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Homenagem a Arlindo Silva

DÁ-ME A SUA BÊNÇÃO?

Dá-me a sua bênção, Senhor meu Tio?” Foi assim, segundo me contou o velho amigo Arlindo Silva, enquanto bebericávamos as nossas bicas no café do meu bairro, o Grin’s, que o Senhor Dom Duarte Pio, Duque de Bragança, se dirigiu a Sua Majestade, o Rei Dom Luís, na reconstituição histórica da sua visita a Aveiro, ocorrida no dia 4 de Maio de 1996, durante as Festas da nossa cidade, sob o mandato do Presidente da Câmara, Prof. Celso Santos.

O Senhor Dom Duarte Pio era ele mesmo; mas o rei era o nosso amigo Arlindo, actor do CETA (Círculo Experimental de Teatro de Aveiro), instituição cultural aveirense que eu, jovem então, ajudei, com outros igualmente jovens, a fundar no já longínquo ano de 1959.

É digna de visita, que vivamente recomendo, a reportagem dessa chegada a Aveiro de Sua Majestade o Rei Arlindo, perdão, o Rei Dom Luís, que está à disposição de todos nós no “site” do espaço “AVEIRO E CULTURA”, que o meu também amigo, o Dr. Henrique de Oliveira, mantém e alimenta, com enorme trabalho e muito carinho, na Internet, e cuja hiperligação a seguir anexamos:

..\..\Secjeste\Arkidigi\Mem_Aveiro\D_Luis50.htm

Vale bem a pena essa visita, pois por lá se vê como Arlindo Silva se transmuda, com enorme versatilidade, nas díspares personagens que ele tem interpretado ao longo de 50 anos de paixão pelo TEATRO.

Foi uma bela conversa de café essa que eu entretive com o meu amigo Arlindo a propósito da homenagem que os actuais responsáveis pelo CETA querem prestar-lhe pelos seus 50 anos de actor. É mais do que justa esta homenagem a alguém que, de aprendiz de mecânico no Bóia & Irmão se fez mecânico responsável na empresa fundada pelo grande empreendedor aveirense João Casal, sem nunca esquecer as suas apetências pelos bens da Cultura, que o Teatro lhe foi franqueando.

Arlindo lembra, vê-se nos seus olhos, com imensa saudade, a primeira vez que pisou o palco como actor na peça O AVANÇADO DE CENTRO MORREU AO AMANHECER, da autoria de Adriano Cuzanni, em tradução do também apaixonado pelas coisas do Teatro, Rui Lebre.

Já lá vão 50 anos!

Mas antes, quando aluno da saudosa EICA (ESCOLA INDUSTRIAL E COMERCIAL DE AVEIRO), já o bichinho do TEATRO lhe tinha sido instilado pela sua e minha professora, a Dr.ª Ondina Leite, que o fez actor em peças de récitas escolares.

Desses tempos lembra com saudade imensa o nosso amigo sr. Amaral Fartura, carpinteiro de cena do velho Teatro Aveirense, sempre pronto a emprestar o seu saber aos jovens de então.

E ainda recorda, entre tantas outras vivências, uma ida a Évora, onde actuou no Teatro Garcia de Rezende, que tanto o impressionou pela sua grandeza de palco.

Enfim: são pessoas como este meu amigo Arlindo que vão construindo o mundo da cultura aveirense e garantindo a vida pujante de instituições, que o são na verdadeira acepção da palavra, como é o nosso CETA.

Só posso ficar feliz…

Gaspar Albino

Setembro de 2015

 

29-11-2015