MISÉRIA
O vento passa, enregelado e frio.
É negra e
triste a noite.
E vai um grupo, qual visão, sombrio,
Do vento ao
duro açoite,
Por essas trevas a vogar, sem ninho.
E sois vós, ó
crianças
Sem pai, sem mãe, sem lar e sem carinho,
Que passais
tristes, mansas.
E procurais em vão macio leito
Onde repouse
a fronte:
De vossas mães o caloroso peito
Não há quem
vos aponte.
Só tem o mármore da vetusta igreja
– O leito da
miséria.
É a vossa mãe querida e benfazeja,
A vossa mãe
etérea.
Vós sois da Dor o sideral emblema
Que pela
noite passa:
– Indigência ou Penúria – o vosso lema,
Ó filhos da
Desgraça!
Rio de Janeiro
MÁRIO VILLALVA
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