No
n.º 56 deste Arquivo publicou o Sr. Dr. AUGUSTO
SOARES DE SOUSA BAPTlSTA um artigo sobre Duarte de Lemos. No início do seu trabalho, a pág. 241, cita
nada menos de sete vezes o nome de Gomes Martins
de Lemos, − pai e filho −, chamando-lhes apenas Martins
Gomes.
Foi essa deturpação onomástica que me faz apresentar
este leve e bem intencionado reparo.
O Sr. Dr. BAPTISTA não justifica por que chama Martins Gomes aos senhores de Goes e da Trofa, nem transcreve qualquer documento donde tal se verifique e assim,
até prova em contrário, temos que declarar que não está certa a citação.
Gomes Martins de Lemos, o Velho, como seu filho
Gomes Martins de Lemos, o Moço, são com este nome referidos em todos os bons nobiliários, nas várias cartas régias
que conheço, no testamento de seu descendente, D. Luís da
Silveira, publicado pelo Dr. VIRGÍLIO CORREIA, etc.; não
encontrei até hoje qualquer documento que lhes chamasse
Martins Gomes. Gomes era nome próprio. Martins creio
que não, e não conheço em toda a ascendência daqueles
Lemos nenhum Martim ou Martins.
Gomes Martins de Lemos, o Velho, senhor de Oliveira
do Conde e Currélos, do conselho de D. João I, seu valido
e aio do infante D. Afonso, Conde de Barcelos, esteve nas
cortes de Coimbra de 1385, na tomada de Ceuta em 1415 e
está sepultado em Goes. Foi senhor de Goes pelo casamento com D. Mecia Vasques de Goes (lI.º senhor desta
terra), senhorio que D. Mecia manteve em viúva e passou
a seu filho Fernão Gomes de Lemos ou de Goes.
Os senhores de Goes estavam, realmente, com
D. Afonso V contra D. Pedro.
[Vol.
XV - N.º 59 - 1949]
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Ou porque Gomes Martins de Lemos fora aio do Conde de Barcelos e entre
eles ficara amizade, ou porque a vizinhança das terras de Goes com as do
Duque de Coimbra criara algum atrito, já quando o Conde de Barcelos
esteve prestes a travar batalha com o Duque, no vale do Ceira, as
forças do Conde chegaram pacificamente até Goes, e até à
vista de Serpins.
Mas este reparo já vai longo e não interessa propriamente ao distrito de Aveiro.
Que me perdoe o Sr. Dr. Baptista a rectificação, a bem
da verdade histórica.
M. RAMOS |