Depois de 1959 ser
um ano fraco, eis que o início da década de 60 nos dá mais
actividade e alguns campeões mais, a nível regional (entenda-se por
Porto), e com aceitáveis resultados, quando confrontados com outros
atletas em competições nacionais. É pois uma época fértil em boas
“performances”, em que particularmente se destacam e impressionam
atletas do Galitos, orientados que estavam a ser por Luís Robalo.
É no Porto,
normalmente agora já no estádio das Antas, que os atletas vão
competir uma vez que não existe associação da modalidade nem tão
pouco locais apropriados para a realização de provas no distrito e,
o mais grave ainda, locais para treinos (não havia caixas de saltos,
locais amplos para lançamentos, corredores para velocidade, etc.).
Por muita vontade que Aveiro, e particularmente o Galitos, tinha de
fazer algo nesta salutar modalidade, sem condições mínimas é difícil
e espanta como ainda se conseguia ombrear com os clubes do Porto ou
de Lisboa, estes sim dotados das indispensáveis instalações para o
efeito.
Os escalões
etários na altura eram, por ordem crescente de idades, aspirantes,
principiantes, juniores e seniores. Normalmente os atletas eram em
número reduzido, mas o suficiente para fazer “estragos”.
O destaque vai,
em particular, no ano de 1960, para Carlos Lima, ainda aspirante.
Carlos Lima foi campeão regional de aspirantes, lembramos que em
competição da Associação Portuense de Atletismo e portanto em
confronto com atletas da cidade invicta, no salto em altura com 1,55
m. e no salto em comprimento com a boa marca, para a categoria, de
5,96 m. Faria ainda parte da estafeta de 4x80 m., em que o clube foi
segundo. No nacional, como sempre em Lisboa, seria primeiro, e assim
campeão nacional, no comprimento com 6,00 m.. Foi ainda 4º na altura
com 1,60 m. Carlos Lima faria ainda duas semanas depois, em
campeonato da Mocidade Portuguesa, 1,65 m. em altura.
Este brilhante
atleta seguia assim as pisadas do seu irmão Jaime que, uns quatro
anos antes, dominava também a nível regional a difícil especialidade
do salto em altura (lembremos que ainda não se tinha a ajuda de
colchões para a queda e esta se fazia com os “costados” na areia da
caixa de saltos do comprimento).
Depois dele,
nesse mesmo ano mas na categoria de principiantes, o destaque foi
para Eduardo Correia, com três títulos regionais, no comprimento,
altura e 110 m. barreiras. Ainda com lugar no “pódio” e nestes
campeonatos, Mário Santana que foi 2º no lançamento do peso. Por
equipas o Galitos seria 2º, atrás do dominador F. C. Porto. Eduardo
Correia, presente no nacional, foi forçado a abandonar por lesão.
Registe-se ainda os bons 3ºs lugares de Manuel Mieiro, a representar
o Sporting de Aveiro, nos 1.500 m (4.34,1) e nos 3.000 m (9.41,8).
Este Manuel
Mieiro já tinha tido um excelente 4º lugar no campeonato regional de
principiantes da APA em prova de corta-mato.
No ano seguinte
(1961), ainda sem pistas, mais bons resultados. Carlos Lima foi
campeão regional (volta a lembrar-se no Porto) de aspirantes no
salto em comprimento, com 6,08m. e conseguiu três títulos no
regional de principiantes, no comprimento, na altura e em 110 m.
barreiras. Rui Barros, foi 4º no comprimento e ainda houve lugar
para outro 4º lugar no disco, por intermédio de António Encarnação.
Em Julho desse
mesmo ano de 1961, os atletas do Galitos voltam a brilhar agora no
campeonato regional de juniores, onde foram segundos com 53 pontos,
à frente do Académico e do Salgueiros, clubes com pistas para a
prática e treino da modalidade. Individualmente, Carlos Lima, embora
com idade de aspirante, volta a destacar-se, sendo campeão no
comprimento, com 6,30 m., no triplo-salto, com 12,53 m. e ainda
vice-campeão no salto em altura, com 1,65 m. Anote-se a progressão
deste atleta nos saltos, no espaço de um ano!. Outro brilhante
atleta destes campeonatos foi José Ruivo, que obtém três 2ºs
lugares, nos 200 m., nos 400 m., e no lançamento do peso. Foram bem
acompanhados por Manuel Mieiro, agora já em representação do
Galitos, que foi 3º nos 1.500 m. e 4º nos 5.000 m.
Dada a brilhante
actuação nos regionais, uma semana depois o Galitos apresenta-se em
Lisboa nos nacionais de juniores, onde conseguem o quinto lugar
colectivo. Mais uma vez destaque para Carlos Lima e José Ruivo,
efectivamente dois atletas de excepção. José Ruivo foi 2º no peso,
com 11,43 m., 3º nos 200 m. com 23,0 s e 4º nos 400 m. com 53,5 s.
Carlos Lima, por sua vez, foi 3º no comprimento, com 5,98 m. (um
pouco abaixo do que já conseguira fazer anteriormente) e 4º lugar na
altura, com 1,70 m.
José Ruivo era, o
que se chama, um atleta completo e assim não admirou que na disputa
da Pentatlo Regional de juniores fosse o brilhante vencedor com 2045
pontos, correspondentes aos seguintes resultados parciais: 5,96 m.
no comprimento; 37,10 m. no dardo; 23,6 s. nos 200 m.; 29,18 m. no
disco e 5.30,4 nos 1.500 m.. Carlos Lima também participou, tendo
ficado em 4º lugar, falhando nitidamente nos lançamentos onde tinha
algumas dificuldades.
No próximo
número, daremos mais pormenores da actuação destes dois jovens
campeões, bem secundados que foram por outros, empenhados no
desenvolver da modalidade na cidade.
Os resultados
eram de tal modo notados pelos clubes da capital que, para além do
que se disse em relação a Luís Robalo (que o Sporting queria nas
suas fileiras), no final da época de 1961, mais propriamente em
Outubro se noticia o ingresso de José Ruivo e de Eduardo Correia no
Benfica. Já por esta altura se “desviavam” os melhores atletas, após
terem sido formados no distrito.
Proximamente
também vamos referir um outro atleta, aveirense, que se destacou
neste início dos anos sessenta, a nível nacional, tendo sido
campeão, recordista e internacional.
Para além do que foi citado, não encontrei na imprensa escrita da
época, mais nada de especial, a não ser “um interessante torneio de
atletismo para juniores e cadetes (?!), disputado no Eixo”. Não deve
ter tido continuação... |