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a noite que nenhuma mão alcança, 1.ª ed., Leiria, 2018, p. 113

 
 

são 0:26 da madrugada

as maçãs caídas pelo chão
do meu quarto
e não sei de onde vieram

chegaram também algumas
estrelas que brilham penduradas
no tecto

lá fora as árvores
encheram-se de pássaros

não pára de chover
nos insectos e nas coisas
que não alcanço

esta distância comove-me
e ajoelho-me nela

então
pela janela vejo-te a passar
em tudo o que brilha
e tocas

e pergunto

é esta ignorância
a noite
que nenhuma mão

alcança

 
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