por um grupo excursionista
do Teatro Aveirense
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DE PASSAGEM
– Somos de Aveiro!...
E de passagem, em visita de recreio,
pelas terras alheias, não diremos que a cidadezinha donde vimos é
superior às suas congéneres. nem que é mais linda a nossa terra do que
qualquer das lindas terras de Portugal que andamos percorrendo…
Saudamo-Vos!
E saudando-Vos, pedimo-Vos permissão para
Vos dar uma pequena notícia de Aveiro e seu Distrito, desejando que a
vossa felicidade nos permita um dia, a nós aveirenses, receber a honra
da vossa visita...
*
* *
Aveiro não é uma cidade notável pelos
seus monumentos, nem pelos grandiosos aspectos urbanistas próprios das
capitais modernas.
É pequenina, humilde, popular.
O seu atractivo, a sua grande riqueza, a
sua maior curiosidade é a Ria.
Resto de um antigo golfo separado do
Atlântico por um cordão arenoso que se desalinhou das pedras de Espinho
ao Cabo Mondego, comunica com o mar por uma barra artificial e abriga no
seu interior um labirinto de canais, cales, esteiros e ilhotas entre os
quais desaguam vários rios. O Vouga, o principal deles, esbraceja ainda
por um delta, depois de divagar num largo estuário morto, hoje
preenchido por campos, pateiras, juncais e salgueirais, e depois de
percorrer um apertado vale entre montanhas, a recolher águas da Beira.
A cidade é modesta, mas preside a um
distrito populoso, variado, rico de panoramas, complexo de actividades,
marítimo, lagunar, agrícola, industrial, que pelos seus brios, labor,
recursos e aptidões honra o nosso País.
Mercê da região em que assenta e das
paisagens que a circundam, Aveiro, servida pelas linhas férreas
Porto-Lisboa e do Vale do Vouga, é uma terra que não repele o visitante
nem fatiga o turista que ali se detém. Constituindo pela sua localização
um prático e cómodo centro de passeios e digressões, dispõe de um bom
hotel, de pensões económicas, de vários cafés, de teatro-cinema, de um
agradável e acolhedor Jardim-parque, de um excelente Museu de Arte que é
dos melhores do País, de automóveis de aluguer, lanchas de turismo para
excursões fluviais, estradas de fácil e rápida ligação com Lisboa,
Porto, Coimbra, Viseu e Figueira da Foz.
O clima é privilegiado por isento de
grandes oscilações e de penosos extremos.
Embora a região seja ventosa em certas
épocas, por aberta às correntes aéreas do Oceano, nem os seus invernos
conhecem os rigores dos frios impertinentes, nem os seus estios contam
mais que alguns dias de calor bem suportável.
Do seu clima e da movimentação das águas
que a cercam resulta uma salubridade digna de nota.
Tudo isto e os seus aspectos peculiares
tornam a cidadezinha atraente, dizem alguns escritores, simpática,
talvez, com o seu ar lavado, a simplicidade de maneiras do seu povo, e a
sua paisagem cheia de azul, de sol, de alegria, em verdade única no
País.
Uma estrada encostada às marinhas,
através da Ria e da Gafanha, conduz aos estaleiros navais e às secas do
bacalhau, às praias da Barra e Costa Nova, ao Forte, ao Farol, ao cais
da Aviação Marítima de S. Jacinto. Outra leva a Ílhavo, que possui um
interessante Museu de etnografia marítima, e à afamada fábrica de
porcelana da Vista Alegre, com seu Museu, rico mostruário e capela
monumental.
O percurso dessas estradas maravilha os
visitantes. O horizonte é vastíssimo: mar, dunas, campos verdejantes,
salinas, praias, ilhas e canais, sal rebrilhando, barcos à vela,
pinheirais, agras e campinas, colinas e serranias!
A terra é um anfiteatro, vai do nível do
mar até aos 1.100 metros de altitude. Ao sul o Cabo Mondego e a serra da
Boa Viagem, ao norte os montes durienses fecham-nos o horizonte. Lá no
extremo o pico do Trevim da serra da Lousã, os montes de Coimbra e do
Lorvão, o Bussaco e o Caramulo, as Talhadas, o Arestal, a Freita e,
sempre à volta, casario, povoados, ninhos de uma grei densa, prolífera e
vigorosa.
Alguns quilómetros... e é a Curia, o
Luso, o divino e histórico Bussaco; a Bairrada e o Vale da Mó; Águeda e
o Panteon dos Lemos, a estrada dos Sanatórios do Caramulo; Albergaria e
Sever; Estarreja, a Murtosa, a Torreira; Ovar e o Furadouro; Espinho e a
Granja; Vila da Feira e o seu vetusto Castelo; Azeméis e S. João da
Madeira com as suas fábricas; Cambra com o seu vale e Arouca com o seu
riquíssimo convento. Tudo isso é digno de ver-se e vê-se com prazer e
percorre-se sem enfado.
Aveiro orgulha-se desse Distrito, que é
cheio de riqueza e de beleza e tem praias e vinhedos, campos e alcantis,
areias soltas e rochas fraguentas, e com a sua gente humilde mas afável,
onde se encontram raparigas que estranhos têm considerado das mais
esbeltas de Portugal, com as suas festas e procissões, com os seus
monumentos e com os seus canais, com a sua Ria e as suas indústrias, o
seu clima, as suas especialidades, os seus arredores e os seus passeios.
Aveiro não teme a vossa visita, porque não receia desagradar-Vos: por
isso
– Aveiro convida-Vos e deseja-Vos!
A excursão dos Empregados no Teatro
Aveirense
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VISITE AVEIRO
A Beleza fascinante da sua Ria,
maravilha da terra de Portugal! - Os canais da cidade com os seus
típicos barcos - Seu Museu de valioso recheio artístico - O Convento de
Jesus e o Túmulo de Santa Joana - Seu Parque Municipal - A graça
donairosa e a esbelteza das suas tricanas.
O que o visitante deve ver em Aveiro
O
Museu Nacional
(aberto todos
os dias das 11 às 17, aos domingos até às 14 horas) tem valiosas
colecções de arte. No
Convento de Jesus,
onde se acha instalado o Museu, deve admirar-se a sua interessante
igreja de riquíssima talha doirada, e o formosíssimo túmulo – primorosa
jóia em mosaico de mármores do século XVIII – onde jaz a excelsa filha
do rei D. Afonso V, a Princesa-Infanta Santa Joana, que neste convento
se fez monja e morreu. Visitar também a cela e as relíquias da Santa.
Perto do convento fica a
Igreja de S. Domingos,
em cujo adro se pode ver um magnífico cruzeiro em puro estilo gótico,
dos fins do século XV. O portal da igreja data de 1719. No interior
podem ver-se algumas obras de reconhecido valor artístico.
Seguir depois até ao
Jardim Público
e
Parque Municipal,
retiro atraente e muito bem cuidado, com vastos terrenos anexos
destinados ao Estádio da cidade. Perto fica o
Hospital da Misericórdia,
magnificamente instalado.
Voltando para o centro da cidade, passa-se na
Praça Marquês de Pombal,
onde se encontra o edifício do
Governo Civil
(do último andar observa-se lindo panorama sobre a cidade e arredores) e
a
Igreja das Carmelitas,
espécimen muito interessante pela sua talha doirada e azulejos
setecentistas.
Depois da
Praça da República,
vêem-se os edifícios do
Liceu Central,
os
Paços do Concelho,
a estátua do grande tribuno José Estêvão, glória aveirense, e a
Igreja da Misericórdia,
da época filipina, digna de ser admirada.
Descendo a Rua Coimbra, chega-se ao
Canal Central,
cuja visita, até o
Canal das Pirâmides,
é de recomendar.
No começo da Avenida Central, que liga o
centro da cidade à estação do Caminho de ferro, ver o monumento aos
mortos da Grande Guerra, bronze de José Caldas, de bela feição
artística.
Para poente fica o característico
Bairro Piscatório,
cheio de simplicidade mas de beleza e cor, onde se encontram os tipos
mais castiços da região: o pescador, a tricana, a salineira e a
peixeira, tipos de encantadora beleza, que se distinguem pelo seu porte
donairoso, a esbelteza das suas linhas, e seu porte grácil... O
visitante não deve deixar de percorrer este bairro, passear ao longo do
Canal de S. Roque
onde se nota sempre um intenso labor. Pode-se atravessar esse Canal pela
pequena ponte de madeira que nele se encontra, e ir, junto às
Marinhas de Sal
(em laboração apenas nos meses de verão) até à
Ponte de S. Gonçalo,
junto ao Canal das Pirâmides. Passa ao
Rossio
e está de novo no centro da cidade. Neste local realiza-se, de 25 de
Março a 12 de Abril, a «Feira de Março». Muito interessante e de notável
beleza pictural é a «feira dos barcos», que se realiza em 25 de Março,
pela manhã, no Canal Central.
É também digna de visita a
Capela do Senhor das Barrocas,
belo exemplar de estilo barroco, de forma octogonal, situada no extremo
norte da cidade.
Características e de belo sabor local, em Aveiro, são as
suas majestosas procissões (Cinzas, Passos, etc.) e festas populares; os
seus cais e canais, a indústria do sal, a cerâmica artística e de
construção; os seus afamados doces, especialmente os deliciosos
ovos moles;
as
enguias de escabeche
e os saborosos
mexilhões
de conserva. As caldeiradas regionais, à pescadora, habilmente
confeccionadas, com o peixe da Ria, nos modestos mas asseados e
acolhedores restaurantes da cidade, são de molde a satisfazer o mais
exigente apreciador.
VISADO PELA COMISSÃO DE CENSURA
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