A criação da
Associação de Desportos de Aveiro, com a inclusão do atletismo, deu
à modalidade um incremento substancial, quer em número de clubes
inscritos e a praticar, quer em número de atletas que estes clubes
apresentavam a competir.
Pista de atletismo de São João da
Madeira, com as suas deficientes condições para a prática
desportiva.
Também o
princípio da década de 70, coincidente com o aparecimento da
Associação, trouxe uma aposta na formação, pois começaram a aparecer
jovens desde a idade dos 10 anos, que se iniciavam como infantis,
escalão que tinha o seu início a nível federativo. Até ao final dos
anos sessenta, quem praticava atletismo eram já adolescentes,
normalmente desviados de outras modalidades, que se iniciavam na sua
prática por volta dos dezassete/dezoito anos, o que era tarde para
que os mesmos se tornassem atletas de gabarito.
Em 1973, aos
clubes já a praticar e aos quais nos temos vindo a referir, juntaram-se mais dois: a
União Desportiva Oliveirense e o Futebol Clube de Arouca. O número
de atletas deu um salto para 254, sendo 174 masculinos e 80
femininos, isto não incluindo os atletas infantis, já bastantes,
embora
não contabilizados.
A modalidade
ressentiu-se de um período de interregno (de Janeiro a Setembro) em
que a Associação esteve sem elementos directivos. Depois, este
“escrevinhador” lá tomou conta do “barco”, com mais meia dúzia de
carolas, para que o atletismo não morresse.
Também as
dificuldades na utilização da pista de S. João da Madeira, única no
distrito, e a necessitar de beneficiação e manutenção, para além de
se estar sujeito ao futebol que a Sanjoanense achava prioritário,
tornavam a realização dos campeonatos de pista em autêntico martírio
e quebra-cabeças para os dirigentes. A Federação já “torcia” e
indicava ao Governo como preferencial uma pista para Aveiro; mas tal
só se viria a confirmar-se anos mais tarde. Daremos conta, lá mais para
a frente, da luta que a Associação travou para o conseguir.
Nas provas de inverno,
particularmente no corta-mato, não houve grandes feitos de atletas do
distrito, com excepção do título de campeã nacional conseguido por
Olívia Elvas, e da sua equipa, a A. D. Ovarense, no escalão de
juniores femininos. Aliás, já atrás foi referido que este clube tinha
uma excelente equipa de meio-fundistas jovens, capitaneada pela
citada Olívia Elvas.
Outros resultados
agradáveis nestes campeonatos de corta-mato foram os de Isabel
Santos, do Beira-Mar, 4ª em juniores, de Manuel Rocha, do Gafanha,
5º em juvenis, e de Rosa Alice, da Ovarense, 4ª em seniores.
Nas provas de pista desta época,
o destaque vai para outro campeão nacional, na prova do lançamento
do dardo no escalão de juvenis masculinos, o atleta do Beira-Mar,
José Silvares, que fez a boa marca de 49,04 m.
Neste escalão,
para além deste primeiro lugar de José Silvares, merece destaque a
boa participação de José Rodrigues, do Gafanha, 2º nos 200 m., 3º
nos 100 m. e 4º nos 400 m., revelando-se um sprinter com
futuro, e Conceição Sardo, também do Gafanha, 3ª no salto em altura.
Os tempos de José Rodrigues nos 200 e nos 400 m. (22,9 s. e 52,9 s.)
eram dos melhores nacionais da época.
Ainda nos
juvenis, Manuel Rocha, igualmente do G. D. da Gafanha, teria uma
óptima participação nos 1.500 m. obstáculos, o que lhe daria a 9ª
marca nacional.
Estes resultados
mostram o excelente trabalho que o Gafanha vinha realizando em prol
da modalidade, nos escalões jovens.
Nos nacionais de
juniores, disputados a 2 e 3 de Junho, merecem relevo os resultados
de Nuno Leitão, do Beira-Mar, 2º no dardo com 48,70 m., Jovita
Mendes, também do Beira-Mar, 2ª no dardo feminino com 28,96 m.,
Isabel Santos, ainda do Beira-Mar, 4ª nos 400 m., com 63,0 s. e os
5ºs lugares de Olívia Elvas, da Ovarense, nos 800 m. e
nos 1.500 m.. Escrevia o prof. Moniz Pereira, no jornal “A Bola”, de
12 de Maio desse ano de 1973, que “atletismo português já não é só
Lisboa”, nomeando particularmente Nuno Leitão e Olívia Elvas.
Acrescente-se que
Nuno Leitão já tinha conseguido no dardo a marca de 51,46 m., em 12
de Maio, o que lhe daria a 15ª melhor marca nacional de todos os
tempos.
Nos nacionais
absolutos deste ano, em 7 e 8 de Julho, apenas dois resultados
dignos de registo, ambos em femininos: Olívia Elvas, 7ª nos 800 m., e Jovita Mendes, 5ª no lançamento do dardo; mas, atenção, que estas duas
atletas eram ainda juvenis.
De notar os
melhores resultados conseguidos nos escalões jovens, o que denotava
que os clubes se empenhavam na formação, bem como o aparecimento de
muitos atletas do sexo feminino.
Nos seniores
masculinos era ainda Mário Cordeiro o nosso melhor representante,
particularmente nos 3.000 m. obstáculos, com o razoável tempo de 9
m. 17,0 s.
Ainda no que
refere a provas de pista, começam a disputar-se, por iniciativa da
Federação da modalidade, competições inter-regionais. Assim, em
Abril (21), tem lugar um Viseu-Coimbra-Leiria-Porto-Braga-Aveiro; e
em Junho (24 e 25) realiza-se um Coimbra-Aveiro-Viseu. A selecção de
Aveiro ainda não tinha atletas seniores com qualidade que pudessem
dar luta às outras selecções regionais.
O prof. Carvalho
Ferreira continuava como treinador regional, tendo participado no IV
Congresso da Associação Internacional de Treinadores.
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Para finalizar o ano, a Associação de Desportos realiza, em 15 de
Dezembro, a 5ª edição do seu “Grande Prémio de Natal”, que desta
feita servia de selecção para a “Volta ao Funchal”, outra grande
prova de estrada que a Federação fazia disputar na época. Tornou a
vencer o grande atleta Carlos Lopes, desta vez secundado por Aniceto
Simões, em representação do Benfica. Este clube quebraria a hegemonia que
o Sporting vinha demonstrando em anos anteriores, vencendo
colectivamente com os seus atletas em 2º, 3º e 5º. Em
senhoras, venceu Rosa Mota, ainda a representar o F. C. da Foz, com
Olívia Elvas da Ovarense num brilhante 2º lugar, a pouca distância da
que viria a ser a grande campeoníssima. |