Almanaque Desportivo do Distrito de Aveiro 1950, pág. 141.


DOS anfiteatros da velha Grécia e, principalmente, dos famigerados circos romanos, transplantaram-se para a Península as corridas de touros. Em Portugal, escreve Sabugosa, «durante esse século XII, tão irrequieto e cheio das correrias e façanhas dos bandos ocupados em expulsar o sarraceno, não raro os rudes guerreiros descansavam de correr charnecas e arremeter cidades, na folgança de largar possantes mastins aos touros furiosos, e de lhes cravar nas espáduas e no dorso as perfurantes ascumas e ligeiras lanças».

Numa das desaparecidas praças do Rossio, o velho bandarilheiro António da Costa, que muito se distinguira anos atrás, coloca um par de bandarilhas.

TOUREIO


Depois de servir como exercício físico à aristocracia, empenhada em se preparar para os combates, as touradas passaram a constituir por vezes espectáculos de rara magnificência, que exauriram algumas casas nobres de Portugal.

Época após época, foi-se aperfeiçoando a arte a que o 4.º Marquês de Marialva veria para sempre o seu nome ligado, imortalizando-se.

O colorido quão emotivo espectáculo perdura... Cavaleiros e forcados, lídimos representantes do toureio português, de parceria com os e «espadas», continuam a entusiasmar multidões de aficionados, que enchem ainda hoje as praças a transbordar...

Em Aveiro, as touradas possuem sérias tradições. Na segunda metade do século passado a cidade chegou a possuir uma praça de pedra e cal, tida e havida por muitos como a segunda do país. Amadores tauromáquicos de real merecimento apareceram nessa altura e nos primórdios do século em que vivemos. António da Costa, Mário Duarte e João Mendonça são frisantes exemplos.

Outrora, também esplendeu em Espinho e na Mealhada o gosto pelas touradas.

Presentemente, Espinho é a terra do distrito que marcha na vanguarda. Possui nova praça e uma escola de tauromaquia. Longe embora do castiço Ribatejo, não deixa de ser curioso anotar-se a predilecção do distrito pela arte de lidar touros. De resto, encarada sob todo e qualquer prisma, a região de Aveiro é qual miniatura do país. Por outras palavras, o distrito de Aveiro é um Portugal pequenino...


Legenda da imagem - Numa das desaparecidas praças do Rossio, o velho bandarilheiro António da Costa, que muito se distinguira anos atrás, coloca um par de bandarilhas.


 

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