Metáforas sobre o amor, Oeiras, C. M. de Oeiras, 2002, pág. 78.

Cantiga de amor

 

Nada me apartará do meu amor
Nem a distância mais longa
Nem o tempo mais agreste
Nem a montanha mais íngreme

Nada me apartará do meu amigo
Nem o incenso dos feitiços
Nem as espadas dos guerreiros
Nem as encruzilhadas dos caminhos.

Nada me apartará do meu amado
Porque ele me segurará com garras de águia
E me levará por cima dos penhascos mais altos
Para os lugares mais puros.

Nada me apartará do meu amado
Porque ele não habita nas casas dos homens
Nem nas grutas dos bichos
Nem nas profundezas do mar.

Nada me apartará do meu amigo
Porque ele roubará a madrugada
O fogo e o raio e mos dará de presente.

Nada me apartará do meu amado
Porque ele lançará o seu laço às estrelas
E colocará uma na minha testa
Para que as filhas do céu me reconheçam.

Nada me apartará do meu amor
Porque quando o sono vier
Ele estará em mim no universo.

 

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