M. Ramos, Os Lemos de Goes e da Trofa, Vol. XV, pp. 225-226.

OS LEMOS DE GOES

E DA TROFA

No n.º 56 deste Arquivo publicou o Sr. Dr. AUGUSTO SOARES DE SOUSA BAPTlSTA um artigo sobre Duarte de Lemos. No início do seu trabalho, a pág. 241, cita nada menos de sete vezes o nome de Gomes Martins de Lemos, − pai e filho −, chamando-lhes apenas Martins Gomes.

Foi essa deturpação onomástica que me faz apresentar este leve e bem intencionado reparo.

O Sr. Dr. BAPTISTA não justifica por que chama Martins Gomes aos senhores de Goes e da Trofa, nem transcreve qualquer documento donde tal se verifique e assim, até prova em contrário, temos que declarar que não está certa a citação.

Gomes Martins de Lemos, o Velho, como seu filho Gomes Martins de Lemos, o Moço, são com este nome referidos em todos os bons nobiliários, nas várias cartas régias que conheço, no testamento de seu descendente, D. Luís da Silveira, publicado pelo Dr. VIRGÍLIO CORREIA, etc.; não encontrei até hoje qualquer documento que lhes chamasse Martins Gomes. Gomes era nome próprio. Martins creio que não, e não conheço em toda a ascendência daqueles Lemos nenhum Martim ou Martins.

Gomes Martins de Lemos, o Velho, senhor de Oliveira do Conde e Currélos, do conselho de D. João I, seu valido e aio do infante D. Afonso, Conde de Barcelos, esteve nas cortes de Coimbra de 1385, na tomada de Ceuta em 1415 e está sepultado em Goes. Foi senhor de Goes pelo casamento com D. Mecia Vasques de Goes (lI.º senhor desta terra), senhorio que D. Mecia manteve em viúva e passou a seu filho Fernão Gomes de Lemos ou de Goes.

Os senhores de Goes estavam, realmente, com D. Afonso V contra D. Pedro. [Vol. XV - N.º 59 - 1949] / 226 /

Ou porque Gomes Martins de Lemos fora aio do Conde de Barcelos e entre eles ficara amizade, ou porque a vizinhança das terras de Goes com as do Duque de Coimbra criara algum atrito, já quando o Conde de Barcelos esteve prestes a travar batalha com o Duque, no vale do Ceira, as forças do Conde chegaram pacificamente até Goes, e até à vista de Serpins.

Mas este reparo já vai longo e não interessa propriamente ao distrito de Aveiro.

Que me perdoe o Sr. Dr. Baptista a rectificação, a bem da verdade histórica.

M. RAMOS

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