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            Do antecedente, as instalações fabris da 
            CPC tinha o seu órgão de informação que denominava de “O Nosso 
            Boletim”, iniciado em Junho de 1969, sob a direcção de Lúcio Lemos. 
            De periodicidade irregular, dele foram publicados 17 números, o 
            último em Dezembro de 1973. 
            
            Em 1974, dada a instabilidade provocada 
            pelos acontecimentos de Abril, o “Boletim” não foi objecto de 
            publicação. 
            
            No Boletim, em números de 1973, foram 
            inseridos três participações de escritos que entendi poderem ser 
            interessantes para o público a que o boletim se destinava: uma 
            dissertação sobre “Filatelia”, um ensaio sobre “O trabalho por 
            turnos” e “A evolução dos números”, este sob o pseudónimo de “Halga 
            Rismu”. Refiro os três títulos destes artigos por serem os primeiros 
            que inseri na chamada comunicação social, esta referente a empresa. 
             
            Em 20 de Dezembro de 1974 saiu, pela primeira vez, ainda em edição 
            especial, “O Nosso Jornal” – Mensário dos trabalhadores da Celulose, 
            que era, como se dizia no editorial desse primeiro número, o “irmão 
            mais novo de O Nosso Boletim”. Sairiam ainda mais dois números 
            especiais, em Janeiro e Fevereiro de 1975, isto porque se aguardava 
            pela chamada “lei da imprensa” que só seria promulgada por 
            decreto-lei n.º 85-c/75 em 26 de Fevereiro de 1975. O director do 
            mensário era agora Bartolomeu Conde. 
             
            Em 12 de Março de 1975 saía a prelo o nº 1 do recém-criado mensário 
            da CPC. Para este primeiro número foi admitido um artigo meu que 
            denominei de “Variações sobre um tema – desporto”. 
             
            Pouco tempo depois, a Acta nº 5 da Comissão de Trabalhadores” 
            estabeleceu a composição da Comissão de Coordenação de “O Nosso 
            Jornal” que, para além de Bartolomeu Conde, era constituída por este 
            narrador, Jeremias Bandarra, José Silva Costa e por J. Marques da 
            Silva, em representação da Sede. 
             
            A minha colaboração no mensário foi extensa. Não quero ser cansativo 
            e mencionar aqui o que foi toda a minha colaboração, mas foram 
            dezenas de artigos, versando os mais variados temas, entre os quais 
            poderei referir, os relativos a desporto na empresa, relacionados 
            com o trabalho, temas fabris, algum noticiário técnico, artigos em 
            defesa de instalações desportivas do CCD (Centro de Cultura e 
            Desporto), entrevistas, alguns editoriais e fotografias. 
            
            Alguns dos artigos publicados foram sob 
            a forma de pseudónimos, não porque quisesse esconder-me pela 
            natureza dos temas (alguns terão sido, tenho de admitir), mas 
            essencialmente porque em determinada altura os colaboradores estavam 
            reduzidos a três ou quatro e achei esta a forma de “alongar” o leque 
            da colaboração. Aliás o mesmo fez o director do “Jornal”. Alguns dos 
            pseudónimos utilizados terão intrigado os leitores, nomeadamente a 
            direcção do Centro, agora já denominado Centro de Produção Fabril da 
            Portucel, recentemente nacionalizada que fora a empresa. Refiro-me 
            particularmente a um que assinei de “Al Finete”, quatro intervenções 
            que denominava de “Alfinetadas”, em que destacava situações que não 
            entendia como razoáveis para os trabalhadores. 
            
            Para além deste pseudónimo, assinei 
            artigos como “Associado nº 1792”, “Um que é, nem uma coisa nem 
            outra”, Olímpio do Monte Real”, “Falso Médico”, “Apócrifo 
            (historiador) ”, “Rodrigo Massano”, Sérgio Baeta” e “Antímio do 
            Vale”. Possivelmente para alguns dos que me lêem, só agora ficam a 
            saber quem eram aqueles escondidos colaboradores. 
             
            Depois da minha saída em 1979, continuei a ser colaborador de “O 
            Nosso Jornal”, desta feita sob a forma de crónicas dos países onde 
            entretanto me estabelecera, particularmente Camarões, Tailândia e 
            Áustria, uma maneira que entendi como um continuar de relacionamento 
            directo com os muitos amigos que fizera nos cerca de dez anos que 
            dei a minha colaboração à CPC. 
             
            Tenho que afirmar que me deu algum gozo esta minha participação no 
            mensário que a CPC, sob a direcção do infatigável e inteligente 
            Bartolomeu Conde, deu à estampa durante largos anos. O mensário foi 
            mesmo considerado como dos melhores jornais de empresa que se 
            publicavam no país, noticiosa e culturalmente.  |