Quero dedicar este belo poema do sufi
RUMI (1207-1273).
NOTA INTRODUTÓRIA
Sufismo designa a
diversificada corrente mística do Islão, que surgiu logo no início e
que reagia contra as lutas pelo poder e o luxo dos sucessores de
Maomé(ou Muhammad, falecido em 632). Foiinfluenciado pelo
Platonismoe Cristianismo, nomeadamente pela ideia de Logos e pela
vida ascética dos Padres do deserto. Contudo, Maomé não favorecia o
desapego místico para com o mundo: defendia a luta (interior e
exterior) pelo bem e contra o mal, manifesta na melhor organização
da sociedade.
RUMI deixou algumas frases célebres:
«A minha religião é
viver pelo amor».«Se o teu espelho te mostra uma cara feia, não
adianta nada espatifar o espelho com o teu punho». «A minha morte
são as minhas núpcias com a eternidade».
Formou um grupo à sua
volta, guiado pela simplicidade, alegria e amor.
Traduzi este poema a
partir da versão inglesa sobre o original, que já referia a
dificuldade de penetrar nesse mundo interior, forjado numa cultura
muito própria. É oportuno dedicá-lo ao «grupo Franciscano» em
epígrafe, neste ambiente tipicamente pascal – doloroso, esperançoso
e exigindo uma persistente procura:
Esforcei-me por
manter uma fundamentada empatia e um fraseado elegante. Utilizei
especialmente as seguintes obras: The Religious Experience of Mankind de
NINIAN SMART, Collins, 1971; The Message and the Book de JOHN BOWKER,
Yale University Press, 2012 (donde o poema, p. 156-157):
Se
andas à procura, vem alegre ter connosco
Pois
nós vivemos no reino da alegria.
A nada
mais deixes entregue o coração
Senão
ao amor que traz plena alegria.
Nem te
deixes perder nos arrabaldes do desespero.
Em toda
a parte há esperança: ela é real, ela existe.
Eu te
juro: em toda a parte existe sol.
Feliz Páscoa!
Aveiro,
19-03-2021 |