Como são bonitos teus campos virentes,
Os rios de prata que te banham ledos,
E as ffagrantes rosas, frescas e ridentes,
As tuas alfombras e os teus arvoredos!
Vila encantadora, branca e florescente,
Que grandes saudades eu tenho de ti!
Quando hoje recordo, ainda, ternamente,
Os tempos passados em que lá vivi...
Lembro-me dum berço de suave encanto,
Todo azul e branco, de celeste cor,
No doce remanso de alma, ledo e santo,
Nesses belos dias de enlevado amor.
Fresca madressilva trepa pelos muros,
Verdes laranjeiras cobrem-se de flores;
Ninhos perfumados, nos beirais seguros,
Onde as andorinhas chilreiam amores.
Ao soar Trindades no velho Mosteiro,
Ai quanta poesia nessas badaladas!
Cantam, ao som delas, aves no salgueio,
Alegres gorgeios e canções trinadas.
Risadas sonoras estalam nos ares
De pares felizes saudando o descanso;
Ligeiros, contentes, regressam aos lares,
Ao seu ninho quente, de doce remanso.
E o sino ressoa, triste sonhador,
Reportando a mente aos séculos passados,
Recordando o drama de fatal amor,
Desses dois amantes ali sepultados.
Quando a meia noite revoa no ar,
Quando a noite toma seu lúgubre império,
Essas notas graves fazem-no cismar
Nos remotos tempos, cheios de mistério. |