Os Homens de Kidina, col. Holograma, Lisboa, Âncora Editora, Maio de 2003, 196 pp. - ISBN 972-780-116-1

Capítulo I - pp. 15-24

Sempre me maravilhei com as coisas insignificantes e aleatórias que podem mudar totalmente a vida das pessoas. Virar à direita numa rua em vez de virar à esquerda, voltar a casa para apanhar uns papeis esquecidos na hora errada, ter perdido aquele comboio porque o telefone tocou, ou de entre os biliões de pessoas que povoam o planeta, alguém que nem sabíamos que existia se ter cruzado connosco.

Aquela era uma tarde quente de Setembro.

Temperatura de verão tardio em Lisboa. Abafava-se. Calor de terramoto.

Renato caminhava pela Rua da Prata em direcção ao Rossio. Aliviou um pouco o no da gravata.

Apeteceu-lhe tirar o casaco. Não tirou.

Deteve-se no número três. Verificou o endereço. Advogados Kidina Sacramento, Pais Leitão, João Lopes 2.° andar direito.

Subiu as escadas, confirmou a marcação com a secretaria e sentou-se na sala de espera. Escolheu o lugar perto da ventoinha de pé alto, ao canto.

Nas paredes umas gravuras antigas compunham com os maples de couro e os cortinados de veludo malva um ambiente de um luxo discreto e sóbrio. Mais parecia a sala de espera de um médico com sucesso do que uma firma de advogados.

Tinha sido de um médico. Nunca fora mudada. Sentou-se. Um quarto de hora depois a secretária mandou-o entrar.

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Do fundo da sala, uma mulher com menos de trinta anos veio ao seu encontro. Olhou-a levemente perplexo. Tinha-lhe falado ao telefone mas não a julgara tão jovem. Preferia que fosse mais velha.

Queria que ela se encarregasse do seu processo de divórcio.. O caso era simples. Estavam casados há cinco anos e separados há três. O contrato tinha sido em regime de separação de bens, por imposição dela e no Registo Civil. Tudo aquilo fora um equívoco. Não tinham nada em comum. Felizmente nem filhos. Ela já se tinha ligado a outra pessoa com quem vivia. Ele também. O divórcio era de comum acordo.

Kidina ouviu-o atentamente, os antebraços apoiados na borda do tampo da secretária, rodando maquinalmente uma caneta entre os dedos.

Calou-se por momentos, o olhar vago como se estivesse a alinhar os pensamentos, depois puxou do maço de cigarros e perguntou se podia fumar. Ela sorriu e estendeu-lhe o cinzeiro.

Bem... o mútuo consentimento vai facilitar o processo, porque nos dá a garantia de que os cônjuges vão colaborar, podendo ser tudo resolvido em 1.ª Instância. Compreende que se precisarmos de ir para o Tribunal da Relação ou para o Supremo o processo demorará muito tempo. No entanto, não é por duas pessoas quererem divorciar-se que a lei permite que o façam. Pode ser que o Código Civil de 1966 venha a ser revisto nesta matéria e respeite mais a liberdade individual, mas por enquanto é assim. Os fundamentos legais para pedir o divórcio são maus tratos, adultério, recusa de procriação, abandono do lar por período superior a três anos... A propósito, qual dos dois abandonou a casa?

Foi ela... Em boa verdade eu é que a obriguei a regressar a casa dos pais.

O senhor engenheiro tinha-me dito, quando falámos ao telefone, que queria que o processo fosse o mais discreto possível. Sabe que tem sempre que mover uma acção contra a sua mulher? O fundamento mais inócuo será o abandono do lar.

Sim...

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A entrevista continuou. As informações, as decisões preliminares, os documentos a apresentar, as testemunhas...

Anoitecia quando saíram do escritório. Ela em direcção a sua casa, em Cascais, ele em direcção ao Areeiro.

O processo durou um ano e meio.

Com os advogados acontece um pouco como com os médicos, por causa da natureza do que se trata, sempre se estabelece uma certa intimidade com o outro, ainda que seja de sentido único.

Havia dois meses que o engenheiro Renato Reis Nunes tinha deixado de ser seu cliente.

Naquele dia tinha chegado mais tarde ao escritório. Em cima da secretaria um ramo de rosas amarelas e um convite para jantar. Renato telefonou a tarde a confirmar. Não, ela não podia ir. Não tinha com quem deixar o filho de três anos. Talvez dai a dois dias...

Era sexta-feira quando a foi buscar a casa. Chovera e cheirava a terra molhada e a ar lavado de primavera friorenta. Muitas das nossas recordações ficam ligadas assim indelevelmente a marcas dos sentidos. Foi o que aconteceu também daquela vez.

Renato era um homem atraente. Kidina sentia simpatia por ele. Tinha um sorriso aberto, uma conversa fácil. Falava quase sempre na primeira pessoa. Achou isso natural naquela fase em que ele tentava mostrar-lhe uma outra dimensão de si.

Nos meses seguintes saíram juntos para jantar, para dançar ou simplesmente para tomar chá, numa esplanada junto ao mar. Era o que estavam a fazer naquele dia. Foi então que lhe perguntou pelo nome. Porque se chamava Kidina. Não conhecia ninguém que se chamasse assim. Ela riu.

E eu não conheço ninguém que tenha demorado tanto tempo a perguntar.

Disseram-me que Kidina quer dizer verdade em quimbundo, uma língua que se fala em Luanda, Catete e Malange. O meu pai era cônsul na África do Sul, quando a minha mãe estava grávida de mim. Nessa altura estava a ler a biografia / 18 / de uma escrava, Kidina, que tinha sido levada de Angola para o Brasil e de lá para a América do Norte. Durante a Guerra da Secessão, Kidina teria liderado um movimento de libertação de escravos e por isso ficado na história e na lenda. A admiração de minha mãe pela personagem foi tal, que, quando nasci, exigiu que eu me chamasse Kidina e assim fiquei. A minha irmã mais velha tem um nome perfeitamente comum: Teresa.

E os seus pais?

Ironicamente os pais tinham morrido num acidente de viação numa altura em que havia poucos carros e se circulava devagar. Ela tinha três anos, a irmã cinco. A criada branca. que a mãe levara com ela quando se casara, e um funcionário do consulado, trouxeram-nas para Lisboa. À espera estava a tia Maria da Glória, irmã do pai, que as levara para a Quinta do Outeiro, perto de Caminha. Ali viveu a infância, fechada naquele pequeno mundo de mulheres que decorria quase que só entre a cozinha, no meio do cheiro bom dos cozinhados e a larga varanda envidraçada onde a tia fazia camisolas para o inverno e entrava um sol reconfortante e animador.

Foi ela que as ensinou a ler e lhes deu catequese. A escola mais próxima ficava a 10 quilómetros.

De vez em quando ia lá uma amiga, professora primária, que orientava a tia nas suas tarefas pedagógicas. Trazia o filho, o Jorge, um rapaz magricela que brincava com elas e com quem Kidina aprendeu a jogar o berlinde e a atirar o pião.

A tia Glorinha era uma solteirona militante. Ensinou-lhes que o sexo era uma prática animalesca e repugnante a que as mulheres tinham que se submeter para cumprir os desígnios do Criador e de que só os homens aproveitavam. As duas sobrinhas ouviram várias prédicas sobre esta matéria que ela terminava às vezes de forma peremptória:

Homens... já dizia a minha avó, sete por nove ruas.

Talvez que a «solteirice» fosse a maneira da tia Glorinha afirmar a sua liberdade e romper com a história da sujeição das mulheres da família...

/ 19 / Quando chegou o tempo, Kidina foi para o colégio de freiras no Porto, como era hábito para as filhas da classe média com algum dinheiro. A irmã já lá estava. Foram sete longos anos de difícil crescimento interior. O mundo e a vida foram-lhes sendo mostrados aos poucos, em diferido, em abstracto. Era o modelo da época. Mas a vivência daquela condição comum criou cumplicidades afectivas e amizades que duravam até hoje. A Pilar era uma amiga desse tempo.

No fim do liceu Kidina quis ir para Direito. A tia Glorinha não concordou. Que era um curso para homens. Ela que escolhesse alguma coisa que lhe permitisse dar aulas no Liceu. E ir para Lisboa nem pensar. Por quê Lisboa se tinha a Universidade do Porto perto de casa?

Porque sim.

A primeira vez que Kidina experimentara a fúria da tia, tinha quatro anos. Tinha saído de casa e caminhava pela estrada de terra batida que ia dar à saída da quinta. Uns quinhentos metros. Parou no portão fechado, chapeado de ferro pintado de verde. À altura dos olhos descobriu um pequeno buraco feito pelo tempo e pela ferrugem. Espreitou para fora. Depois desinteressou-se e sentou-se no chão, muito concentrada a brincar com montinhos de terra.

Uma hora depois de a ter procurado em desespero no fundo dos dois tanques de rega e na ribanceira que dava para o caminho, a tia encontrou-a. Pegou-lhe por um braço e arrastou-a, aos gritos, até casa. Depois, fechou-a na despensa contígua à cozinha. Kidina chorou de medo, de pânico, até perder a voz, até ficar sufocada, até quase não poder respirar. Já adulta, sonhava que alguém a emparedava num compartimento sem portas nem janelas e onde ela ia morrer de asfixia. Acordava, o coração descompassado, lavada em suor, num sofrimento insuportável.

Daquela vez ameaçou-a:

Ou me deixa ir para Lisboa fazer o curso que eu quero ou atiro-me da ponte abaixo. E deixo uma carta a dizer porque o faço!

/ 20 /

Na dúvida, a tia Glorinha cedeu e Kidina foi para Lisboa. Instalou-se na casa de uns primos da mãe, que viviam na Rua do Arco do Carvalhão, perto das Amoreiras, que conhecera na única vez que viera a Lisboa com a tia, dois anos antes.

O tempo da faculdade foi o mais exaltante da sua vida. Todos os caminhos podiam ser percorridos, todos os sonhos sonhados.

Conheceu o Manuel na cantina da faculdade. Ele finalista de Medicina, ela no terceiro ano de Direito.

Casaram quando ele acabou o estágio. Manuel trabalhava no Hospital de Santa Maria e ela encontrou emprego na Baixa, no escritório de um advogado amigo, que uns anos mais tarde lhe cederia a sua posição por ter decidido regressar ao Porto, onde tinha nascido.

A primeira casa deles foi na Rua da Guiné, no Bairro das Colónias. Ambos ganhavam pouco e nos primeiros meses tiveram que improvisar os móveis. Um divã de rede com colchão de espuma e dois bancos de madeira a servir de mesinhas de cabeceira para o quarto, o caixote, que tinha transportado os presentes de casamento e o enxoval, fazia de mesa. Outros mais pequenos substituíam as cadeiras que não existiam. Isso não os impedia de receber os amigos, nos sábados à noite, quando Manuel estava de folga. Kidina cozinhava umas empadinhas de frango deliciosas e os livros de ambos, empilhados junto das paredes à espera de estantes, serviam de assentos quando havia mais gente.

A compra da mobília foi uma aventura. Folhearam dezenas de revistas de decoração, entraram em todas as casas de móveis das redondezas e, sobretudo, sonharam, sonharam com belas casas de banho, de chão de mármore, cozinhas com móveis coloridos e loiças a condizer...

Quando tudo tinha sido comprado e a casa deles se assemelhava, na sua modéstia, às dos jovens da sua geração, nasceu o João.

João era um bebé gordinho e comilão que os fez tomar consciência de que eram uma família. Um mês depois teve de / 21 / o deixar para regressar ao escritório. D. Ermelinda, que vivia no rés-do-chão esquerdo, viúva de um militar e com uma pensão pequena, aceitou ser a ama dele.

Os problemas maiores estavam resolvidos e eles eram felizes.

Três meses depois do primeiro aniversário do João, a mãe de Manuel morreu, nas Caldas da Rainha, com um ataque cardíaco. Era filho único. Sofreu o que é normal sofrer-se nestas circunstâncias. Mas quando o corpo da mãe descia à sepultura e a separação não tinha retorno, algo estalou dentro dele. Por entre as lágrimas do marido, Kidina captou uma mensagem de agonia e sofrimento, que não era só por aquele dia. Durante algum tempo incomodava-a lembrar-se daquilo. Era um presságio! Depois tudo entrou na normalidade. O trabalho e o filho chamavam-nos para a vida.

Foi por essa altura que Kidina vendeu tudo quanto tinha no Minho e era herança dos pais. Teresa não quis vender. Continuava a viver com a tia Glorinha. Mais semelhante a ela do que se fosse filha.

Manuel vendeu também o que possuía nas Caldas e, de repente, eles que tinham passado o tempo a contar os tostões, tinham agora uma pequena fortuna.

Gostavam de Cascais. Começaram a procurar casa lá.

Costumavam lanchar numa pastelaria que havia na rotunda, junto ao correio. Kidina deliciava-se com duchesses com chantilly e «babas» ensopados em calda de açúcar. Nessa altura, nem a saúde nem a linha reclamavam. João ficava com a ama.

Manuel tinha tido Lima hérnia discal a que fora operado e o salvou de ir para a tropa. Não podia fazer esforços demasiados e João era um bebé pesado. Vagueavam por Cascais como dois namorados à procura da primeira casa.

Esta foi uma das melhores fases da vida deles.

Kidina não se lembrava bem quando aquilo tinha começado mas, a certa altura, Manuel começou a queixar-se de uma dor nas costas. Era a hérnia outra vez. Havia que fazer um / 22 / check up. Passaram uns meses. Ele já não se queixava, mas ela percebia que estava em sofrimento. Um dia tomou consciência de que a sua vida tinha mudado. Quase não falavam. Quando vinha do hospital e Kidina ia para a cozinha fazer o jantar sentava-se a secretaria a estudar dizia ele.

Um dia, de manhã, estavam ambos a preparar-se para sair. Ele veio do quarto de banho e sentou-se na borda da cama para se vestir. Baixou-se para apanhar as peúgas. Parou a meio do gesto, o olhar vago, uma voz estranha. Falava baixo e devagar.

Curioso, nesta posição quase não sinto a dor.

Kidina olhou para ele. Tinha uma expressão impossível de descrever. Era como se o olhar estivesse voltado para dentro e para muito longe... Uma enorme serenidade e melancolia estampadas no rosto, os gestos lentos, o respirar quase suspenso.

Olhou-o alarmada, mas não chegou a dizer nada. Passado pouco tempo, tudo pareceu voltar ao normal. Acabou de se vestir, apanhou a pasta e despediu-se dela e do filho com um beijo, como era habitual.

Manuel não tomava o pequeno-almoço em casa. De manhã, gostava de beber um café duplo, bem forte, e comer um queque numa pastelaria ao fundo da rua, enquanto passava o olhar pelo jornal da manhã.

Estava um dia cinzento e chuvoso. O verão tinha acabado em definitivo.

Em casa, Kidina agarrou nos dossiers e na pasta, pegou no João com o braço livre e foi deixá-lo à D. Ermelinda, no rés-do-chão esquerdo.

Saiu. O autocarro estava a chegar à paragem. Correu pare o apanhar. Um dossier escorregou-lhe da mão. Voltou atrás para o recolher. Voltou a correr. O autocarro estava cheio. Agarrou-se a uma alça suspensa do tecto. Um homem de meia idade atirava para cima dela o hálito matinal. Voltou-se de costas. Cheirava a gente e a roupa húmida.

Um dia triste.

Felizmente o percurso era curto.

 / 23 /

No escritório não deu pelo tempo passar, os clientes, o estudo dos processos, a preparação das alegações... Perto do meio-dia o telefone voltou a tocar. Era da Polícia de Viação e Trânsito. Manuel tinha tido um acidente na estrada para as Caldas. A chuva, o excesso de velocidade... Lamentavam mas tinha sido mortal. Solicitavam a presença dela para as formalidades.

Pousou o telefone. Levantou-se. As pernas não suportaram o peso do corpo e caiu no chão. Não conseguia levantar-se. Ainda não sentia dor. Era atordoamento, como se alguém lhe tivesse dado uma pancada na cabeça. Foi a secretária que a levantou do chão e a acompanhou.

Manuel foi sepultado nas Caldas da Rainha, junto da mãe.

Quando voltou para casa, Kidina pediu a D. Ermelinda que lhe ficasse com o filho. Disse à família e aos amigos que queria ficar sozinha e fechou-se em casa.

Abriu a porta do roupeiro de Manuel. Olhou para os fatos alinhados, depois enfiou a cara na roupa e aspirou profundamente o cheiro dele, tão vivo ainda e que em breve iria desaparecer também. Então chorou desabaladamente, sem testemunhas nem contenções, até ficar cansada, até não ter lágrimas. Depois abriu o gavetão da cómoda. Em cima das camisas dele uma quantidade de exames radiológicos e laboratoriais. Manuel tinha um cancro generalizado, em fase terminal.

Tinha-o escondido dela durante todos aqueles meses. Ou talvez não tivesse escondido. Talvez fosse ela que não tinha sido capaz de captar os sinais que ele lhe enviou, a dizer-lho. Negar a dor é uma forma de a não deixar existir para aquele que a nega.

Sentiu culpa por não o ter consolado, por não lhe ter aliviado o sofrimento vivido no silêncio e na solidão por amor dela.

Depois encontrou uma carta que lhe era dirigida. Desde que lhe tinham anunciado a morte de Manuel que ela se perguntava o que estaria ele a fazer na estrada das Caldas àquela hora. A carta explicava isso.

 / 24 /

Nesta altura da narrativa, Renato tinha envolvido a mão dela entre as suas e afagava-a ternamente. Aquele gesto comoveu-a e uma humidade que não chegou a ser lágrima ficou-lhe suspensa nos olhos. Pensou como seria bom se ele a abraçasse. Mas não.

Procurou um lenço na carteira e sorriu, disfarçando a emoção.

Renato, parece que me constipei. Por favor peça um café para mim.

Peço, mas não acha que são horas de jantar? Se fôssemos ao Pipas?

Sim, mas deixe-me primeiro tomar um café.

A história dele ela já conhecia. Tinha-lha contado naquele ano e meio que durara o processo.

Era o mais novo de três irmãos. Nascera e crescera em Tomar, donde saíra para ir para o Instituto Superior Técnico. Tomar era terra de «patos bravos» bem sucedidos. Quando acabou o curso e regressou à terra, o Sr. Ferreira veio ter com ele. Que precisava de um engenheiro que lhe assinasse os projectos, que lhe fiscalizasse as obras... etc. Renato aceitou; foi o seu primeiro emprego.

A filha do Sr. Ferreira era a Maria de Fátima. Vinte anos, bonitona, as hormonas à flor da pele.

Ao Sr. Ferreira agradou a ideia do casamento, aos pais de Renato também e, sem saber como, viu-se casado com ela. Saciado o desejo, que era só do corpo, não tinha ficado mais nada.

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