Continuamos na
primeira metade da década de 50, em que o atletismo no distrito se
limitava, diga-se que com algum êxito, às gentes do Pejão. Por
alguns anos ainda a sua estrela continuaria a ser Maurício Tavares,
bem acolitado de resto por razoáveis segundos planos, a realizarem
boas “performances” a nível nacional.
Ainda no final de
1952, na disputa do IV Grande Prémio de Natal da cidade do Porto,
Maurício seria o vencedor na categoria de juniores, sendo 3º da
geral. Por equipas, em juniores, ao obterem também os 2º e 4º
lugares, por Joaquim Vieira e José Rodrigues, o Pejão foi primeiro
com 15 pontos. |
Em de Março de
1953, os campeonatos nacionais de corta-mato disputaram-se no Porto,
que não tiveram a participação de atletas de Lisboa, por motivo de
conflito com a Federação da modalidade. Estiveram, no entanto,
presentes todos os bons pedestrianistas do norte. Em seniores, o
melhor representante do Pejão foi Joaquim Vieira em 6º lugar, com a
equipa em terceiro, com 22 pontos, atrás do Académico e do F. C. do
Porto. Em juniores, que era o ponto forte do Pejão na altura,
Maurício Tavares não deixou os seus créditos por mãos alheias,
vencendo categoricamente depois de se desenvencilhar do seu grande
rival de então, Armando Leite, do F. C. Porto. “A sua vitória foi
convincente, numa afirmação de classe, patenteando os seus
magníficos recursos...” rezava assim um diário portista do dia
seguinte. O Pejão classificaria ainda José Rodrigues em 3º, e com
atletas mais nos 7º, 9º e 11º, seria igualmente campeão colectivo,
com 31 pontos. |
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Nos terrenos da Srª da Hora, uma
fase dos Nacionais de Juniores em Corta-Mato, em que se vê o
atleta Maurício Tavares, o vencedor, na vanguarda e a caminho da
meta. |
A época de
estrada e corta-mato continuava com mais êxitos de Maurício e da sua
equipa. Assim, logo uma semana depois dos nacionais de corta-mato, a
Associação Portuense de Atletismo fez disputar a sua “Légua”, que
Maurício venceria em tempo recorde da prova (16m 07,8s), com o Pejão
a conquistar magnífico triunfo colectivo. O Pejão teve ainda um seu
jovem a ganhar uma prova extra para aspirantes (categoria que
existia nessa altura), de nome Carlos Cunha.
Duas semanas
depois, mais uma iniciativa da APA, a “Volta ao Porto” por
estafetas, que voltou a ser ganha pelo Pejão, deixando o F. C. Porto
a quase dois minutos. Constituíam a equipa Carlos Cunha, Altino
Santos, Acácio Rodrigues, Joaquim Vieira, José Rocha, Miguel Sousa,
Delfim Pinto e Maurício Tavares (dois aspirantes, dois
principiantes, dois juniores e dois seniores).
Entretanto, mais
próximo de Aveiro, após dois anos sem se realizar, voltou a Légua de
Ovar, que seria a sua 14ª edição. Não há dados concretos referentes
a esta competição, quer no que respeita a datas (um semanário de
Aveiro diz que se teria realizado em 31 de Agosto desse ano de 1952;
um folheto de Ovar, que refere todas as edições da prova, fala em 24
de Setembro), quer quanto ao vencedor, que segundo Manuel Laborim,
vencedor da edição realizada em 1949, teria sido ele de novo a
vencer. Em 1953, esta prova teria mais uma edição, sendo vencedor
Adriano Pinto, dos “Onze Verdes” e a sua equipa, para de novo esta
prova voltar a ter um interregno de quinze anos. Voltaremos a ela em
devido tempo.
Em Maio desse ano
de 1953 há notícia de uma prova de corta-mato em Esgueira, por
iniciativa de colectividade local. Esta prova teve os seguintes
resultados: 1º foi Soares de Almeida, da Casa do Povo de Esgueira; o
2º foi Carlos Pinho, de Vilar e o 3º Júlio Soares, também da
colectividade organizadora. Segundo afirma um semanário da altura
“concorreu bom lote de pedestrianistas e assistiu público em número
razoável”.
Entretanto, já
vozes se levantavam quanto ao marasmo (serenidade, chamava-se-lhe)
em que a modalidade se encontrava e do desvio dos jovens para o
futebol. Veja-se então:
«...
enquanto só Lisboa, Porto, Coimbra, Setúbal, Pejão (o
sublinhado é nosso) e poucos mais centros, mostrarem interesse maior
ou menor pela modalidade.
Causa lástima que certos jovens,
dotados logo à primeira vista de preciosos dons para o atletismo,
andem nos rectângulos perfeitamente iludidos...» |