Dizia-se em Maio
de 1956, na rubrica “Nótulas Aveirenses” do Primeiro de Janeiro, na
pena de João Sarabando:
“...
a total remodelação do estádio Mário Duarte dá-nos esperanças, mesmo
a certeza, que a imprescindível pista de cinza vai surgir.”
Como o
articulista se enganou, ficou-se pelas esperanças... que
continuariam por quarenta e dois anos (?!) mais para se ter uma
pista em Aveiro. Triste fado o do atletismo na cidade...
Isto apesar do
incremento dado por clubes de Aveiro-cidade nos anos post 55, como
vimos, seguindo o frutuoso exemplo do Pejão A.C.
Potencialides não
faltavam aos jovens do distrito, quando as poucas oportunidades se
proporcionavam. Por exemplo, a fortíssima equipa que o Académico do
Porto teve em determinada altura tinha nas suas fileiras oito
aveirenses. Os seus nomes para a história: Mário, Carlos e Francisco
Duarte, Pedro e António Ferreira, Hermenegildo Meireles, e os irmãos
Pinho Guedes.
Em 1957, e depois
de Anadia, Ovar, Espinho, S. João da Madeira, Pampilhosa e Mealhada
terem desaparecido das pistas, e com três clubes a praticar em
Aveiro (Galitos, Beira-Mar e CICA), para além do Pejão ainda em
acção, o mesmo articulista perguntava:
“...
se não seria aconselhável fundar-se a Associação Aveirense de
Atletismo.”
Como tudo
relacionado com desporto amador, o desenvolver desta ideia foi muito
lenta, embora ligeiramente melhor que a da pista, e só viria a
concretizar-se em 1979, em iniciativa deste “escrevinhador”, entre
outros “carolas”.
Em 1958, o
Galitos transferiu a sua filiação da APA para a sua congénere de
Coimbra. Ninguém terá entendido muito bem esta mudança, a qual não
trazia quaisquer vantagens, pois em Coimbra o entusiasmo pela
modalidade era menor e só a Académica dispunha de recinto e de
atletas capazes de proporcionar boas “performances” na modalidade.
Assim, os
alvi-rubros atletas do Galitos participaram nos torneios regionais
de aspirantes e principiantes na pista de Estádio Universitário de
Coimbra. Em aspirantes, o único feito de relevo foi a obtenção de
recorde regional da estafeta de 4x700 m. Em principiantes,
campeonato disputado em 25 de Maio e em 7 de Junho, os atletas
participantes foram apenas 5 em cada uma das jornadas e os
aveirenses tiveram a companhia de atletas da casa (Académica e União
de Coimbra) e do Ginásio Figueirense.
O melhor atleta
foi Álvaro Mendes, com dois títulos, o de 3.000 m. na primeira
jornada com a obtenção de novo recorde regional de Coimbra, no tempo
de 9 m. 40,4 s. e o de 1.000 m. , na 2ª jornada, com 2 m. 44,0 s.
Participaram ainda Jaime Lima (2º no salto em altura), José Serra
(3º nos 300 m.), António Carretas (2º no triplo-salto e 3º nos 110
m. barreiras), Vítor Caldeira e Virgolino Teto. Por equipas o
Galitos foi terceiro com 56 pontos.
Luís Robalo,
agora já sénior, disputou o campeonato maior, tendo vencido sem
oposição os 800 m., em 2 m. 0,6 s., estabelecendo novo recorde
regional, tendo desistido nos 1.500 m. por indisposição. Diga-se que
este valoroso atleta esteve para envergar a camisola do Sporting C.P.,
a convite deste grande clube da modalidade, mas acabou por ficar em
Aveiro. E este ficar coincidiu com o seu abandono no final da época,
passando assim ao largo de uma grande carreira...
Ainda em 1958, o
capitão Serra Pereira é forçado a abandonar Aveiro e com a sua
retirada o atletismo decresceu. Coincidiu também o início do
abandono da actividade de Luís Robalo, que passou depois a orientar
a equipa.
Repare-se que,
apesar de poucos atletas (e sabe-se lá em que condições alguns ali
se apresentavam), ainda dava para chegar às pistas e bater recordes
regionais.
No ano seguinte o
Galitos volta de novo à Associação do Porto. Terá visto que a sua
participação em Coimbra não lhe trazia grandes benefícios.
Compareceu nos campeonatos de aspirantes com 5 atletas, tendo-se
destacado Florival Ramos, que obteve o 2º lugar nos 80 m. planos.
Presente no nacional da categoria em Lisboa, alcançaria um honroso
4º lugar. Não há registo de outros razoáveis resultados.
Entretanto,
“aparece” o Sporting Clube de Aveiro que se filia na F.P.A. e vai
disputar provas oficiais de organização da Associação de Coimbra
(uns no Porto, outros em Coimbra, mostrava a falta que fazia já uma
associação da modalidade em Aveiro). Participaram no regional de
aspirantes com 5 atletas em 2 provas apenas, mas em que obtiveram
vitórias, nos 250 m. (Luciano Gomes) e nos 700 m. (Manuel Mieiro),
uma delas sem opositores (note-se o estado em que decorria o
atletismo no chamado “resto do país”).
O entusiasmo neste ano de 1959 não seria assim muito famoso...
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