Pormenor do retrato a óleo de José Estêvão existente na sala de professores.

Escola Secundária José Estêvão
Departamento de Línguas Românicas e Clássicas

PORTUGUÊS


TERMINOLOGIA TROVADORESCA E ARTIFÍCIOS POÉTICOS

Quadro de Síntese

Atafinda - ligação das estrofes por meio de conjunções

Cantiga de refrão - cantiga que apresenta versos que se repetem regularmente ao longo das diferentes estrofes.

Cantiga de mestria - cantiga que não apresenta refrão.
Cobla, cobra, copla, talho - o mesmo que estrofe.

Dobre - De acordo com a Arte de Trovar: «Dobre é dizer uma palavra em cada copla duas vezes ou mais, mas devendo-a (o poeta) meter mui guardadamente. E convém, quando a meterem numa das coblas, que a metam em todas as outras. E se aquele dobre que meterem em uma meterem nas outras, podem-no aí meter em outras palavras (isto é, em outros versos), porém sempre naquele talho ('medida') e daquela maneira que o meterem na primeira. E outrossim o devem mete na finda por aquela maneira.»

Encavalgamento - Quando o conteúdo ideológico de um verso fica truncado e se completa no seguinte.

Ensoar - O mesmo que musicar.

Descort ou descordo - Composição em que o poeta procura mostrar o seu conflito sentimental mediante variedade métrica. Só se conhecem três descordos na lírica galaico-portuguesa.

Finda - Grupo final de versos separados das estrofes, constituindo como que uma conclusão. Pode haver uma, duas ou mais findas.

Leix-pren - Repetição do último verso de uma estrofe no começo da seguinte.

Mozdobre - Correspondente ao francês mot double, ou seja, palavra dupla. Diz a Arte de Trovar: «Mozdobre é tanto como dobre quanto é no entendimento das palavras, mas as palavras desvariam-se, porque mudam os tempos.» Equivale ao que hoje designamos por derivação.

Palavra - O mesmo que verso.

Palavra perduda - Verso sem outro para rimar.

Refrão - Repetição de verso ou versos no final das estrofes.

Som - Acompanhamento musical.

Trobar ou entençar - O mesmo que compor poesia.

Tenção - Composição em que participa mais do que um poeta. Diz a Arte de Trovar: «Outras cantigas fazem os trovadores que chamam tenções, porque são feitas por maneira de razão que um haja contra o outro, em que diga aquilo que por bem tiver na primeira copla e o outro lhe responda na outra dizendo o contrário. Estas podem-se fazer de amor ou de amigo ou de escárnio ou de maldizer, porém devem ser de mestria. E destas podem fazer quantas coplas quiserem, fazendo cada um a sua parte; se aí tiver de haver finda, fazem-nas ambos, ou duas a duas, porque não convém que um faça mais coplas nem mais findas do que o outro.» Correspondem estas composições ao que hoje designamos por cantigas ao desafio.

 

HJCO - Aveiro, 2003

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