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A. Carretas, Para a História do Atletismo, Inédito.

Subsídios para a História do Atletismo em Aveiro - 25


Carlos Lopes dá “festival” em Aveiro

A Associação de Desportos de Aveiro, através dos seus elementos ligados à modalidade do atletismo, organiza, em 1971, campeonatos de todos os escalões, com a participação de atletas do Galitos, Gafanha, Beira-Mar, Ovarense e Estarreja.

 

Também o Ginásio Clube de Águeda se inscrevera entretanto e, em Abril deste ano de 1971, realiza uma prova de estrada, que denominou «I Circuito de Atletismo de Águeda», no sentido de promover a modalidade naquela localidade. Venceu a prova Aniceto Simões, do Santa Clara, seguido de Mário Cordeiro, do Estarreja, e de Manuel Oliveira, do Galitos. Em senhoras, seria vencedora Rosa Alice Duarte, do Ovarense.

 

A A. D. Ovarense continuava a organizar a sua “Légua”, que já ia na sua 17ª edição, esta a ter lugar em 19 de Setembro de 1971. Foram vencedores Carlos Lopes e o Sporting.

 

Passando para o ano de 1972, começamos por referir a participação de alguns atletas nos campeonatos nacionais de corta-mato, realizados a 20 de Fevereiro.

 

Aqui a “armada” feminina que a A. D. Ovarense tinha nessa época, em todos os escalões, foi a que melhor se distinguiu nestes campeonatos. Aliás, os resultados dignos de serem registados apenas lhes pertenceram. Dos outros clubes não há classificações a realçar.

 

Colectivamente, particular menção para o escalão de infantis, que dominaram a corrida postando-se à frente do Sporting, que, como se sabe, continuava a ser a potência máxima da modalidade. Fizeram 30 pontos contra 31 dos “leões”. Ainda de registar o 2º lugar colectivo em iniciadas e juvenis. Individualmente, Augusta Viela foi 3ª nos infantis, Olívia Elvas 3ª nos iniciados, Olívia Pinto 3ª nos juvenis e Rosa Alice 4ª nos seniores. A nível nacional tais classificações são bastante honrosas.

 

Em masculinos apenas se poderá considerar razoável o 11º lugar de Mário Cordeiro nos seniores.

 

Em provas de pista, o feito máximo do ano foi a obtenção do record nacional de salto em comprimento, no escalão de infantis, por Eneida Maria Ferreira, a representar o Grupo Desportivo da Gafanha, com o bom resultado para o escalão de 4,21 metros. Para além deste título de campeã (e recordista) no comprimento, Eneida Maria foi 2ª nos 60 metros e 4ª nos 250 metros.

 

No campeonato nacional de iniciados, destaque para o título de campeã nacional do salto em altura obtido por Ester Costa, da Ovarense, com o registo de 1,20 m. Outros resultados de interesse nestes nacionais foram o 4º lugar de Rui Freire, do Galitos, nos 80 m. barreiras, o 6º lugar do mesmo atleta nos 80 metros, o 5º lugar de Olívia Elvas, da Ovarense, nos 600 metros, e o 6º lugar de Lucília Abreu, do Gafanha, no lançamento do peso.

 

Num breve parêntesis, registe-se que o 4º lugar de Rui Freire nos 80 metros barreiras foi conseguido tendo o atleta pela sua frente pela primeira vez o obstáculo “barreiras”, pois que tal não havia no clube. O treino era feito com fasquias do salto em altura, colocadas em suportes improvisados à altura aproximada das barreiras e distantes conforme as regras da prova. Digo isto com conhecimento de causa, pois era na altura, juntamente com António Pinheiro, monitor do clube, e os treinos tinham lugar no anexo da Rua Von Haff, pertencente ao Regimento de Cavalaria 5.

 

Em juvenis (nos dias 3 e 4 de Junho) Aveiro teve mais dois campeões nacionais, dois lançadores de dardo do Sport Clube Beira-Mar, mais precisamente Nuno Leitão, em masculinos, com a boa marca de 47,48 m., e Jovita Mendes, em femininos, com 25,70 m. Ainda em masculinos destaque para o vice-campeão José Silvares, também do Beira-Mar, com 47,10. O 3º classificado nesta difícil especialidade ficaria a quase 4 metros de distância destes dois jovens do Beira-Mar. Traduzia-se nestes resultados o bom trabalho que o clube estava fazendo nas camadas jovens e, principalmente, no capítulo dos lançamentos.

 

Outros bons resultados neste escalão são os de José Outerelo, da Ovarense, nos lançamentos de peso e de martelo, em que foi 6º e 8º respectivamente. José Sousa Santos, do Beira-Mar, foi um bom 4º nos 100 m.

 

Em femininos, para além da citada Jovita Mendes, cujo resultado obtido era a 4ª marca no “ranking” nacional, há a registar o 5º lugar de Isabel Santos, do Beira-Mar, nos 300 m. e o 7º de Olívia Elvas, da Ovarense, nos 700 m.

 

Nos campeonatos nacionais de juniores, disputados ainda no mês de Junho, o destaque vai para Olívia Elvas, sendo ainda juvenil, que alcançou um brilhante 3º lugar na prova de 1500 m., com o tempo de 5 m 15,1 s, marca que lhe daria o 10º lugar nos melhores portugueses de sempre nesta distância. Olinda Pinto, também da Ovarense, seria 5ª nos mesmos 1500 m., Ana Picado, do Beira-Mar, seria 6ª nos 400 m., e José Silvares, do Beira-Mar, seria 6º no lançamento do dardo.

 

Nos campeonatos absolutos de Aveiro, domínio absoluto do Beira-Mar. Em femininos, por exemplo, seriam campeões com 100 pontos e 8 títulos, contra 48 pontos e apenas 3 títulos da Ovarense.

 

Nos nacionais absolutos femininos, registe-se o 5º lugar de Fernanda Couceiro com 26,69 m. e o 8º de Jovita Mendes (esta ainda juvenil) com 22,82 m., ambas do Beira-Mar.

 

Os clubes apostavam muito nas camadas jovens; e, enquanto a Ovarense dominava no meio-fundo e fundo, o Beira-Mar suplantava os restantes clubes na pista, nomeadamente no capítulo lançamentos.

 

Em Setembro, a Ovarense levava mais uma vez a efeito a 18ª edição da sua “Légua de Ovar”. Vencedores, uma vez mais, Carlos Lopes e o Sporting. Em senhoras, Olívia Elvas foi segunda, atrás de uma atleta do F. C. do Porto.

 

Registe-se que, neste mês de Setembro, o Grupo Desportivo da Gafanha inaugurou uma pista de atletismo ao redor do seu campo de futebol. Pista embrionária, com apenas quatro corredores, em terra batida (nem sequer era de cinza), mas com um desenvolvimento de 400 metros onde era possível realizar provas minimamente aceitáveis. Algumas a Associação ali fez realizar, do seu campeonato. Era de alguma utilidade, já que estava mais próxima de Aveiro do que a de S. João da Madeira.

 

Em 15 de Outubro de 1972, integrado no 3º curso nacional de juízes de iniciativa da Federação, realizou-se em Aveiro o 1º Curso para juízes de atletismo. Foi importante tal realização, porque até aqui os campeonatos distritais eram julgados por juízes do Porto, ou, na sua falta, por elementos da Associação ligados ao atletismo, coadjuvados por seccionistas dos clubes filiados. Apresentaram-se no curso 13 candidatos, tendo ficado aptos com a categoria de nacional (nove), com a categoria de regional (três) e estagiário (um). Entre os primeiros estava este escrevinhador, que assim passou a “julgar” devidamente credenciado.

 

Em 9 de Dezembro disputou-se mais um Grande Prémio de Aveiro pelas ruas da cidade, a 4ª edição, com partida e chegada na Avenida Lourenço Peixinho. A edição deste ano serviu de prova de selecção para a grande corrida de estrada natalícia, a S. Silvestre do Brasil. Compareceram todos os grandes clubes da modalidade (Sporting, Benfica, Porto, Belenenses, Stª Clara, entre outros) com os seus melhores atletas, num total de 89 masculinos e 42 femininos. O grande campeão da altura, Carlos Lopes, foi o vencedor com o Sporting, a vencer colectivamente (1º, 2º e 6º) com enorme margem sobre os restantes. Mário Cordeiro, desta feita a correr como individual, foi o melhor aveirense (18º). Em senhoras, venceu Luísa Sousa, do F. C. Porto, com Olívia Elvas, da Ovarense num brilhante 2º lugar.

 

Ainda em Dezembro, a Federação realizou um estágio, para o qual convocou atletas com potencialidades para a modalidade. De Aveiro foram o lançador do Beira-Mar, Nuno Leitão, e o meio-fundista, Mário Cordeiro, em masculinos; e Isabel Santos e Ana Picado, do Beira-Mar, e Olívia Elvas, Conceição Rilho, Olinda Pinto e Rosa Alice, do Ovarense, no capítulo corridas em femininos. Bons resultados em provas do estágio para as atletas de 1500 m. da Ovarense.

A Associação de Desportos tinha ao seu serviço, desde 1971, um técnico e um monitor, respectivamente o prof. Carvalho Ferreira e António Pinheiro, ambos subsidiados pelo Fundo de Fomento do Desporto. O segundo pediu dispensa a meio da época de 1972. Prestaram bons serviços, nomeadamente em organização de provas e assistência técnica aos clubes.


Prof. Carvalho Ferreira, técnico da Associação na década de 1970.

Neste ano de 1972 estiveram inscritos na Federação 182 atletas, sendo 135 masculinos e 47 femininos.

Mário Cordeiro transferiu-se no final da época para o Beira-Mar, clube que voltava a reiniciar a modalidade.


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