Não
é por muito cantar que se canta a vida
se derrubam os muros de silêncio;
não é por calar que se ajuda e guinda
pulso a pulso
o murmurar convulso
desse rio imenso quase rente à foz
se nascente ainda...
Não
é por muito cantar que se ergue a voz
se estende o braço por fora das grades;
nenhum silêncio foi nem será capaz
de gritar posteriormente a nós
esse par de asas ciando para a paz
e assim para a guerra já doutras verdades...
Não
é por muito cantar que se chega e finda
na perfeita harmonia com os outros;
não é por esmagar o coração dos potros
que a onda avança
pois à partida logo a espora cansa
de tanto correr à desfilada...
Cantar
só por cantar é quase nada
e mais se aperta em torno desse canto
sempre a mordaça que já as mãos amarra
- enquanto só as vozes
passam a barra!...
Pinto da Costa -
Aveiro |