Reflexão
Solidariedade

 As notas que se seguem poderão já ser conhecidas por alguns Companheiros(as) pois foram expostas há já um bom tempo, numa assembleia onde se debateu o tema, com perspectivas várias, mas que ficou por um círculo mais fechado do que o universo que o nosso Boletim poderá alcançar.

Por isso, talvez o relembrá-las (às notas) possa ter algum interesse. No fundo, elas são a síntese de uma reflexão de grupo no meu Clube.

 

Para além da solidariedade – o valor da vivência em grupo.

 

Não vamos fazer a história do Homem desde os pequenos grupos primitivos à sociedade global dos nossos dias. Seria mais um lugar comum. Como, aliás, será, talvez, tudo o que aqui se possa dizer.

Todos sabemos que, se o individualismo é uma tendência, a vivência em grupo é uma necessidade humana.

Melvin Jones deve ter interiorizado bem estes conceitos e, por isso, nos deixou, no vocabulário lionístico, duas expressões tão simples como complexas e ricas: Servir e Companheiro.

 

Em poucas palavras, vamos enquadrá-las no nosso tema.

 

SERVIR é ser solidário.

E pode ser-se solidário sozinho; se calhar, às vezes, até será mais cómodo. Mas, todos compreenderão que será uma atitude extremamente limitativa e limitadora. Limitativa para quem a pratica; limitadora para o destinatário.

A solidariedade em grupo será, sem dúvida, mais rica, com resultados mais abundantes e até mais fácil (fácil não tem nada a ver com cómodo).

O Servir em grupo gera, não apenas a solidariedade a que chamaremos exterior, para com os de fora, mas gera também, o que é importante para a vida do grupo, uma forte solidariedade entre os seus membros, uma solidariedade interna. Gera companheirismo.

Daí o chamarmo-nos de Companheiros.

 

Na verdade, ninguém é, apenas, companheiro de si próprio (a não ser num sentido puramente poético).

É com os outros, ou de outros, que somos companheiros. Torna-se mais fácil a viagem. Mais fácil e mais rentável. Aprendemos a caminhar, o que já não é pouco, a acertar o passo (sem deixar de ser o que somos), a ouvir e aceitar os outros, a partilhar as coisas e a vida; aprendemos a AMIZADE.

 

Para além da solidariedade é este, sem dúvida, um valor maior gerado pela vivência, ou convivência, em grupo.

Também aqui nada de novo; está bem expresso no nosso Código de Ética – A Amizade pela Amizade.

Ela é, cremos, a súmula de toda uma série de atitudes e procedimentos de uma continuada vivência em grupo.

Seria repetitivo e fastidioso relembrá-los e até porque não se esgotariam. Também nos parece inútil estabelecer uma gradação. Talvez valha lembrar, apenas, alguns e os seus proveitos:

 

• no grupo manifesta-se uma maior diversidade das capacidades individuais; partilham-se ideias (além daquelas que nos são comuns); acrescenta-se sempre alguma coisa à personalidade de cada um; há um enriquecimento resultante das experiências dos outros o que gera um aumento de energias no próprio grupo e consequentes resultados;

 

• em grupo cria-se um maior empenho na solução de problemas comuns; planeiam-se, conjuntamente, actividades e procuram-se soluções para os problemas que as mesmas possam levantar; discutem-se, abertamente, os caminhos a seguir; avalia-se o resultado do trabalho. Isto cria, em cada um dos componentes, uma maior consciência das suas responsabilidades, uma aprendizagem do espírito crítico, uma vivência democrática;

 

• na vivência, em grupo, cria-se uma maior dinâmica na realização das actividades; novas formas de comportamento que levam a uma maior eficiência e produtividade. Mas aqui é preciso cuidado para não se correr o risco de ter, apenas, em vista, a eficácia e não a libertação das pessoas.

 

Seria, repito, longa a lista das atitudes, dos procedimentos duma vivência em grupo, assim como dos valores gerados por essa vivência. Há muita literatura sobre isso.

 

Como se disse, no princípio, o viver em grupo, em sociedade (de forma lata), é uma necessidade para o Homem. E todos, hoje, sentimos que, pessoa e sociedade se tornam cada vez mais interdependentes. Cada vez mais o Homem/pessoa precisa de conviver, de se sentir irmão dos outros Homens, de formar uma só família. Quando ele atingir este estado de alma e o concretizar, a convivência terá alcançado a plenitude, ou seja, a FRATERNIDADE. Então, cada Homem poderá dizer como o grande poeta Claude Roy:

 

 «J’y suis pour tout le monde…» – Estou aqui para toda a gente…

 

CL António Valeroso

Lions Clube da Bairrada

 
 
 
 
     

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