Já vão chegando as traineiras...
Trazem sal nos mastros negros,
ventanias nos foquins,
montes de escamas e sol.
O Mar entrou às lufadas
pelos caminhos da Ria
e, sorvendo maresia,
gaivotas atarefadas
procuram peixe perdido.
O guarda-fiscal cinzento
Não larga os cestos de prata,
enquanto braços de força
badalam como remadas.
Magotes aos quadrados
caminham para a cidade;
outros cavam astros brancos,
no preto sujo da Ria,
e, passando sob a ponte,
batem palmas de metal,
nas pedras brancas de sono.
Ai, que saudades do Mar
nas quilhas destas traineiras!
Que luz e cor, que lidar
e que cheiro a maresia
pelos caminhos da Ria!