Francisco Ferreira Neves, A carta de brasão de armas de Manuel Alberto da Rocha Tavares, Vol. 1, pp. 257-259.

A CARTA DE BRASÃO DE ARMAS

DE MANUEL ALBERTO DA ROCHA TAVARES

A carta de armas de Manuel Alberto da Rocha Tavares, que a seguir publicamos, foi-nos amavelmente cedida pelo seu possuidor, o nosso Ex.mo amigo Sr. Fernando de Moura Coutinho de Almeida de Eça, natural de Esgueira e aqui residente, descendente do donatário da carta.


Este é por sua vez descendente de Francisco Tavares, cavaleiro instituidor do Morgado de Castelões no ano de 1545, e de sua mulher D. Maria Pereira, filha legítima de Braz Pereira, primo de D. Diogo Pereira, conde da Feira.

 

A carta consta de seis folhas de pergaminho e é ornamentada com formosas iluminuras, havendo cinco páginas ocupadas só com estas.


O Sr. Fernando de Almeida d'Eça também possui hoje a pedra de armas correspondente às da carta, e conserva-a na quinta de sua casa, bem como outra pedra de armas dos Rochas, trazidas do velho solar de Pigeiros. A primeira está representada na página 117 deste volume do Arquivo do Distrito de Aveiro.


FRANCISCO FERREIRA NEVES


BRAZÃO
DARMAS

que sse passou a Mano
el Alberto da Rocha
Tauares no Anno de
1732 E.ª


Dom Joam. Por graça de Deos, Rey de Portugal, e dos Algarues, daquem, e dalem, mar em Africa, Senhor de Guine, e da Conquista, navegação, do comercio da Ethiopia, Arabia, Percia, e India. & c.
/ 258 /

Brasão de armas concedido em 1732 a Manuel Alberto da Rocha Tavares, morgado de São Martinho, de Castelãos, e de Pigeiros. Fotografia da iluminura que acompanha a carta de armas.


A quantos esta minha carta virem faço saber, q Manoel Alberto da Rocha Tavares, morgado de São Martinho, e futuro sucessor do morgado de Castelaos, e de Pigueiros, e padroeiro da Igreja de Santa Maria do dito Pigueiros, me fes petição em como elle descendia, e vinha da geração e linhagem dos Rochas, Tavares, Pintos, e Pereiras, e suas armas de direito lhe pertencião, e pedindome por merçe, que para a memoria de seus antecessores se não perder, e eIle uzar, e gozar da honra das armas que peIlos merecimentos de seus serviços ganharão, e lhe forão dadas, e asim dos previlIegios, honras, graças e merçes, que por direito e por bë delIa lhe pertençem, lhe mandace dar minha carta das ditas armas, que estauão registadas em os liuros dos registos das armas dos nobres e fidalgos de meus Reynos que tem Portugal, meu Rey darmas. A qual petição, vista por mim, mandei sobre eIla tirar inquerição de testemunhas, pelo Doutor Manoel da Costa de Amorim, do meu dezembargo, e meu Dezembargador, em esta minha Corte, e caza da supplicação Corregedor do CiveI em ella, e por Caetano Joseph de Moura escrivão do dito juizo, pelIas quaes fui serto que elIe proçede, e vem da geração, e linhagë dos ditos Rochas, Tauares, Pintos, e Pereiras, como filho legitimo de Saluador da Rocha, Tauares, morgado de Castelaos, e de Pigueiros, padroeiro da dita Igreja, e de D. Anna Maria de Souza Vareiro e Auila. Neto pella parte paterna, de ManoeI Tauares da Rocha, morgado, e padroeiro de Santa Maria de Pigueiros, e de D. Maria de Matos Soares e Fonçeca. Bisneto de Francisco Tauares da Rocha, morgado, e padroeiro, de Santa Maria de Pigueiros, e de D. Maria Lobato Godinha. Terceiro neto de ManoeI Tauares da Rocha, morgado, e padroeiro de Santa Maria de Pigueiros e de D. Marta da Cunha. Quarto neto de Francisco Tauares Pinto, e de Margarida da Rocha, morgada, e padroeira de Santa Maria de Pigueiros; Quinto neto de Jeronimo Tauares, e de Maria
/ 259 / Pinta. Sexto neto de Francisco Tauares, e de D. Maria Pereira. Instituidores do morgado de Castelaos. Os quaes todos forão pesoas nobres, e se tratarão a ley da nobreza, e que nelles não ouue raça de Judeo, Mouro, ou Mulato nem de outra infecta nação, e que de direito as suas armas lhe pertençem. As quaes lhe mandei dar em esta minha carta com seu Brazão, Elmo, e Timbre, como aqui são deuizadas, e sim como fiel e verdadeiramente se acharão devizadas, e registadas em os liuros dos registos do dito Portugal, meu Rey darmas. A saber. Hum escudo esquartellado, no primeiro quartel, as armas dos Rochas, em campo de prata huma banda vermelha com cinco vieiras de ouro, no segúndo as dos Tauares, em campo de ouro cinco estrelas vermelhas em sautor, no terceiro as dos Pintos, em câm, campo da prata, cinco cresentes de lua vermelhas com as pontas para sima postas em sautor, e no quarto, as dos Perejras, em campo vermelho, huma Crus de prata floreteada, e uazia do campo. Elmo de prata aberto, guarnecido de ouro; Paquife dos metaes, e cores das armas; Timbre o dos Rochas, huma aspa vermelha com huma vieira de ouro, e por diferença huma brica azul com hum trifolio de ouro. O qual escudo, armas, e sinaes posa trazer, e traga o dito Manoel Alberto da Rocha Tavares, asim como as trouceraõ e dellas uzaraõ seus antecessores, em todos os lugares de honra em que os ditos seus ãtecessores, e os nobres e antigos fidalgos sempre as custumaraõ trazer, em tempo dos muy esclarecidos Reys meus antecessores, e com ellas posa entrar em batalhas, campos escaramuças, rectos, e exercitar com ellas todos os outros actos licitos da guerra, e da paz, e asim as posa trazer em seus firmaes, aneis, lentes, e devizas, e as por em suas cazas, e idifficios, e deixalas sobre sua propria sepultura, e finalmente se servir, honrar e gozar, e aproveitar dellas, em todo, e por todo, como a sua nobreza convem; Com o que quero e me praz que haja elle, e todos seus descendentes, todas as honras, preuillegios, liberdades, graças, merçes, e inzençoês, e franquezas, que hão, e deuem hauer os fidalgos nobres, e de antiga linhagem, e como sempre de todo uzarão, e gozarão, seus antecessores. Porem mando a todos meus Corregedores, e Dezembargadores, Juizes, Justiça, Alcajdes, e em especial, aos meus aos meus (sic) Reys darmas, Arautos, e Passavantes, e a quaes quer outros officiaes, e pesoas, a que esta minha carta for mostrada, e o conhecimento dela pertecer, que em todo lho cumprão, e guardem, e fação comprir, e guardar, como nelIa he contheudo, sem duvida nem embargo algum, q em elIa lhe seja posto por que assim he minha merçe. El Rey noso senhor o mandou por Manoel Pereira da Sylva, seu Rey darmas Portugal. Frej Joseph da Crus da ordem de São Paulo, Refformador do Cartorio da nobreza do Reyno, por especial Provizão do dito Senhor â fes, em Lisboa Occidental, aos quinze dias do mes de Outubro do ano de mil setecentos e trinta e dois, e vaj sobscrita por Antonio Francisco e Souza, escrivão da nobreza nestes Reynos, e senhorios de Portugal, e suas Conquistas.

Eu Antonio Francisco e Souza o sobscrevy.

P. Rey darmas, p.al


Fica registado este Brazão no L.º 8. do registo dos Brazões da nobreza de Portugal a fl 190 Lisboa Occidental aos 19. diaz do mes de Outubro, do anno do nascimento de noso senhor Jesu Christo de 1732.

Ant.º Franco e Souza

 

Nota - Onde surgir um trema deverá considerar-se um til. Exceptuando este caso, o texto foi rigorosamente transcrito
           de acordo com o original.

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