J. Domingos Arede, Madaíl, concelho de Oliveira de Azeméis, Vol. XIX, pp. 3-40

MADAÍL, DO CONCELHO

DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS

BISPADO DO PORTO

PREFAÇÃO

COMO o assunto principal deste estudo é a recente consrução da nova igreja de Madaíl, julgo conveniente falar, no mesmo estudo, da acção da Igreja através dos séculos, para maior apreciação e conhecimento do assisado e bondoso povo de Madaíl que, com fé e confiança, sabe dedicar-se à defesa da causa de Deus e da sua Igreja.

A vista do exposto:

A Igreja de Madaíl que acabou de ser edificada e, a seguir, inaugurada, é para o povo da terra vivo e vindouro prestar culto ao verdadeiro Deus, servir de sustentáculo da sua crença católica, e manter intacta a Religião e a Fé Cristã que herdou dos seus antepassados.

A Igreja, em todas as freguesias, seja de que país for, é uma herança que lhes veio dos seus ascendentes.

A Igreja é tão necessária ao homem como o pão para o seu alimento.

Dentro da Igreja todos são considerados iguais; e assim vemos ajoelhados dentro dela: os filhos ao lado dos pais, os pobres ao lado dos ricos; o operário ao lado do patrão e os novos ao lado dos velhos, porque a Igreja é um lar bendito de todos e para todos.

E a propósito:

Os povos europeus de todos os tempos, tanto antigos e medievais, como modernos, deram provas de amor à Religião e à Igreja evangelizadora, herança que emana da longa série dos seus avoengos. / 3 /

I

RELIGIÃO CRISTÃ

a) A Basílica de S. Pedro, em Roma, foi edificada no ano de 324. Constantino Magno escavou os alicerces, e transportou aos ombros 12 cestos de terra em honra dos 12 Apóstolos.

b) Carlos Magno. Este campeão do cristianismo distinguiu-se, no seu tempo, em adoçar o carácter e os costumes dos bárbaros do norte que, no século V, tinham invadido o Império Romano do Ocidente, resultando daqui o ressurgimento moral e religioso da Europa.

c) Cavaleiros cristãos que defenderam a Religião pelas armas. Os árabes, depois de terem passado os Pirenéus e / 5 / invadido a Península hispânica, tentaram subjugar a Gália, mas foram repelidos em diversas partes pelos seguintes Cavaleiros cristãos:
− Pelágio, parente de Rodrigo, que tinha sido rei visigodo e cristão.
− Afonso VI, de Leão, e I de Castela, auxiliado pelo seu general D. Rodrigo de Bivar.
− Carlos Martel, em Poitiers.
− Otão (O Grande), na Alemanha e Alta Itália.
− Uniade, na Transilvânia húngara.
− D. Afonso Henriques, em Portugal.


II
IGREJA EVANGELIZADORA

Foi a Igreja que, pela evangelização, converteu os seguintes povos bárbaros:

No século V, a Igreja converteu os Francos;
No século VI, a Igreja converteu os Anglo-Saxões;
No século VIII, a Igreja converteu os Alemanos, Bávaros e Turíngios;
No século IX, a Igreja converteu os Escandinavos, Eslavos e Polacos;
No século X, a Igreja converteu os Eslavos da Rússia;
Nos séculos X e XI, a Igreja converteu os Húngaros;
No século XIII, a Ásia foi convertida pelos Dominicanos e Franciscanos;
No século XVI, a Igreja converteu os os povos do Oriente por S. Francisco Xavier.

Como fica dito, tem sido sublime a acção da Igreja através dos séculos.

Nos tempos medievais, a Igreja teve de ser defendida pelas armas e, depois, foi a própria Igreja quem evangelizou, com espírito pacífico e alegre, os povos submetidos pelos' cavaleiros cristãos acima nomeados.

Que o povo de Madaíl, para Honra e Glória sua, mantenha sempre a sua igreja com um amor doce e puro, e que se dedique às coisas da Religião Cristã, são os desejos sinceros do

P.e JOÃO DOMINGOS AREDE
Abade aposentado de Cucujães

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