In: Separata da revista "Aveiro e o seu Distrito", 1976, página 2.

16 de Maio de 1828

«...Veio a Carta, e a Carta foi baptizada num rio de sangue. A Carta esteve exilada, e durante o seu exílio correu sangue por ela. Voltou às nossas praias; e de lá um jorro de sangue a trouxe à capital e a firmou no poder. Esta grande obra foi nacional; nenhuma das facções de homens que por diferentes modos sofreram pela liberdade pode arrogar-se a glória exclusiva de a ter executado.

Para ela concorreram, em grande parte, os que gemeram nas prisões, e que protestaram ali a todo o instante contra os horrores da tirania. Sim, foram esses corajosos mártires que conservaram, no meio dos furores da tirania, aquele fogo sagrado da liberdade que nunca se apa­gou no país, e que nunca se há-de apagar, a despeito desta névoa de cinza ordeira com que o pretendem cobrir. Foram aqueles que promoveram as comunicações, conservaram as esperanças, animaram os tíbios, protegeram as emigrações, armaram os soldados e abriram as portas das povoações ao exército libertador que, sem este socorro, teria de ver acabar o curso de suas vitórias diante dos frágeis muros de algumas cidades. Foram, finalmente, os sessenta mil soldados...»

JOSÉ ESTÊVÃO

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