Domingo de Páscoa
1ª
leitura: Actos, 10, 34-43
2ª
leitura: Carta de S. Paulo aos Colossenses, 3, 1-4
Evangelho: S. João, 20, 1-9
Mesmo
com nuvens negras, é sempre um dia bonito. E ninguém acompanha a
cruz engalanada sem sentir o cheiro a vida, a amizade, a saudade e a
alegria.
A
Páscoa é sempre pagã
Porque nasce do campo, com a força da primavera
E as
flores nos cativam com promessas de frutos
Porque cheira ao sol que brilha na chuva
E
transforma a terra em «páginas» cultivadas
Donde
nascem os grandes livros e pensamentos
E as
cidades onde se firmam os «pactos» num acto de «paz».
É a
Páscoa dos «discípulos de Emaús»:
Afastavam-se de Jerusalém lembrando esperanças perdidas.
Dói
muito ver partir quem caminha connosco de braço dado…
Mas
guardavam de Jesus uma imagem luminosa
Porque o seu agir e falar apontavam para o futuro
Para
melhor vida nas gerações que ajudamos a crescer
Lembrando a mulher que, pelas dores de parto,
Exulta de alegria por ter gerado uma vida nova (João, 16, 21).
Confusos como todos os discípulos
Não
conseguiam abrir as «páginas» da vida e das Escrituras
Onde
veriam germinar a árvore do «reino de Deus»
Sempre frondosa junto à «fonte da água viva».
Quando as souberam ler?
–
Pela simpatia de um desconhecido viajante…
Quem seria o simpático viajante (Lucas, 24, 17), o fugidio
jardineiro (João, 20, 15), o amigo da praia (João, 21, 5), o
pacificador das nossas escolhas (João, 21, 17), o instigador das
nossas respostas (João, 20, 25)?
Após a morte de Jesus, cada evangelho trata à sua maneira o tempo e
o espaço em que vários discípulos tiveram a experiência de que
aquele Jesus dilacerado até à morte «não se encontra entre os
mortos» mas já vive a vida de Deus (ressurreição e ascensão são duas
maneiras de descrever a mesma «realidade»). Por isso, e porque na
sua simplicidade se revelavam pessoas dignas de serem levadas a
sério, não podiam traçar de Jesus uma imagem definida, sem o
confundir com um fantasma ou morto-vivo. Tiveram a experiência de
que este mundo passageiro tem uma dimensão não passageira; de que a
tristeza e a morte são vencidas pela vida e alegria; e que podemos,
desde já, acompanhar festivamente «a cruz engalanada» como quem vai
pelos caminhos mais ou menos «pagãos», anunciando que estamos todos
convidados para um banquete com um Pai «sempre na força da idade»,
onde só nos podemos sentir bem, «como em nossa casa».
08-4-2012 |