1939.
ANTÓNIO GOMES DA ROCHA MADAHIL
FRANCISCO FERREIRA NEVES
JOSÉ PEREIRA TAVARES
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