(A propósito do Centenário de Darwin)

I

A intensidade consciente da observação humana fez do homem um torturado investigador da coordenação dos fenómenos que o impressionam. O espírito filosófico, máxima diferencial deste animal consciente que é o homem, criou abstracções inverificáveis supostamente dominadoras do universo, numa forma absoluta, livre e divina.

Mas a verdade é que o homem só tem verificado a existência da matéria que tem como qualidade transformadora a força. O universo não existe segundo um plano preestabelecido, porque o universo existiu sempre. A suposta harmonia é a resultante da selecção natural. Só fica o que é útil na dinâmica das coisas; o que é inútil desaparece. A luta pela vida, a evolução, tem este critério transformador. A matéria una toma formas várias conforme a especificação dinâmica. A força una opera diversamente conforme as outras modalidades da matéria.

Pode acreditar-se, por cómoda hipótese, na existência longínqua da nebulosa cósmica. Mas a força (ou o movimento como resultado) sem a qual a matéria é inconcebível, pela atracção, pela translação, pela rotação, pela modalidade centrífuga, pela adaptação centrípeta, pela afinidade, pela coesão, pela vida, pela sociabilidade, pela hipnose, por todas as diversas maneiras por que a força se manifesta inerente à matéria, – a força foi condensando a nebulosa, a nebulosa condensada transformou-se em formas esféricas, girando sobre si mesmas, e fragmentaram-se continuando atraídas, não já só inter-atomicamente, mas numa forma inter-astral.

Originaram-se assim os mundos planetários, arrefeceram e solidificaram-se primeiro os menores planetas adstritos ao seu centro de atracção; mas são ainda hoje uns luminosos, outros opacos, e entre todos eles, indefinidos, forçoso é aceitar a abstracção da unidade cósmica.

O movimento contínuo foi produzindo formas novas, por adaptação mesológica, por selecção.

A diversidade atómica originou a heterogeneidade dos seres; as circunstâncias mesológicas, as resultantes dinâmicas, a sequência vital, a hereditariedade, fizeram também a variedade morfológica.

Entre os minerais, os vegetais e os animais, cuja constituição elementar e quimicamente igual é manifesta, há apenas a diversidade dinâmica e compositiva, porque a força que actua nos minerais como coesão e afinidade, apenas toma formas novas nos vegetais e animais, e chama-se vida. E esta ainda se manifesta nas formas superiores da sensibilidade, do raciocínio, da sociabilidade. Porque a força não é um princípio absoluto, é uma qualidade inerente à matéria, e para a percepção filosófica é antes um resultado do que um princípio.

Laplace, Darwin e H. Spencer seguiram sucessivamente com minuciosa e sistemática observação a infinda cadeia evolucionista, complexamente progressiva, que veio / 232 / da nebulosa, passou pelas formas astrais e pelo protoplasma, seguiu pelo antropiteco e foi até ao homo sapiens de Lineu.

Esta evolução, que é um facto se a considerarmos dentro do mobilismo cósmico, deixa de ser verdadeira no entanto como lei progressiva absoluta.

A evolução não é o mesmo que o progresso, que corresponde a um critério humano de perfectibilidade. No mundo astronómico, como no mundo físico e social, a força e a matéria, em constante movimento, operam sob tão complexas formas de mobilismo que ao espírito humano escapa a vista de conjunto, e o rigor de abstracção e generalização para uma síntese final tem sido impossível. Até em meteorologia a previsão do tempo à distância é impossível, porque são tantos os elementos que concorrem para a solução do problema da previsão do tempo, aliás teoricamente possível, são tantos e tão complexos esses elementos que, de facto, não se pode achar uma fórmula, uma lei, que dê o andamento do mobilismo meteorológico.

Assim também são tão variados os elementos que influem na marcha geral da vida dos povos, que é impossível fixar a lei histórica que dê a fórmula da previsão íntegra da evolução social.

Em astronomia podem estudar-se certas leis que regulam o movimento astral, como na física, na biologia se consegue constituir um corpo de leis verificadas, por exacta generalização de certos fenómenos. Mas a criatividade da força e da matéria, não obsta, por exemplo, ao desaparecimento imprevisto dum planeta, e essa relatividade e a incompleta observação fenomenal obstarão sempre a que o espírito filosófico possa elevar-se até à verificação duma lei absoluta.

II

Têm errado todos os que procuram com o estudo da vida dos povos formular leis históricas indefectíveis como a do progresso. Nem ainda a observação, tão incompleta, da vida das sociedades humanas pôde constituir definitivamente a história como ciência abstracta, nem os diversos povos da terra têm ainda hoje uma correlação unitária tão intensa e conhecida que possa dar o elemento final do objecto da história universal como ciência abstracta, pois que a sua parte descritiva é tão complexa e incerta.

Que a vida dos povos está constantemente / 233 / em movimento, em evolução, isso não é uma lei histórica, é uma lei cósmica. Mas que a evolução social se dê no sentido duma marcha indefinidamente progressiva, ou seja, numa série infinda de crescente perfectibilidade, esse facto não está verificado, embora corresponda a um ideal educativo e moral.

Dado o poder da tradição, da hereditariedade e da luta pela vida, é natural que as gerações sucessivas guardem o que as gerações anteriores lhes legaram, e aproveitem os próprios esforços para acrescentar novas qualidades e perfeições ao espírito humano e às suas conquistas. Isto seria o progresso indefinido, se os factos não provassem como no caminho ascensional das sociedade aparecem elementos perturbadores, não já como casos excepcionais, mas como modalidades inerentes à luta social.

No estímulo vital reconhece-se a utilidade da investigação científica como elemento progressivo. No determinismo da vida o espírito humano caminha mais rápido quando entra na consciência das leis que o regulam e que regulam todas as esferas de fenómenos.

O homem precisa de saber para ser mais progressivo, para se defender na luta contra os elementos adversos. Na selecção fica o mais forte. E o equilíbrio dá-se entre os que venceram.

O espírito investigador do homem começou naturalmente por estudar a vida física. A astronomia e a física foram, depois dos raciocínios matemáticos, perante os fenómenos de grandeza e extensão, as primeiras ciências que o espírito humano coordenou pela associação, comparação, decomposição e generalização dos fenómenos.

O conhecimento integral dos fenómenos sociais revelados na história, dependente da constituição das ciências matemáticas, astronómicas, físicas, químicas e biológicas, esse conhecimento só pôde iniciar-se como coordenação filosófica depois que o homem adquiriu a ideia da universalidade e da unidade da espécie humana.

III

A constituição da história universal como ciência é um facto científico moderno.

Os gregos não puderam, por maiores que [SERÕES N.º 51 – FL.5] / 234 / fossem as suas qualidades especulativas, elevar-se à compreensão da história universal. Heródoto, como Tucídides e Xenofonte, limitaram-se a historiar a vida do povo helénico e dos povos com que os gregos mantiveram relações, e que consideravam bárbaros, estrangeiros. A historiografia helénica regista apenas episódios, casos incoordenados de lutas entre povos vizinhos; e nunca os gregos se elevaram até à compreensão da vida una da espécie humana, evoluindo, de etapa em etapa, as tribos, as nações, as raças, dependentes umas das outras como a vida das células na unidade morfológica e vital dos seres de funções complexas.

Os hebreus, que conheceram os babilónios, os egípcios, os medas, os persas, os romanos, também eles até à revolução do cristianismo foram estranhos à ideia da comunidade da espécie humana. O exclusivismo de Moisés pôde fazer crer aos hebreus na superioridade providencial da sua raça, mas não lhes deu a noção do cosmopolitismo correlativo de todos os povos do mundo.

Os romanos, apesar de haverem dominado o mundo conhecido, apesar de haverem alargado pela conquista o âmbito social de Ciro, Alexandre e Aníbal, apesar de associarem ao seu império os celtas e os índios, os cartagineses e os gregos, os hebreus e os bretões, nunca deixaram de considerar os extrangrifas como seres estranhos à grandeza humana de que os romanos se consideravam os exclusivos e independentes representantes.

A história da humanidade é bem larga e bem complexa.

Longa devia ser a observação de espírito humano para chegar à compreensão da força que liga e associa organicamente todos os indivíduos, todas as raças, todas as nações num todo, num ser complexo que se chama a humanidade e cujas leis vitais, reveladas no espaço e no tempo como formas gerais da vida colectiva e cosmopolita da espécie ainda hoje a ciência as procura desvendar por meio de arrojadas hipóteses.

A evolução social vem do individualismo anárquico, passa para a integração cesarista, manifesta-se depois numa nova desintegração individualista de garantismo e tende para a futura integração socialista.

Pouco mais alcança a investigação histórica para além dos últimos vinte e cinco séculos da vida da humanidade parcelada. Faltam suficientes documentos para investigar os primórdios e a génese da vida social do homem sobre a terra.

A pré-história não pode dar-nos a exacta cronologia que marque a luta titânica da espécie humana através dos séculos até à época em que o espírito humano entra na consciência da sua existência social, revelada vagamente no Pentateuco de Moisés, nas lendas indianas dos Vedas e dos Puranas, nas narrativas de Homero, e nas tradições e mitos dos mongóis e dos hindus.

Ainda hoje a história universal não pode ir além do registo dos povos cujo conhecimento chegou até nós pelo maior brilho das suas façanhas militares ou literárias. Mas quantos povos desconhecidos não concorreram como ancestrais ou até como cooperadores das civilizações da China, da Judeia, da Fenícia, da Pérsia, da Germânia, da Ibéria, da Grécia, da Etrúria e do Lácio?

A história das primitivas migrações humanas está por fazer.

A paleontologia, a mitologia, a linguística, a egiptologia, a ciência das religiões, tem nos últimos tempos alargado o âmbito / 235 / das investigações históricas, mas a verdade é que ainda não se pode estabelecer um quadro exacto em que verificadamente se prove quando primeiro e onde apareceu o homem sobre a terra originando por migrações a população humana sobre o globo.

A diversidade de raças, que a mesologia explica, não se opõe à hipótese da unidade da espécie humana, e a pré-história indica as relações migrativas que poderiam levar, segundo a tradição bíblica, os filhos do primeiro homem ou de qualquer dos seus descendentes a espalharem-se, nómadas, pastores, caçadores ou agricultores, por sobre o mundo conhecido. E então os filhos do mesmo homem, fosse ele Pigmaleão, Adão ou o descendente Noé adquiririam as qualidades dos amarelos no Levante, onde fizeram a civilização dos filhos de Sol, em fulgurações esquisitas de literatura e de arte, hoje extintas; fixar-se-iam na cultura mais móvel e correlacionada, poética e religiosa, dos hindus, dos celtas, dos iberos, dos etruscos, dos gauleses, dos fenícios, dos cartagineses, dos hebreus... E foram até à América pelo norte ou por continentes hoje submersos, onde se isolaram, perdidos, com a cor bronzeada que o sol americano lhes imprimiu, menos calcinante do que o que na Líbia ardente, aos que porventura foram visitados pela rainha de Sabá, ocasionou as qualidades da raça negra, que já hoje entra no cosmopolitismo associativo e laborioso da espécie.

«Je suis convaincu disse Guizot qu'il y a, en effet, une destinée générale de l'humanité, une transmission du dépôt de la civilisation, et, par conséquence, une histoire universelle de la civilisation à écrire.»

Hoje a concepção da humanidade como um organismo é um facto científico, indiscutível. A correlação entre as raças, as criações e os povos é iniludível.

IV

A história antiga é apenas, pela deficiência de dados, o registo da vida dos núcleos humanos aparentemente isolados, ou rivais, que mais se salientaram ou que mais facilmente puderam deixar memória das suas façanhas. Os povos que não puderam deixar documentos suficientes desapareceram para o estudo tão conveniente da constituição da história universal.

A França, no princípio do século XIX, com o estudo dos hieróglifos, pôde alargar e precisar cronologicamente a história dos egípcios. Os filólogos alemães e muitos outros, estudando as línguas, puderam desvendar as relações entre os povos, as suas afinidades étnicas e sociais. Mas isto não é tudo, apesar dos últimos progressos da crítica histórica.

Os chineses parece manterem a tradição da sua existência para além da era de Cristo – 3.000 anos. Os hebreus reivindicam para si 4.000 anos antes de Cristo. Os gregos pretendem remontar a existência da população na Hélade para um período de 2.000 anos antes de Cristo.

Mas só cinco séculos antes de J. Cristo é que os documentos históricos são menos incertos e afirmam claramente a existência das mais brilhantes civilizações.

Dois séculos depois da fundação de Roma é que a civilização latina se afirma, e também é então que a Grécia entra no seu período de cultismo brilhante. É provável que a civilização dos chineses e japoneses não fosse estranha à da Índia, como esta não o foi à dos persas, fenícios, gregos e árabes, mas a descrição exacta dos contactos entre os povos primitivos escapa à nítida investigação histórica. Alexandre pertence já ao período de menos obscura / 236 / luta social entre os povos. Depois Roma conquista a Grécia, o Egipto, a Pérsia; chega à Índia, influi na Arábia, domina todo o norte de África, apropria-se da Península Ibérica, da Gália, da Germânia, da Britânia. Mas o mundo conhecido ainda era pequeno para o espírito do homem poder alar-se até à concepção da fraternidade de todas as raças. Ainda o homem culto não conhecia a América, nem a Austrália, nem a África austral.

A primeira concepção da história universal aparece com o cristianismo. Cristo mandou ensinar o Evangelho a todos os povos. Acabava assim o opróbrio dos extrangrifas. Tito Lívio e todos os historiadores romanos não tiveram, como também os historiadores gregos, a concepção da unidade da espécie humana. Retalharam a história em episódios sem coordenação que os levasse à concepção geral da história da humanidade.

O cristianismo trouxe em verdade a ideia da universalidade, fraternidade e unidade dos povos sobre a terra. Mas só depois que o homem, nos séculos XV e XVI, foi conhecedor e dominador da esfera, e só depois que o mundo pode ser no século XIX percorrido e dominado pelo vapor, pela electricidade e pela imprensa periódica, só então é que a humanidade entrou numa fase intensa, e íntegra, de cooperação e fraternidade que permitiu ao historiador a ampla concepção da história universal, já na posse do seu integral objecto.

V

O mundo romano, como todos os grandes núcleos de concentração, passara à fase de desintegração pela acção directa do cristianismo e dos bárbaros. Tudo muda.

Dez séculos depois da grandeza do mundo antigo, revelada principalmente na civilização grega e latina, sucedia, no século V depois de Cristo, a anarquia das invasões dos bárbaros, a que o espírito romano-cristão pôde, seis séculos depois, dar disciplina.

Os povos que até então tinham vivido na Germânia uma vida quase desconhecida e desprezada, pela lei da emigração que é de fisiologia social, saturado o seu território, invadiram o império romano impotente para os reprimir.

Os imperadores de Roma desapareceram, e o império do Oriente ia passar por dez séculos de moleza. A Roma dissoluta passara para Constantinopla.

Os bárbaros, sob a influência do cristianismo a que se convertem, e sob a tradição do municipalismo romano tão agradável ao espírito livre dos invasores, constituem domínios senhoriais, feudais, municipais e reais conforme as circunstâncias, durante as lutas intestinas, os choques de raças e os êxodos das cruzadas.

Estabelecem-se os bárbaros no império visigótico da Espanha, com os Capetos preparam-se para o império carlovíngio, e quando são passados quatro séculos depois das principais invasões, e depois da luta contra os árabes, os francos criam um grande império. Na Alemanha a tradição imperial romana estonteia o espírito teutónico. A Gália fica aparte, e constitui a França; a Áustria desiste da hegemonia alemã. Na Germânia cria-se a origem do actual império alemão; os papas lutam pelo seu predomínio e aterrorizam pela crença e pelos anátemas; a Itália fragmenta-se, como acontece na Alemanha, em domínios feudais e municipais.

Os senhores, pela força, conquistam a terra e os vassalos. Mas os servos da gleba vão-se emancipando pela protecção egoísta dos reis, e criam-se municípios reais e até autónomos.

O progresso e a necessidade das indústrias / 237 / dá representação e força ao povo industrial. Vão subindo as classes pela sua força e pela fraqueza ou inutilidade das velhas classes que se arrogavam privilégios.

Estes factos provam como as nações e as classes se mobilizam e se coordenam ascensionalmente num destino geral que a história universal regista.

VI

Aos árabes deve muito a civilização do ocidente. Durante seis séculos são eles grande estimulo da vida social da Europa.

Maomé engrandeceu o espírito árabe, e com o élan dos crentes saiu da Arábia, dominou o norte da África e foi até à Índia e à costa da África oriental, governou na Espanha, pôs em perigo o império dos Capetos, e quando a Europa do ocidente já descobrira o novo mundo, tendo aproveitado muito do saber dos árabes, estes entraram em Constantinopla, onde caíram em moleza e substituíram-se ao império romano do oriente.

Vê-se como é uma lei culminante da história a integração de todas as classes e de todas as nações pela ascensão gradual, na organização intensa da humanidade em luta.

Hoje todas as classes e todos os povos entram na luta e no respeito da humanidade, todas as acções e todos os povos são reconhecidamente úteis, para os resultados finais da civilização onde todos cooperam, sem distinção exclusivista de indivíduos ou de raças.

VIl

Esta compreensão da história universal que o espírito cristão e as descobertas geográficas prepararam para a verificação científica, não pôde preceder portanto o século da Renascença; e até só um século mais tarde é que Bossuet fez uma larga síntese sob um critério teológico em que aparece a compreensão da história universal dominada pela acção providencial.

Depois, na Itália, Vico também formula princípios de história universal, na sua ciência nova, acreditando nos períodos indefinidamente repetidos, da idade divina, heróica e humana. Vico dá assim à história uma compreensão cientifica pela universalidade e pela previsão que são características essenciais da ciência.

Condorcet, com o seu critério da perfectibilidade indefinida da espécie, eleva-se também a uma concepção da história universal, abrangendo todos os povos e todos os indivíduos. Montesquieu, percorrendo a Europa, desvenda o espírito das leis e afirma a organicidade da espécie.

À história estritamente descritiva sucede, com o nome de filosofia da história, uma concepção abstracto-concreta desta ciência, e depois, com o critério filosófico de Saint-Simon e Comte, coincidem os trabalhos históricos dos ingleses com Buckle e Macaulay, dos franceses com Guisot e Tierri e dos alemães com Mommesen.

O século XIX foi o século dos historiadores, que reconheceram os destinos comuns da humanidade e o poder ascensional de todas as classes.

Macaulay, verificando que os operários vão conquistar o mundo, chamou-lhes «os bárbaros do século XIX» para asseverar que também eles vão ascender à integração duma nova fase humana, invadindo os domínios da plutocracia.

Lisboa – 1909

CARNEIRO DE MOURA

 

 

08-12-2020