Em 1981 o número de atletas
inscritos baixou ligeiramente em relação ao ano anterior. O total
foi de 930, sendo 688 masculinos e 242 femininos.
Os campeonatos nacionais de
corta-mato disputaram-se em Aveiro, no dia 1 de Março. Uma vez
mais, título de campeã em juniores para Regina Gonçalves, do Beira-Mar. Também em femininos, e com alguma surpresa, uma
atleta do Cesarense, Rosa Rodrigues de seu nome, no escalão
etário de juvenis, alcançou também o 1º lugar. Igualmente de
assinalar neste escalão o 3º lugar de Alice Cardoso, do Lourocoop.
Em masculinos o destaque vai para o
4º lugar de Paulo Pinhal, do Beira-Mar, em juvenis e o 6º lugar de
Rui Saldanha, do mesmo clube, em juniores. Paulo Pinhal era o irmão
mais novo de Luís Pinhal e, pelos vistos, seguia-lhe as pisadas.
Do historial dos campeonatos
nacionais de corta-mato até aqui, focamos:
Em juvenis, cinco títulos em dez
campeonatos, dois colectivos (Estarreja em 1976 e Lourocoop em
1981) e três individuais, Adelaide Meireles em 1976,
Regina Gonçalves em 1979 e Rosa Rodrigues, do Cesarense
em 1981, isto em femininos; em masculinos apenas um título
individual para Rui Saldanha em 1979.
Em juniores, em onze edições nada
menos de dez títulos para a região aveirense, cinco
colectivamente (quatro para a Ovarense, em 1973, 74, 77 e 79 e um
para a Sanjoanense em 1976) e outros cinco individuais, Olívia
Elvas em 1973 e 1974, Bárbara Nunes em 1975 e
Regina
Gonçalves em 1980 e 1981, no tocante a femininos; em masculinos
apenas um título individual, em 1953 (?!) por Maurício Tavares,
do Clube Atlético do Pejão, que também venceu colectivamente.
Pelo Departamento Técnico da
Federação foram designados para fazer parte da equipa participante no Campeonato Mundial de Corta-Mato, a disputar em
Madrid, em 28 de Março, os atletas do Beira-Mar Regina Gonçalves e
Rui Saldanha.
Já vimos feitos brilhantes de
atletas do Beira-Mar. Este clube da cidade tinha nesta altura talvez
a melhor equipa de sempre da sua história. Para além dos já
consagrados Regina Gonçalves, Luís Pinhal e Rui Saldanha, apareceu
no clube mais um bom naipe de jovens atletas dos quais teremos que
destacar Paulo Pinhal, Ângela Pinheiro, Élio Simões, entre outros.
Mas a estrela seria um atleta desviado do ACM de Coimbra, Arnaldo
Abrantes, um velocista que deu cartas neste início da década de
80. Foi o prof. José Santos, técnico regional de Aveiro, seu
professor de Educação Física em Oliveira do Bairro, que vendo no
jovem capacidades suficientes para se tornar um bom atleta, que o
levou para o ACM em 1978 e neste ano de 1981 o “desviou” para o
Beira-Mar.
Este atleta era tão só o melhor
atleta do ano nos 200 metros, com o tempo, extraordinário para a
época, de 21,3 s à frente dos consagrados António Cachola e Norberto
Serina, ambos do Benfica. Marca obtida em 14 de Março num torneio em
Coimbra. Nos 100 metros, o seu tempo de 10,6 s (só mais um décimo
que o tempo do consagrado Vítor Mano, também do Benfica), também
obtido em Coimbra no dia 7 de Março, colocava-o no 4º lugar do
“ranking”. Também tinha o bom tempo de 50,0 s nos 400 metros.
Em pista coberta, num meeting internacional em San
Sebastian (Espanha) , no dia 14 de Fevereiro deste ano de 1981, foi
2º na prova de 50 metros planos, com o tempo de 6,03 s
(electrónico) que constituía recorde nacional absoluto da
distância. Também era recordista nacional (registo manual) com o
tempo de 5,8 s.
Com naturalidade, teve tripla
vitória nos campeonatos de Aveiro (2 e 3 de Maio) nos 100 (10,8),
nos 200 (21,7) e nos 400 m. (50,5), tempos excepcionais porque
obtidos em S. João da Madeira, na pista que já referimos estar em
más condições.
Outro recorde nacional obtido
por atleta de Aveiro foi o de 1.500 m. em juniores por parte de
Regina Gonçalves, com o tempo de 4 m 25,3 s, prova que venceu em
12 de Julho a quando da realização em Lisboa, dos campeonatos
nacionais de juniores. Venceu também os 3.000 m. destes
campeonatos com o tempo de 9.45,4. Nestes campeonatos, outro 1º
lugar (campeão) foi na prova de 1500 m. masculinos, agora por
intermédio de Paulo Pinhal, com o tempo de 4 m 02,8 s. Outros
lugares de destaque em juniores, os 3os lugares de José
Carlos, do Beira-Mar, nos 100 e nos 200 m.; de Élio Simões, do
Beira-Mar, nos 400 m.; de Rui Saldanha, ainda do Beira-Mar, nos 2000
m. obstáculos e de Mário Silva, a representar o Galitos, nos 5.000
m., isto em masculinos. Em femininos, os 3os lugares de
Ângela Pinheiro, nos 100 m. e de Otília Oliveira, nos 1.500 m, ambas
do Beira-Mar. A equipa do clube da cidade foi 2ª na estafeta 4x400
m., com o razoável tempo de 3 m 27,2 s, que ficava a constituir novo
máximo absoluto de Aveiro. Por aqui se confirma o poderia do
Beira-Mar sobre as restantes equipas do distrito nesta altura.
Registemos o que dizia a revista da
Federação “Atletismo português” sobre o feito de Regina Gonçalves:
«A autora do máximo nacional foi
a beiramarense Regina Gonçalves, com um tempo melhor em 4,7 s. que o
mínimo exigido para estar presente na mais importante competição
internacional para atletas juniores. Regina, que demonstrou uma
nítida subida de forma, realizou uma corrida plena de regularidade,
à média aproximada de 70,7 s por volta; isolou-se, mal soou o tiro
de partida, plena de determinação, lutando apenas contra o
cronómetro e o vento. Note-se que esteve à beira de obter outro
mínimo, nos 3.000 m. ficando apenas a 4 décimos.
Apareceu no atletismo em 1977,
quando tinha apenas 14 anos, dando logo nas vistas com os seus
4.54,7 nos 1.500 prova em que, ano após ano, tem progredido de modo
notável: 4.41,1 em 78; 4.38,8 em 79; 4.25,8 em 80.»
O mesmo articulista dizia ainda
“... a aveirense Ângela Pinheiro apenas com 4 meses de treino e 26,3
s aos 200 m.!” e mais adiante “...a companheira de clube
(Regina) foi a revelação, melhorando amplamente os seus
máximos pessoais (nos 1.500 e nos 3.000 m."
No escalão de juvenis, no
respectivo campeonato nacional, disputado na Guarda em 13 e 14 de
Junho, de registo os 2os lugares de Paulo Pinhal nos 800
e nos 1.500 m. e de Cristina Eduardo, esta atleta da Sanjoanense,
nos 100 e nos 400 m. barreiras. Na primeira destas provas fez o
mesmo tempo da primeira classificada (16,3 s). Ainda os 3os
lugares de Alice Cardoso, do Lourocoop, nos 1.500 e de Mimosa
Eduardo (a irmã gémea da citada Cristina) nos 400 m. barreiras.
Do balanço do de 1981, na revista da
Federação, relativo a Aveiro e respeitante ao escalão de juvenis,
afirmava-se:
“Aplausos para Cristina
Eduardo que, no seu 7º ano de prática da modalidade (!?), obteve
o justo prémio da sua dedicação com o título nacional do
salto em altura e os de vice-campeã dos 100 e 400 metros
barreiras. Na velocidade um novo valor desponta, Ângela
Pinheiro e, no meio fundo, evidência para Rosa Rodrigues
que, já em 80, aparecera nos corta-matos, e Alice Cardoso,
vice-campeã absoluta dos 3.000 m., que representa o Lourocoop...
Nos rapazes, apenas 2 nomes nas
listas dos dez melhores da época que apresentamos... São eles
José Pedro, o que logrou saltar mais longe, entre os juvenis, e Paulo Pinhal,
uma revelação, que levou para a família Pinhal mais dois máximos
regionais de juvenis, dos 800 e 1.500 m.”
Nos escalões de formação eram estes
os nomes que davam nas vistas e em que se fundavam esperanças.
A revista “Atletismo” referia no seu
número de Dezembro:
“De Aveiro, dois nomes a fixar:
Paulo Pinhal, com 1.57,1 aos 800 e 4.02,6 aos 1.500 m, parece querer
seguir as pisadas do seu irmão Luís: José Pedro Mota, que no salto
em comprimento pulou de melhor iniciado de 80 para melhor juvenil de
81, com 6,61 m, correspondentes a uma melhoria de 65 centímetros.”
Num torneio Coimbra-Aveiro,
disputado em 4 e 5 de Julho, a selecção de Aveiro conseguiu
suplantar, pela primeira vez, a sua congénere de Coimbra, obtendo 242 pontos contra 226.
Vitórias aveirenses para José Pedro, nos 100, 200 e comprimento;
Francisco Duarte, nos 400; Albano Braga nos 5.000; Ângela Pinheiro
nos 100 m.; Regina Gonçalves nos 400; Rosa Rodrigues nos 800 e no
peso; Cristina Eduardo nos 100 barreiras e a estafeta 4x100 m.
Nos campeonatos de Portugal
masculinos o destaque vai para Arnaldo Abrantes, 3º nos 100
metros, bem secundado por Albano Braga, do Codal, 7º nos 5.000 e 9º
nos 3.000 m. obstáculos.
O jovem e promissor velocista
Arnaldo Abrantes, do Beira-Mar, integrou o quarteto português
que correu a estafeta de 4x100 metros, em Varsóvia, numa das
meias-finais da “Taça de Europa” disputada na capital da Polónia, em
4 e 5 de Julho. Dizia o prof. Moniz Pereira em “A Bola” ...boa
corrida e regulares transmissões de todo o quarteto com relevo para
o aveirense Arnaldo Abrantes e inesperada vitória dos portugueses
sobre a Áustria.
Uma referência especial para dois
atletas de Aveiro, e ambos do Beira-Mar, (entre 9 do total do
país), qualificados para os Campeonatos europeus de
Juniores
a disputar em Utrech (Holanda) de 19 a 22 de Agosto.
Referimo-nos a Regina Gonçalves e Rui Saldanha. Não seria brilhante a
presença dos juniores nestes campeonatos “ainda que Rui
Saldanha, forçadamente deslocado para a corrida de 1.500 metros,
tenha igualado o seu melhor tempo na distância...”
Nos melhores atletas de sempre
neste ano de 1981 constavam Arnaldo Abrantes nos 100 e nos
200 m.(aqui em 4º); Luís Pinhal em 5º nos 800 e em 6º nos
1.500 m.; Graça Silva nos 200 e nos 400 m.; Glória Marques em 4ª nos 800 m.;
Regina Gonçalves em 5ª nos 800, em 3ª
nos 1.500 e em 4ª nos 3.000 m. e ainda Natália Pinho nos
1.500 e nos 3.000 m. |
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Natália Pinho numa
prova de corta-mato. |
Convém talvez referir que duas
atletas oriundas da Sanjoanense transferidas entretanto para o F. C.
Porto, Anabela Leite e Clarinda Faria, continuavam incluídas nas
melhores atletas do ano.
Das notícias do final deste ano de
1981, porque importantes, registamos os seguintes factos:
1. A saída de Arnaldo Abrantes
para o Sporting (era já habitual a deserção de bons atletas de
Aveiro, e possivelmente de outras associações com menos “chances”,
para o clube onde esses atletas tinham mais possibilidades de
progressão, no caso o Sporting, campeão crónica da altura). Dizia
ele em entrevista posterior ao mensário “Atletismo” que “se tivesse
continuado no Beira-Mar teria abandonado o atletismo. (?!)
2. A transferência de Albano
Braga do Codal para o Galitos
3. Novos corpos gerentes na Associação, ficando a presidir na direcção o capitão
Joaquim
Duarte (um dos dez fundadores da Associação).
4. O abandono de uma das mais
promissoras atletas nacionais – Regina Gonçalves... a quem o
noivo (futebolista) impôs o abandono das pistas (?!).
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No que respeita aos novos corpos
gerentes, para que conste aqui, vão os nomes dos eleitos em
assembleia-geral de 28 de Novembro de 1981:
Na Direcção para além do capitão
Joaquim Duarte como presidente, ficariam Artur Marques figueira como
vice-presidente; Luís Leite Ferreira como secretário e José Rogério
Pereira como tesoureiro. Na Mesa da Assembleia-geral continuava a
presidir António José Gonçalves Menezes Leitão. Como presidente do
Conselho Fiscal João Gomes Bento e como presidente do Conselho
Jurisdicional António Gaioso Henriques. Seria ainda constituída uma
Direcção Técnica com os seguintes técnicos: Júlio Cirino Sarabando
da Rocha, Mário Simões Cordeiro, e Manuel Joaquim Silva, e ainda o
representante da Comissão Distrital de Juízes Emanuel Cajeira.
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Arnaldo Abrantes já
com a camisola do Sporting. |
Ainda um apontamento curioso
retirado da revista da Federação de Setembro.
O articulista
considerava as associações regionais em três grupos: grandes (mais
de mil atletas federados), médias (entre 100 e 1000 atletas
federados) e pequenas (menos de 100 atletas federados). De 18
associações existentes na altura, as grandes eram Lisboa,
Porto e Aveiro. Por aqui se demonstrava à saciedade o
trabalho realizado pelos clubes e pela Associação no desenvolvimento
e progresso da modalidade.
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