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            Comecei a escrever tarde. Julgo agora que o 
            deveria ter feito muito antes. Como qualquer outra manifestação 
            cultural só o treino nos permite aperfeiçoar. Não tenho pretensões 
            de me considerar escritor, quando muito serei um escrevinhador. Mas 
            poderia ter melhorado bastante, se a prática tivesse sido 
            consistente. 
            
            Os meus primeiros “escritos” foram para o 
            mensário “O Nosso Jornal” dos trabalhadores da Portucel-Cacia, 
            empresa onde permaneci cerca de dez anos, de 1970 a 1979. Quando 
            resolvi debandar para outras paragens, tive ocasião de prestar 
            serviços em projectos, assistência técnica de montagem e de arranque 
            de fábricas similares, relacionados com a indústria da pasta de 
            papel, na Áustria, nos Camarões e na Tailândia. A maneira de 
            continuar a manter contactos com a Portucel-Cacia, onde fizera boas 
            e sãs amizades, foi a de escrevinhar algumas crónicas daqueles 
            países, que seriam publicadas em posteriores números do citado 
            mensário. A agradável aceitação das mesmas crónicas por parte das 
            gentes de Cacia, levaram-me a pensar em as passar para um livro de 
            “crónicas de viagens”, de modo a poder transmiti-las a mais alguns 
            leitores interessados. A essas crónicas juntaria algumas outras que 
            entretanto escrevera referentes a passagens pela India, país que me 
            muito me dizia por ter vivido em Goa por mais de quatro anos (de 
            1951 a 1955) e que visitei posteriormente. Ao conjunto de todas 
            estas crónicas, e mais algumas que designei como “em trânsito”, dei 
            o título de “Sawadi Krap!” (saudação tailandesa), publicação que 
            viria a lume em 1994. 
            
            Entretanto fui escrevinhando mais algumas 
            crónicas, respeitantes aos países referidos, e outros escritos que 
            me foram ocorrendo, nomeadamente contos, artigos de opinião e até 
            alguma “pobre” poesia.  
            
            Do livro de crónicas de 1994 só restam dois ou 
            três exemplares. Mas como alguns amigos ainda dele me falam e outros 
            gostariam de o possuir, pensei em proceder à publicação de uma 
            segunda edição. Mas, como tenho os tais outros escritos que podiam, 
            eventualmente, complementar o inicialmente produzido, porque não 
            editar um novo livro, onde adicionasse, não “tudo o que tenho 
            escrito” mas aquilo que, pela narração de episódios que vivi e 
            presenciei, possa despertar algum interesse? Como acaba por ser um 
            novo livro, tendo-lhe acrescentado praticamente outro tanto ao 
            conteúdo do primeiro, entendi titulá-lo com outro nome, daí as 
            “reminiscências”, dado tratar-se de um narrar de recordações e de 
            outros escritos com alguma “fermentação”. 
            
            Não sei se, efectivamente, conseguirei 
            despertar o interesse pela leitura destes meus escritos, mas 
            quaisquer críticas serão benvindas no sentido de poder aperfeiçoar a 
            minha verve. 
            
            António Carretas  |