ALÇA
— Ferro, em forma de S alongado, que fixa a ostaga à draga.
AMANHAÇÃO — Reparação do barco.
AMURA — Cabo que fixa a vela à calcadeira.
Ancinho de arrasto
ANCINHOS DE APANHAR — Compõem-se dum cabo de eucalipto de,
aproximadamente, 2 m. de comprimento e dum pente com 12 a 14 dentes.
São utilizados para mariscar, colher o arrolado e na apanha do
moliço, nas marinhas de sal.
Ancinho de apanhar
ANCINHOS DE ARRASTO — Compõem-se dum cabo de eucalipto, de 4 a 6 m. de
comprimento e dum pente de carvalho com o comprimento de 1,50 m., por
0,08 m. de altura ao centro e 0,05 m. nas extremidades, provido de 64
dentes de 0,1 a 0,12 m., afastados entre si, nas pontas, 0,02 m.
Duas alças de ferro, com dentes mais curtos, reforçam-no no seu ponto
central. Estes ancinhos são fixados, obliquamente, em ambos os bordos
do barco, em número não inferior a 2 nem superior a 4, e, arrastando
pelo fundo da ria, arrancam o moliço.
ANDAR À ROLA — Ser impelido pela corrente e pelo vento, sem usar os
meios de governo do barco. Por extensão, diz-se de qualquer objecto a
boiar, abandonado, na corrente.
ANDAR À SIRGA — Utilizar a sirga como meio de propulsão.
ANDAR À VARA — Utilizar as varas como meio de propulsão.
ANDAR À VELA — Utilizar a vela como meio de propulsão.
Painel da proa.
APANHA DO MOLIÇO — Colheita e transporte do moliço.
ARGOLÃO — Argola
em ferro, situada na cobertura do castelo da proa, que serve para
fixar o pau das tira-viras e o mastaréu e, também, para calcar o
traquete.
ARROLADO — Moliço que se escapa dos ancinhos de arrasto ou se
desprende do fundo e fica a boiar ou vai dar às praias, impelido pela
corrente e pelo vento.
BARCADA DE MOLIÇO — Carregamento dum barco, que orça pelas 5
toneladas.
BATENTE DA PROA — Vertente do castelo da proa. (O mesmo que barrote da
proa).
BARROTE DA PROA — (Veja-se batente da proa).
BICA
— Peça recurvada, talvez inspirada no bico de certos palmípedes, e que
constitui o ponto mais elevado da proa e da ré do moliceiro. A da proa
é articulada por meio de uma dobradiça, que lhe permite reduzir a
altura, quando o barco tem de passar sob uma ponte baixa.
BOLEAR — Bolinar.
BOLINÃO — Cabo com uma das extremidades fixa à parte superior da vela,
por 6 cordéis, denominados pernas do bolinão, e com a outra ponta
presa ao moitão da bica. Serve para orientar o barco, de modo a ganhar
barlavento.
Painel da ré.
BUEIRAS — Orifícios que atravessam as cavernas, a fim de dar passagem
à água, facilitando, assim, o escoamento do barco. Alguns moliceiros
têm 3 bueiras, em cada caverna: uma central e 2 laterais; outros só
têm a do meio. Também algumas destas embarcações têm todas as
cavernas com bueiras, enquanto que outras só as têm nas 6 primeiras da
proa, nas 2 situadas debaixo do traste e nas 2 últimas da ré.
CACHOLA — Orifício situado na extremidade superior do mastro, por onde
passa a ostaga.
CAGARETE — Pequeno compartimento situado por detrás da entremesa, na
parte mais estreita e elevada da ré, onde se deposita o sal, o peixe
ou a carne salgada, para consumo de bordo.
CALCADEIRA — Argola em ferro, fixa na coxia, por onde passa a amura.
Serve para calcar a vela.
CAMARADA — Tratamento usual entre os moliceiros.
CARREIRA — Canal navegável.
CHANÇA — Recorte de simples efeito decorativo, situado a meia altura
da linha de contorno exterior do leme.
CHELEIRAS — Duas prateleiras, situadas a meia altura da câmara do
castelo da proa, onde se guardam os mantimentos e os utensílios
domésticos.
CINTA — Bordo do barco.
COSTANEIRA VOLANTE — Última tábua do paneiro, desligada deste, com o
fim de facilitar o seu levantamento.
COXIA — Peça situada junto ao casco, debaixo do buraco do traste,
onde se encaixa a extremidade inferior do mastro.
DRAGA — Cinta interior, paralela ao bordo.
ENCALAS - Aberturas situadas entre o bordo e a draga, onde se adaptam
as falcas, as tamancas e as forcadas.
ENCINHADA — Porção de moliço colhido por um ancinho.
ENGAÇOS — Ancinhos de ferro, com cabo de madeira, munidos de 3 dentes,
utilizados na descarga do moliço.
Engaços.
ENTREMESA — Tampa móvel, com fechadura, que cobre o castelo da ré e
constitui uma espécie de degrau alteado, que serve de assento ao
arrais. No espaço coberto por esta tampa, guarda-se o barril da água,
as forcadas e as tamancas.
ENVERGUE — (Veja-se verga).
ENVERGUES — Cordéis que prendem a vela à verga.
ESCOADOIRO OU ESCOADOURO — Utensílio semelhante a uma pá, com as
dimensões usuais de 0,40 m. de largura por 0,45 m. de comprimento e
0,08 m. na altura dos lados, munido dum cabo, que forma manípulo.
Serve para escoar a água, que se deposita nos vãos das cavernas. (O
mesmo que vertedoiro).
ESCOPEIRO — Utensílio constituído por um cabo de madeira, tendo uma
das extremidades envolvida num pedaço de pele de carneiro, fixada com
pregos. Serve para embrear o barco.
ESCOTA — Cabo fixado à parte inferior da vela e que serve para dar
mais ou menos pano à embarcação, regulando, assim, a sua velocidade.
ESCOTEIRAS — Extremidades das dragas, à ré, onde se prende a escota.
Castelo
da proa.
FALCAS — Pranchas que se ligam, entre si, por justaposição e que se
colocam no bordo do barco, para lhe aumentar o pontal. Cada embarcação
tem 4 falcas e 2 falquins, que se adaptam, nas encalas, à razão de 2
falcas e um falquim por cada bordo, desde a vertente do castelo da
proa até à antepenúltima caverna da ré. (Presentemente, nalguns
barcos, estes limites são ultrapassados). Justapostas, estas peças
acusam uma altura de 0,4 m., a partir da primeira falca, altura que
decresce, até 0,25 m., na extremidade do falquim. O comprimento da
falca da ré é de 4,30 m., o da proa é de 3,05 m. e o do falquim é de
1,15 m. Quando o carregamento do barco é composto de moliço de
arrasto, não se utilizam as falcas, porque o próprio moliço impede a
entrada da água.
FALQUINS — Falcas pequenas. (Veja-se falcas).
FERRO — Fateixa de 2 ou 4 braços.
FORCADA — Pau em forma de Y, que se apoia sobre o cagarete e se fixa,
com um cabo, à bica da ré, servindo de apoio ao mastro, quando
arreado.
FORCADAS — Peças de madeira, com a altura aproximada de 0,55 m., que
se encaixam nas encalas, numa posição vertical. Servindo de apoio ao
cabo dos ancinhos, conjugam as suas funções com as das tamancas, para
manter os ancinhos de arrasto numa posição oblíqua.
FURA-BUEIRAS — Arame utilizado para limpar as bueiras.
Nomenclatura
da proa.
GADANHÕES — Ancinhos de arrasto, com um pente de 32 dentes.
GAIOLA — (Veja-se portinhola).
GOLFIÕES — Duas peças de madeira, com as dimensões médias de 0,22 m.
de altura por 0,08 m. de largo e 0,06 de espessura, colocadas sobre a
cobertura do castelo da proa. Servem para amarração da sirga, descanso
dos ancinhos, das varas, do ferro ou para a fixação do respectivo
cabo, quando fundeado o barco. (O mesmo que mãozinhas).
LABOIROS — Pequenos montes de moliço juntos com os ancinhos de
apanhar, nas praias e nas marinhas de sal.
Nomenclatura da ré.
LADRA — (Veja-se matola).
LAMBAZ — Compõe-se dum cabo de madeira, com o comprimento médio de
1,50 m., tendo, numa das extremidades, sobrepostos e pregados, vários
pedaços de trapo. Serve para a lavagem do barco.
MALHADAS — Terrenos ligeiramente inclinados, situados à beira-ria,
onde se descarrega o moliço para lhe ser extraída a percentagem de
água, que constitui uma sobrecarga inútil.
MÃOZINHAS — (Veja-se golfiões).
MARÉ
DE MOLIÇO — Percursos de arrasto necessários para completar o
carregamento do barco. Quantidade de moliço colhido durante uma maré
ou durante um dia de trabalho.
MARISCAR — Colher o moliço do fundo com os ancinhos de apanhar,
estando o barco parado.
MASTARÉU — Mastro com a altura aproximada de 5,50 m., onde se arma o
traquete, usado, eventualmente, à proa.
MATOLA — Barco moliceiro mais pequeno, com aproximadamente 10 m. de
comprimento. Tem os bordos mais altos do que o moliceiro tradicional,
para compensar no que respeita a capacidade de carga, o que lhe falta
em comprimento. Não tem painéis decorativos, sendo o casco totalmente
embreado a pez negro. Pequeno barco de 3 m. de comprimento, manejado
à vara, que, antigamente, era utilizado para o carregamento do moliço
colhido em locais, onde não podia chegar o moliceiro, como, por
exemplo, nas praias ou sítios de pouca profundidade. Estes pequenos
barcos também eram conhecidos pela designação de ladras.
MOIRÃO — Vara de 4 a 6 m. de comprimento, que se fixa no fundo da ria
e serve para atracação do barco.
MOITÃO DA BICA — Roldana, onde se fixa o bolinão.
MOLICEIRO — Nome do barco e do próprio tripulante.
MOLIÇO — Vegetação submersa da Ria de Aveiro, sem distinção de
espécies, que a seguir se discriminam: Carqueja, Carrapeto, Cirgo,
Corga, Erva, Erva de Arganel, Estrume Novo, Fita, Folha, Folhada,
Limo, Mormassa, Mormo, Musgo, Papeira, Pinheira, Pojos, Rabos, Seba,
Sirgo e Trapa.
MOSCAS — Fios que fixam a mura à vela.
MOTAS — Parapeitos de descarga do moliço, de reduzidas dimensões.
Valas de água arrendadas pelos moliceiros, para a apanha do moliço.
MURA
— Cabo que debrua a parte superior e inferior da vela.
ORELHA — Peça de madeira, situada por estibordo, junto à cinta, atrás
do painel da proa. Por cima desta peça e fixada na cinta, há uma
pequena corrente de, aproximadamente, 0,3 m., que termina por um
gancho adaptável a uma argola, situada a 0,2 m. Este conjunto,
orelha e corrente, tem a dupla serventia de prender o barco ao moirão
e evitar que este danifique o costado, pelo atrito resultante da
agitação das águas.
OSTAGA — Cabo fixado à verga, que serve para içar a vela.
Padiola
PÁ
DE BORDA — Prancha de pinho, com o comprimento de 2,3 m., variando
na largura: 0,7 m., 0,8 m. ou 1 m. Serve de quilha, quando o barco
bolina, e coloca-se no bordo, por sotavento, meia mergulhada na água e
segura por cabos que, a partir de ambos os orifícios abertos na sua
extremidade superior, vão enlaçar-se na parte inferior do mastro.
Cada embarcação possui 3 pás, que dão, também, serventia de prancha;
com este fim, um dos lados é aparelhado com breu pulverizado de
serradura, para lhe dar uma melhor aderência. (O mesmo que toste).
PADIOLA — Espécie de escada, que se compõe de 2 varas paralelas,
sensivelmente fusiformes, com o comprimento aproximado de 2 m. e
ligadas, entre si, por 6 ou 8 travessas de 0,5 a 0,6 m., também fusiformes, colocadas a espaços iguais de, aproximadamente, 0,15 m.
É transportada por dois homens e serve para a descarga do moliço.
Quase sempre acompanha a embarcação, dependurada na proa, por
bombordo.
PAINAS — Dois estrados iguais, que cobrem o vão entre as duas
primeiras cavernas de água, ajustadas no sentido do comprimento. Têm a
função de lareira.
PANEIRO — Estrado situado à ré, sob o lugar do arrais. A última tábua,
costaneira volante, é desligada, com o propósito de facilitar o
levantamento do paneiro.
PAU
DAS TIRA-VIRAS — Pau cilíndrico, que se coloca encostado ao barrote da
proa, fixado ao argolão por uma corda e que tem, na parte superior,
uma ranhura circular, por onde passa a tira-vira.
PAU
DOS PONTOS — Vara quadrangular, com 1,5 m. de comprimento, que tem
marcadas, por incisão, as medidas que orientam o Mestre na construção
de todos os barcos. Constitui uma rudimentar régua de cálculo e tem
por imediato auxiliar um cordel vulgar — e nada mais.
PERNAS DO BOLINÃO - Seis cordéis que unem o bolinão à vela.