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Reminiscências. Crónicas e outros escritos, Aveiro, 2014, pp. 7-8.


Prefácio

Comecei a escrever tarde. Julgo agora que o deveria ter feito muito antes. Como qualquer outra manifestação cultural só o treino nos permite aperfeiçoar. Não tenho pretensões de me considerar escritor, quando muito serei um escrevinhador. Mas poderia ter melhorado bastante, se a prática tivesse sido consistente.

Os meus primeiros “escritos” foram para o mensário “O Nosso Jornal” dos trabalhadores da Portucel-Cacia, empresa onde permaneci cerca de dez anos, de 1970 a 1979. Quando resolvi debandar para outras paragens, tive ocasião de prestar serviços em projectos, assistência técnica de montagem e de arranque de fábricas similares, relacionados com a indústria da pasta de papel, na Áustria, nos Camarões e na Tailândia. A maneira de continuar a manter contactos com a Portucel-Cacia, onde fizera boas e sãs amizades, foi a de escrevinhar algumas crónicas daqueles países, que seriam publicadas em posteriores números do citado mensário. A agradável aceitação das mesmas crónicas por parte das gentes de Cacia, levaram-me a pensar em as passar para um livro de “crónicas de viagens”, de modo a poder transmiti-las a mais alguns leitores interessados. A essas crónicas juntaria algumas outras que entretanto escrevera referentes a passagens pela India, país que me muito me dizia por ter vivido em Goa por mais de quatro anos (de 1951 a 1955) e que visitei posteriormente. Ao conjunto de todas estas crónicas, e mais algumas que designei como “em trânsito”, dei o título de “Sawadi Krap!” (saudação tailandesa), publicação que viria a lume em 1994.

Entretanto fui escrevinhando mais algumas crónicas, respeitantes aos países referidos, e outros escritos que me foram ocorrendo, nomeadamente contos, artigos de opinião e até alguma “pobre” poesia.

Do livro de crónicas de 1994 só restam dois ou três exemplares. Mas como alguns amigos ainda dele me falam e outros gostariam de o possuir, pensei em proceder à publicação de uma segunda edição. Mas, como tenho os tais outros escritos que podiam, eventualmente, complementar o inicialmente produzido, porque não editar um novo livro, onde adicionasse, não “tudo o que tenho escrito” mas aquilo que, pela narração de episódios que vivi e presenciei, possa despertar algum interesse? Como acaba por ser um novo livro, tendo-lhe acrescentado praticamente outro tanto ao conteúdo do primeiro, entendi titulá-lo com outro nome, daí as “reminiscências”, dado tratar-se de um narrar de recordações e de outros escritos com alguma “fermentação”.

Não sei se, efectivamente, conseguirei despertar o interesse pela leitura destes meus escritos, mas quaisquer críticas serão benvindas no sentido de poder aperfeiçoar a minha verve.

António Carretas


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