Vejo carros passar à desfilada,
Num barulho infernal de trovoada...
Há
pressa em toda a gente, correria...
Para quem mal nasceu
Já acabou o dia!
No
ar, saturado de prazer,
Palpita vontade de viver!
Caridade
é coisa inexistente
Que, só por snobismo, ‘inda se sente...
Em
quem me estende a mão
Só sinto
Um gesto maquinal de saudação,
Às vezes tão cheio de cinismo!...
E
fico, tristemente, a meditar
Nessa maneira de ser de tanta gente
Que nunca conjugará o verbo amar.
20/03/1971
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