Mário Ramos, Casas brasonadas de Oliveira de Azeméis, Vol. X, pp. 92-100.

CASAS BRASONADAS

DE OLIVEIRA DE AZEMEIS (1)

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IX − Casa no lugar da Igreja, freguesia de São Tiago de Riba-Ul (propriedade da Ex.^ma Senhora D. Leonor Rebelo Valente Cardoso). (Fig. 1)

Em poder daquela Senhora está a respectiva carta de brasão, concedida ao «Padre António Rebelo Santiago, Baxarel em Canones e Filozofia, e Comissario do Santo Officio». Dela consta que: «...se mostrava que elle he Filho Legitimo de Bernardo Rebelo, e de sua molher D. Antonia Clara. Neto Paterno de João Vaz Rebelo, e de sua molher / 93 / D. Maria Antonia. Neto Materno de Pascoal Manoel, e de sua mulher D. Maria Jorge. Os quaes seus pays e Avós farão pessoas Nobres da familia de Rebelo que neste Reyno são Fidalgos, etc.

Numa das salas da casa, com tecto de castanho, em maceira, existe pintado aquele brasão, mas com cores trocadas: em campo azul 3 faixas carmim-rosa e em cada uma 1 flor de lis de ouro. Engano por certo de restauro mais moderno.

A mesma família tem, no cemitério daquela freguesia, um jazigo, com a data de 1889, e nele o brasão seguinte (Fig. 2):

Partido:

1.º − Rebelos − o já referido, com a diferença;

2.º − Valentes − em campo vermelho, um leão (de oiro, faixado de azul).

Elmo − Timbre, o leão do escudo.

Vimos, junto com a carta de brasão citada, o desenho que serviu para a lavragem desta pedra.

Possivelmente por esquecimento ou ignorância não se indicou no leão, o faixado de azul. / 94 /

O metal, nas 3 faixas, está indicado, não por pontos, mas por peças que semelham conchas.

X − Casa em Adões, freguesia de Ul (propriedade do Sr. Dr. Manuel Valente Júnior).

Pertenceu esta casa outrora à família Corte Real, pelo casamento de Bento José Cardoso de Gouveia Corte Real, Senhor do Morgado do Gafanhão, com D. Ana Joaquina Pais Ribeiro Malheiro Borges, filha de Manuel Pais Ribeiro Malheiro Pereira, Senhor do Morgado de Adões e de sua mulher D. Escolástica Borges de Azevedo(2).

Por sucessivas vendas veio à posse do actual proprietário.

Escudo partido: (Fig. 3)

1.º − Pais − em campo azul 9 lisonjas veiradas de ouro e vermelho postas 3, 3 e 3;

2.º − Ribeiros − esquartelado − I e IV, em campo de ouro 3 palas de vermelho; II e IlI de negro com 3 faixas contraveiradas de prata e de vermelho.

Timbre − Um pavão de sua cor, de leque aberto.

Perto do portão, tem uma capela, onde se não vê inscrição ou brasão, a não ser que exista no pavimento, que está coberto a madeira. Na porta lateral tem a data de 1653 e é da invocação de S. Nicolau. / 95 /

A casa tem hoje apenas uma janela de sacada mas quase todas têm vestígio de terem sido sacadas, como há ainda vestígios do gradeamento na escadaria.

XI − Casa da Costeira, freguesia de Carregosa (propriedade do Dr. Ângelo Gomes Correia Portal).

Pertenceu ao Bispo de Coimbra, Conde de Arganil, D. Manuel Correia de Bastos Pina.

Tem o brasão na frontaria da casa, na da capela (de N.ª S.ª de Lourdes) e no patamar em frente da capela, no chão. Diferem apenas nas condecorações colocadas sob o escudo.

É o mesmo brasão que em Coimbra existe na frontaria do edifício da Maternidade.

Escudo partido:

1.º − Correias − em campo de ouro 6 correias entrelaçadas, de vermelho, 3 em banda e 3 em contra-banda;

2.º − Costas − I, campo vermelho, 5 leões de prata, faixados de 2 faixas de púrpura, enxequetados de ouro; Il − em campo vermelho, torre de prata sobre um monte de verde.

Chapéu e borlas de bispo.' Coroa de Conde.

A casa foi mandada construir por aquele bispo (Vide MARQUES GOMES, «D. Manuel Corrêa de Bastos Pina..,» 1898, e Resenha das famílias titulares, de SANCHES DE BAENA).

XII − Quinta do Côvo (propriedade do Dr. José de Castro Lemos). (Fig. 4)

/ 96 / A esta casa se referem os Anais do Município de Oliveira de Azeméis, já citados.

A pedra de armas, colocada no alto da frontaria da capela é de escudo partido:

1.º − Castros (de 6 arruelas);

2.º − Almeidas (encimado com coroa de Conde).

Informa-me o seu proprietário não ter nunca lá conhecido o outro brasão a que se refere a notícia de PINHO LEAL referida nos Anais citados.

XIII − Quinta do Alméu, em Silvares, freguesia de Macinhata da Seixa (propriedade do Sr. Dr. Aníbal Pereira Peixoto Beleza). (Fig. 5).

A esta casa, que veio por compra ao actual proprietário, referem-se os Anais citados. A pedra de armas, que foi retirada da casa a quando da venda, está no Pinheiro da Bemposta em poder do Sr. Eduardo de Albuquerque de Quadros Côrte-Real.

Escudo esquartelado: − Aranhas, Brandões, Henriques, Soares (de Toledo).

Diferença − uma brica com um trifólio (Fig. 6).

XIV − Póvoa, freguesia de Carregosa.

Já não existe o antigo solar, que foi demolido há cerca de 30 anos e que foi conhecido por dos Morgados da Póvoa de Carregosa. / 97 / [VoI. X - N.º 38 - 1944]

Tem esta Senhora um desenho colorido, datado de 1882, com o brasão da casa, e que é:

Esquartelado: 1.º − Carvalhos; 2.º − Pereiras; 3.º − Silvas; 4.º − Coelhos

/ 98 /

Diferença − brica de ouro com um trifólio verde.

Timbre − O dos Carvalhos.

No cemitério da freguesia há um jazigo da família com o mesmo brasão.

XV − Oliveira de Azeméis − Rua António Alegria, casa do Sr. Joaquim Rodrigues de Oliveira.

Tem esta casa um tecto pintado, com brasão. Não conseguimos saber a origem dele, nem acertar na sua leitura. Foi esta casa de D. Rosa Ricardina Pedrosa Basto, viúva de Dr. Bernardo Vicente Pedrosa e dela foi herdeiro Dr. Artur da Costa Sousa Pinto Basto. Passou a casa por compra ao actual proprietário. O escudo é esquartelado − o 1.º e 4.º − em campo verde, um leão vermelho; 2.º e 3.º − em campo de ouro, 5 crescentes vermelhos (Pinto). Elmo de prata. Timbre − um leão vermelho (Fig. 8).

Fig. 8

XVI - Bemposta (Fig. 9).

Uma parte da casa da Bemposta, citada sob o n.º V − pertenceu outrora a outro dono, ramo da mesma família.

Numa escadaria de entrada, já demolida, havia um alpendre e no tecto dela um brasão, em madeira, hoje em poder do Sr. Eduardo de Quadros Côrte-Real, que devia ser o mesmo que citámos sob o n.º VIII (Póvoa de Travanca); varia apenas em ser menos perfeito no desenho oval, e no 2.º quartel está esquartelado: 1.º, em campo vermelho um castelo de ouro; 2.º e 4.º −.3 flores de lis azuis, em roquete invertido; 3.º − em campo de prata, leão vermelho.

XVIl − Capela da Alumieira, freguesia de Loureiro (Fig. 10). / 99 /

Embora tivéssemos subordinado esta notícia ao título de casas brasonadas, incluímos esta capela, para assim completarmos a lista dos brasões que encontrámos no concelho.

Não conseguimos saber a quem diz respeito, e a sua leitura também fica em dúvida.

Fig. 9		Fig. 10

Na capela há um túmulo sem inscrição, e nele e na frontaria da capela um escudo esquartelado do modo seguinte (Fig. 11): 1.º − 5 flores de lis em cruz; 2.º − os cinco escudetes das quinas, em cruz; 3.º − quaderna de crescentes com estrela de 8 pontas dentro dela; 4.º − esquartelado: I − seis arruelas (ou besantes) como dos Castros; II − quatro arruelas entre uma cruz; IIl − seis arruelas, separadas as duas superiores por um traço; IV − 5 arruelas, 3 na primeira pala e 2 na segunda, separadas por um traço. / 100 /

Chapéu eclesiástico, cordões de 4 idas de borlas.

Desta capela diz o Santuário Mariano (tomo 7.º, pág. 525) que foi reedificada pelo Reitor de Arouca, Francisco Guedes de Sousa, depois de o bispo do Porto, D. Fernando Correia de Lacerda, ter mandado que ou se reedificasse ou se demolisse.

É possível que o túmulo seja o daquele pároco e queiram dizer as armas Guedes, Sousa, Carvalho, Gouveia (ou Melo e Castro) e que tudo esteja estropeado e fora das regras da nossa armaria. Também se poderia ler (na opinião do nosso amigo e condiscípulo Dr. Armando de Matos) como representando os dois primeiros quartéis um costado de Albuquerques.

Quanto à data, que parece 1662 emendado para 1632, também poderá ser a forma da época de 1652. No entanto, o bispo do Porto referido acima, que ordenou a reedificação, foi-o de 1673 a 1685.

Além das casas referidas há outras antigas e interessantes, que não mencionamos, embora pertençam a famílias com brasão. Relacionámos as que são armoriadas.

RECTIFICAÇÕES
(Efectuadas na versão digital)
A pág. 116 do vol. VIII, leia-se na 1.ª linha leão em vez de lado.
A pág. 111, penúltima linha, leia-se 1686, em vez de 1683.

MÁRIO RAMOS

(1) − Dificuldades surgidas na identificação de alguns brasões fizeram protelar a conclusão desta notícia por mais tempo do que era razoável. Confiamos que nos perdoem: o Arquivo e os seus leitores.

(2) − Anais, cit..