Do argênteo lago a ninfa descuidosa,

Que um fauno arteiro e rude traz rendida,

Da frauta ouvindo a voz melodiosa,

Salta veloz sobre a relva florida.


Para ouvir mais de perto a ninfa airosa

Corre de prado em prado e, de corrida,

Perde-se na floresta tenebrosa,
Onde é cruel o amor e curta a vida.


As sombras a rodeiam. Anoitece,

Erra à beira dos pântanos e chora,

Caminha às cegas doida de ansiedade


Cai nos braços do fauno e adormece!

– Assim, mortal, consomes de hora a hora,

Na chama da ilusão a mocidade!


Pedroso Rodrigues.

 

 

05-12-2020