Do nosso prezado amigo e
assinante, Ex.mo Senhor JOSÉ FERREIRA DE SOUSA, aveirense muito
dedicado à sua
terra e apaixonado conhecedor da história da cidade, recebemos alguns
esclarecimentos rectificando e completando vários artigos insertos no ARQUIVO, do volume
II
ao VIII.
Vivamente agradecemos a penhorante gentileza, e aqui lealmente
transmitimos aos nossos leitores o resultado das investigações do Sr.
FERREIRA DE SOUSA.
Como na capa de todos os nossos fascículos se declara, «a doutrina dos
artigos assinados é de exclusiva responsabilidade dos autores»; e é
intuitivo que materialmente impossível nos seria submeter a minuciosa
verificação de pormenor todas as afirmações contidas em cada artigo
recebido. Mas como outro objectivo não temos que não seja o de alcançar
o mais possível a verdade histórica, gostosamente aceitamos todos os
esclarecimentos tendentes a esse fim, e os registamos com
reconhecimento.
A DIRECÇÃO
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VOLUME II (1936)
Página 9 − Santa Mafalda faleceu em 2 de Março, com
61 anos de idade, e não em 1 de Maio.
Página 324 − Em 11 de
Outubro de 1835, foram anexadas: a freguesia de N.
S. da Apresentação à da Vera-Cruz, e a do Espírito Santo à de S. Miguel.
Esta freguesia mudou
de orago depois da anexação.
VOLUME lII (1937)
Página 54 − A estampa tem o nome errado. Deve ser
«Sala do Despacho, Sacristia e arrecadações da Ordem Terceira de S.
Francisco, e nada tem o edifício de comum com o Convento de Santo
António.
Página 90 − O motivo por que demoliram a igreja de
S. Miguel foi o ter por orago S. Miguel. nome do rei deposto. Pela
reunião das duas freguesias − S. Miguel e Espírito Santo −, devia a
freguesia ter por orago S. Miguel, por ser a mais antiga das duas; mas,
em homenagem à Rainha
(D. Maria da Glória, filha de D. Pedro IV), mudaram-lhe o orago para
Senhora da Glória. Na igreja, não há nem houve
imagem com esta invocação. − A capela de S. Sebastião ficava
no antigo largo, próximo da fonte de S. Sebastião [Fonte dos
Amores], no actual Bairro de Aires Barbosa. O sino desta
capela está na torre dos Paços do concelho, lado do Poente, e é o que
bate os quartos de hora. − Do convento de lá apenas ardeu pequena parte
do corpo principal, a Nascente, que confronta com a rua pública. O
convento continuou a existir até 17 de Março de 1885, data em que foi
para Fermelã a última freira.
Página 95 − A capela de Santo Amaro deve ser a de
Vilar.
Página 316 − O incêndio da estação do C. F. não foi
total: apenas ardeu a parte superior da casa, ou seja o segundo
andar.
VOLUME IV (1938)
Página 39 − A entrada da canhoneira «Maria da Fonte»
foi no dia 2 de Julho de 1847. Os que primeiro fizeram fogo foram os da
canhoneira, pois que o Ponce Leão e os companheiros
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[Vol. IX - N.º 36 - 1943]
não levavam armas. O Ponce Leão levava uma
bengala. O barco não passou das proximidades das pirâmides; e quando, mais tarde, veio tropa, os patuleias fugiram pelas
marinhas. Traziam uma pequena peça. O primeiro tiro não acertou em ninguém; o segundo matou o
Ponce Leão, que ficou em tal estado, que foi preciso um
lençol para embrulhar os seus restos.
Página 58, nota I − O convento das Carmelitas foi desejado por D. Brites de Lara, que tratou de conseguir as precisas licenças e que faleceu sem as ter obtido. A isso se
refere a Crónica dos Carmelitas.
Página 209 e segs. − O chapéu do Bispo estava dependurado na pilastra correspondente ao cruzeiro, do lado do
Evangelho; e, no local próprio, do mesmo lado, estava a
cadeira episcopal, com o dossel, roxo, caído, a indicar sede
vacante. Aos domingos e dias santificados, havia missa
cantada, a cantochão, acompanhada a órgão pelo organista
da Sé, António Correia de Abreu. A missa era cantada pelo
capelão-tesoureiro P.e Domingos Tavares Afonso e Cunha,
hóspede das Senhoras Regalas, na Rua do Vento. Assistiam
todos os seminaristas, acolitando e cantando no coro. Assistiam também o professor de liturgia, mestre de cerimónias,
e o professor de cantochão. O último professor de liturgia
foi o P.e Manuel Joaquim Soares, e o último de cantochão o P.e Manuel
Ferreira Pinto de Sousa. O último sacristão da
Sé chamava-se João Maria da Silva (o João da Sé), e o contínuo das aulas António Joaquim da Silva Pádua, conhecido
pelo António Sacristão, assim denominado por ter sido sacristão, o
último, da igreja de S. Miguel e depois da freguesia da Glória e convento de Jesus, e guarda do cemitério.
− A Sé foi primitivamente estabelecida na igreja da Misericórdia. Nunca se chamou Sé Velha, porque não havia outra
mais moderna; e, quando a houve, a igreja continuou a chamar-se Misericórdia.
A Sé foi transferida para o recolhimento de S. Bernardino no tempo do terceiro Bispo. Era igreja sem ornatos ou
obras de merecimento; mas tinha uma tribuna na capela-mor,
muito elegante e bem lançada, que se vê hoje, muito mutilada, na igreja
da Senhora da Encarnação, na Gafanha. Tinha dois altares laterais, feitos no tempo do terceiro Bispo. A
igreja, extinto o bispado, ficou entregue à Associação do
S. Coração de Jesus, que ali continuou a exercer o culto, até
que o Sr. Dr. André dos Reis, como presidente da Comissão cultual (creio que assim se chamava) a mandou fechar.
Os altares foram: um para a capela de S. Tiago, onde, para
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adaptação, foi mutilado; o outro deve estar guardado no
Hospital da Misericórdia. A colcha amarela está no Museu,
e o restante foi para o Museu, Misericórdia e outras igrejas.
Página 246 − O mapa das freguesias da nova Diocese
está errado: falta-lhe a freguesia de Macinhata do Vouga e tem a mais:
Boa-Hora, Boco, Salgueiro, Ouca, Parada de Cima,
Fonte de Angião, Vista Alegre, Andia, Choca do Mar, Lombomeão e Vagueira, que não são
freguesias.
Página 249 e segs. − O quarto Bispo eleito para a Diocese de Aveiro chamava-se D. António de Santo
Ilídio da
Fonseca e Silva (e não Egídio). Entrou em Aveiro no dia 16
de Outubro de 1840 e tomou posse da Diocese sem esperar
a confirmação e sagração. Para sanar esta irregularidade, foi
nomeado Vigário Geral da Diocese, lugar que ocupou por
algum tempo. Tenho uma pastoral, impressa, deste Bispo, de 29 de Julho de 1841, assinada por
ele como bispo eleito.
Era irmão do antigo escrivão da câmara eclesiástica, Luís
António da Fonseca e Silva, que ainda tem descendentes em
Aveiro, e morava na rua de Santa Catarina, na casa hoje
pertencente à família Meireles. O sucessor e último escrivão
da Câmara chamava-se José Pereira de Carvalho (B.el), natural
de Viso.
João José Marques da Silva Valente, o Passante, por
ter tido tal cargo no convento de Santo António, onde foi
frade, foi Vigário Geral, substituto, da diocese de Aveiro
desde Outubro de 1869 até 15 de Agosto de 1870
Página 250 − Na gravura, está D. José, em vez de
D. Manuel Pacheco de Resende.
Páginas 303 e 304 − O carcereiro chamava-se António
José de Carvalho, e o melro cantava as primeiras notas de
um coro da ópera Favorita, de Donizetti. Não cantava o Prim, nem a
Maria Cachucha.
Página 315 − O primeiro enterramento no cemitério
público foi em 12 de Dezembro de 1835, e não em 1855.
VOLUME V (1939)
Página 153 − A casa do correio não era muito antiga,
pois que é mais moderna que o Liceu.
A igreja de S. Miguel foi demolida propositadamente, e
não por estar arruinada. Os presos ouviam a missa que era
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rezada numa capela exterior à igreja, construída para esse fim pela
Câmara em 1706.
Página 154 − Não era pardieiro, mas sim as paredes já construídas até a
altura das vergas das portas e destinadas ao Teatro. Como a obra ficasse
longo tempo parada, ali se desenvolveram as silvas. Esta construção
principiou no dia 22 de Junho de 1857, no sítio das casas que foram de
João Veríssimo.
Página 193 − João Ferreira da Cruz, de Vagos, e não
de Lagos.
VOLUME VI (1940)
Página 179 − Igreja do Espírito Santo. − O cruzeiro
foi demolido em 13 de Agosto de 1841. − A Junta de Paróquia mandou arrear
a telha no dia 6 de Novembro de 1843.
− Igreja de S. Domingos. A torre foi construída no sítio onde existia a capela de N. Senhora da Escadinha, da qual nada se
aproveitou. A porta existente foi construída de novo para dar entrada
para a torre e para o pátio interior. Esta torre fê-la o mestre de
obras Bernardo António da Graça, de Aveiro, e a demolida estava sendo
construída pelo mestre de obras Fernando Manuel Homem Cristo. Na torre
foram colocados: o sino balão e o sino da figueira, que eram de S.
Miguel, e os dois sinos do Espírito Santo. Pouco depois, foi trocado um
dos sinos do Espírito Santo pelo sino dos Frades, que existia num
campanário que ainda se conserva, − por se
reconhecer que fazia melhor conjunto com os outros. Este
sino, tirado da torre, foi mais tarde vendido para a Sé, donde em 1911
seguiu para as Carmelitas, onde rachou e ali se conserva.
A construção da torre principiou em
11 de Outubro de 1860. A obra parou
nos fins de Dezembro do mesmo
ano, para recomeçar no dia 4 de Fevereiro de 1861. Ficou concluída em 9
de Agosto de 1862. Os sinos tocaram pela primeira vez numa
quarta-feira, 28 de Maio de 1862, véspera da Ascensão.
Página 180 − Cemitério. − O primeiro enterramento no cemitério fez-se no
dia 12 de Dezembro de 1835, e foi sepultado Francisco de Almeida,
carpinteiro, da rua do Espírito Santo. Esteve por sepultar durante três
dias, porque o povo não queria que ele fosse enterrado nos canoilos
(assim chamava o povo àquele terreno, por ter ainda os canoilos do
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milho, ultimamente ali semeado). Tinham-lhe aberto sepultura na igreja do Espírito Santo e outra na igreja da Ordem
Terceira.
Página 181 − A procissão dos Passos saía do Carmo e
recolhia em S. Miguel. A capela do Terreiro era um Passo privativo.
Página 193 − A antiga entrada para a igreja da Misericórdia era para uma escada em frente da porta, e saliente.
Como avançava muito para a rua, foi substituída, no tempo
do provedor António de Sá Barreto de Noronha, por um patamar e duas escadas laterais, que há pouco existiam.
A Rua da Costeira foi alargada à custa das casas do Nascente e Poente. A
nota está errada, pois não foi o sistema primitivo o agora
adoptado.
Página 194 − O teatro actual foi construído sobre as
paredes, já a meia altura, do teatro que em tempos fora principiado, no sítio da tal casa de que fala o Arquivo.
Página 198 − Casas dos herdeiros de Manuel Ferreira
Correia de Sousa, e não do Prior da Vera Cruz, que era um dos herdeiros.
Página 199 − O Liceu passou para o edifício próprio no dia 15 de
Fevereiro de 1860. A inauguração do retrato de
José Estêvão foi em 1866.
As pedras da capela estão hoje no Museu.
VOLUME VII (1941)
Páginas 182 e 183 − A
freguesia de N. Senhora da Apresentação nunca teve por orago S. Gonçalo,
nem a provisão que a criou fala em tal.
VOLUME VIII (1942)
Página 283 − O Governo Civil foi instalado no Paço
Episcopal, assim como a Repartição de Fazenda, em 1846.
Em 1835, era ainda habitado pelo terceiro Bispo. − A primeira casa onde esteve foi a que hoje pertence à família
Rebocho, na Rua Direita; a segunda, a casa que pertenceu ao Dr.
Monteiro, também na Rua Direita, hoje demolida;
a terceira foi a casa de José Maria Branco de Melo, na Rua de José
Estêvão, hoje reconstruída pelos herdeiros do Visconde
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329 / de Valdemouro; a quarta, a casa que depois pertenceu a António Taveira, no Alboi; a quinta, o Paço Episcopal; a sexta, o
Liceu, após o incêndio do Paço. Do Liceu foi para o edifício próprio, e hoje encontra-se na casa que ocupa o terreno onde esteve a casa de José Maria Branco de Melo,
hoje dos herdeiros do Visconde de Valdemouro. (Veja o n.º 23 do
Arquivo, pág. 199).
Página 284 − A capela, que era um dos Passos da procissão de Passos, estava incluída no edifício, no rés-do-chão, lado
Norte. Ficava por baixo do arco, mas nada de comum tinha com ele: o arco
servia apenas para ligar o edifício com o outro, onde actualmente se vê
o Colégio de N. Senhora de Fátima.
Das Repartições instaladas no edifício, não estava a Direcção Hidráulica
do Mondego, mas a 1.ª Secção (Bacia
do Vouga) daquela Direcção.
JOSÉ FERREIRA DE SOUSA |